Agora Ou Nunca escrita por RaelFitch


Capítulo 20
Falando a verdade


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês...



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Falando a verdade

 

Eram cinco horas da manhã quando abri a porta de casa, as horas anteriores tinham sido as mais loucas da minha vida, mas eu ainda tinha na mente todas as palavras de Ítalo, justo no momento em que eu estava conseguindo esquecê-lo ele se demonstrou arrependido.

— onde você estava? — minha mãe perguntou, tinha esquecido que ela não costuma dormir enquanto eu e Luiza ficamos fora.

— estudando — menti.

— cadê sua mochila? — perguntou.

— no carro — respondi me sentando.

— eu a encontrei lá em cima — ela cruzou os braços, ela estava brava e estava prestes a explodir.

— Gabriel tinha as anotações em casa — falei rápido numa tentativa de me livrar do interrogatório.

— você não cansa de mentir? — ela se levantou — eu liguei para o Gabriel e a Sofia também, só para você saber antes que você a coloque no meio das suas mentiras também.

— eu estava estudando — insisti, eu mentiria até o fim.

— para de mentir! — ela gritou, segundos depois meu pai e Luiza estavam no alto das escadas observando confusos.

— eu estava estu... — senti meu rosto arder, minha mãe tinha me dado um tapa na cara, eu não esperava que ela fosse fazer isso, segurei o choro respirei fundo e tomei a coragem para dizer a verdade que eles precisavam ouvir — você quer saber a verdade?

— desculpa — ela levou as mãos a boca — eu me descontrolei.

— a verdade é que eu sou gay mãe! — gritei — isso mesmo gay!

Minha mãe colocou a mão que estava livre no coração.

— Léo? — meu pai chamou.

— eu vou embora! — joguei a chave do carro no sofá e fui andando até o ponto de ônibus, meu pai estava na porta de casa dei sinal ao primeiro ônibus e parti.

Ir para a casa da minha tia era a única saída para mim naquele momento, quando telefonei no caminho e lhe contei o que tinha acontecido ela ficou muito preocupada, ao abrir o portão ela me segurou pelos braços e me examinou com o olhar.

— vou preparar um café para nós — eu nem tinha reparado que o sol já estava brilhando no céu.

— obrigado por me receber — joguei a mochila no sofá.

— você é meu sobrinho — ela falou sentando-se ao lado da minha mochila.

— eu contei tudo — falei bufando.

—  você é muito corajoso — ela colou a mão em meu ombro — agora vá dormir um pouco.

— você leu meus pensamentos — brinquei e fui em direção do quarto de hóspedes.

Fiquei olhando a luminária com três lâmpadas no quarto que era todo em azul claro, tinha uma estante enorme com alguns livros da minha tia.

Quando acordei minha cabeça estava estourando, fui até a cozinha e minha tia estava fazendo um bolo enquanto dançava.

— você não cansa? — perguntei rindo.

— eu gosto de aproveitar a vida — ela deu de ombros.

— temos isso em comum — falei indo até a geladeira.

— e você está bem?

— ótimo — menti.

— tive uma ideia — ela sorriu — já que sua prima está com o pai, vamos para a night!

— como assim? — ri, confuso.

— vamos sair pra dançar, jantar sei lá!

— tudo bem — ri.

Sentamos no sofá e começamos a conversar.

— Léo, posso te fazer uma pergunta?

— isso já foi uma pergunta — sorri.

— eu sei — nos dois rimos — desculpa a intromissão, mas eu gostaria de saber se você já foi além dos beijos com algum cara.

— já sim tia — respondi sem graça — eu precisava ver se era isso mesmo que eu queria.

— entendi — respondeu — e tem algum cara que está mexendo com seu coração?

— tinha, mas hoje em dia não — Ítalo me veio à cabeça na hora.

Continuamos conversando até a hora de nos arrumarmos para sair por sorte minha tia tinha algumas roupas do ex marido que serviam em mim, sai do banho e coloquei a camisa social verde escuro, e fui até a janela do quarto em que estava hospedado, havia uma árvore, fiquei olhando sua beleza ela era enorme, algo se moveu ao lado dela, parecia uma pessoa, mas estava escuro para reconhecer, mas ela estava olhando para mim.

— pronto? — minha tia surgiu de repente me assustando, ela estava com um vestido rosa claro muito bonito.

— quer me matar de susto? 

— tá me chamando de feia? — ela falou brava.

— não é que parecia que tinha alguém me olhando lá de fora atrás da árvore.

Minha tia foi até a janela.

— não tem ninguém, já deve ter ido embora — ela deu de ombros — acho melhor irmos logo.

Fomos jantar em um restaurante comum, porém aconchegante.

— você não quer voltar para casa? — ela perguntou.

— quero — respondi — mas não sei se quero enfrentar tudo agora.

— querido — ela colocou seus óculos de grau — uma hora ou outra você vai ter que enfrentá-los.

— você tem razão — ponderei — mas não queria pensar nisso agora.

— tá bem — ela entendeu — amanhã cedo vou a casa do Diogo...

— quem é Diogo? — perguntei, minha tia era assim, soltava algumas informações para nos perguntarmos o que ela queria.

— meu novo namorado — ela sorriu.

—me conta!

— ah, nós fizemos faculdade juntos, e começamos como amigos, mas depois ficamos e então surgiu meu ex, e então escolhi o outro...

— ele foi seu namorado na faculdade?

— pôde-se dizer que sim, e agora o destino quis nos unir novamente — ela deu um sorriso vitorioso.

— eu não acredito mais no amor, mas espero que você seja feliz — disse levantando minha taça e brindamos.

Meu celular tocou e era Luiza, minha tia fez sinal para eu atender.

— alo?

— você está bem? — ela parecia aflita.

— estou sim

— Léo não seria melhor você considerar voltar para casa? — perguntou — nossos pais estão muito tristes.

— com o fato de eu ser gay? — perguntei.

— com o fato de você ter saído de casa, papai está trancado no quarto e mamãe já deixou cair uns três pratos no chão, onde você está? 

— na tia Cris.

— volta para casa — ela parecia estar chorando — eu sinto sua falta.

— eu também sinto, mas encare isso como uma prévia do que está por vir — falei.

— não entendi — ela falou grossa.

— você vai se casar — expliquei — não vai me ver todos os dias.

— mas é diferente Léo — ela parecia ter ficado brava — eu vou casar e vocês vão sempre estar comigo, você fugiu Léo.

— só preciso de uns dias, tá bom? — suspirei.

— ok, tchau leãozinho.

— tchau Lu — e desliguei.

Bufei.

— o que aconteceu? — minha tia perguntou tomando mais um gole de seu vinho.

— ela disse que meus pais estão mal — falei triste, eu não queria que minha vida fizesse as pessoas que amo tristes.

— e o que você quer fazer? 

— eu vou voltar — falei convicto — eu não vou me esconder como um covarde.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo vai sair mais rápido que vocês pensam, prometo!



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