Quantas voltas escrita por DiHen Gomes


Capítulo 48
48 - Arnaldo




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Tudo está normal!

Faz alguns dias que estou sem ir na igreja, mas não me afastei de Deus, não. Apenas estou precisando resolver umas coisas mais urgentes.

O tempo voa. Nem havia percebido que já é Dia das Crianças, ou seja, faz semanas, não dias, que estou na correria. Meus pais também estão juntando um dinheiro, mas ainda não temos o suficiente. Eles continuam orando pela Talita, minha irmã mais nova, mas a resposta está demorando demais. Acho que o jeito é fazer o que os médicos disseram.

Ela precisa de uma operação urgente, pois o câncer é benigno. Não sei como uma coisa dessas pode ser benigna, mas dizem que é. E ela pode morrer! A Tá pode morrer!

*

— Filho, vamos chegar em dez minutos, tá bom?

— Mãe, fala pro pai pisar fundo, não podemos perder a Tá, mãe.

Tento passar pelo telefone a urgência da situação, mas minha mãe está tão tranquila que eu fico bravo. E para não falar besteira, acabo desligando o telefone na cara dela.

Em frente ao hospital, olho para a esquina por onde virá o Scénic com a resposta. Foi difícil, mas consegui convencê-los a pegar quase todo o salário deles para bancar a cirurgia. A retirada do tumor da cabeça dela é a prioridade no momento.

Espero cinco, dez, vinte minutos, meia hora. Ligo para a mãe e ninguém atende. Levo um susto quando a ambulância sai da garagem do hospital com a sirene ligada.

Continuo tentando ligar para minha mãe quando a ambulância volta. Em minutos recebo uma ligação. Sou chamado para entrar no hospital.

Então percebo porque meus pais demoraram tanto. Minha mãe veio na ambulância!

— Mãe! O que houve? Por quê? Cadê o pai? — grito no corredor sobre a maca.

Ela está entubada e nem responde. Os médicos pedem para eu esperar sentado enquanto tentam, dizem, trazê-la de volta. De volta.

Deus, o que está acontecendo? O que eu fiz para merecer isso? Mãe, você não pode partir agora. Você precisa acordar. Nunca disse o quanto te amo, nunca lhe dei um abraço daqueles… Mãe, volte!


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