Castelobruxo e o Bracelete de Ouro escrita por RRCORVINAL


Capítulo 1
Capítulo 1 - BEM-VINDO AO MEU MUNDO MÁGICO.




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Estava sem fôlego. Meu coração palpitava rápido e um sorriso involuntário nascia. 
     O cheiro era mágico. Aliás, tudo era mágico. Literalmente. Cheirava a orvalho e flores. Escutei sussurros e comentários a minha volta. Essa foi à primeira sensação que tive; perder o fôlego, perder a ideia de que um dia eu não estivera ali.

Bem, você não deve estar entendendo muito bem. Afinal, isso aconteceu há algumas horas, eu devo começar do início.

Há dois dias, eu estava em casa. Estava nervosa e querendo que o tempo voasse. Meu nome é Maria Eduarda Oliveira, completo 11 anos este ano. Moro na região suburbana da Cidade do Rio de Janeiro onde vivo com minha família, somos os Oliveira.
Somos uma família típica... Bem, típica para os padrões do meu mundo. Mas, não há quem não diga que não somos mais uma família de Colonos, quem não é bruxo. Meu pai é um cara incrível, e às vezes bom demais para ser verdade. Ele sempre me deixa fazer tudo que eu queror. Bem, quase tudo.

Minha mãe se chama Mary Angela, ela é britânica. Ela sabe se multiplicar, às vezes, ela é  uma hábil dona de casa e nem tão talentosa cozinheira; outra hora ela é uma exímia desfazedora de feitiços e encantamentos do Ministério Brasileiro de Magia. E nas horas vagas, uma correspondente do Profeta Diário sobre assuntos Sul-americanos. O que eu sei é  que tecnicamente estávamos vivendo uma crise com algumas coisas estranhas, o que tem deixado ela muito ocupada e tem nos salvado da culinária dela. Cá entre nós, meu pai cozinha bem melhor.

Ah, Eu preciso dizer, somos cinco. Não... Você não entendeu errado. Os Oliveiras tem cinco descendentes. O meu irmão mais velho se chama Rodrigo, estudioso e muito gentil, logo depois vem o Carlos Eduardo (pode chamar de Cadu ou peste dos infernos) e essa linda que vos escreve, eu mesma. Cadu e eu somos gêmeos. Sou dois segundos mais nova, tive que dividir o útero com esse garoto... e juro que tenho lembranças vívidas de querer enforcar ele com o cordão umbilical... e essa vontade ainda não passou. Depois de mim tem o Gustavo (Guto), um ano mais novo; e por fim, Tiago (Ti) de 9 anos. Meus pais são bruxos e não acreditam em televisão...
Ah, claro! Temos dois animaizinhos, Rodrigo, o lorde-nerd-cupim-de-livro tem uma coruja, chamada Ártemis. E, eu e minha placenta super desenvolvida que tentam me convencer que é meu irmão temos um gato chamado Apollo. E temos um acordo, eu mimo e ele limpa, alimenta e tudo mais que dá trabalho.

Esse é meu endereço, Casa do Sobrado Torto, Rua dos Pardais, número 6. Eu me lembro que há dois dias numa certa manhã do final de Janeiro, eu, estava me arrumando e revendo pela vigésima vez naquela manhã a Carta de Castelobruxo. Eu quase esganei de tanto abraçar a Arara-azul que me trouxe ela.

ESCOLA MUI ANTIGA DE MAGIA CASTELOBRUXO

Diretora: Olga J. Garibaldi

Srta, Maria Eduarda Oliveira,

É por meio desta carta, que gostaríamos de informar que sua Matrícula em Castelobruxo foi efetuada com sucesso para o vigente semestre. Junto da carta de orientação, a senhorita encontrará a lista de materiais necessários, livros e equipamento. Ser uma aluna da Castelobruxo é uma honra e esperamos que a senhorita esteja pronta para se tornar a bruxa que você poder ser, que quer ser, e precisa ser. O ano letivo se iniciará dia 5 de Fevereiro.

Atenciosamente, Miranda Assis.
Vice-Diretora.

Eu realmente relia aquelas palavras várias e várias vezes. A sensação de ter aquela carta na mão era ótima. Eu, obviamente, comemorei muito dignamente. E se por acaso o Cadu te mostrar uma filmagem comigo correndo e pulando feito louca de pijama... Garanto que não sou eu, ou não deveria ser...
Eu praticamente decorava aquelas palavras. Rodrigo me incentivava muito, mas sempre  com seus livros. Eu o interrogava sobre Castelobruxo toda vez que eu conseguia invadir seu quarto. E toda vez que eu não era expulsa. O que eu preciso dizer também é que eu sempre tive meu próprio quarto como a única menina da casa. Nada mais justo... os meninos dividem os quartos entre si.

Naquela manhã, o dia estava lindo. Acordei e vi papai e mamãe trocando palavras de carinho e doçuras.

Eca! Gente velha às vezes era fofa, mas ninguém gosta de ver seus pais... Daquele jeito, na cozinha, com o estômago vazio. Preferi nem comer minhas torradas.

Meus irmãos Gustavo e Tiago desceram logo depois de mim, Gustavo estava conformado que teria que esperar mais um ano para ir para Castelobruxo, mas Tiago parecia triste. Ele era meu xodózinho. Papai saiu logo antes das sete da manhã, ele ia levar os dois para escola.
Caso não saiba, nós bruxos brasileiros somos incentivados pelo MBM a estudar em escolas Colonas até os dez anos de idade, para sermos alfabetizados e principalmente socializados. Aprendemos muito observando eles, e aprendemos a nos misturar melhor.

— Duda, pode fazer? – perguntou Tiago meio tristonho.
— Claro... – disse sorrindo.

Tiago estava ao meu lado e mesmo meio abatido, sorriu para mim. Sim, aquilo cortou um pouco da minha felicidade de ir para longe. Respirei fundo e sorri, misturei o leite do menino com chocolate como sempre fazia, isso era mágica. A nossa mágica, nosso elo, nosso momento. Por algum motivo, Tiago dizia que apenas eu sabia preparar seu chocolate. Lembro que entreguei o copo a ele que tomou um grande gole da bebida e de súbito parou olhando o nada e parecia agora triste.

— O que foi Tiago?
— Eu vou sentir sua falta... Você sabe. Vou sentir muita falta.
— Ti, logo, logo você estará indo para nossa escola também. E vamos nos ver em Julho. Não se preocupe. E se der na páscoa também.
— Promete?
— Eu já descumpri uma promessa?

Enquanto eu estava tendo esse momento fofinho, meu gêmeo do mal e Guto estavam brigando por um pedaço de torta. Eles pareciam dois Arpéus brigando por um pedaço de carne. ¬¬’

Respirei fundo, sabe, não é fácil ser a única menina da casa, mas, porém, todavia e, entretanto eu adorava minha família. Até por que os esporros da minha mãe não seriam a mesma coisa por Berradores.

— Gustavo, por favor, vamos chamar menos atenção este ano. O ministério já te colocou em aviso pelo incidente do ano passado. – disse o Sr. Oliveira.
— Já sei pai, relaxa! – disse ele revirando os olhos.
— Não revire os olhos, revire os bolsos rapaz! – disse a mãe segurando-se para não rir.

Gustavo era um garoto que adorava pregar peças em colonos. Até onde eu sei, nós éramos os únicos bruxos da escola em que estudava. Existem muitas famílias bruxas pelo Brasil, mas é impossível conhecer todo mundo.
Meu pai se despediu e junto foram Gustavo e Tiago. Eu olhei para minha mãe que agitava a varinha para arrumar a cozinha.

— Vamos agora?
— Sim, vou pegar a bolsa e o dinheiro e vamos. Rodrigo, vai conosco?
— Não, mãe. Eu realmente preciso terminar esse relatório sobre a Magnólia Dragão.
— Ok, vou comprar suas coisas então.
— Cadu! Vamos apresse-se!
— Já estou pronto! E você, monstrenga?
— Juro que a primeira coisa que eu fizer será azarar você. – ameacei.
— Ninguém azara ninguém nessa família... – disse Mamãe. 
— Mas você azarou o Gustavo com o feitiço da perna presa ontem... - falei.
— E também o petrificou em pleno réveillon. – disse Cadu.
— E enfeitiçou o quarto dele hoje de manhã. – completou Rodrigo mesmo com a cara no pergaminho.
— Eu posso! – disse minha mãe saindo da sala.

Depois de alguns minutos, o que quase fez sermos todos enfeitiçados por que transformamos a cozinha numa zona de guerra e torradas. Depois de tirar pedaços de pão do cabelo, estávamos prontos para viagem. Mamãe sempre reclamava que não tínhamos uma rede de Flu; Não é comum ter lareiras nas casas brasileiras. Noitebus? Sistema brasileiro de transporte, mesmo bruxo não é muito bom. Chave de portão, não era muito prático quando estamos numa cidade. Aparatar? Bem, da última vez que tentamos aparatar quase estrunchamos por que ficamos nos batendo durante o transporte. E, você, caro diário deve se perguntar: Como diabos os bruxos brasileiros se locomovem com as crianças.

Nada glamuroso, mas sim, pegamos um busão colono mesmo. Fomos até o centro da Cidade, o centro é lindo e se você olhar com cuidado verá pistas espalhadas para quem é bruxo. Atravessamos a Rua do Ouvidor e em um bequinho entramos numa aparente birosca. Era um tipo de bar bruxo chamado, “O Português sem Varinha” – o nome vinha de piadas com nossos irmãos lusitanos. Adentramos o bar e como de praxe mamãe fez se lembrou que aquele lugar lembrava muito de longe o “Caldeirão Furado” que ficava em Londres. O senhor Manoel Alvarenga era o dono do bar, ele era um bruxo engraçado, gordo e sempre com cheiro de pastel. Mas sobre tudo eu poderia jurar que aqueles botões em sua camisa só se mantinham à camisa fechada por magia, por que nem a física explicava aquilo.

— Compras para Castelobruxo, Sra. Oliveira?
— Sim, dessa vez vou mandar meus dois de uma vez.
— Eles crescem rápido, opa!
— Alguns nem tanto.

Podia jurar que minha mãe falara aquilo por causa do Guto. Atravessamos um corredor estreito e cumprimentamos o Velho Tião, ele tinha uma história longa e muito triste. Qualquer dia, eu conto. Mas nessa narrativa o foco era EU!

O corredor acabou e chegamos a uma porta carcomida de madeira de um velho depósito . Mamãe sacou a varinha e com um meneio simples fez o galpão se abrir, revelando a passagem para o "Logradouro Carioca”, o centro de compras oficial dos bruxos cariocas e fluminenses. Tipo um shopping bruxo, só que sem ar-condicionado.

— Mãe, Rodrigo disse que alunos de todo Brasil vão para Castelobruxo e até alguns sul-americanos. Eles vêm ao Logradouro Carioca?
— Claro que não sua besta. Papai, disse que os grandes centros brasileiros possuem um Logradouro.
— Isso mesmo, Paulistas costumam fazer compras no “Logradouro da 31 de Julho”. Mineiros têm o Logradouro de Belzonte, e assim por diante.
— Incrível!
— Sim, vamos ver... Primeira parada, lojas de Varinhas!

Bem, acho que você pode entender. O Brasil é um país continental, e o meu irmão Rodrigo diz que a comunidade bruxa sempre está em um processo de unificação entre si e até mesmo com os irmãos latinos. Com uma comunidade mágica tão espalhada é difícil centralizar tudo. A marca Logradouro é a que toma conta dos centros comerciais aqui no Brasil, mas não sei nada sobre os outros países. Eu estava perdida em pensamentos andando entre uma rua cheia. Eu nunca tinha vindo no período de férias. Vi meninos brincando de Razavoadora e até de MagiCartas! Razavoara é uma brutalidade violenta sem sentido que geralmente meninos bruxos adoram, é praticamente um tipo de pipa que é comandada pela varinha onde as pipas praticamente duelam para se destruírem. E quando eu falo que é uma febre é por que vemos meninos de 11 até 50 anos brincando disso. Papai mesmo ensinou os meus irmãos a jogarem. Menores de 11 anos, geralmente controlam suas Razavoadoras com um anel vendido separadamente. Não é classificado como magia perigosa. Os meninos que brincavam perto de nós tinham seus seis e sete anos.

— Olha ali, Cadu... Seus amiguinhos.

Cadu e eu sempre implicávamos um com o outro e a melhor coisa era deixar ele sem saber o que falar. E eu sabia por que ele não tinha resposta para aquela provocação. Possivelmente, por quê seus bolsos deveriam estar cheios de Magicartas e ele queria muito realmente jogar, e ele só estava esperando eu e mamãe nos perdemos nas compras para isso... o que nos meus cálculos não demoraria muito.

Atravessamos a rua e fomos direto a “Vera Varas”, era uma lojinha bonita e muito bagunçada que cheirava a papelão. Adentramos e tinham mais adolescentes sendo atendidos, ambos acompanhando de seus pais.

— Rute. Mônica. Bom dia, Senhora Vera.

Minha mãe é educada, mas Rute Cardoso e Mônica Bianccini eram as mulheres mais enjoadas que eu já tive o prazer de conhecer. Os filhos eu não conheciam bem, mas nada poderia sair de bom dali. E não quis ficar prestando atenção. Assim, que virei o rosto para a conversa cheia de dedos, percebi que Cadu já estava sendo atendido pela senhora Vera.

Como descrever a Senhora Vera. Bem, pense na mãe Noel. Exatamente até o cheiro de canela, eu sentia vindo dela.

— Bem, meus pequenos. A Varinha é quem escolhe o bruxo e deixe-me ver o que eu tenho aqui para vocês.

A senhora Vera nos media com sua fitinha prateada que se mexia sem ajuda, ela nos virava, sacudia, virava e sacudia... Se ela falasse Wingardium Leviosa eu que sairia voando tonta.

Segurei a primeira varinha que foi me dada e parecia estranha comigo, a segunda parecia um estandarte de escola de samba. Meu irmão e eu não conseguíamos achar uma varinha que nos servisse bem. E olha que até tentei, sem querer é claro, atingir ele com algo. Ficamos quinze minutos testando uma varinha atrás da outra.

— Esperem. Mas... Será? Acho que eu tenho algo especial para vocês. Eu gosto muito de fazer experiências. As varinhas brasileiras são um pouco diferentes das varinhas europeias, núcleos diferentes também, importar pelo de dragão, de veelas, ecunicórnio não é nada barato e dávamos nosso jeitinho verde-amarelo. Eu criei duas varinhas bem... Digamos incomuns, peculiares, únicas... – disse D. Vera vindo a nós com duas caixas.

Cadu pegou a varinha dele e eu pude até sentir que algo estava de uito certo naquilo. Meu irmão estava com sua varinha em punho, o que era bem preocupante.

O ministério da saúde Dudatico adverte:  irmão  com varinha pode ser prejudicial a saúde.

A caixa que D. Vera entregou a mim tinha uma bela varinha que na hora eu senti, era parte de mim. Eu praticamente nascia eu conseguia ver ela na minha mão, eu via meu reflexo no espelho, eu me sentia mais poderosa, e me sentia mais capaz, eu sentia que tinha que fazer uma hidratação urgente nos cabelos.

— Muito interessante, meus jovens. Irmãos gêmeos e varinhas tão... Peculiares.
— Como assim? D. Vera?
— Bem, Senhora Oliveira. A Carlos Eduardo, é confiada a Varinha de Castanheiro Negro. Núcleo de chama-eterna de Mula-Decapitada. E a Maria Eduarda, a varinha de Cedro Rosa, núcleo de fogo-santo.
— Não é... Perigoso?
— Realmente não saberia dizer, mas parece que seus filhos nasceram para esas varinhas.

Depois de pagar, saímos da loja da Dona Vera. Eu estava feliz em estar munida com minha varinha, ser escolhida por uma varinha rara era começar o ano letivo com um tchan amais.

Mamãe foi pegar a encomenda dos uniformes na “Armada da Moda”. Enquanto isso, ela nos incumbiu de comprar os livros.

— Duda, lembra da lista de material? Eu esqueci a minha.
— Espera eu tenho aqui. Aqui está, vejamos.


Livros:
Livro de Feitiços Nível 1 — Alberto Cunha
As Vísceras da América, A história da Magia — Pablo Vivaz
Guia de Transfiguração para iniciantes, - Emérico Switch
Magia, A Teoria. — Lucia Pevensie
Mil Ervas e Fungos Mágicos, – Fílida Spore
Elos Naturais e Feitiços Elementais — Camila D'Angelo.
O Boticário Mágico dos Bruxos Finos, — Rosa Valencia.
Guia da Floresta, como não morrer no primeiro ano em Castelobruxo. – Wesley Costa
Bebidas e Poções Mágicas, – Arsênio Jigger
Animais Fantásticos e seu Hábitat, – Newton Scamander
Lutando contra forças do mal, — Theodore Lupin.
Guia do Mochileiro Estelar, Astrologia básica. – Adão Douglas

Isso tudo é para um semestre só. E eu aqui achando que Castelobruxo ia ser moleza. Alguns livros foram bem fáceis de achar, Já outros tivemos que procurar muito bem. A loja tinha muitos alunos de Castelobruxo.

Devemos lutar por uma educação  melhor,  mas acho que a ideia nao era realmente de socar alguém.

A última vez que eu vi o Cadu ele estava brigando com um garoto pelo livro “Ginny Potter, a Apanhadora”. Sim, meu irmão era vidrado nela, ele tinha pôsteres, e mamãe conseguiu até um cachecol autografado.

Então só estava faltando o “Magia, A teoria”. Mas alguém pegou o exemplar que eu queria, o último. A menina estava vermelha e quando ela percebeu que eu estava olhando tipo “Sério, isso?” ela rapidamente se desculpou.

— Aqui, pega! – disse a menina.

A menina em questão é uma fofa, e uma bonequinha.

— Ah, obrigada. Mas você vai ficar sem?
— Só tem esse. Acho que você viu primeiro.
— Ah, obrigada então. Sou Maria Eduarda, pode me chamar de Duda.
— Yasmim Martins, muito prazer.
— O mesmo Yas. Indo para Castelobruxo, também? Primeiro, ano?
— Sim...
— Conhece alguém lá?
— Não, acho que não.
— Bem, agora conhece. É um prazer que me conheça.
— Ah, obrigada. – disse ela sorrindo com seu jeitinho meigo.

PAUSA NA NARATIVA! COF... COF...
YASMIM MARTINS, 11 anos.
Cabelos loiros mesclados com castanhos
Olhos mel.
Pele branca. (Precisando de um bronze)
Rostinho de Pêssego
E parecendo uma bonequinha com cabelos presos em Maria-chiquinhas e óculos.

Seu sorriso era realmente cativante. 
— Ah, obrigada. – disse ela sorrindo com seu jeitinho meigo.
— Você não é daqui, é? Seu sotaque.
— Ah, não. Eu sou de Santa Catarina. Mas o Papai me trouxe aqui para comprar as coisas sou Colona, ficamos sabendo pelo departamento de leis catarinenses que tiveram dois ataques de radicais Uruguaios.


— Ah, movimentos separatistas?
— Exatamente. Papai é policial e agora que sabe que sou bruxa ele está mais inteirado das coisas. Ele está muito feliz que eu seja bruxa... Até um mês atrás não sabíamos de nada.
— E vieram para o Rio?
— Sim. Logradouro de Gramado, Logradouro de Curitiba também foram atacados. As fronteiras estão ficando perigosas. Papai, disse que seria melhor ir para escola daqui, muitos alunos sulistas estão vindo para cá ou para São Paulo.
— Entendo. Bem, agora você conhece a mim e espero que possamos ser amigas.
— Amigas?
— Claro! Bem, acho melhor você ficar com o livro. Meu irmão deve ter esse livro do ano passado. Posso me virar.
— Ah, obrigada... Muito gentil.
— Magina! Nos vemos na Estação?
— Estação?
— Você não sabe ir, né?
— Meio perdida.
— Bem, me encontre amanhã da Estação Arco-Verde do Metrô. 10:00 em ponto!
— Ah, okay. Mais uma vez, obrigada!!

Foi a primeira vez que vi a Yasmim. E fiquei feliz de ter conhecido ela. Virei a toda... Estava feliz comigo mesma por ter sido nobre e deixar o livro com a Yasmim.

Bem, talvez nem tão nobre, por que provavelmente eu iria ficar feliz tendo uma desculpa para não ler aquele livro. Mas onde eu estava? Ah, é! Eu me virei a toda e bati em alguém. E aquele foi o primeiro encontro. Eu e o chão, o chão e eu! Era um romance antigo.
— Ai!
— Hey! Olha para onde anda?
— Você?
— Você?
— O que faz aqui? Eu perguntei primeiro! Não acredito que... Você é... Sou...claro que sou! Nãoooo. – foi mais que ensaiadinho e muito esquisito.

PAUSA NA NARATIVA! URGENTE
Eis, um espécime que você deve evitar em Castelobruxo.
Victor Mattos, 11 anos.
Até ontem colono, bruxo, estudamos na mesma escola colona. Vive implicando e me fazendo gritar. (mais que o necessário)
Cabelos castanhos, olhos azuis, sorriso, irritantemente perfeito!
Pele morena
Letreiro Neon na Testa piscando: PESTE
E não! Eu não gosto dele!

— E ai Vito! – cumprimentou meu irmão.
— Fala aê, cara! Quer dizer que você também é um bruxo.
— Né? Pensei que tu era um colono. Mas bem que eu desconfiei tu joga bola muito mal para ser colono.
— Hahaha Vamos ver se consegue me vencer no Trancabola! Oliveira.
— Assim que tivermos chance!
— Vou lá! Nos vemos por ai, tenho que procurar meus pais. Até logo, Miss-Segura!
— Sério... Castelobruxo vai ficar mais animado, agora.
— Pestes se merecem! Toma seu livro!
— Animais fantásticos e onde habitam?
— Sim... vai que lendo esse livro você encontra um cérebro fantástico, por que ai eu sei que não habita nada.
— Engraçadinha.

Depois de correr atrás do meu irmão, depois de correr do vendedor por que saímos sem pagar, e depois de correr da minha mãe, nos ajeitamos tudo e já estávamos com tudo comprado só faltavam os utensílios. Cadu ficou jogando Magicarta com os meninos na porta do restaurante “Llamas” de comida Peruana. Eu e mamãe fomos ver o que faltava.

Outros equipamentos:
1 varinha mágica (CHECKED)
1 caldeirão (estanho, tamanho 2)
1 conjunto de frascos
1 telescópio
1 balança de latão

Depois de comprar tudo fomos até o guichê das passagens no Logradouro. Mamãe comprou três passagens. Ela falava dos livros de Rodrigo que estavam mais caros por serem do segundo ano.

Rodrigo tinha a sorte de ter tudo novo.por ser o mais velho.

Ela comprou uma Cabine para quatro no Expresso Capital. Contei a mamãe sobre Yasmim e sobre Victor. Mamãe parecia saber que Victor era bruxo. Não entendo, ou quase, o porquê ela escondera isso de mim. Ela só ria quando eu reclamava dele. E terminava sempre dizendo. “Duda, você vai se arrepender tanto disso”. E EU DU-VI-DO!

Chegamos em casa, depois de comprar tudo. Na manhã seguinte eu iria para escola. Mamãe carrega tudo em sua bolsa mágica. E até que eu queria uma mochila fashion mágica, mas como tudo era sempre em dobro para mim e para o Cadu. Eu acabava tendo que me acostumar. Papai já estava em casa com os meninos.

Rodrigo arrumava a mesa do jantar e era ajudado por Tiago. Já, Gustavo, ele estava caído no tapete da sala...de castigo  petrificado.

— De novo?! O que foi dessa vez?
— Ele “involuntariamente” fez os livros da biblioteca entrarem em combustão. Na hora que ele disse “Não quero ler”. Foi isso...foi uma hora da leitura bem interessante. Virou o mistério da escola.
— Papai está bravo?
— Sabe que ele não fica bravo muito tempo...
— Vou lá falar com ele. - disse Cadu saindo.

Guto e Cadu se entendiam bem.

— Papai cozinhou os pratos que vocês mais gostam para se despedir. Um grande jantar.
— Ele chegou cedo e já arrumou tudo para amanhã.
— Papai não existe. Ah, Rô. Esse colar roxinho é o que? Eu nunca tinha visto.
— Ah? Isso? É minha Honra. Você vai entender quando chegar em Castelobruxo.
— Honra?
— Sim, todos nós temos uma.
— AH! Tenho que te contar sobre minha varinha! Não! Uma menina que conheci! Não! Sobre o Trambolho que é bruxo.
— Victor Mattos?
— Sim... Você é realmente o mais esperto.
— Bem, não lembro de ninguém com esse nome na escola. Mas vai ver ele é Colono Raiz.
— Aff, e eu achando que os Colonos que viraram Bruxos eram especiais. Vivendo e aprendendo.

Eu amava meus irmãos, Tiago era o meu xodozinho. Mas sabe, o Rô, me passava algo calmo, tranqüilo, sábio, eu sabia que eu poderia contar sempre com ele. Até mesmo Guto e Cadu. Eles eram especiais para mim. Mexer com minha família era me ver virar bicho. Será que lá eu me distanciaria tanto deles?

E foi assim, a noite se seguiu muito prazerosa. Guto ficou responsável por limpar o sótão e limpar a casa, ele assumiria todo o trabalho meu e do Cadu. Aquela era a última noite juntos. Eu estava a um dia do meu sonho de moleca. Ir para Castelobruxo.

Eu sonhei com bruxas dançarinas de samba que cantavam um samba-enredo sobre a crueldade e a escravização dos elfos-andinos, sonhei com ataques no Equador, escutei sobre a Junta Vermelha.

Meus sonhos se misturaram com os noticiários do rádio. Eram oito da manhã, levantei mais cansada e menos ansiosa que previra. O cheiro de café preenchia a casa. Vesti-me com o uniforme, ah! Não se preocupe. No Brasil, há uma infinidade de escolas colonas particulares coloridas, chamativas, simpleszinhas. Ninguém ligava muito. Mas não vesti completamente, os robes verdes poderiam ser chamativos demais.

Quando sai do banheiro lá estava meu conjunto do uniforme sobre a cama com mais quatro kits dobrados gentilmente sobre a cama. Minha mãe? Naaaa eu sabia, era papai. Ele adorava feitiços do lar.

FASHION TIME!
O uniforme de Castelobruxo é o último grito de Banshee da moda brasileira. Saia preta de pregas, meias três quartos, coturnos negros e uma camisa leve branca. Com o símbolo da escola no meio, um C imaginativo C;; muito estiloso. E para fechar o pacote uma boina azul índigo, Okay, okay. Quando eu disse grito de banshee era realmente para assustar. Não havia muita diferença entre nós e um aluno colorido do Colégio Pedro Segundo.

Guardei tudo na mochila/baú/buraco negro e desci as escadas, mas não sem antes de dar uma última olhada no meu quarto e pegar o Sr. Fofo. Minha lebre-antílope de pelúcia. Bem, eu adoraria dizer que fomos pacificamente e chegamos na hora. Mas não seria minha família, se tudo não virasse motivo para uma revolução farroupilha na minha casa. Mamãe chamou um MoVX, é tipo um urbe bruxo. Você estica a varinha e um Carro bruxo imperceptível aparece. Apesar de por fora ser um fusquinha do muito sem-vergonha por dentro era praticamente uma limusine.

Conversávamos e riamos. Rô e Cadu conversavam sobre a rotina de Castelobruxo, papai contava a minha mãe velhas histórias. E Ti, ele apertava minha mão fortemente sendo um homão que não chora.

 Chegamos a Estação de Metrô do Arco-Verde. E você deve estar se perguntando, mas é uma estação de Metrô lotada. Realmente, mas colonos são distraídos e a melhor coisa que inventaram foram os Smartfones, eles mergulhavam naquelas telinhas e não viam nada a sua volta, nem se uma manada de Tamanduás de fogo passasse desfilando. Meio a multidão, eu vi, Yasmim e seu pai. Os dois pareciam bem assustados.

Me aproximei e me apresentei. Segurei a mão dela, e ela a dele e fui puxando os dois, e minha mãe me puxava. Viramos uma porta escrita: “eMBarque coM Toda segurança”. Para olhos colonos, os maiúsculos poderiam ser erros de impressão, mas com dois toques de varinha se poderia ler “Ministério Brasileiro de Magia e Transporte”. Entramos ali, disfarçadamente, ou o tão disfarçado que poderia três adultos, quatro adolescentes e duas crianças poderiam fazer. Papai explicou que se um colono abrir a porta por acidente, a porta levará ao almoxarifado.

Assim que passamos o portal, Uma voz melodiosa se espalhou pelo local.

“Bem-Vindos, a Estação Central Arcos Cariocas. Próximas estações, Estação da Luz, Estação das Cachoeiras e Estação Bel-Zonte e finalmente Castelobruxo.”

— Como assim? Vamos fazer quatro paradas?
— Sim, será rápido. O Expresso da capital chegará a Castelobruxo ao entardecer. Esse é o Expresso Capital Sudeste ele passará nas quatro capitais e seguirá para Auramina, a vila bruxa que fica perto de Castelobruxo.
— Mas e os outros alunos?
— Não se preocupe, Duda. O Expresso Capital tem várias versões. No Brasil, existem quatro: Expresso C-Sudeste, Expresso C-Sul, Expresso Centro-Oeste, Expresso C-Nordeste.

—Mas e o norte?
— Bem.. Os alunos do Norte geralmente vão de outras formas para Castelobruxo
— E os alunos dos outros países?
— Até onde eu sei a maioria dos “Hermanos” vão para Castelobruxo com o Expresso Andino, que começa no Uruguai e vai até a Venezuela.
— Hmm; Entendo.
— Agora que já matou suas curiosidades. De-me um abraço bem forte!
— Claro, papai.

“O melhor lugar do mundo é o abraço de alguém que amamos e nos ama”

A despedida foi difícil e não estou a fim de borrar o rímel aqui lembrando disso. EU não estou querendo ficar parecida com um Caipora que caiu de cara no chão. Mas ver papai, Ti, mamãe e o Guto ficando para trás era difícil, mas era necessário.

Embarcamos, achamos nossa cabine. Convidamos Yasmim a ficar conosco, afinal tinha uma vaga sobrando. E ajudei-a com o uniforme, a menina parecia mais desastrada e sem-jeito que eu. Mas acho que era por causa de Rodrigo, foi a primeira vez que vi ele desviar seus olhos do livro.

Depois de duas horas conversando bobagens e pensando em coisas sobre a Escola, Rodrigo se levantou e se juntou com alguns amigos dele. O que nos deu a chance de passear pelo trem. Eu tive que arrastar a Yas.
Cadu ficou lá roncando.
O que dizer do Expresso C-Sudeste?

“Eita! Tem um menino de Minas no vagão quatro que come seis pães de milho expansíveis em dois minutos.”
— disse Iago Cosme.

“Mano, já viajei no Expresso Andino, muito melhor que essa lata velha”
— disse Beatriz Pontes.

“Achei tudo incrível, o que é aquilo ali?”
— disse Mariana M.

“Sério? Estão tocando funk no vagão dois? Pera, vou lá!”
— disse André Silva.

“Bah, não me pergunte guria, acho tudo muito legal! Estamos no vagão restaurante? Aquilo é brigadeiro?”
—disse Lucas Rogerio.

“Nossa já tomei três litros d´água e parece que vou desmaiar.”
—disse Viviane Araújo

“Estou achando que vai se perder! Se ficar perambulando, miss-segura”
—disse Vitor Idiota Mattos. .

No vagão sete, encontramos um trio de meninas conversando. Todas parecem muito simpáticas e quando fomos entrar outra menina apareceu.

— Quem convidou vocês?
— Kelly, relaxa. São só elas.
— Meu pai não pagou esse vagão exclusivo para nós para ficamos com gentinha.
— É o que?
— Duda, vamos voltar...
— Aff, Kelly você sempre exagera.

A menina que não gostou do comportamento da amiga, Kelly. Era Gabriela Gomes. Ela pegou sua bolsa e saiu dali conosco. Ela nos levou até nossa cabine e pediu desculpas que deveriam ter sido pedidas por Kelly.

GABRIELA GOMES, 11 anos.
Cabelos negros e cacheados, olhos negros e brilhantes,
Pele negra e muito perfumada.
Sorriso doce e gentil
Jeito mãezona.
Mineira

Ficamos nós três na minha cabine. E eu sabia que se o resto do ano fosse fazendo amigos e vendo as pessoas se divertindo. Tudo ficaria bem. Gabriela e Yasmim já tinham seus lugares no meu coraçãozinho. Conversamos sobre tudo, até sobre o traste do meu irmão que veio correndo se esconder depois que foi pego trapaceando no MagiCartas. Depois de algumas horas finalmente tínhamos chegado. A Estação Auramina. O cheiro da floresta, o barulho sinfônico da vida, o silêncio de não ter carros e vida suprimida. No desembarque eu me perdi de Rodrigo e Cadu.

Fomos cercados por caiporas armados com lanças que nos guiaram pelas ruas de Auramira. Auramira era uma pequena cidadela bruxa aos arredores de Castelobruxo. Éramos um grupo de 15 alunos do primeiro ano. Parecia uma versão menor, paredes douradas e casas no melhor estilo índio-chique, as casas se misturavam a natureza. Era uma cidadezinha de contos de fada colona. Mas era uma cidade ali no meio do nada, com suas lojas, casas e estabelecimentos.

Já entardecia e quando o Sol atingiu o ângulo certo. Meu coração se preencheu. Castelobruxo estava bem ali. Dourada no meio da floresta. Não era só um prédio em forma de pirâmide era uma cidade totalmente dourada no meio da floresta, viam-se mananciais, rios, pontes e escadas talhadas na rocha e nas arvores.

Fomos recebidos por portões gigantes. E agora, não eram apenas as Caiporas que nos cercavam, Onças aladas nos vigiavam e caminhavam de perto. Num riacho próximo, belíssimas mulheres aquáticas cantavam em coro, um grito de águia foi escutado quando sua sombra nos fez sumir nas sombras das árvores o que arrancou risadas dos caiporas que se divertiam com nossos sustos. Lobos de fogo uivaram quando o sol começou a sumir.

E nos portões da cidade escola, estava uma mulher de meia-idade, com um longo vestido, cabelos fartos, bem mulata, traços mestiços.

— Bem-vindos, Alunos calouros do Sudeste. Eu sou Miranda Assis, Vice-Diretora de Castelo bruxo. Ao adentrarem os pilares de nossa amada escola. Vocês deverão honrar o principal voto daqui. Seja o que quer ser, Seja o que precisa ser, Seja o que tem que ser. E seja você mesmo. Acompanhem-me...

É, e foi assim que tudo começou... Adentrei a escola com pé direito. Eu sabia que muita coisa ia mudar dali para frente.


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Notas finais do capítulo

Espero que se divirta.



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