Um dia com sua nova amiga e Raziel já tinha aprendido três coisas novas. Primeiro, amizade é algo como as janelinhas no sorriso da pequena Peste, mesmo você sabendo que falta alguma parte de você (que está guardadinho no coração do seu amigo), você não tem medo de sorrir e mostrar esse sorriso, mostrar esse pedacinho que falta.

Segundo, fazer seu amigo sorrir não tem preço! Comprar presentes, pagar sorvetes, sério, Raziel gastaria todo dinheiro que seu Pai lhe arrumou só para ver o sorriso de uma criança que conheceu a um dia.

Terceiro e não menos importante, sorvete de chocolate era a uma das melhores coisas na Terra e ele não tinha a menor ideia do porque daquela coisa divina não existir no céu.

É, em todos esses anos nessa indústria vital, é a primeira vez que isso lhe acontece (a Praguinha o fez assistir muitos episódios desse tal “Pica-Pau”), é a primeira vez que ele sabe que tem alguém ao seu lado. Raziel nem sequer teve saudade de casa naquelas 24 horas, ele não teve mais tempo para isso, não quando não parava de sorrir.

Ele já tinha se pegado adorando esse negócio estranho que os humanos fazem com a boca, com os olhos e, as vezes, com o rosto inteiro... Mas ser a causa dessas coisas estranhas, desses sorrisos, lhe causava coceguinhas na barriga (quase como se borboletas delicadamente batessem suas asas aqui e acolá dentro dele).

Ele estava amando muito tudo aquilo sem nem sequer perceber.