Padecendo no Paraíso escrita por Pink U
O que Raziel experimentou em seguida no mundo humano lhe deixou cheio de incertezas.
Ao sair daquele pequeno prédio caindo aos pedaços que a Vila Girassol chamava de hospital, Raziel se deparou com sorrisos. Uma senhora já de idade –e, certamente, de dor nos joelhos- caminhava com passos lentos para a entrada do estabelecimento lhe sorriu um "Bom dia"; dois senhores que jogavam cartas em uma mesinha no centro de uma praça pararam seu jogo apenas para lhe cumprimentar e mostrar suas dentaduras; um rapaz parou sua corrida só para lhe oferecer ajuda com um sorriso no rosto. Sem conseguir se controlar, foi com um sorriso que Raziel perguntou se a vila teria algum lugar para ele passar a noite.
Foi prontamente encaminhado para uma pensão onde o receberam com carrancas e com alguns preços que ele tem certeza que estavam altos demais para um sobrado caindo aos pedaços mas, já que era o dinheiro do seu pai, deu de ombros.
Seu quarto era até pior do que ele imaginava, o papel de parede despencava com o toque e a cama rangia sem nada em cima dela (logo em seguida, quando Raziel se jogou nela, o som parecia com o de um porco morrendo).
Nosso arcanjo, mesmo naquela cama dura e com todas aquelas caras feias que recebeu na recepção da pensão, se pegou sorrindo. Nada lhe tiraria a felicidade que lhe veio ao peito com todos os sorrisos que ganhara hoje, nada o faria se sentir tão em casa.
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