Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 69
Tudo vai ficar bem


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Bom, depois deste capítulo, eu vou ter que colocar a fanfic em hiatus de novo :/
Não sei quando vou voltar a atualizar, mas vcs sabem que eu sempre volto, né? Haha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751864/chapter/69

As crianças da cidade gostavam muito de ficar com as do Vilarejo dos Sonhos, porém, Sabrina e Dóris estavam particularmente irritantes para Joaquim, Samuca e até para Téo, que não costumava se incomodar com ninguém, na viagem em questão. Isso porque, assim como a maioria das pessoas, elas ficavam o tempo todo fazendo perguntas sobre o pai biológico deles e como seria sua vida de agora em diante.

Dóris gostava muito de histórias, então estava achando tudo muito interessante, além disso, ela era muito pequena, então era normal que fizesse perguntas. Por sorte, seu irmão Mateus, que tinha juízo, conversou com ela e tentou explicar que não era legal tratar a vida dos outros como historinhas interessantes, ainda mais porque, como os Cuecas eram famosos, praticamente todas as pessoas os viam como personagens e a vida deles como entretenimento. 

— Mas eu gosto de ver a vida de todo mundo como se fosse uma história. — Disse a pequena. — Fica mais fácil, principalmente quando acontece alguma coisa difícil... porque eu sempre acredito que vai ter um final feliz!

Mateus achava que as outras crianças não estavam perto na hora, mas elas estavam, e os meninos ouviram o que a irmã dele disse. Mas isso não foi uma coisa ruim. A ideia de "final feliz" deu uma certa esperança para eles. Tudo podia estar muito confuso agora, mas ia ficar bem.

— Mas eu não entendo por que vocês acham que o pai de vocês aparecer é uma "coisa difícil"... — Disse Sabrina, acabando com o clima.

Antes que os meninos perdessem a paciência e dissessem que preferiam não ficar mais com eles, Romãozinho falou:

— Eu entendo. Eu também sou adotado e não sei nada sobre os meus pais biológicos. E eu não sei como eu ia me sentir se eles aparecessem, porque eu considero o seu Giuseppe e a dona Fiorina como meus pais...

— Isso! É exatamente isso! — Exclamou Joaquim.

— É, a gente ficou muito confuso com tudo isso! — Disse Téo.

Então, pela primeira vez, os meninos conseguiram conversar sobre o seu novo pai sem sentir dificuldade de falar disso. De repente, pararam de se incomodar com as perguntas das pessoas e puderam curtir a viagem. As Chiquititas ficaram impressionadas, pois, nem com elas eles tinham conseguido falar direito a respeito do assunto até então. 

Mas elas entenderam que era diferente falar com alguém que, em certo aspecto, tinha a vida mais parecida com a deles. As meninas haviam perdido os pais, então, quando pensavam no reaparecimento do pai biológico dos meninos, imaginavam como se descobrissem que seu próprio pai não havia morrido no acidente. Mas era diferente, porque elas haviam passado 11 anos com ele (Janete, 10 e Eleanora, 9), já os meninos, nem se lembravam de seu pai. Aliás, foi justamente por não entender totalmente que Janete teve a atitude impulsiva de convidar Henrique para o seu aniversário...

Mas enfim, tudo ficou bem. Quer dizer, Samuca ainda tinha aquele pensamento de que seria mais certo eles ficarem com o pai biológico, mas não falou sobre isso com ninguém. Não queria cortar o barato dos irmãos, que já estavam tranquilos com a situação e otimistas em relação ao futuro e também não queria estragar o aniversário de Janete com suas preocupações, já não bastava ela se sentir culpada pela história do convite... Além disso, já havia tido muito drama no aniversário dela no ano anterior, isso não precisava se repetir!

O aniversário da menina acabou sendo um dia mágico e especial, como ela achava que os aniversários deveriam ser. Dona Nina e dona Fiorina foram as principais cozinheiras da festa. Elas ficaram um pouco chocadas quando descobriram que Janete não comia carne, mas foram umas fofas e prepararam apenas receitas sem carne e muito deliciosas pro aniversário. Foi uma festa alegre, na natureza e cheia de magia!

Samuca ficou feliz por ela estar feliz. Não precisava de muito esforço pra isso, pois ela via alegria nas coisas mais comuns. Segundo Albert Einstein: "Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre." Samuca ficou pensando que Janete com certeza vivia da segunda maneira. Talvez Dóris também. Mas ele não conseguia ser assim...

***

Clipe musical: "Coisas Boas da Vida" por Janete.

***

De volta à cidade, voltou-se a agitação habitual das vidas dos Cuecas e das Chiquititas e de seus responsáveis. Aos poucos, os meninos foram ficando mais acostumados com Henrique. Quem não estava se acostumando era Davi a ficar longe deles. Ele não costumava sair muito, apenas com as crianças e com Clarinha. Por sorte, ainda podia ficar com ela. Aliás, eles estavam passando mais tempo juntos, o que era ótimo, mas Clarinha também gostava de ficar com os meninos e sentia falta deles. Eles se encontravam com Henrique praticamente todos os dias e Davi nunca conseguia dizer "não" porque, enfim, o pai biológico ficou quase 12 anos separado deles, né?

Percebendo o quanto Davi andava desanimado, Clarinha decidiu tentar melhorar as coisas. Ela achava que ele devia sair mais, então pensou em combinar uma noite num karaokê com uns amigos. Era justamente uma noite em que Henrique havia convidado os meninos para dormir em sua casa e passar o fim de semana seguinte com ele, pois Clarinha sabia que Davi ia ficar em casa sem fazer nada e mandando mensagens pros meninos o tempo todo.

— Não sei, acho que não gosto muito de karaokê... — Disse Davi, quando Clarinha contou sua ideia. 

— Mas você é músico!

— Eu sei, mas...

— Vai ser legal! A gente pode chamar os seus colegas gravadora, eles são bem legais.

— Tá... pode ser...

— Eu tenho certeza que você vai se divertir! É só por enquanto que as coisas vão ficar assim. O Henrique tá matando a saudade dos meninos, por isso tá passando tanto tempo com eles, mas depois tudo vai voltar ao normal, quer dizer, a gente vai ter que dividi-los com o pai biológico, mas também vamos voltar a nos divertir com eles.

Davi sorriu com a maneira como Clarinha falou, como se estivesse pronta para ser mãe dos meninos. Mas então começou a se sentir um pouco culpado, pois percebeu que já fazia um bom tempo que não pensava no casamento. Ultimamente ele só pensava nos filhos e na reaproximação deles com o pai biológico, mais nada. 

Clarinha entendia que ele ainda estava processando tudo o que estava acontecendo, por isso também não tinha mais falado sobre o casamento, mas, no fundo, estava morrendo de vontade de se casar e até um pouco arrependida por ter resolvido adiar. Imagina se eles tivessem se casado nas férias como tinham planejado?... Mas enfim, não adianta chorar o leite derramado. Agora quem teria que esperar era ela... Mas tudo bem. O importante é que eles ainda se amavam e ainda iam se casar, não é? Além disso, algumas coisas eles já estavam organizando... só pararam um pouco recentemente por motivos de: reaparecimento do pai biológico dos meninos.

Como se lesse seus pensamentos, Davi se desculpou por não terem parado pra escolher uma data pro casamento ainda.

— Tá tudo bem. — Disse Clarinha, sorrindo com seu jeito compreensivo de sempre mas, no fundo, escondendo certa apreensão.

— Eu prometo que assim que eu... conseguir me acostumar melhor com toda essa situação, a gente vai escolher!

Assim como Téo, Davi tinha um pouco de dificuldade de se adaptar a novas situações...

As Chiquititas, ao contrário de Davi, às vezes saíam com os meninos e com Henrique, além de verem os amigos todos os dias na escola, então elas continuavam bem próximas deles. Mas entendiam que eles precisavam conhecer o pai melhor ainda, então nem sempre estavam com eles. No fim de semana em que eles dormiriam na casa dele, por exemplo, elas não não iam se intrometer, seriam "momentos de pai e filhos". Foi a expressão que Eleanora usou quando Téo contou a ela sobre isso na escola.

— "Momentos de pai e filhos"... — O menino repetiu. — É estranho, parece que a gente tá falando do Davi...

Eleanora sorriu, agora que realmente entendia por que Davi era mais pai dos meninos do que Henrique.

— Se eu te contar uma coisa você promete não rir? — Téo perguntou.

— Você tá com medo de dormir na casa do Henrique?

— Como você sabe?

— Palpite... É porque você voltou a ter pesadelos?

O menino concordou com a cabeça e disse:

— Eu não sei por que eles voltaram...

— Será que se você pensar em coisas felizes eles não vão embora?

— Eu acho que não, porque às vezes eu passo o dia inteiro sem lembrar deles e eles voltam mesmo assim!

A menina não sabia mais o que dizer, então apenas o abraçou. De algum jeito, Téo tinha certeza de que teria pesadelo na primeira noite que passaria lá. Talvez por conta do medo de se separar de Davi... Mas era estranho, porque seus sonhos eram sempre com Ian, com Carmen ou com os dois, eles nunca tinham a ver com seu pai biológico. Mas por que eles tinham voltado justo no dia em que ele apareceu?...

Joaquim e Samuca também não estavam com tanta vontade de dormir na casa de Henrique, mas só porque ainda não estavam totalmente acostumados com ele, mesmo. Joaquim tinha pensado que poderiam vê-lo como um amigo adulto, mas parecia mais que ele e os irmãos seriam como filhos de pais divorciados em algum momento, passando parte do tempo com um e outra parte com o outro. Ele só esperava conseguir se acostumar com isso, afinal, Henrique era legal.

Samuca também tinha chegado à conclusão de que eles poderiam viver como numa guarda compartilhada, mas percebia que a intenção de Henrique era ficar com a guarda dos meninos apenas para si. O menino não sabia da conversa que ele teve com Davi no parque de diversões, mas deduziu sozinho. E o pior é que não conseguia discordar dos motivos dele, apesar de não se sentir totalmente à vontade com a situação...

***

Chegou a referida noite e Davi foi ao karaokê com Clarinha e os amigos. Porém, ele se surpreendeu quando viu que, além do pessoal da gravadora, Flora e Suzana também estavam lá. Clara tinha a impressão de que Flora era muito sozinha (e ela era mesmo), por isso a convidou. Já Suzana, a própria meio que se convidou quando Clarinha inventou de mencionar essa noite no karaokê, mas não achou que teria problema. Davi não gostou muito de encontrá-la, mas achou legal que Flora tivesse sido convidada. Depois que voltou à cidade, ela só se importava com as sobrinhas e tinha 0 vida social, ao contrário de quando elas começaram a morar com ela, que ela saía quase toda noite e nem ligava pras meninas. Pois é, ela tinha mudado bastante!

A noite acabou sendo realmente animada, como Clarinha havia planejado. Quer dizer, teve uma hora que Suzana ficou perguntando inconientemente sobre o casamento a Davi, mas ela passou mais tempo falando do web namoro dela do que de qualquer outra coisa, então até que não incomodou tanto. Afinal, qualquer coisa era melhor do que ela ficar dando em cima do noivo da outra, né? Ela até escolheu uma música sobre amor a distância pra cantar no karaokê. Foi muito engraçado, pois a maioria dos que estavam lá eram desafinados, inclusive muitos dos que trabalhavam na Dó Ré Music, o que foi uma grande surpresa pra Clara, Flora e Susana.

Enfim, foi um ótimo momento pra não pensar em trabalho e ficar com os amigos. Davi estava o tempo todo se perguntando se os meninos estavam bem? Sim, inclusive mandou mensagem assim que saíram do restaurante. E, graças a Deus, eles estavam mesmo bem. Mas o importante é que conseguiu se divertir.

 

Bom, os três meninos estavam bem até a hora de dormir. Porém, como previa, Téo realmente teve pesadelos de novo...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Ainda tem muita coisa pra acontecer nesta temporada, então, assim que eu puder, vou voltar a atualizar a fanfic. Até a próxima! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Cuecas e as Chiquititas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.