Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 46
Janete toma uma decisão


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Bom, eu preciso informar a vcs que as minhas aulas voltaram e é aquele negócio de novo, eu vou ter menos tempo pra escrever... :/ Porém, ao contrário das outras vezes, eu vou tentar continuar postando capítulos, não queria colocar a fanfic em hiatus de novo assim tão rápido... Então é isso, eu vou tentar postar os capítulos a cada 15 dias, mas se acontecer de eu acabar atrasando a postagem de algum, vcs vão entender, né?
Enfim, vamos ao capítulo!



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Sandy estava certa quando achou que Davi não seria mais o único adulto que passaria tanto tempo com os Cuecas e as Chiquititas. Clarinha estava sempre indo na casa dele ou saindo com eles. Estava conhecendo melhor cada uma das crianças, tanto pelo tempo que passavam juntos, quanto pelas histórias que Davi contava sobre elas. Obviamente, estava mais difícil esconder o segredo das Chiquititas. As férias estavam prestes a acabar e as crianças precisavam pensar no que fazer quanto a isso.

Davi ainda tentava entrar em contato com Flora, mas em vão. As meninas diziam que ela já havia ligado pra elas algumas vezes durante as férias e mandado mensagens, mas o homem não sabia se acreditava muito nessa história. Ele e Clarinha, então, começaram a prestar o dobro de atenção nas crianças para tentar descobrir algo. Um dia, Joaquim convocou uma reunião com as outras crianças para resolver de uma vez por todas o que fazer em relação ao problema das Chiquititas. Estavam todas indo para o quarto dos meninos, com exceção de Janete, que estava na Árvore da Vida. Antes que Eleanora fosse lá chamar a irmã, Davi apareceu e perguntou o que as crianças estavam fazendo.

— A gente vai brincar — a mais nova inventou uma desculpa na hora.

— E qual é a brincadeira?

— É... a brincadeira do mês — Téo disse a primeira brincadeira que veio na sua cabeça, apesar de se sentir mal por mentir.

— E como é que se brinca disso? Eu posso participar?

— Ah, você não vai querer brincar! — Disse Joaquim. — É muito chato! Só que a maioria escolheu essa brincadeira, então fazer o quê, né?

Davi continuou fazendo perguntas, esperando que as crianças fossem contar o que realmente iam fazer, mas não teve jeito: elas começaram a explicar as regras da brincadeira e deixaram ele participar. É claro que não estavam contentes com isso, afinal, a reunião que iriam fazer era muito importante. Mas manter o segredo secreto vinha em primeiro lugar, mesmo que nem todos concordassem com isso.

Desde o princípio Samuca achava que o certo era contar tudo aos adultos e pedir ajuda. Téo estava começando a concordar com ele e Janete já havia se convencido de que essa era a melhor opção. Porém, mesmo que metade das crianças pensassem assim, a situação dizia respeito às Chiquititas e a maioria delas preferia continuar mantendo tudo em segredo, então Janete era voto vencido. Mas estava muito angustiada com isso e acabou falando, no dia anterior, o que pensava para as irmãs. Quando ouviu, Sandy ameaçou queimar todos os livros de Harry Potter da irmã se ela contasse alguma coisa aos adultos. Pois é, foi pesado e é claro que Sandy nunca faria uma coisa dessas de verdade, mas sabia que a ameaça tinha que ser grande pra Janete não abrir o bico.

Enquanto Davi brincava de mês com os outros 5 na sala, a campainha tocou. Era Clarinha. Davi foi atender e as crianças da sala começaram a sussurrar, desesperadas, perguntando umas às outras como fariam para escapar daquela brincadeira e fazer a reunião sem que os adultos percebessem.

Depois de cumprimentar Davi, Clarinha perguntou onde estavam as crianças. Como Janete estava no quintal, a mulher preferiu cumprimentá-la primeiro e depois entrar na casa para falar com as outras. Davi voltou para a brincadeira e Clarinha foi em direção à Árvore da Vida. A menina, lá em cima, lia o capítulo 6 do livro Anne de Green Gables e chorava muito. A mulher ficou surpresa e comovida ao encontrá-la assim.

— Janete? Tá tudo bem?

Janete tomou um susto, mas se recompôs e tirou os óculos pra enxugar as lágrimas.

— Oi, Clarinha. Tá tudo bem, sim. Desculpa, é que eu me emociono com livros...

Clara imaginou que não devia ser apenas pelo livro que a menina chorava tanto, mas não quis perguntar diretamente com receio de que Janete não respondesse. Ao invés disso, a mulher perguntou sobre o que era o livro que ela estava lendo.

— É sobre uma menina órfã... que não sabe onde vai morar...

***

Clipe musical: "Por que, Deus?" por Janete.

***

Cansado da brincadeira, Joaquim perguntou pra Davi onde estava Clarinha, já fazia um tempo que ela havia chegado e ainda não estava lá com eles.

— Ela tinha ido falar com a Janete, talvez elas tenham ficado conversando...

Nessa hora, Sandy, Eleanora, Joaquim, Samuca e Téo olharam uns para os outros, preocupados. Todos pensaram a mesma coisa e foram correndo para o quintal para conferir. Davi, sem entender nada, foi atrás deles. Janete havia descido da árvore. Estava abraçada com Clarinha. Quando os outros chegaram, a mulher se virou para eles, com lágrimas nos olhos. As suspeitas das crianças estavam certas: Janete havia contado tudo.

— Desculpa, gente, eu não consegui aguentar, tive que contar... — Disse Janete, aos prantos.

— VOCÊ FICOU MALUCA, GAROTA?! — Gritou Sandy, também com lágrimas nos olhos (que não sabia se eram de tristeza ou de raiva).

— Contar o quê? — Perguntou Davi, preocupado.

— EU PENSEI QUE VOCÊ FOSSE INTELIGENTE O SUFICIENTE PRA SABER O QUE PODIA ACONTECER COM A GENTE SE ALGUÉM SOUBESSE! — Sandy dizia essas palavras fervendo de raiva.

— Calma, Sandy! — Disse Eleanora.

Estavam todos muito tensos diante daquela situação. Ninguém conseguia falar mais nada. Davi sugeriu que fossem todos para a sala e explicassem o que estava acontecendo. 

Apesar de não querer que Sandy brigasse com Janete, Eleanora também estava com raiva pelo que a irmã do meio havia feito, por isso, se sentou com Sandy muito longe de Janete, que ficou do outro lado da sala, perto de Samuca.

— Agora que estamos aqui, alguém pode me explicar o que aconteceu? — Perguntou Davi.

Clarinha respondeu que Janete contou que ela e as irmãs haviam sido abandonadas pela tia. Isso explicava muita coisa!

— Quer dizer que ela falou que ia viajar de férias e deixou vocês aqui? — Perguntou o homem, indignado.

Houve um silêncio. Janete estava com medo de falar alguma coisa e Sandy gritar com ela. Esta, por sua vez, estava com muita raiva pra dizer qualquer coisa. E Eleanora não tinha vontade de falar por ser difícil tocar nesse assunto.

— Não exatamente — quem respondeu foi Joaquim.

Os Cuecas perceberam que as Chiquititas não estavam à vontade para falar, então eles mesmos contaram a história.

— Ela foi embora no começo do ano. — Disse Téo.

— Mais precisamente no dia 28 de fevereiro — completou Samuca.

Clarinha ficou de coração partido quando, mais tarde, Davi contou a ela que esse era o dia do aniversário de Janete. As meninas não conseguiram conter as lágrimas enquanto os meninos contavam tudo. Davi ficou com muita pena delas. Durante todo aquele tempo elas ficaram indo pra escola, pra gravadora, se apresentando (inclusive em um orfanato), agindo como se estivessem super bem, sendo que passavam por uma situação tão difícil! Aquelas crianças eram mesmo muito fortes. Ele também ficou com muita raiva de Flora. Já tinha ouvido as meninas dizerem uma vez ou outra que ela era "chata", mas nunca imaginou que aquela mulher faria uma coisa dessas. As coisas não podiam continuar assim!

— Eu vou ajudar vocês, não precisam mais se preocupar! — Ele disse.

— Nós vamos ajudar. — Acrescentou Clarinha.

— Isso, nós dois.

Janete e Eleanora pareciam aliviadas e os meninos, felizes. Mas Sandy disse:

— Desculpa, mas eu ainda não te conheço direito. — Ela voltava-se para Clarinha, depois, para Davi, ela disse: — E, Davi, como você poderia ajudar a gente? Levando pra um orfanato? Você viu o tanto de criança que tem no Cantinho da Harmonia? Não tem vaga pra nós três lá!

— Calma, Sandy, a gente vai pensar em alguma coisa! Por enquanto, vocês só precisam se concentrar na volta às aulas e... não sei, como tão passando por tudo isso, talvez seja melhor parar com a banda por um tempo...

— O QUÊ?! — A menina se levantou, exaltada, e, chorando ainda mais, disse: — A BANDA É A ÚNICA COISA BOA DA NOSSA VIDA E VOCÊ QUER TIRAR ISSO DA GENTE?!

Então ela saiu correndo em direção ao porão, mas quando passou por Janete, gritou: 

— ISSO É TUDO CULPA SUA, SUA IDIOTA!

Estavam todos um pouco assustados com a reação de Sandy. Os adultos entendiam o porquê dela agir assim, Clarinha já tinha percebido que ela tinha uma personalidade forte e Davi a conhecia bem o suficiente para saber que poderia ter esperado essa reação. Ficou arrependido por ter falado sobre a banda. Na verdade, ele só queria que as crianças ficassem bem antes de tudo. Tinha péssimas recordações de quando Ian obrigava os meninos a trabalhar a qualquer custo. Janete chorava ainda mais do que antes e Samuca, mesmo que não fosse muito chegado a contato físico, não aguentava ver a amiga assim e a abraçou na hora.

Eleanora foi atrás de Sandy. Não estava mais com raiva de Janete, mas achava que devia tentar acalmar Sandy e fazê-la perceber que havia sido muito grossa com os adultos e com a irmã delas. Enquanto os que continuaram na sala falavam sobre a reação de Sandy, sobre a situação das meninas e tentavam consolar Janete, Joaquim saiu de fininho para o porão. Ele queria ter ido antes com Eleanora, mas não queria deixar na cara que estava preocupado demais especificamente com Sandy.

***

Eleanora estava sendo muito paciente. Deixava Sandy desabafar sobre tudo o que a incomodava e só depois dava alguma opinião.

— O pior é que ela fica se fazendo de coitadinha e começa a chorar — Sandy falava sobre Janete —, sendo que ela é que tá errada!

— Você sabe que não é bem assim, Sandy. A Janete chora porque ela muito sensível, não é de propósito pra se fazer de coitada...

— Então você tá do lado dela? Concorda que ela tenha contado tudo pros adultos? Aquela fofoqueira...

— Claro que não. Mas eu sei que ela não fez por mal... e você também pegou pesado com ela!

Sandy ouviu passos e, supondo que fosse Janete, disse:

— Sai daqui, eu não quero falar com você!

— Calma, é só o Joaquim! — Disse Eleanora e acenou para o menino.

— Mas se você quiser eu saio... — Ele falou para Sandy.

— Não, fica aqui! — A menina respondeu, um pouco mais desesperada do que queria parecer. — Quer dizer, só se você quiser...

Ela não esperava que Joaquim fosse aparecer ali, mas isso a deixou, pelo menos no fundo, um pouco alegre. O garoto foi pra perto dela e perguntou:

— Você tá bem?

Ela deu de ombros e disse, tristemente:

— Eu não vou mais poder cantar. Como você acha que eu tô?

— Não fica com raiva do Davi, tá? Eu sei que às vezes ele parece chato, mas ele não é igual a todos os adultos...

— Eu também acho — concordou Eleanora. — E eu sei que a banda é muito importante pra gente, mas você não tava certa quando disse que era a única coisa boa da nossa vida. A gente ainda tem os nossos amigos e umas às outras.

— Mas a banda sempre foi o nosso sonho! — Respondeu a irmã.

— Ah, se vocês pedirem com jeitinho, o meu pai deixa vocês continuarem com a banda.

— Será? Eu acho que fui muito grossa com ele... Agora o Davi deve que achar que eu sou uma malcriada, acho que ele não gosta mais de mim...

— Sério que você acha isso? Ele tá acostumado comigo, que sou muito pior que você!

As meninas começaram a rir com o comentário de Joaquim, apesar de que, no momento, Sandy estava achando que talvez ela fosse pior do que ele.

— Eu tô com medo do que pode acontecer agora. — Disse a Chiquitita mais velha. — A gente ainda não tem pra onde ir...

Joaquim pensou um pouco e disse:

 — Vocês podem continuar aqui! Ou ficar na casa da Clarinha, sei lá, ela disse que ia ajudar também...

Sandy e Eleanora ficaram esperançosas. Essas opções eram muito melhores do que correr o risco de ir a um orfanato. Percebendo que as meninas pareciam gostar da ideia, Joaquim sorriu e perguntou:

— Vamos lá pra cima falar com eles?

— Espera, ainda tem uma coisa. — Disse Eleanora. — Você vai ter que se desculpar com todo mundo, Sandy.

— Eu sei... Talvez seja melhor irem só vocês dois, depois vocês me contam como foi...

Por conta desse comentário, Joaquim e Eleanora tiveram que levar Sandy praticamente arrastada lá pra cima. Ela estava com muita vergonha, achava que todos a odiavam no momento. Porém, assim que chegaram na sala, viu que estava enganada, pois Janete, que não estava mais chorando, abriu um sorriso quando as irmãs e Joaquim chegaram.

— Vocês não vão acreditar! A Clarinha convidou a gente pra ficar na casa dela enquanto a nossa situação não se resolve!

— Que coincidência! O Joaquim teve a mesma ideia — disse Eleanora, apontando pro menino.

— Mas eu tenho certeza que eu pensei primeiro. As minhas ideias são sempre as melhores!

Os outros riram e Davi falou:

— Ah, então era isso que você tava fazendo. A gente ficou se perguntando pra onde você tinha ido, já que sumiu de repente...

— Gente, eu... — Sandy falou, ainda envergonhada. — Queria pedir desculpa pelo meu comportamento... eu gritei com vocês e... principalmente com você, Janete...

— Tá tudo bem. Pelo menos o livro que eu tava lendo não era do Harry Potter... — Disse Janete, referindo-se à antiga ameaça de Sandy sobre queimar seus livros e mostrando o livro da Anne, que ainda estava na sua mão.

Sandy e Eleanora riram, mas os outros ficaram boiando. Enfim, Sandy agradeceu por Clarinha chamá-las para a sua casa e disse a Davi que se elas realmente não devessem continuar com a banda, ela entendia, apesar de esse ser o sonho delas. Então o homem falou que a banda podia continuar, sim, mas que elas não precisavam ensaiar ou se apresentar se não estivessem bem pra isso. Agora, sim, Sandy ficou feliz de verdade! Os olhos da menina até brilharam e ela saiu abraçando todo mundo, o que acabou se transformando num grande abraço coletivo.


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Notas finais do capítulo

Sandy reinou hoje, né? Kkk
Espero que tenham gostado!
Sobre as sugestões que vcs dão pra história nos comentários, eu vou tentar seguir o máximo que eu puder, adoro qd vcs fazem isso! Hehe ♥



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