Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 34
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Oi, genteeeee!
Demorei, mas tô aqui! Kkk
Muito, muito, muito, muito obrigada pela recomendação, Homem Aranha Escarlate! Eu amei ♥ É muito bom ver que mesmo depois de 2 anos a fanfic tem reconhecimento! *-*
Espero que gostem do capítulo de hoje! Ele tá meio grande, mas é pq tudo que foi dito aqui precisava ser dito neste capítulo, n dava pra dividir, senão ia cortar a vibe kkk



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Quando chegaram em casa depois da festa da Larissa, os Cuecas não pararam de encher o Davi de perguntas sobre a moça bonita com quem ele havia passado tanto tempo conversando. Como era uma longa história, Davi pediu que primeiro os meninos fossem trocar as fantasias por pijamas e depois ele explicaria tudo. A curiosidade dos meninos era grande, mas eles obedeceram, pelo menos Davi ia contar ainda naquela noite e não só no dia seguinte.

Então tá. Quando foi falar, pediu que os meninos não ficassem fazendo um monte de perguntas todos ao mesmo tempo, porque assim ele não ia conseguir responder nenhuma.

— Ouviu, Joaquim? Não é pra ficar falando o tempo todo! — Enfatizou Samuca.

— Ele falou pra nós três, não só pra mim!

Shhh! — Disse Téo, com o dedo indicador na frente da boca.

— Posso começar? — Perguntou Davi e os meninos consentiram. — Bom, aquela mulher com quem eu tava conversando se chama Clara e é professora da Larissa. Foi uma coincidência muito grande porque a gente já se conhecia, nós dois morávamos no Vilarejo dos Sonhos durante a infância.

— Vilarejo dos Sonhos? — Perguntou Joaquim, de um jeito bastante debochado. — Esse é o nome do lugar onde você morava??? Hahahaha!

— Pois é, dá pra entender por que eu quis sair de lá, né?...

— Ei, espera! A mulher é de hoje... é a sua ex-namorada???

— Então... É engraçado como o mundo é pequeno, né? Quer dizer, eu achava que nem São Paulo fosse pequena assim pra acontecer uma coisa dessas...

Davi já estava começando a ficar sem jeito, sabia que os meninos iam pegar no seu pé agora... Eles, por sua vez, estavam atônitos, principalmente Joaquim. Quase não acreditavam! Téo achou que era coisa do destino, Samuca pensou em como era interessante o fato de ele e os irmãos não terem se interessado em tentar encontrar a tal ex-namorada de Davi e ela aparecer assim, talvez isso fosse uma prova (nem um pouco científica, obviamente) de que eles realmente não deviam ter metido o nariz nesse assunto porque depois a própria vida daria um jeito de reaproximar os dois. Joaquim, além de ter ficado impressionado e confuso, foi o único que ficou também assustado... Ele sabia que Davi não tinha esquecido essa mulher e essa coisa de ele ter começado a gostar dela com apenas 13 anos de idade e continuar com um sentimento tão forte parecia ser muito assustador! Será que seria muito difícil para ele ter que lidar com esse sentimento depois de tanto tempo?

Independentemente das diferenças entre os pensamentos dos três meninos, ambos pensaram igual em um aspecto: Davi e Clara tinham que ficar juntos!

— Eu sei o que vocês devem estar pensando — disse Davi, depois de um momento de silêncio dos meninos. — Mas não vai acontecer nada entre a gente, nós nos reencontramos, mas como velhos amigos, nada mais...

— Mas vocês dançaram juntos na festa.

— Amigos podem dançar juntos, Téo.

— Mas você ainda gosta dela... — disse Joaquim.

Davi ficou um tempo calado e depois disse:

— Isso não importa agora. Já passou muito tempo, eu tenho certeza de que ela não sente mais o mesmo...

— Como você sabe? — Os três meninos perguntaram ao mesmo tempo.

— Ué, sabendo...

— Então você deduziu isso, assim, sem nenhuma lógica... — disse Samuca.

— Não, eu deduzi com base no tempo que a gente passou sem se falar nem saber nada da vida um do outro.

Samuca achou, então, que Davi não podia tirar uma conclusão dessas sozinho, precisaria da perspectiva de outras pessoas (como os Cuecas), porém eles só poderiam ajudar se soubessem exatamente o que havia acontecido entre Davi e Clara, ou seja, um relatório completo do namoro deles na adolescência. Samuca estava dando uma de psicólogo, mas a verdade é que estava morrendo de curiosidade para ouvir a história, só não queria admitir porque era sempre ele quem dizia aos irmãos que eles não deviam se intrometer na vida dos outros e tal... Ah, mas nesse caso era diferente, né? E se o Davi perdesse a oportunidade de ficar com o amor da vida dele só por ter medo dela não sentir o mesmo?...

Davi hesitou um pouco, inventou algumas desculpas pra não contar a história, mas acabou cedendo.

— Nós sempre fomos amigos durante a infância. A Clarinha era a aluna mais inteligente da sala, e também a mais bonita. Eu comecei a gostar dela no Fundamental II. Eu achava que ela não gostava de mim, mas na verdade ela só não pensava muito nessas coisas porque a gente era muito novo, então também nem percebia que eu gostava dela.

"Sei bem como é...", pensou Samuca, que tinha a impressão de que passava pela mesma coisa com Janete. Davi continuou:

— Depois de um tempo, uma amiga dela começou a gostar de mim, então eu acho que isso abriu os olhos da Clara e ela percebeu que eu gostava dela... e que também gostava de mim. Quando tava perto do aniversário de 15 anos dela, ela me chamou pra ser o príncipe e eu aceitei. Depois da festa, eu pedi ela em namoro e ela aceitou. A gente namorou por quase 2 anos, então tivemos uma briga besta, que eu nem me lembro por que foi, aí a gente terminou, eu saí do interior e perdemos o contato.

Joaquim, Samuca e Téo até que gostaram da historinha, mas esse final... eles tinham certeza que Davi não podia ter esquecido da briga que causou o término. Mesmo que tivesse sido uma briguinha besta (o que eles não acreditavam), havia sido um momento marcante do único namoro que ele teve, era impossível que tivesse esquecido. Por isso, os meninos lançavam olhares desconfiados para o pai. Este, entendendo, preferiu insistir que realmente não lembrava do motivo da briga.

Após pensar um pouco, Joaquim arregalou os olhos e disse:

— VOCÊ TRAIU ELA! Com aquela amiga dela que gostava de você... Como você pôde fazer uma coisa dessas, Davi?!?!?!

— Que é isso, Joaquim? Eu não traí ninguém, não foi nada disso! Olhem, eu já falei que não me lembro do motivo da briga e isso também não importa, já faz muito tempo...

Mais uma vez, a desculpa não colou, porém, como parecia que ele realmente não queria contar, Samuca achou melhor voltar ao objetivo principal da conversa: descobrir se Davi e Clara ainda podiam ficar juntos. A briga da qual Davi não quisera falar certamente havia sido feia, mas, a julgar pelo modo como conversavam na festa da Larissa, os dois pareciam muito à vontade, então provavelmente haviam superado isso. Ou seja, a briga provavelmente não era um empecilho para que tivessem um relacionamento de novo. Agora, só tinha uma coisa de que Samuca precisava saber:

— Ela tá em um relacionamento sério com alguém?

— Não...

— Vocês decidiram manter contato, agora que se reencontraram?

— Sim, a gente pegou o telefone um do outro, mas isso não significa nada...

— Tecnicamente, não existe nada que prove que ela não gosta mais de você.

— O Samuca tá certo! — Disse Téo.

— Eu odeio dizer isso, mas concordo. — Joaquim falou. — Não pense que escapou da conversa sobre a briga, mocinho! Mas, agora, pega o celular e chama essa mina pra um encontro!

— Mas a gente acabou de se encontrar, ia ser muito estranho... Além disso, depois de tantos anos convidar ela pra um encontro, assim... Eu sei que vocês acham que não, mas ela pode realmente querer me ver só como amigo agora!

— É verdade... — Disse Samuca. — Nesse caso, eu acho que você tem que fazer o seguinte: ligar pra ela amanhã e marcar pra vocês sairem só no próximo fim de semana, porque, se você ligasse amanhã e marcasse de sair amanhã, ia ser muito repentino; depois de amanhã a gente vai no orfanato, então também não daria certo; durante a semana os dois provavelmente vão estar trabalhando, então também não daria; o próximo fim de semana é a melhor opção, se ela não tiver compromisso, claro. E você não precisa dizer que é um encontro, a não ser que ela fale sobre isso.

Todos ficaram boquiabertos. Sabiam que Samuca era inteligente, mas não que entendia dessas coisas de relacionamento... Davi agradeceu pelo conselho e disse que iria fazer tudo o que o filho havia dito. Joaquim não gostou daquilo, já que a ideia de convidar Clara pra sair havia sido dele:

— Eu é que sou o mais experiente aqui! Vou até tomar sorvete com a Bel na próxima semana...

— Não sei, eu acho que tomar sorvete com uma menina que você nem conhece direito é menos experiência do que preparar uma festa surpresa pra uma menina que você gosta muito... — respondeu Davi e foi para o seu quarto, deixando os meninos um pouco revoltados.

— Quem disse que eu gosto da Janete??? — Perguntou Samuca.

— Eu conheço a Bel direito, sim! — Protestou Joaquim.

— E não fui só eu que organizei a festa, foi todo mundo!

Téo, que só observava, resolveu se pronunciar:

— Deixem de ser bobos! Todo mundo sabe que você gosta da Janete — apontou para Samuca —, você gosta da Sandy — apontou para Joaquim — e eu gosto da Eleanora. Não sei por que vocês fingem que não...

Os gêmeos, então, tentaram zoar o irmão mais novo por estar gostando de alguém, mas ele não se importou:

— É, eu gosto dela. E a gente até dançou uma música lenta hoje! Ei... acho que eu sou o que tem mais experiência aqui, afinal! Hahaha.

Por essa eles não esperavam! Feliz era Téo, que não negava os sentimentos...

***

Clipe musical: "Era Uma Vez" por Janete.

***

O dia da visita finalmente chegou e Arthur levou as Chiquititas de carona para o abrigo Cantinho da Harmonia. Ele estava animado e esperançoso, sentido que a Dó Ré Music faria muito bem muito bem àquelas crianças e também estava orgulhoso de Janete por ter tido uma ideia tão generosa. Porém, os sentimentos dele não seriam nem um terço dos sentimentos que os outros visitantes do abrigo (os Cuecas, as Chiquititas e Davi) teriam.

Todos os 8 foram muito bem recebidos quando chegaram lá. Alguns adultos que trabalhavam no abrigo não foram tão educados, porém as crianças foram bastante receptivas. Muitas delas já conhecia as bandas e estavam muito animadas. Era como se tivesse um monte de Larissas de tamanhos e idades diferentes, mas animadas da mesma maneira. Joaquim, Sandy, Samuca, Janete, Téo e Eleanora receberam muitos abraços e Arthur e Davi também receberam alguns.

O show foi um sucesso, os aniversariantes adoraram, alguns sabiam cantar todas as músicas e até sugeriram outras para as bandas tocarem e cantarem. E a maior felicidade foi quando souberam que receberiam visitas como aquela todos os meses.

Arthur ficou alegre e emocionado. Joaquim, Samuca e Téo ficaram nostálgicos. Eles estavam felizes pelo que haviam feito, pois também os teria alegrado se eles ainda vivessem num orfanato, afinal, apenas brincar de banda já os deixava alegres na sua época... Porém sabiam que nem todo dia seria assim. Aquelas crianças queriam uma família. Algumas tinham família, mas não podiam estar com ela e talvez nunca mais pudessem; outras não tinham família, e outras acreditavam que tinham ou que teriam algum dia, mas não tinham ninguém. Eles não queriam pensar nessas coisas, mas acabaram pensando. Os três. Até gostariam de imaginar que aquelas crianças teriam a sorte de ter um pai, assim como eles, ou uma mãe, ou até os dois; mas sabiam que não era com todas as crianças que isso acontecia. Era de partir o coração...

Sandy, Janete e Eleanora haviam ficado muito emocionadas. Houveram momentos em que Janete tivera vontade de chorar, mas conteve as lágrimas. Suas irmãs, porém, que a conheciam muito bem, perceberam, mas não disseram nada, pelo menos não até chegarem em casa. Acontece que elas tinham noção de como era bonito o que estavam fazendo. Porém, não podiam deixar de pensar que também eram órfãs. Elas não achavam que eram superstars fazendo caridade para crianças desconhecidas, pois consideravam-se parte delas. Era possível que, em algum momento, fossem morar naquele mesmo abrigo, isso se não fossem separadas, ideia que deixava as três muito apreensivas! Elas também não conseguiam parar de pensar no quanto teriam que se esforçar para continuar mantendo o segredo de que estavam sozinhas... quando será que tia Flora voltaria? Se é que voltaria... As três gostariam muito de acreditar nisso, mas sabia que era bem improvável... Perceberam que, se quisessem continuar com essas visitas ao abrigo, teriam que se preparar melhor psicologicamente.

Davi também ficou emocionado. Assim como Arthur, achou muito bonita a iniciativa das crianças e sabia que estavam fazendo algo muito bom. Vendo a felicidade das crianças do abrigo, até chegou a pensar em como era estranho o fato de que não se importava com crianças antes... Porém, não foi só em coisas boas que Davi pensou. Lembrou do que os Cucas o haviam contado sobre sua antiga vida, pensou se algumas daquelas crianças também já haviam morado na rua como eles... Quais seriam as histórias de suas vidas? Provavelmente todas bem tristes... Mas estavam felizes agora e ele pretendia fazer o possível para deixá-las tão felizes quanto os seus meninos. Aquela visita também fez Davi pensar em outra coisa. Ele era um homem muito solitário até Joaquim bater na sua porta, mas e se as coisas tivessem sido de outra maneira? Precisava falar com Clarinha sobre o passado, sobre a parte ruim do passado. Ele não queria e, pelo jeito, ela também não, já que tinha dado a entender que não pensava nessas coisas. Mas ele precisava falar...


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam???



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