Fenômeno 16: O Primeiro Ciclo. escrita por WhoizDuvictor


Capítulo 3
Capítulo 2 - As luzes piscam.


Notas iniciais do capítulo

Whoiz enfrenta seu primeiro contato com o Bullyng, e mesmo após toda a tragédia que o mundo passou, ainda sim esse tipo de coisa poderia ser um problema. Enquanto o mesmo lida com isso, eventos acontecem por trás das cortinas envolvendo a vida do garoto.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751840/chapter/3

O Dormitório do Maria Antonieta é enorme, com vários corredores de beliches, onde meninos e meninas dormem tranquilamente. 

Whoiz estava em sua beliche (especificamente na cama de baixo). O mesmo balançava a cabeça em alguns momentos, perturbado, o mesmo estava tendo pesadelos, até que acorda assustado e ofegante.- 16...- Ele sussurra para si mesmo.

O dia amanheceu, e as aulas estavam prestes a começar. Em um dos cantos da escola, um dos anfitriões do Maria Antonieta, Raul, conversava a sós com uma das crianças mais fortinhas da turma de Whoiz. 

— Do que você mais gosta de comer, Augusto? - Pergunta o anfitrião olhando para o menino com aquele olhar imponente, seus olhos caídos e seus cabelos grisalhos já demonstravam as marcas do tempo.

— Doce.- Afirma o menino, por mais que fosse um dos mais arteiros e rebeldes da turma, temia a presença de Raul. Raul era conhecido por ser um dos castigadores das crianças, quando elas aprontavam no Maria Antonieta, e os boatos diziam que os castigos dele eram muito rígidos e doloridos, 'a moda antiga'.

— Se você provocar o pequeno Whoiz até ele querer te bater, eu te dou todos os doces que você quiser.- Afirma o velho homem se abaixando em frente ao garoto e oferecendo um chocolate (que simbolizava o acordo entre os dois). O garoto por sua vez, não se via seguro para recusar o pedido, não aceitar poderia significar castigo. E então, por medo, Augusto aceita a proposta de Raul, apanhando o chocolate, Raul dá um sorriso.- Então temos um acordo. 

Enquanto do outro lado do lar, Celes conversava sobre a reunião dos anfitriões com Vera, que a apoiava totalmente na defesa de Whoiz.

— É um absurdo a proposta que aquele velho fez! Estamos vivendo em paz durante muito tempo, não existem mais guerras como na época dele e a nossa maior preocupação aqui dentro é proteger as crianças das tempestades de areia! - Vera sussurrava com Celes na porta da sala da turma de Whoiz, enquanto as crianças do lado de dentro brincavam de telefone sem fio, entretidas.

— Isso não é tudo Vera... Eu ouvi dizer que ele quer tomar a decisão absoluta dentro da colônia, e quando ele conseguir isso, fará com que o ensino seja diferente, ele quer fazer as crianças se tornarem soldados de guerra.- Celes parecia tão indignada, e com razão.- Será que ele se ouviu quando fez a proposta de soltar o garoto no deserto novamente?

— Ele não está preocupado com as crianças, ele as vê no futuro, como soldados, e não os vê agora no presente, não sabe que a inocência deles deve ser preservada mesmo agora, ele está pensando apenas na guerra inexistente que ele criou...- Afirma Vera com um olhar preocupado.

— E tudo isso por causa de uma criança que surgiu do deserto...- Ambas olham para Whoiz, brincando no telefone sem fio com as outras crianças. E então as duas se encaram preocupadas.- Por outro lado, até eu sinto medo do que esse garoto pode ser, é muito suspeito ele ter esquecido de tudo, ele ter sobrevivido sozinho, ele ter imunidade alta...- Vera coloca a mão na boca imaginando as atrocidades que o garoto passou, ou fez, para sobreviver. E então, ela olha para Celes.- Acho que pelo bem de todos, os seus estudos deveriam ser apenas para você, cada informação que você liberar sobre essa criança, fará com que Raul fique mais louco.- Afirma Vera, e Celes concorda com a amiga.

Após a aula, Whoiz decidiu se aventurar pelo Maria Antonieta com suas brincadeiras.  E de longe, Augusto observava Whoiz, esperando uma oportunidade para mexer com o garoto. Ele encontra a encontra quando vê Whoiz sozinho na escadaria, próximo ao portão do Lar, pensando sobre o que ele poderia ser quando crescer.

— Você gosta de gritar a noite e acordar os outros?- Augusto se aproxima de Whoiz, Whoiz olha por cima do ombro, o grande garoto loiro e gordo, Augusto era um dos garotos que menos conversava na turma, mas com facilidade poderia amedrontar as outras crianças com seu tamanho e jeito marrentinho.- Se liga seu mané! - Augusto dá um tapa forte na cabeça de Whoiz o jogando no chão.- Isso aqui não é a sua área... É melhor você não ficar abrindo as asinhas.-Augustos diz olhando para Whoiz, e após dar um chute no estômago do menino, ele se afasta.

Após um intervalo inteiro brincando, as crianças voltaram para a sala. O céu estava nublado e a sala estava escura, com apenas algumas luzes acesas, deixando sempre algum espaço escuro, e outro claro, deixando o local com um clima um pouco obscuro. Vera observava surpresa para o céu enquanto recolhia as crianças para dentro da sala, pois não chovia a um bom tempo, afinal, estavam eles em torno de um deserto.

 Vera corrigia  as lições das crianças. Ela pede para que Whoiz leve as dele, e o garoto vai com a pasta pendurada nos braços cruzados enquanto caminha, a blusa de frio do uniforme pendurada na cintura. O mesmo deixa a pasta na mesa da mulher e caminha de volta para seu lugar, passava por uma luz o iluminando, passava por uma sombra o escondendo, uma luz iluminando, uma sombra o escondendo, até que ele esbarra em Augusto, que o esperava na última luz do corredor, todos olham para a cena.

— Você parece uma menininha andando com esses braços cruzados.- Diz Augusto para Whoiz, Whoiz fica sem reação, apenas tenta passar, mas Augusto o empurra.- Olha essa blusinha na cintura, Você é uma bixona!- Diz Augusto, tentando assustar Whoiz. E Whoiz, começa a se lembrar de como ele era abordado no deserto, se lembra das maldades dos adultos. As luzes apagam e acendem no local, e quando elas apagavam, Augusto sentia medo do olhar de Whoiz, que era aterrorizante.

Vera corre rapidamente para fora da sala para chamar Celes. Augusto empurra Whoiz para perto de uma carteira e o prende, sem dar chances para Whoiz escapar para outro lugar. E então em uma reação instantânea, Whoiz dá um forte tapa no rosto de Augusto, que vira o rosto com o impacto, e todas as crianças ficam surpresas, pois Augusto era um dos valentões mais temidos da turma.

Augusto apenas coloca a mão no rosto, e seu olho enche de lágrimas, e o mesmo sai da frente de Whoiz, começando a chorar.

E as outras crianças comemoram, se aproximando de Whoiz e o venerando, enquanto Whoiz estava ofegante e se sentindo desnorteado ao meio de tantas crianças. Mas após um tempo, a ficha cai, e ele se sente muito importante.

— Augusto é um fracote, ta na hora de mostrar para esse moleque quem a gente não tem medo das gracinhas dele...- Um dos garotos observava nas sombras do fundo da sala, o sorriso em seus dentes brancos é evidente, ele era negro e alto, enquanto ao seu lado tinha um garoto muito pequeno, parecia muito sapeca, e ria com mais vontade ao lado do garoto alto.

Mas obviamente, as estranhas coincidências daquele evento não passariam em branco.

— Celes.- Um raio caia do lado de fora, estava chovendo, e Celes estava no escritório de Raul, ambos se encaravam. O escritório de Raul era um dos locais mais temidos pelas crianças, aquelas carteiras pela sala haviam muitas histórias. Raul joga pelos ares um monte de papéis com desenhos de criança, na verdade, todos papéis com o número 16 desenhado, Whoiz havia desenhado.- O que isso significa? As crianças estão dizendo que o garoto estrangeiro fez as luzes piscarem...

— São crianças, devem ter desconsiderado o fato de uma forte chuva estar vindo, interferindo na eletricidade. Enquanto ao número...- Celes olha para as folhas em zig zag no ar, caindo no chão.- É a única lembrança dele do passado e ele quer conserva-la...- Afirma Celes encarando Raul, o clima era de intensidade e conflito.

— Eu irei encontrar uma maneira de provar que este menino é uma ameaça, e quando isso acontecer, você será jogada lá fora, com ele...- Mais um raio cai, e com aquele clarão Celes conseguem enxergar as armas da coleção de Raul, pistolas e espingardas penduradas na parede atrás da mesa.

— Eu não irei permitir que isso aconteça, Whoiz é um doce, ele nunca seria ameaça para ninguém.-Celes apenas dá as costas ao anfitrião e deixa a sala. O Anfitrião observa as nuvens de chuva, a quanto tempo não chovia por ali?

— É o que veremos...- Ele fica com os dedos cruzados em cima da mesa enquanto deixa sua postura larga na cadeira, esperando os próximos eventos ansioso.

Um rapaz de jaléco entra na sala de Raul levando alguns papéis para o mesmo.- Aqui estão os resultados da última experiência com o garoto.- O Homem deixa timidamente as folhas na mesa e sai, enquanto Raul encara os papéis.

(...)

— Eu descobri o que quero ser quando crescer.- Whoiz conversava com Celes mais tarde, o mesmo parecia feliz pelo reconhecimento.

— É mesmo? E o que é?- Celes demonstra empolgação para o garoto. Era importante para ela ele se sentir importante, então ela fazia de tudo para que o mesmo se sentisse desta maneira.

— Eu quero ser detetive.- Ele responde com animação na voz.- Vou poder investigar o meu passado.- Ele diz, e Celes arregala os olhos, se sentindo um pouco triste por Whoiz não fazer ideia do que aconteceu com ele e pela situação como um todo. 

— Não pense nisso agora querido, você não tem que dar passos para trás, mas sim para frente. E nós estamos aqui para te empurrar para frente, nunca te puxar para trás.- Ela afirma, e Whoiz fica pensando, olhando para ela.

— Obrigado...- Ele responde, e então eles se abraçam, e Whoiz termina o dia com um sorriso no rosto.

Porém, durante a madrugada, Whoiz acorda, com aquele mesmo homem da parede  o observando. O garoto fica assustado, ele tenta gritar mas sua voz não sai. 

O Homem da parede, na verdade era uma sombra, uma silhueta que ficava na parede, observando Whoiz, o deixando assustado durante muitas noites. E Whoiz, sem conseguir falar, e agora sem conseguir se mexer, ficava apavorado. 

E então, o homem na parede começa a caminhar e se aproximar do garoto, e Whoiz arregala os olhos com medo, seu coração começa a disparar frenéticamente, e quando o homem se aproxima ergue seu braço  para pegar Whoiz.

— AHHHH! - O Grito de Whoiz sai, com ele acordando em sua cama, mais um pesadelo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!