Nunca cinco dias demoraram tanto a passar. Nunca desejou tanto que um final de semana chegasse. Normalmente, preferia o meio da semana, pois usava o trabalho na empresa para ocupar a cabeça, mas a ansiedade o corroía por aqueles dias.

Takeo prometeu que iriam conversar melhor no sábado e esperava que o amigo cumprisse a promessa. Queria tanto poder falar tudo o que não conseguiu no outro dia! Por medo de como ele iria reagir e medo dele negar o que havia acontecido. Estando a sós, sem o risco de serem interrompidos por Izumi, com certeza Shiroyama ficaria à vontade para confirmar suas suspeitas e contar o que aconteceu naquela noite.

Contar que dividiram bons momentos e que eles iriam se repetir de novo e de novo.

Contudo, os ponteiros do relógio pareciam andar para trás. As horas não passavam, não importava quanto serviço pegasse para fazer. Não que estivesse sendo produtivo, já que não conseguia focar no que realmente precisava. Por várias vezes, Mikaru pensou em pegar o celular e ligar para o amigo, tirar aquelas dúvidas, mesmo que não fosse cara-a-cara, mas algo dentro de si dizia que ele precisa olhar nos olhos de Takeo. Só assim tinha certeza que ouviria a verdade.

Três dias depois e o péssimo humor de Mikaru era visível. Kojima, sua secretária, já não sabia mais como lidar com os compromissos atrasados que precisava reagendar, pois nenhum dia parecia bom o suficiente para o chefe. Isso quando ele não decidiu cancelar tudo minutos antes de alguma reunião ou na noite anterior.

Sexta a noite foi um martírio. O dia havia sido cheio de contratempos, reclamações e até algumas lágrimas, dos outros, é claro, mas a noite estava zombando de si. O universo todo parecia conspirar. Tentou se distrair com a televisão, procurar algum filme para ver, mas decidiu que dormir era o melhor a fazer. Só assim o dia seguinte chegaria mais rápido e aquele martírio teria fim. Mas então se deu conta que não sabia o horário que o amigo o visitaria. Na pressa de sair do apartamento, esqueceu de perguntar.

Rolou na cama por um longo tempo, a insônia servindo de companhia, já que se negava a tomar remédios para dormir. Não precisava daquilo, não estava doente. Fechou os olhos e tentou pensar em algo que o ajudasse a relaxar, até que ouviu a porta da frente sendo destrancada.

Olhou para o relógio, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. Havia passado da meia-noite. Era sábado.