Utopia escrita por Aislyn


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá olá e bem vindos à reta final de Utopia!
Fora esse, só teremos mais 3 capítulos. Mas não se preocupem que a história tem um final fechado!
Mentira... fica uma pontinha em aberto, pra dar brecha à história que vai vir em seguida e já está em começo de produção.

O tema do desafio usado foi: Debaixo d'água.
Acho que alguém vai querer minha cabeça...

Boa leitura!



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Takeo saiu do banho, satisfeito por voltar para casa e mais ainda por poder usufruir de sua cama novamente. Tomou seu lugar no leito, tendo a certeza de não invadir a metade do namorado, que seguiu para o banheiro logo que o viu sair.

 

Não trocaram nenhuma palavra depois do abraço na varanda, a tensão sendo visível na expressão de Hayato. Tinha certeza que ele havia procurado Katsuya e a história do rapaz deve tê-lo deixado abalado.

 

Virou no colchão para se acomodar melhor, abraçando um travesseiro e soltando um suspiro involuntário, o cansaço daqueles dias chegando aos pouquinhos. Se sentia à vontade quando estava no apartamento do irmão, mas não era o mesmo que estar em sua própria casa. Apesar de ainda estar um pouco incomodado com Hayato, pela atitude que o vocalista teve nos últimos dias, culpando-o por tudo, sabia que em breve voltariam a se entender e o relacionamento continuaria de onde parou. Era possível que Hayato também estivesse magoado, por conta de suas brincadeiras e por não levar as coisas a sério quando devia, mas torcia para que ele superasse e o perdoasse.

 

O que Takeo não esperava era ter o corpo dele colado ao seu, abraçando-o por trás, logo depois de sair do banho. Pousou a mão sobre a dele, suspirando aliviado. Aquilo era bom, mesmo que o clima ainda estivesse estranho, era um avanço.

 

— Koi… nós precisamos conversar.

 

Takeo conseguiu ouvir o som de um disco arranhando em sua cabeça. Aquela três palavras mágicas eram uma desgraça na vida de qualquer casal. Quando pensou que iam avançar, voltavam um passo atrás. Soltou-se do abraço, virando de frente para Hayato, esperando as acusações.

 

— Eu assumo minha parte no problema. Disse que ficaria ao seu lado, que iria te defender e que sempre acreditaria em você, mas no primeiro sinal de desconfiança te julguei mal. Por outro lado, como comentei mais cedo, você dá brechas, Takeo. Deixa a dúvida no ar, atiça, provoca, sem medo das consequências. – Takeo abriu a boca para revidar, mas Hayato colocou um dedo em seus lábios, num claro sinal para que ele esperasse – Sei que é seu jeito. Não quero que mude, mas quero que tenha limites. Eu quero saber onde fica a linha que separa uma brincadeira saudável de uma indireta. Onde você está sendo um bom amigo e quando está dando sinais para uma aproximação. – Hayato encarava-o fixamente, procurando as palavras certas para que nenhum dos dois saísse magoado de novo, mas de modo a deixar bem claro seu ponto de vista – Não gostei de ver Mikaru no seu colo. Nem de te ver fazendo carinho nele, ou dele brincando com sua roupa, mesmo que tenha feito aquilo no instante que entrei, apenas para me provocar. Não quero ser testado e provocado. Tenho certeza que não precisamos disso para inovar no relacionamento. Não me importo que ele venha conversar com você, tenho certeza que ele passou por momentos ruins, mas não quero ser a válvula de escape, para ele se divertir às minhas custas. Entendeu?

 

— Entendi. – Takeo sussurrou contra o dedo em seus lábios, beijando-o de leve – Prometo que vou impor esses limites. E não vou ultrapassar.

 

— Ótimo. E eu vou acreditar em você na próxima vez, não importa quem apareça pra me dizer o contrário. Vou falar com você primeiro.

 

— Não vai ter próxima vez. Vou me comportar, de verdade. Ninguém vai me acusar de nada.

 

— Espero mesmo. – Hayato terminou puxando-lhe a ponta da orelha, recebendo um bico em resposta. Sabia que aquela seriedade de Takeo era momentânea e que ele voltaria com as brincadeiras quando tudo se acalmasse – A casa estava tão vazia e silenciosa.

 

— Quer que eu pratique guitarra amanhã cedo com a porta do estúdio aberta? – Takeo abriu um sorriso divertido, sabendo que não era àquilo que o namorado se referia.

 

— Dispenso. Mas aceito café na cama.

 

— Nada exigente… vou pensar no seu caso. – Takeo sorriu de canto, tomando a iniciativa em se aproximar, se aconchegando contra os braços do outro – E sobre as proibições, canceladas? Já posso voltar pra cama, mas e abraçar ou ganhar beijos?

 

— Sim, todas canceladas. – apesar de tudo, Hayato também estava feliz por estarem juntos de novo. Era como o primo havia dito uma vez, sempre que voltavam, a relação entre eles ficava mais forte.

 

Hayato estava quase dormindo, os carinhos nos fios ruivos se tornando mais lentos, quando um pensamento o deixou alerta.

 

— O que nós podemos fazer sobre eles?

 

— Sobre quem? – Takeo ergueu o olhar sem entender, mal conseguindo focar o rosto do namorado. Poxa, estava tão bom ali e ele estava quase pegando no sono…

 

— Katsuya e Mikaru! Será que a gente consegue fazer eles se entenderem?

 

— Ah, não! Nem vem. Não quero saber dos dois. – Takeo separou-se do abraço, dando as costas para Hayato – Já tive problemas o suficiente com você por conta deles. Chega por hoje.

 

— Mas, Takeo…

 

* * *

 

Mikaru conferiu as horas no relógio de pulso, olhando pela janela do escritório para confirmar o horário tardio. O barulho de carros vindo das ruas era mínimo e, olhando para a calçada, a presença de qualquer ser vivo era quase inexistente.

 

Espreguiçou-se lentamente, sem vontade nenhuma de voltar para casa, mas era necessário. De qualquer forma, em poucas horas teria que voltar para o escritório mesmo. A ideia de deixar um futon por ali pareceu bastante tentadora, mas não queria se afundar em trabalho além do necessário.

 

Desligou o computador, pegando a mochila e as chaves de casa e do carro, tomando o elevador para o estacionamento do prédio. Recebeu um aceno de cumprimento do segurança, confirmando que está tava tudo tranquilo e que poderia seguir para seu lar.

 

Já passava de onze horas quando finalmente pisou na entrada, mal dando dois passos e se apoiando contra a parede, sentindo o cansaço daqueles dias pesar sobre seus ombros. Que merda de vida era aquela que estava levando? Se matando de trabalhar, mal parando em casa para não dar atenção à solidão, o celular esquecido na mochila e possivelmente sem bateria há alguns dias… Era deprimente. Mas o pior era saber que estava assim por conta do namorado, ou ex, se o que Katsuya disse foi sério.

 

Sentia falta de suas ligações, de tê-lo andando pela casa ou só sentado do seu lado enquanto terminava o trabalho que levou pra casa, ouvir ele contando as novidades da faculdade e de casa, seus sorrisos tímidos… E então se pegava pensando na conversa que teve com Takeo. Será que Katsuya estava fingindo todo aquele tempo? Será que não era tão tranquilo e gentil como parecia ser?

 

Acomodou-se no chão próximo à entrada, esfregando os olhos com força, sem saber se a ardência era devido ao sono ou à vontade de chorar, ato que não tardou a ter início. Por que tinha que sofrer tanto e por conta de outra pessoa? Já havia aprendido a lição, mas se deixou machucar novamente.

 

Shiroyama havia deixado um recado dias atrás, através de sua secretária, avisando que Hayato conversou com Katsuya e tirou a história a limpo. O rapaz confessou o que fez de errado e parecia arrependido, além de comentar todos os castigos que recebeu como punição. Hayato o perdoou, como esperado de uma pessoa com o bom coração que ele tinha. Takeo ainda estava ressabiado, mas não ia alimentar ódio sem necessidade.

 

Ele, por sua vez, ficava feliz por Katsuya. Por ele ter assumido seu erro e aceitado ajuda, mesmo que não fosse a sua. Mais uma vez ele havia provado que preferia se abrir com Izumi. Não era a melhor pessoa para se ter como confidente. E se o rapaz não o havia procurado depois de notar que estava errado, nem para se desculpar ou para tentar conversar, era por não ter mudado de ideia quanto a terminarem.

 

Mikaru não queria se dar por vencido, mas uma vozinha em sua cabeça repetia ‘Eu avisei’. Sabia que um dia o namorado ia se cansar e desistir de tudo. Seria tão mais fácil se envolver com alguém parecido com ele, da mesma idade, com mesmos gostos… mas havia alimentado esperanças; de que daquela vez daria certo e que duraria um longo tempo, assim como o relacionamento de Takeo e Izumi, que tanto invejava.

 

Se obrigou a ir para o banho, na intenção de relaxar o suficiente para dormir algumas horas, torcendo por antecedência para não ter nenhum pesadelo. Houve uma época em que eles eram frequentes, sinal de seus problemas e insegurança, mas haviam desaparecido, para voltarem agora e com força total.

 

Talvez devesse mesmo procurar ajuda médica daquela vez, para quem sabe conseguir se livrar dos pesadelos de uma vez por todas. Procurou ajuda para parar com os cigarros e aquilo havia se mostrado uma boa ideia, então por que não procurar novamente?

 

E como se falar nos cigarros o lembrasse da sensação da falta de ar que eles causavam, Mikaru começou a sentir um aperto no peito, como se algo estivesse pressionando a região, impedindo-o de respirar normalmente. Tentou puxar o ar com mais força, mas sentiu como se outra coisa preenchesse seu corpo, deixando-o mais pesado e afundando aos poucos. Não devia entrar em pânico. Aquelas crises sempre pioravam tudo. Só precisava esperar passar… Então sentiu seu corpo ir contra aquela pressão, não por vontade própria, mas sendo erguido com força para fora do que o confinava sem oxigênio.

 

— O que você pensa que está fazendo?

 

Mikaru expeliu água enquanto tossia, abrindo os olhos depois de um grande esforço, as palavras fazendo sentindo lentamente.

 

— Eu… no banho… – Mikaru respondeu incerto, sentindo os olhos pesarem novamente. Havia cochilado? Só queria relaxar no banho e pensar na vida… não viu quando pegou no sono.

 

— Não dorme agora, ok? Preciso ter certeza que está bem. Consegue?

 

Mikaru confirmou com um aceno, erguendo o olhar confuso. Takeo iria brigar com ele por ter sido tão descuidado, mas a voz estava diferente e ele não era moreno…

 

— Katsuya?

 

— Sim, sou eu. Tem dificuldade pra respirar? – Mikaru o sentiu encostar algo em seu tórax, provavelmente o ouvido, pedindo para puxar o ar com força.

 

— Não…

 

— Sente algo estranho? Mal estar? Melhor ir para um hospital… – Katsuya pensou em ligar pedindo uma ambulância, mas notou o empresário negando a cada pergunta, relaxando um pouco – Ok… Se sente bem mesmo? Posso ficar com você hoje? Não acho uma boa ideia te deixar sozinho…

 

— Está pedindo permissão? – Mikaru sorriu esnobe, negando com um aceno – Depois de reclamar que precisa pedir até um beijo? Você é um imbecil… Faça o que quiser, não estou em condições de revidar.

 

Katsuya não contestou, colocando-o apoiado contra a parede, pegando um roupão e uma toalha, ajudando-o a se vestir e secar os cabelos. Mikaru não reclamou, mas imaginou que fosse apenas por estar cansado demais para brigar, já que vez ou outra ele fechava os olhos por longos instantes. Levou-o para o quarto e o ajeitou na cama, acreditando que ele havia dormido de vez, até ser segurado pelo pulso, recebendo um olhar fixo.

 

— O que veio fazer aqui essa hora?

 

— Eu vim logo depois que saí da faculdade e fiquei esperando de fora, vi você entrar. Precisava conversar e resolver algumas coisas… sei que demorei a tomar uma atitude. Sinto muito…

 

— Claro que sente… – Mikaru se virou para o outro lado da cama, puxando a coberta por cima de seu corpo – Saia daqui.

 

— Mas… tudo bem. Podemos conversar depois que descansar? – Katsuya encarou-o pelas costas, esperançoso de conseguir ao menos uma chance de se explicar, mas a resposta veio como um resmungo. Mikaru havia adormecido novamente.

 

Katsuya encarou a ordem de sair como sendo apenas do quarto, se acomodando no sofá da sala para dormir. Mikaru não havia feito aquilo para se machucar, tinha certeza. Talvez uma pequena parte fosse reflexo do que disse a ele dias atrás, mas sabia que tinha sido um incidente, um descuido. Ele estava com uma expressão tão cansada e pelo horário que chegou em casa, estava virando a noite na empresa, trabalhando, também por culpa de seus atos. Ele estava ocupando a mente com o que tinha ao alcance. E mesmo que Mikaru não o quisesse por ali na manhã seguinte, ou não o quisesse mais em sua vida, Katsuya iria ficar tempo o suficiente para ter uma chance de ao menos se desculpar, porque o empresário merecia aquilo.


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Notas finais do capítulo

Façam uma autora feliz e me dê chocolates! -q
Se quiserem me dar um comentário também, eu aceito... >3

Ah, e pra quem curte esses casais, tem duas one-shots sendo postadas para o desafio de dia dos namorados. 'Pequenos erros' pra quem prefere Mikatsu e 'Não será a última vez' pra quem gosta de Takara.
Amanhã tem atualização delas!

E se tudo correr bem, terá um especial pro dia dos namorados semana que vem! Torçam por mim e me aguardem!



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