Ela veio para Terra uma vez. Uma mulher bonita, de longos cabelos loiros, olhos azuis profundos e usando um vestido branco longo, que combinava perfeitamente com ela: a Princesa Serenity. Filha da rainha Serenity e herdeira do Milênio de Prata, a princesa da Lua.

Eu sou o príncipe Endymion, o atual regente do Reino Dourado e guardião do cristal dourado – a joia da Terra. Nossos mundos e povos nunca deveriam se encontrar, apenas conviver em harmonia e distância. Mas quando ela veio ela primeira vez e nos encontramos, foi como um sonho. Eu e ela ficamos juntos, sentimos nossos corações acelerarem e prometemos nos ver mais vezes.

Ela veio incontáveis outras vezes, nós passeamos, conversamos sobre nossos reinos e trocamos beijos e momentos de carinho na companhia um do outro. De tantas vezes que ela veio, teve uma vez que ela não veio. Talvez estivesse se contendo em vir pela antiga regra dos nossos mundos... Embora isso seja estranho para ela. Serenity nunca se importou com a tradição e seguiu suas decisões.

Eu, por outro lado, sempre a respeitei, mas esses dias sem Serenity estavam me torturando de saudades dela. Decidi que vou até a Lua para vê-la! No final de uma tarde tranquila, depois de terminar alguns compromissos, fui ao jardim do reino e usei meu cristal para ir ao Milênio de Prata.

A Lua parecia um terreno cinzento sem muito brilho a minha frente, mas, ao me virar, uma extensa e majestosa estrutura prateada se estendia além do que a vista alcançava. Só podia ser o Milênio de Prata! Sua luz era tão pura e intensa que, visto da Terra, toda Lua brilhava por ela. Admirei por muito tempo até entrar.

O corredor da frente possuía ladrilhos grandes e lisos, colunas de luzes se estendiam até o hall de entrada, atrás estavam pequenos jardins com finos veios de água passando e, subindo aquelas escadas ao final para parar no hall, pude ver todos os mínimos detalhes daquela estrutura. O palácio possuía diversos adornos ondulados em seu exterior, desenhos de padrões na redoma central e janelas de todos os tamanhos e formas.

Estava em duvida sobre onde as sailors guardiãs da princesa estavam, os dois gatos dos quais ela falava, a rainha e os habitantes, mas na hora não me importei. Não entrei no palácio para não perturbar, fui dar a volta por fora e buscar o jardim de trás do qual ela tanto falava. Cada passo era uma visão mais bela que a anterior!

Os veios de água e a vegetação se destacavam e brilhavam em harmonia com a paisagem desenhada pelas pedras prateadas, brancas e cinzas. Fiz a curva na lateral do palácio e o vento forte passou por mim, carregando as pétalas de flores, por um segundo, tenho certeza que vi cabelos loiros subirem na divisa do ambiente.

Corri para lá e aviste varias colunas de pedra, suaves cachoeiras de água desviam por todas e se acumulavam no fundo do espaço. Na principal e mais alta coluna, Serenity admirava algo a sua frente – ela parecia triste e eu queria estar com ela depressa. Dei impulsos para subir as colunas e a alcancei, em uma visão no horizonte ainda mais inacreditável que as outras.

— Serenity! – eu a chamei e a vi se virar surpresa, com uma lágrima escorrendo.

— Endymion!? – ela correu para me abraçar – Eu senti muito sua falta.

— Eu também senti. Porque você parou de descer? – precisava saber, não importava a resposta.

— Me disseram que a regra precisa ser respeitada e deram bronca nas minhas guardiãs por me deixarem sair tantas vezes. – seus olhos tristes desviavam dos meus.

— Mas o que a rainha disse sobre o assunto? – eu não entendi o porque tantos problemas depois de meses nos encontrando.

— Minha mãe quer que eu seja feliz, mas eu não quero causar problemas para as minhas amigas. Ela deu um sermão bem grande as pessoas que foram más conosco... mas eu não consigo me acalmar. – eu sabia exatamente o que ela queria dizer.

— Eu passei por algumas situações assim na Terra também. – fui honesto com ela – Meus generais trataram de acalmar a situação, mas eu receio que nem todos aceitaram que queremos estar juntos.

Ela não me respondeu mais nada. Seus olhos novamente estavam voltados para mim e nos abraçamos. Não negávamos que nossa conexão estava extremamente boa! Podíamos entender os sentimentos um do outros com grande facilidade já e, o que não conseguíamos colocar em palavras, nossos olhos, sentimentos, gestos e o calor de cada toque definia perfeitamente.

— Lembra que lhe disse que a Terra se parece com uma bola de cristal azul, se vista da Lua? – nos separamos um pouco e ela comentou.

— Sim. – eu me voltei para o cenário que rapidamente admirei ao subir na coluna.

As estrelas incontáveis cintilavam e preenchiam a imensidão escura do universo, luzes refletiam na água e espalhavam um brilho raso a nossa volta e a Terra se mantinha majestosa ao fundo. Uma visão que poderia admirar eternamente sem me cansar.

— Eu reparei quando cheguei, mas não prestei muita atenção de imediato. – estava fixado na paisagem assim como ela.

Nos aconchegamos um no outro e, sem ela perceber, discretamente desviei minha atenção para ela. Destacada na paisagem e diretamente exposta a todo aquele brilho, pude ver estralas pontilhando seu olhar. Abracei sua cintura e fiz com que estivéssemos de frente um para o outro. Ela me abraçou de volta e se aconchegou em meu peito.

Com nossos olhos unidos e o calor de nosso abraço, nos beijamos. Foi demorado, pois tínhamos muitas saudades para matar. Precisamos de ar e paramos. Ficamos inertes nos olhando e toquei seu rosto passando os dedos por seus cabelos enquanto ela se aconchegava mais no abraço e nos aproximávamos outra vez.

— As estrelas estão refletidas nos seus olhos. – sussurrei para ela e a vi sorrir.

— Assim como nos seus. – ela sussurrou de volta e voltamos a nos beijar.

Mais um beijo, uma pausa, sorrisos, movimentos de dança sem a menor sincronia para nos divertimos, mais abraços e mais beijos. Ficamos horas ali e decidimos seguir com nosso amor, apesar da opinião contra de muitos. Apenas nós decidiríamos o rumo de nosso amor, nesta vida e sempre, nossas estrelas sempre se encontrariam novamente.