Um dia claro e sossegado perfeito para um passeio de casais pela na cidade. Ishin e Masaki estavam inclusos nisso! Tinham absolutamente tudo planejado e contaram com a ajuda de um amigo.

Sem conseguir um babá, para o filho pequeno de um ano e meio, que pudesse combater Holows e cuidar de um ser com grande energia espiritual mesmo sendo jovem, Ishin e Masaki pediram que Urahara vigiasse o pequeno Ichigo naquele domingo.

Urahara concordou em tomar conta da criança enquanto o casal saia para namorar e relaxar. Ishin e Masaki o deixaram na loja por volta das 9 horas da manhã e saíram com previsão de retorno apenas de noite. Masaki passou tudo para Urahara! Como preparar a comida de Ichigo, o que mais gostava de brincar, as horas que mais tinha sono, o que fazer se chorasse.... Tudo!

Sozinho com o menino e sem Yoruichi e Tesai em casa, Urahara observava a curiosidade da criança pelo espaço. O menino queria mexer em coisas que chamavam sua atenção nas prateleiras e explorar todos os cantos da loja – que ainda bem estava fechada graças ao feriado.

Pelo que Urahara sabia, Ichigo gostava de brincar com bola e ver livros de quadrinhos infantis. Contar histórias a crianças não era a especialidade de Urahara, então pegou a bola de Ichigo que Masaki havia trazido e jogou. A criança corria atrás da bola pela loja toda fazendo o máximo esforço para se esquivar dos obstáculos que via.

Urahara estava achando bem legal ver a criança brincando toda animada e decidiu ir lavar o rosto e fazer um chá rapidamente – havia dormido tarde e acordado cedo para cuidar da criança (nem a barba tinha feito e estava com o cabelo preso em um elástico).

Enquanto Urahara não olhava Ichigo perdeu sua bola entre duas estantes. Era muito fundo para ele sozinho conseguir pega-las e assim sentou-se chateado no chão. Desistindo de pegar sua bola, o garoto foi procurar o que mais fazer. Ele tentou procurar pelo moço de verde que estava lá antes e não achou.

Triste por estar sozinho ele foi atrás de algo para se distrair. Haviam várias coisas curiosas naquele espaço que ele podia explorar. Puxando panos brancos de cima de móveis e retirando coisas que chamavam sua atenção das prateleiras, Ichigo fez uma bagunça.

Tudo isso no intervalo de quinze minutos que Urahara o deixou sozinho. O shinigami aproveitou para fazer um pequeno lanche para o menino junto do chá e quando chegou encontrou a bagunça e tomou um susto. O susto não foi só pela desordem do lugar, mas também pelo menino estar tentando escalar uma estante e alcançar um pequeno quadro que estava em cima.

Urahara correu para tirar o menino de lá! Se algo acontecesse, Masaki e Ishin o matariam. Precisando arrumar tudo e tendo dado uma boa bronca em Ichigo, Urahara o sentou para comer seu lanche e foi pegar os panos, rodo e vassoura para limpeza. Ele voltou em um piscar de olhos e viu que o menino tinha puxado a bandeja um pouco mais para perto para alcançar seu suco.

A criança era um gato por acaso? Tentando se adaptar a tudo e sempre buscando o que explorar e onde gastar suas energias a criança mais se assemelhava a um felino – mas estava fofo sentado e tranquilo comendo seu lanche e bebendo seu suco. Urahara suspirou e foi fazer a faxina.

Durante a faxina, ele descobriu o motivo da bagunça! Encontrou a bola presa entre dois moveis grandes e entendeu tudo. Sem com o que brincar, Ichigo buscou outra coisa para fazer. Mesmo tudo tendo sido revirado e o espaço explorado minuciosamente, Urahara via que o menino até era um pouco organizado – as coisas que mais lhe chamaram a atenção estavam separadas em um cantinho como se fossem importantes.

A limpeza levou uma hora, mas no final Kisuke deixou tudo brilhando. Porem onde estava Ichigo? Ele havia devolvido a bola para o menino e o deixando brincando fora de sua área de limpeza e agora a criança sumiu! Como Ishin e Masaki estavam fazendo para cuidar dele com tanta energia a ser gasta seria para sempre um mistério para ele.

Olhando mais de perto ele viu os sapatinhos de Ichigo de baixo do degrau – ele havia adentrado a casa (agora sim Kisuke nunca iria encontrar essa criança). Ichigo tinha um pouco de poder espiritual e Urahara já foi do 2º esquadrão, então decidiu rastreá-lo pela reiatsu. Foi fácil e preocupante. Ele sentiu Ichigo perto de seu depósito de mercadorias! Se mexesse em algo errado ele poderia até mesmo chamar Holows para cidade.

Indo buscar Ichigo as pressas, Urahara reparou que o menino havia explorado rapidamente alguns cômodos – ele tinha deixado uma frestinha das portas abertas. Sabia que crianças eram curiosas, mas isso já era ridículo. Avistando a escada que levava até o depósito, ele achou Ichigo fazendo esforço e indo cuidadosamente por seu caminho até o depósito.

— Você não pode ir lá em cima. Tem coisas perigosas nas quais você não pode mexer. – Urahara o pegou na escada e colocou em seu colo descendo de volta para o corredor.

Ele viu Ichigo fazer uma cara de emburrado e tentar pronunciar alguma coisa – parecia ser um protesto quanto a Urahara querer cortar sua brincadeira.

— Não é não. – ele foi firme e deu de encontro com os olhos grande e tristes pelo fim da brincadeira. Aquilo era golpe baixo! Como um adulto podia dizer não para aquele pequeno, energético, teimoso e fofo ser? Urahara suspirou e bolou uma saída – Que tal eu te levar para os lugares que você pode explorar na casa? – ele perguntou e viu Ichigo se animar acatando como um ‘sim’ a sua ideia.

Assim foi feito! Urahara mostrou alguns quartos a Ichigo e ficou vendo como era a exploração da criança. Ele olhava primeiro tudo que estava do chão a sua altura e depois recorria aos objetos fora de seu alcance – na teoria pelo menos. Ele abria gavetas, se equilibrava em banquinhos e tentava ficar na ponta dos pés. Qualquer coisa para ver o que queria – até alguns pulos dava.

Urahara ria e se surpreendia cada vez mais imaginado a criança como um gato e que se daria muito bem com Yoruichi se estivesse lá. Urahara arrastou Ichigo pela casa a manhã inteira e depois o sentou para almoçar. Kisuke o estava mantendo bem perto de sua visão e com a bola junto – qualquer coisa para não perder essa criança pela casa de novo.

 Já de tarde, Urahara parou para lavar os pratos e Ichigo estava cochilando – como repentinamente toda aquela energia foi suprimida por uma refeição e o menino dormiu era incrível. Mas não durou muito. Depois de terminar a louça, Urahara decidiu arrumar algumas barreiras do seu campo de treinos e mesmo com Ichigo dormindo, o levou junto para estar de vigia sobre o ‘gatinho’ arteiro.

E ainda bem que o fez. Quando acordou no novo ambiente a primeira coisa que fez foi explorar a área rochosa. Para que!? Aquilo era muito tortuoso para uma criança pequena. Ichigo correu, tentou escalar pequenas pedras, chutou sua bola... Fez tudo. Enquanto Urahara tentava acompanhar e parar seus movimentos – estava prestes a enlouquecer e ceder a vontade de restringir o menino em um Kidou.

— Ichigo pare agora mesmo! – Urahara deu um grito de ordem que assustou Ichigo e fez a criança tropeçar. Ele foi de imediato de encontro ao pequeno que segurava o choro por ter ralado o joelho (estava a horas tentando faze-lo parar e na hora que foi mais rígido e gritou o menino se machuca! Que dia esse estava sendo!).

Urahara suspirou e pegou Ichigo no colo. Ele o abraçou e em um único shumpo levou a criança até a sala para cuidar do machucado. O menino parecia um gato até nessas horas. Ele tentava ao máximo segurar a dor da ferida, mas na hora que Urahara mexeu ele se afastou em um gemido de dor.

Outro suspiro. Kisuke levantou e colocou Ichigo no colo o contendo com um braço e fazendo um rápido curativo com outro. Terminado o curativo, Urahara o elogiou.

— Muito bem. Agora vai melhorar e nós vamos nos comportar direitinho certo? – Ichigo fez um gesto positivo e Urahara o colocou no chão – Fique aqui que vou guardar a caixa de remédios. – Kisuke foi bem enfático em seu pedido e Ichigo confirmou.

Já com tudo guardado e o campo de treinos fechado e isolado, Urahara voltou para Ichigo. Ele encontrou o garoto chateado abraçando sua bola – parecia querer fazer algo mas tinha acabado de prometer se comportar para o moço de verde. Mais um suspiro – aquele dia estava agitado.

Kisuke se abaixou perto de Ichigo e viu a criança encara-lo esperançosa e com olhos radiantes como se implorasse para brincar. Urahara agora apenas enxergava aquele menino como um gato pedindo atenção.

Já de noite, Ishin e Masaki vieram buscar Ichigo e encontraram um cansado Urahara junto de uma Yoruichi rindo alto e um Tesai vigilante sobre um pequeno cobertor azul onde Ichigo finalmente dormia depois de agitar o dia de Urahara.

— Obrigada por cuidar dele Urahara. – Masaki o agradeceu.

— Como vocês dois fazem? Ele tem energia demais. – Urahara realmente estava exausto de vigiar Ichigo o dia inteiro.

— Para quem fez parte da Omitskidou você não consegue cuidar de uma criança? – Ishin tirou sarro do cansaço de Urahara e depois de rirem voltou a ficar sério – Ele da trabalho mesmo, te entendo. – ele terminou cômico e todos caíram na gargalhada.

Os risos acordaram Ichigo que saiu correndo para abraçar Ishin e Masaki sem a menção de soltar. A criança ainda tinha energia e Ishin e Masaki o levaram para casa deixando Urahara descansar finalmente.