Sede de Poder escrita por Mermaid Queen


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

se preparem que finalmente a coisa desandou



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Evan voltou ao quarto um tempo depois com um prato de comida e uma sacola. Katherine franziu a testa para ele.

— Achei que ficaria mais confortável com essas roupas – ele explicou, entregando a sacola. – E só te vi beber, então…

— Obrigada – Katherine agradeceu, hesitante. Sabia que Evan iria querer ouvir sobre tudo, mas, pela cara dele, não sabia como perguntar. – E está tudo bem. Eu estou bem. Foi só um pouco…

— Aterrorizante – Evan completou, com os olhos meio arregalados. Havia medo nos olhos dele, embora Katherine não soubesse exatamente o que ele temia. Torceu para que não fosse ela mesma.

— Traumático? – ela sugeriu. Havia mesmo sido traumático, mas não de tudo ruim. Era difícil admitir, mas uma parte dela se sentia eufórica. Katherine passara anos acreditando que não seria capaz, e que teria medo, mas a hora havia chegado e ela fizera sem hesitar. Jack havia salvado a vida dela, claro, mas agora ela sabia que era possível. Coragem nunca fora o único impedimento, ela sabia que não, mas era o que mais a frustrava. Era uma descoberta perigosa, mas, ao mesmo tempo, era deliciosa. Uma linha tênue.

— Traumático, com certeza – Evan confirmou. – Eu disse que posso sentir algumas coisas que você… sente, acho. E foi como se você estivesse me chamando. Eu só sabia que precisava ir até lá, e sabia onde encontrá-la.

Katherine assentiu, impressionada. Puxou o prato que Evan levara para perto.

— Ele parou porque te ouviu. Acho que ia me levar de qualquer jeito. Se achasse que ia me deixar aqui, ele não teria me dado o endereço.

Evan arregalou os olhos e baixou a voz.

— Endereço? – perguntou, a voz num sussurro urgente. – Como sabia que era gente do Serpente?

Katherine enfiou uma garfada na boca e deu de ombros.

— O Serpente é quem precisa de mim viva – ela argumentou. – Por que o governo me sequestraria se poderiam simplesmente me levar para um lugar seguro, especialmente quando eles têm Jack ao lado deles, como canal de comunicação. Nem precisava daquela violência.

— E aí você ameaçou se matar para fazer o teste – disse Evan. Os cantos da boca dele estavam tortos para baixo, e Katherine não saberia dizer se era por incredulidade, ou choque, ou desaprovação, ou talvez uma mistura disso tudo.

Era mais complexo do que só um teste, mas basicamente sim. Ela assentiu.

— Se você fosse do governo e quisesse neutralizar uma arma do inimigo, e essa arma tentasse se matar, o que você faria?

Evan encolheu os ombros, claramente desconfortável.

— Deixaria essa arma fazer isso. Ou faria… eu mesmo. Se eu fosse…

— O governo, eu sei – Katherine o interrompeu. – Não se preocupe.

— E que endereço é esse?

— Não sei, eu ameacei e tudo, e ele me falou – Katherine mostrou o papel. – Vou entregar para Dionora, não importa. Ela vai saber o que fazer.

Evan balançou a cabeça.

— Eu vou entregar – disse ele, puxando o papel para si. – Você precisa descansar.

Katherine dirigiu a ele um sorriso cansado.

— Antes de ir, diga para a sua irmã dormir no meu quarto. Obrigada pelas roupas e pelo jantar. E por ter chegado a tempo.

Evan sorriu de volta e ergueu a mão para tocar o rosto dela. Deslizou os dedos pela linha da mandíbula delicadamente, e Katherine sabia que ele queria beijá-la, mas ele não se aproximou. Evan suspirou e baixou a mão.

— Vou sempre chegar a tempo.

Katherine assentiu e sorriu com uma tristeza imensa se expandindo no peito. Evan desapareceu, foi até Dionora para entregar o endereço, e Katherine ficou ainda mais melancólica. Pensava no dia seguinte.

Jack dissera que alguém iria aparecer para levá-la para algum lugar seguro, e ela não diria nada a Evan, e em algum momento ele descobriria que ela havia sumido e surtaria. Mas era o melhor a fazer.

Ela se levantou, agora sentindo menos tontura, e se deitou na cama. Não se sentia muito como uma arma.

Katherine acordou no dia seguinte um pouco confusa, sem saber onde estava. Ao se mexer para levantar, sentiu uma dor no braço que fez as entranhas dela se revirarem.

— Credo – resmungou, engolindo em seco. Sentou na cama e mordeu o lábio, esperando a dor amainar.

Parte dela acreditava que encontraria o braço necrosado, infeccionado e purulento, mas Jack tinha razão. Realmente estava sarando. Por baixo do curativo, ela podia sentir que a extensão do corte havia diminuído, embora ainda doesse como os diabos.

Quando saiu do quarto, encontrou a escola bem movimentada. Muitas pessoas estavam comentando sobre o jogo. Katherine não deu muita importância. Era o jogo de volta contra Albert Einstein, e no jogo de ida as coisas não acabaram muito bem para ela.

Foi para o quarto e o encontrou ainda às escuras. Mary parecia dormir profundamente, mas Carla não estava por ali. Talvez tivesse passado a noite com Caleb. Katherine deu de ombros e foi ao banheiro se trocar e escovar os dentes.

Ao puxar o moletom pela cabeça, o cheiro de Evan a atingiu. Katherine inspirou profundamente, sem querer tirá-lo, mas acabou desistindo e trocou de roupa. Guardou o moletom no armário como se fosse um segredo.

— Kate?

— Oi – Katherine respondeu, fechando a porta do armário. – Como você está?

Mary tateou em busca do abajur e acendeu a luz. Esfregava os olhos.

— Você sumiu. Meu irmão estava preocupado.

— Eu não estava muito bem ontem – disse Katherine, encolhendo os ombros. – Não deveria ter ido a essa festa. Tive uma crise de ansiedade e resolvi ir para a cama.

Mary assentiu timidamente.

— Espero que esteja melhor agora.

— Eu estou sim, obrigada. Fique à vontade para usar o banheiro.

Quando Mary voltou ao quarto, Katherine já abrira a janela e esperava por ela.

— Podemos tomar café da manhã se você quiser. Vai assistir ao jogo?

— David me chamou – Mary disse, envergonhada, enquanto desciam para o salão. – Minhas amigas de Albert Einstein estarão aqui também para o jogo. Você vai?

Katherine não fazia ideia, mas provavelmente não. Ficaria no quarto, esperando, já que Jack dissera que alguém iria buscá-la.

— Talvez – respondeu para Mary.

— Não parece muito animada – Mary observou.

— Não estou muito mesmo.

Elas se sentaram com Carla, Logan, Josh e Kristen. Pareciam todos cansados e ainda sonolentos, mas Logan falava animadamente sobre o baile e Josh o provocava, como de costume. Ninguém mencionou nada sobre o fato de Katherine ter desaparecido.

— Poderíamos, claro, comentar sobre onde Carla passou a noite – disse Logan, com os olhos em algum ponto atrás de Katherine. – Mas e esse babado?

Katherine olhou para trás e nem precisou procurar para descobrir do que ele estava falando. Bem no meio do salão, chegando até ela, David e Evan caminhavam juntos. Lado a lado, sem tentativas de homicídio, nem olhares mortíferos, nem briga de soco, nem uma discussãozinha. Até estavam conversando.

— Isso é estranho mesmo – Katherine murmurou, lançando aos dois um olhar temeroso enquanto eles se aproximavam.

— O que é estranho? – Mary perguntou, seguindo o olhar dela.

— É estranho eles não estarem tentando se matar – disse Josh, com as sobrancelhas erguidas.

Mary franziu a testa.

— Eles não se dão muito bem – Carla explicou. – Ou não se davam. Sei lá o que está acontecendo.

Os dois se aproximaram da mesa. Pareciam conscientes de todos os olhares, pela cara de David de quem estava achando aquilo tudo muito engraçado.

— É uma trégua – disse David.

— Um acordo – Evan completou.

— Vocês duas se deram muito bem e fizeram nós parecermos idiotas – David explicou.

— Vocês dois não precisaram da gente para parecerem idiotas – Katherine respondeu. – Mas gostei disso.

Mary parecia não estar entendendo nada, mas estava se divertindo. E arriscava alguns olhares de expectativa para David.

 — Vocês vão ver o jogo, certo? – David perguntou, acomodando-se na mesa entre Katherine e Mary.

Evan se sentou ao lado de Logan e Kristen.

— Pode ter certeza – disse Logan, sorrindo para Evan ao seu lado.

— Se eu fizer gol, vou dedicar para você, Logan – disse Evan.

— Essa eu quero ver – Logan respondeu, fazendo pouco caso.

Depois do café da manhã, os atletas foram se reunir, e a torcida de Albert Einstein começou a chegar. Katherine não gostava nada daquilo, mas duvidava que Alex fosse aparecer em Broken Hill. Ele achava que a escola o tinha desprezado, mas aceitara Katherine, que ele mesmo desprezava, o que tornava tudo mais humilhante.

De qualquer forma, Katherine se manteria longe do movimento do jogo, com ou sem Alex na torcida. Esperaria no quarto por quem quer que fosse que Jack mandaria buscá-la, e que fosse durante o jogo, pois Evan estaria ocupado e longe dali.

Quando o horário do jogo já estava próximo, ele tentou falar com ela.

Você está melhor?, disse Evan. Parecia ofegante, e a voz dele soava distante, como se ele estivesse com dificuldade de se concentrar. Provavelmente estava no vestiário com o resto do time. Vai vir para o jogo?

Katherine suspirou, com medo que Evan percebesse. Se ele se esforçasse, descobriria sozinho o que estava prestes a acontecer. Mas no meio da confusão do vestiário, com os meninos conversando e se concentrando, ele dificilmente desconfiaria de algo.

Vou sim, ela respondeu. Já vou descer. Boa sorte.

Você está bem mesmo?

Sim, Katherine garantiu. Estou ótima, não se preocupe. Faça um gol para Logan e outro para mim.

Ela pôde sentir o sorriso dele antes da presença de Evan na mente dela desaparecer. Katherine suspirou e começou a arrumar uma bolsa, sem saber muito bem o que levar. Do que precisaria? Não conseguia imaginar por quanto tempo ficaria fora.

Katherine acabou por jogar algumas roupas de frio e outras de calor na bolsa e ficou esperando, nervosa demais para ler, e nervosa demais para ficar sem fazer nada. Ficou olhando pela janela, ouvindo o barulho distante do jogo e da torcida no campo, trazido pela brisa. Lentamente foi se acalmando.

Não havia nada a temer. Katherine estava com essa sensação ruim por força do hábito, só isso. Jack dissera que era para a proteção dela. Estava tudo bem.

Mantendo isso em mente, ela deitou na cama e voltou a ler. Leu até as palavras começarem a ficar embaçadas, e só então ela desistiu e foi tirar uma soneca. Se alguém chegasse, bateria na porta. E a porta estava aberta, de qualquer forma.

Mais tarde eles apareceriam… só uma hora de sono…

A porta bateu com estrondo na parede e a despertou. Ao ver Alex parado na soleira da porta, Katherine achou que estava tendo novamente aquele pesadelo. O coração dela se acelerou e ela não conseguiu se mexer.

Ele não disse uma palavra. Nunca dizia, pelo menos não nesse sonho. A diferença é que se passava no quarto dela na casa da mãe, em Broken Hill era novidade. Mas não impediu o pânico. Katherine queria correr, mas tudo o que conseguiu fazer foi apertar o lençol com as mãos.

Quando Alex começou a chegar perto, Katherine abriu a boca e gritou, já sentindo o desespero de gritar sem emitir som. Mas o grito ecoou pelo quarto, tão alto que a garganta dela ardeu.

Não era sonho.

No momento em que ela jogou uma perna para fora da cama, o punho dele acertou o olho dela em cheio, e a cabeça dela bateu com força contra a parede. Lágrimas escorreram pelo rosto dela enquanto a dor irradiava como se a cabeça dela tivesse explodido.

Lentamente, Katherine abriu os olhos, completamente desnorteada. Alex estava ali parado, esfregando o punho, olhando para ela com os olhos vidrados. Os olhos dele mal pareciam humanos.

Ela pulou da cama, na direção contrária à dele, mas Alex agarrou o pé dela e Katherine caiu desajeitadamente no chão. Bateu o ombro. Gemeu de dor, mas levantou rápido enquanto via Alex contornando a cama.

Katherine olhou em volta, tentando pensar. O olho dela latejava tanto que ela temeu que houvesse estourado, mas não havia tempo para pensar nisso. Alex estava de volta. Ela saltou sobre a cama novamente, para fugir pela porta, mas ele agarrou as costas da camiseta dela e puxou para trás.

Enquanto ela caía, Alex agarrou o pescoço dela e bateu contra a parede. Em seguida, deixou-a cair no chão.

Katherine caiu, completamente sem ar. Viu o teto do quarto girar ao redor dela.

— Fica longe – ela tentou falar, mas a voz saiu como um sussurro raspado. – Longe de mim.

Alex sorriu e piscou, e os olhos voltaram a ser como antes, embora permanecessem frios. Pela primeira vez, pareceu focar nela, como se só notasse agora que Katherine estava ali.

— Eu estava me perguntando quando você ia reagir. Eu adorava quando você reagia – ele falou. Em seguida, chutou as costelas dela.

Katherine arquejou. Viu os olhos de Alex voltarem de novo àquela forma estranha e sem vida. Parecia um robô, encarando a parede enquanto Katherine gemia de dor no chão. Sem esboçar reação, ele chutou o tronco dela de novo. Os pulmões dela pareceram se esvaziar como balões. Ela tentou respirar, e ele a chutou de novo.

Socorro— ela gritou, em meio a uma tosse. A voz fora reduzida a um fiapo.

— Sem essa – Alex sibilou, e chutou o rosto dela sem hesitar.

Katherine perdeu a consciência, mas acordou quase imediatamente quando ele começou a virar o corpo dela. Sentia a boca inundada de sangue. Ela tentou empurrar Alex e se desvencilhar dele, mas ele mal se mexeu. Em pânico, chutou a perna dele com toda a força que pôde reunir.

Alex caiu no chão ao lado dela com um gemido. Quando Katherine começou a se levantar, ele a puxou de volta e se jogou sobre ela. Colocou as mãos em volta do pescoço dela e começou a apertar.

Katherine tentou gritar de novo e produziu um som seco e rouco.

Está me matando— sussurrou ela.

— Eu sei.

Ela não tinha mais como se salvar. Estava sufocando e os olhos começaram a revirar, e ela pensou em parar de lutar.

Nesse momento, Alex e o quarto sumiram. Katherine via um céu azul sem nuvens e folhas de coqueiro, e começou a achar que estava morta. Mas ainda sentia as mãos de Alex, distantes, apertando o seu pescoço. Era isso que o cérebro dela estava fazendo? Tentando fazer com que ela morresse em um lugar melhor?

Um estranho som de engasgo chamou a atenção dela. Katherine virou a cabeça, sentindo a areia sob as tranças, e deitado ao lado dela estava Evan, com os olhos arregalados e a boca escancarada num grito silencioso.

Ele tinha as mãos no próprio pescoço e sufocava e se debatia na areia. Olhou para Katherine com desespero.

De repente, tudo aquilo sumiu e ela voltou a ver o rosto de Alex, tão perto do seu que sentiria o hálito de merda dele se pudesse respirar. Ela já não sentia mais o próprio corpo, mas uma onda de eletricidade percorreu cada célula dela.

Com uma força sobrenatural, Katherine ergueu o tronco e deu uma cabeçada tão forte nele que ela mesma voltou a cair no chão. Alex largou o pescoço dela e o corpo dele balançou enquanto ele tentava se recuperar do choque.

Katherine se aproveitou desses segundos e cerrou o punho. Não morreria nas mãos dele. E não morreria sem lutar.

Acertou um murro no rosto de Alex com tanta força que o corpo dele se moveu e saiu de cima dela. Ele se chocou contra a cama e a arrastou pelo chão. Katherine achou que estava alucinando, mas ficou olhando e Alex não se mexeu. Ela queria ter explodido a cabeça dele, mas não conseguia mover o próprio corpo para ir ver como ele estava.

Concentrou-se em respirar enquanto olhava para um ponto fixo no teto. A dor foi aumentando e o corpo todo dela pulsava no ritmo do coração, e cada batida era mais dolorosa que a anterior.

Katherine não sabia se estava dormindo ou acordada. Chegou a pensar que estava morta. Às vezes olhava para o lado e via o corpo de Evan, mas depois voltava a ver Alex. Era muito difícil respirar. Ela achou que ficaria no chão para sempre.

Viu uma mulher arrastando o corpo de Alex para fora do quarto, mas parecia um sonho. Fechou os olhos e depois voltou a abri-los, e sabe-se lá quanto tempo havia se passado nessa piscada, mas Alex não estava mais lá. Somente a cama fora do lugar podia provar que alguém havia estado lá, além das manchas de sangue no lençol, mas essas Katherine não podia garantir que eram de Alex.

Ela permaneceu deitada, sentindo cheiro de sangue. A cara dela estava toda molhada. A mão com que socara Alex também começara a latejar. Katherine ouviu de repente a porta batendo na parede de novo e o pânico a invadiu, pensando que ele havia voltado.

Evan surgiu no campo de visão limitado dela e se deteve quando a viu. Ficou congelado por um segundo.

— Meu deus, Kate – disse ele. A voz soou distante. – Meu deus.

Ele disparou e pegou um travesseiro para colocar sob a cabeça dela. Ela estendeu a mão e tocou o rosto de Evan, sentindo as lágrimas dele. Katherine observou os olhos dele refletindo a luz da janela, e a pele dele brilhava, e o cabelo dele estava molhado de suor. Apesar do desespero, Evan parecia perfeito naquele momento. Katherine sorriu com a beleza dele.

Evan quase morrera por causa dela. Podia ver as marcas no pescoço dele.

Eu sinto muito, Katherine sussurrou na mente dele, sabendo que não conseguiria falar. Lágrimas escorreram.

— Eu tentei vir antes – disse ele, com urgência. – Tentei dizer a eles, as pessoas foram me socorrer e eu tentei dizer a eles que o problema era você, mas ninguém ouviu.

Evan interrompia as palavras com soluços e continuava chorando.

— O que a gente faz com você?

— Onde ele está? – Katherine falou. Sentia tanta dor para falar que aquele fio de voz era o melhor que ela podia fazer. – Alex, onde ele está?

— Não tem ninguém aqui – disse Evan.

— Eu preciso de David e Jack – ela murmurou. – E gelo.

Evan assentiu e saiu correndo.

Na ausência dele, Katherine sentiu uma estranha paz de espírito. De alguma forma, sabia que Alex não voltaria. Ela finalmente o enfrentara. Alex deixou de ser uma entidade dos pesadelos dela no momento em que ela o socou na cara com força suficiente para arremessá-lo pelo quarto.

Ela quase se sentia mais leve, se não fossem uns possíveis dois litros de sangue que podiam estar fluindo pela cavidade torácica dela.

Katherine não percebeu que havia adormecido, mas acordou com o gelo tocando a pele dela. Encontrou Jack e Evan parados diante dela, ambos chorando.

— Eu não achei que ele pudesse chegar até você aqui – disse Jack, fungando. – Nem achei que ele pudesse voltar!

— Voltar? – Evan exclamou. – Isso já aconteceu?

Katherine fechou os olhos e tentou respirar fundo, mas sentiu uma pontada.

— Jack, agora ela precisa mesmo ir para o hospital – Evan insistiu.

Jack fez que não com a cabeça com teimosia.

— Olha só o braço dela – falou ele, puxando o curativo para expor a pele lisa. – Só com a cicatriz. Aconteceu alguma coisa com ela aqui – Jack parecia hesitante, mas acabou dizendo. – Algum despertar.

— O que quer dizer? – Evan perguntou.

— Kate hoje está se curando mais rápido que ontem – disse Jack, com a testa franzida. – Esses machucados vão se fechar diante dos nossos olhos. Kate, você sentiu algo diferente?

Katherine tentou pensar. Havia algo de estranho.

— Pensei que fosse um surto de adrenalina – ela murmurou. – Mas foi depois disso que eu consegui reagir. E bati nele com uma força… uma força que não parecia minha.

Jack comprimiu os lábios enquanto parecia pensar.

— Não importa – Katherine disse, com a voz baixa. – David? Onde ele está?

Evan olhou preocupado para Katherine, e em seguida para Jack, quando o celular dele tocou. Jack se afastou por poucos segundos e voltou com o rosto contorcido. Claramente estava tentando se controlar.

— Quem era, Jack? – ela perguntou, sentindo o nervosismo subir pela garganta. – Onde David está?

— Era Olivia – Jack respondeu. Engoliu em seco. – David não está em lugar algum. Ele e Mary desapareceram.


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Notas finais do capítulo

enfim catando o que sobrou do meu coração depois dessa



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