Sede de Poder escrita por Mermaid Queen


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

finalmente tomando forma!!!!!!!



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Você me deve explicações, Katherine falou. Ou pensou. Que seja.

Evan não demorou para responder. Mesmo sem poder vê-lo, ela sabia que ele estava sorrindo.

Já está explicado, ele falou. Guarde uma dança para mim amanhã.

Katherine sorriu sem jeito, debruçada na varanda. Ela não queria que ele fosse gentil e compreensivo, só a fazia se sentir pior.

Venha aqui quando puder, Evan pediu. Quero que conheça alguém.

Ela havia acabado de levantar, então trocou de roupa, escovou os dentes e trançou os cabelos. Só então se teletransportou para o quarto dos dois, sem imaginar que tipo de encontro haveria ali. Especialmente porque veria Evan pela primeira vez desde que tiveram a conversa que a perturbava o tempo todo.

Quando ela surgiu, uma garota gritou.

— Não achei que você fosse se teletransportar – disse Evan, com um ar cansado. – Eu estava chegando nessa parte, ainda.

— Como assim? – Katherine se sobressaltou. – Ela é…

— É humana – Evan falou. – E é a minha irmã. Mary.

Katherine arregalou os olhos, sem saber se gritava com Evan ou se se apresentava para a irmã dele, que ainda estava chocada com ela.

— Oi, meu nome é Katherine – falou, por fim.

Evan balançou a cabeça, rindo.

— Adoro quando você fala isso.

Katherine o fuzilou com o olhar, ainda indignada, e se concentrou em Mary. Os olhos dela eram os mesmos de Evan. Era realmente familiar, e dava para ver que Mary a reconhecia também.

— Sinto muito por ter assustado você.

— Kate desaprendeu a andar – Evan zombou, olhando para Katherine rapidamente e depois se voltando para Mary. Parecia estar tentando deixar a irmã confortável. – Ela veio para o baile. E eu falei com a Olivia antes, está tudo certo.

Como assim está tudo certo?, Katherine perguntou, meio desesperada. Isso não dá cadeia?

, Evan respondeu, olhando para Katherine com os olhos igualmente arregalados. Mas é problema da Olivia agora.

Katherine tentara falar com ele pela mente para não assustar Mary, mas estarem se encarando em silêncio era ainda mais estranho. Ela respirou fundo e se voltou para Mary com a expressão mais calma.

— Nós fazemos isso do teletransporte, mas acho que eu deveria ter ido primeiro para o lado de fora – falou, um pouco envergonhada.

— Não, já passou – disse Mary. Ela parecia tímida, e toda aquela confusão a deixara ainda mais sem jeito. – Eu me lembro de você. Você namorava o…

— Sim – Katherine falou, rápido demais. Não conseguia suportar que Evan a estivesse observando naquele momento. – Você pode se arrumar no meu quarto, Mary. Com as minhas amigas. A minha amiga. Você sabe. Se você quiser.

A quase menção a Alex a tirara completamente do eixo. Ela duvidada que ainda soubesse formar uma frase.

Mas Mary assentiu, um pouco contida, e sorriu.

— Acho que vou, sim.

Evan olhou para as duas, parecendo surpreso.

Eu não esperava por isso, ele pensou. Foi bem… fácil.

E eu não esperava por um vestido, Katherine retrucou.

Olha só quantas coisas inesperadas, Evan disse, sorrindo.

— Eu vou indo, preciso encontrar David – disse Katherine, ignorando-o. – Espero você lá às seis. É um prazer te conhecer!

Katherine e David foram atrás das máscaras no carro dele. David ainda estava agindo estranho, mas já aparentava estar mais abatido que antes. Ela não sabia dizer se era um bom sinal. Não saberia lidar com outra crise de David, mas dava nela um certo alívio vê-lo triste após o término em vez de ter um irmão louco se matando na academia e fazendo loucuras para se distrair.

Ela não se sentia disposta nem para levantar da cama, mas tentaria fazer o possível para animá-lo à noite. E para ignorar o que Jack dissera sobre a Sede. Na verdade, era melhor ignorar Jack como um todo.

E mais tarde, pontualmente às seis, Mary estava à porta.

— Oi, Mary, que bom que você veio – Katherine foi recebê-la. – Vou pendurar o seu vestido, pode ser?

Mary estendeu o vestido para Katherine com um agradecimento e deu um passo hesitante para dentro do quarto.

— Essa é a irmã do Evan – disse para Carla.

— Fico feliz que você veio mesmo! Meu nome é Carla. Nós somos colegas de quarto – ela falou, e acenou para Mary com a toalha na cabeça. – Pode usar o nosso chuveiro se quiser.

— Eu já tomei banho – disse Mary. A voz dela soava baixa. – No quarto dele.

— Sinto muito – Carla respondeu, rindo.

— E como estava o fogo cruzado? – Katherine perguntou. Abriu a maleta de maquiagem sobre a cama e começou a fazer a pele de má vontade. – Venha, pode se sentar aqui. Eles tentaram se matar enquanto você estava lá?

Mary se aproximou e sentou na cama ao lado de Katherine. Franziu a testa.

— Eles?

Essa resposta preocupava Katherine, pelo menos um pouco. Imaginar que David passara o dia fora fazendo sabe-se lá o quê. Ela ficou tentada a mandar mensagem para ele, mas desistiu. David não era criança. Ele era o irmão mais velho, na verdade.

As três conversaram enquanto se arrumavam. Katherine se sentiu mal ao imaginar Kristen se arrumando sozinha, mas parecia demais sugerir para Carla que a convidassem. Katherine trançou o cabelo de Mary e Carla a maquiou, e aos poucos Mary pareceu ficar mais à vontade.

Katherine foi ao banheiro colocar o vestido. O coração batia tão rápido que ela tinha medo que as outras meninas escutassem. Tentou se convencer de que era só um vestido, não havia nada demais. Mas havia. Ela não saberia dizer o que era, mas havia.

Ela terminou de trançar o cabelo e prendê-lo depois de colocar o vestido. Uma fina camada de purpurina prata cobriu o chão aos pés dela, e o decote a deixou insegura.

Está tudo bem com Mary?

Veja por si mesmo, Katherine respondeu para Evan, sabendo que ele seria capaz de ver através dos olhos dela.

Só estou vendo você.

Katherine viu o rosto esquentar quando ouviu a voz dele mudar de tom, tornando-se macia como ele falasse ao ouvido dela. Ainda estava em frente ao espelho. Desviou os olhos do próprio reflexo, envergonhada, e espiou as meninas no quarto.

Legal, disse Evan, soando propositalmente contido. E você, está bem?

Katherine pegou o pincel e se concentrou na maquiagem. Ela assentiu para o próprio reflexo, consciente de que Evan ainda a observava.

Consigo sentir o seu desconforto, ele insistiu. Sei que não quer ir. Tem certeza de que vai se meter no meio daquele monte de gente?

Katherine adoraria tirar aquele vestido, voltar para a cama e dormir até o dia seguinte, mas balançou a cabeça teimosamente, decidida a não dar o braço a torcer.

Só estou cansada, ela respondeu. Mas quero ir sim. Só estou desconfortável com você aí me observando enquanto eu me arrumo.

Tentou falar em tom de brincadeira, mas imediatamente parou de sentir a presença de Evan. Não podia permitir que continuassem tão próximos, precisava afastá-lo para protegê-lo, por mais que aquilo a deixasse chateada. Além do mais, Evan não sabia o que era melhor para ela e não tinha que se meter na decisão de ela ir ou não à festa.

Quando ela saiu do banheiro, ainda sem saber o que fazer, Mary arquejou.

Você é a garota do vestido! – exclamou, chocada.

Katherine arregalou os olhos.

— O que isso quer dizer?

Mary soltou uma risada nervosa.

— É sob medida. Tipo, ele sabia as suas medidas. Isso é estranho? Ele deveria saber disso?

Foi a vez de Katherine sentir um riso cheio de nervosismo subindo pela garganta, mas segurou. Não parecia uma boa ideia contar a Mary sobre o pacto de sangue. Poderia ser traumático para ela imaginar o irmão mostrando as presas e mordendo e sangue para todo lado.

— Ele divide quarto com o meu irmão – Katherine falou, como se explicasse tudo.

— Ele nunca disse seu nome – Mary murmurou. O olhar estava fixo no chão enquanto ela parecia pensar e juntar várias peças. – Mas ouvi muito sobre você.

Katherine cruzou os braços sobre o peito, sentindo-se exposta. Carla lançou a ela um olhar profundo, mas não disse nada. Não precisou.

— O vestido realmente foi feito para você – disse Mary, colocando-se em pé. – Fica deslumbrante com ele. Vocês estão prontas?

Carla assentiu. Katherine se atrapalhou para calçar as sandálias com as mãos tremendo, mas por fim conseguiu e as acompanhou. Quando avistou o irmão, deixou Mary e Carla para descer ao salão com ele.

David esperava no fim do corredor em um belo terno azul escuro. O peito apertado de Katherine sugeria que aquele terno familiar havia pertencido antes ao pai deles, mas ela respirou fundo e sorriu para David.

— Você está parecendo uma atriz famosa – disse David, passando o braço sobre o ombro dela.

— E você está lindo, David – ela o elogiou.

Até caminhar parecia um fardo grande demais. Katherine ficou pensando se aquilo era só depressão, ou se poderia ir além e ser um pressentimento de que ela deveria ter ficado na cama.

Não, ela provavelmente estava só tentando arranjar desculpas para desistir.

— E quem era aquela loira que estava com vocês? – perguntou David, olhando para trás com interesse.

— David! – Katherine ralhou.

— Só perguntei – disse ele, erguendo as mãos em rendição. – Você está com fome?

Katherine olhou para ele com desânimo.

— Você já me viu com fome?

— Tem razão – respondeu ele, dando de ombros. – Não esquece a máscara.

David tirou a máscara dele do bolso e a colocou ao mesmo tempo em que Katherine amarrava a dela atrás da cabeça. Desceram as escadas somente com as luzes coloridas do salão guiando seus passos.

Katherine não estava dando muita atenção às fitas e balões, mas gostava do ambiente diferente. A festa já estava bem cheia, e parecia mais sofisticada que os bailes de escola que ela conhecia, embora as músicas ainda fossem as mesmas e os professores ainda se amontoassem em um dos cantos do salão.

Havia um bar montado junto a uma das paredes. Quando David se afastou dela para ir falar com os amigos do futebol, Katherine se sentou em um dos bancos altos e pediu ao barman uma taça de vinho. Apesar do que Evan dissera, achou que ele fosse negar.

Mas recebeu o vinho tinto em uma taça de cristal.

Ela se aproveitou da distração de David e se esquivou para o lado de fora do salão, que estava mais vazio. Bebericou o vinho apoiada em uma das mesas de piquenique, aliviada por estar sozinha. Ela já saíra do quarto, usara o vestido de Evan e acompanhara David. Sentiu que completava um checklist e agora podia voltar para a caverna.

Quando a taça se esvaziou, Katherine suspirou e voltou à festa, temendo que alguém fosse procurá-la. Encontrou Evan e Logan juntos, abraçados, e resolveu se aproximar. Logan a viu primeiro.

— Vestiram você com constelações! – disse ele, sorrindo. Largou Evan e foi de encontro a Katherine para abraçá-la. – Onde você estava se escondendo?

Enquanto o abraçava, Katherine encontrou os olhos de Evan. Ele se aproximou para cumprimentá-la quando Logan se afastou dela, e a expressão nos olhos dele era tão intensa que era como se a máscara não estivesse ali.

— Ele tem razão – Evan sussurrou, deixando que os lábios roçassem a pele dela. – Você roubou o brilho das estrelas.

Katherine deu um passo para trás, desconcertada. Olhou em volta e tentou focar a atenção em qualquer coisa que não fosse a sensação que a voz de Evan causara nela.

— Lá fora – ela murmurou para Logan, e mostrou a taça de vinho vazia, embora não fosse esse o motivo dela estar tonta. Evitou olhar para Evan, embora sentisse o olhar dele sobre ela. – Fiquei lá fora um pouco.

Logan deu risada e começou a falar com Mary, querendo saber mais sobre ela. Caleb estava junto com eles, agora em um clima mais agradável que antes. Não demorou para que chamasse Carla para dançar, e Josh foi dançar com Kristen para distraí-la. O grupo lentamente estava voltando a se entrosar.

Carla se afastou com Mary na direção da mesa de comida, e Katherine achou um bom momento para pedir licença e ir até o bar em busca de outra taça de vinho. Conseguiu escapar novamente da festa e puxou o laço da máscara enquanto caminhava para longe, como se fosse isso que a sufocava.

Sentia-se drenada por toda aquela socialização que se forçara a fazer. A última coisa que viu antes de sair do salão foi David e Mary trocando risadinhas, e torceu para que aquilo não se tornasse problema dela mais tarde.

Katherine andou pelo caminho que estava tão acostumada a fazer, bebendo o vinho de vez em quando, mas parou por um instante. Tinha essa sensação inquietante de que estava sendo seguida, mas tentou dizer a si mesma que aquilo não fazia sentido.

Olhou para trás, na direção do salão, só para garantir. Não havia nada. Katherine suspirou, aliviada, mas, ao se virar novamente, deu de cara com um homem mascarado quase colado a ela.

A mão dele se moveu tão rápido que cobriu a boca dela antes que ela conseguisse gritar. O homem a arrastou para fora do caminho e foi conduzindo-a por trás dos prédios, parecendo seguir para o estacionamento.

Era tudo tão assustador que Katherine não conseguia pensar. Uma mão dele a impedia de gritar enquanto o outro braço fora passado em volta do pescoço dela, sufocando-a. E ele não parava de arrastá-la. Ela tentou se debater e lutar, mas ele não se abalava.

Em um impulso, Katherine quebrou a taça no próprio joelho e ficou só com a haste afiada na mão. Ela tentou ignorar a dor aguda que subia pela perna, embora a deixasse tonta.

O homem vacilou por um momento. A única coisa que a máscara preta, semelhante a uma máscara de esqui, deixava à vista eram os olhos dele, que pareciam surpresos. Katherine puxou o rosto para o lado e, quando encontrou uma brecha na mão dele, falou com a voz sufocada:

— Para quem vai me levar? Me fala ou eu me mato aqui mesmo. Agora!

O homem a ignorou e tapou novamente a boca dela, agora passando a empurrá-la mais rápido. Katherine sentia que o coração estava prestes a sair pela boca quando encostou a ponta lascada de cristal na pele suave do antebraço, e empurrou. Emitiu um arquejo quando perfurou a carne.

Aí o homem grunhiu e parou. Tentou agarrar o cristal da mão dela com urgência, e Katherine escorregou por baixo do braço dele e se afastou alguns passos. O primeiro impulso foi correr, mas ela logo desistiu. Estava apavorada, mas sabia que era a única chance que poderia ter.

Voltou a tocar o braço com a haste.

— A localização – disse Katherine. Deu um passo para trás quando o homem deu um passo para a frente, fazendo uma dança da morte. – Se ele me quiser viva, você vai me dizer onde ele está. Posso ler a sua mente e dizer se está mentindo.

O homem insistiu e andou novamente na direção dela, mas os olhos dele pareciam assustados. Serpente era quem precisava dela viva. Katherine deu outro passo para trás, e a perna vacilou com o choque que sentiu ao tocar o chão.

— Eu vou me matar aqui na sua frente se não me disser o endereço – ela repetiu.

Quando o homem avançou novamente, Katherine enfiou a haste no braço e a puxou para baixo, rasgando a pele com um som baixo e horrível. O mundo girou ao redor dela enquanto ela suava frio e ouvia a própria respiração acelerada como se pertencesse a outra pessoa.

O homem olhava para o braço dela fixamente. Com horror, Katherine notou que os caninos dele se alongavam bem diante dela. Um fio de saliva escorreu do queixo dele.

O ENDEREÇO— berrou, descontrolada, erguendo a haste novamente.

NÃO!— o homem gritou, saindo do transe. Os olhos apavorados dele se alternavam entre o braço dela, a haste da taça e o caminho onde ele a abordara. – Espera!

Katherine desceu a haste no braço de novo, e dessa vez gritou com a dor. O ar escapou dos seus pulmões, e ela manteve os olhos fixos naquele homem. Estava insana, e o calor que emanava do braço mutilado a enchia de mais loucura.

— Fica em Nova York! – gritou ele, imóvel, sem conseguir tirar os olhos do sangue. – 285 Leste, Rua 80. Chega, por favor. Ele vai me matar.

O homem de repente ficou paralisado e virou a cabeça novamente na direção de onde eles vieram.

— Só a morte pode te fazer escapar dele, menina.

E então ele desapareceu.

Katherine desabou no chão, por cima do próprio sangue. Deixou a haste da taça escorregar da mão e começou a repetir mentalmente o endereço. A onda de adrenalina a deixava, dando lugar a dores insuportáveis que irradiavam e queimavam o corpo todo dela.

Quando Evan se debruçou sobre ela, parecia uma alucinação. Katherine tentou tocá-lo, garantir que ele era real, mas ele não parava de se mexer. Viu-o atirar o paletó em um canto e tirou a camisa. Amarrou-a com firmeza no braço dela.

— O que aconteceu aqui? – perguntou ele, ofegante, enquanto amarrava outra parte da camisa cortada no joelho dela. A visão de Katherine estava borrada. – Eu senti isso. Quem estava aqui?

— Não posso…

Jack apareceu correndo em seguida com uma bolsa. Agachou desajeitadamente perto dos dois e começou a tirar as coisas de dentro da bolsa, plástico, tecido, mais plástico, as mãos trabalhavam rapidamente. Os olhos de Katherine captaram o brilho suave antes de sentir a dor.

— Está me costurando— era guinchou, tentando puxar o braço. Evan o manteve parado no lugar. – Me deixe em paz!

Katherine jogou a cabeça para trás, tentando engolir a dor de mais e mais pontos. Evan a imobilizara enquanto Jack continuava, cada vez mais sujo de sangue.

— Como sabe fazer isso? – Evan perguntou, tentando desviar os olhos dos pontos.

Jack finalmente acabou com o braço, e foi tirar os cacos do joelho dela. Ignorou os contínuos protestos de Katherine, que ficavam cada vez mais fracos. O braço todo latejava horrivelmente, mas não se comparava à dor que sentira antes. A mera lembrança dava a ela vontade de vomitar.

Ela continuou repetindo mentalmente o endereço, como se a vida dela dependesse disso. Talvez dependesse.

— E agora? – perguntou Evan. Olhava para Jack e aguardava instruções com a respiração entrecortada.

Jack balançou a cabeça.

— Os quartos dos professores… sim, nós vamos por trás e pegamos a entrada do… é, vai servir.

— Não, Jack – disse Evan, com urgência. – Ela precisa de um hospital!

— E como você vai explicar para os médicos esse corte se fechando bem diante dos olhos deles, garoto? – Jack questionou, irritado. – Amanhã à tarde isso aí já deve estar fechado. Ela vai ficar bem.

Evan colocou o paletó sobre os ombros dela antes de levantá-la do chão e carrega-la nos braços. Foi andando atrás de Jack seguindo o mesmo caminho que o homem queria seguir com ela.

Katherine não sabia se havia só fechado os olhos, ou se chegara a cochilar. Quando voltou a abri-los, estava em um quarto menor, parecido com os quartos da escola a que ela estava acostumada mas em uma versão para uma pessoa só. A luz era branca e pálida, e deixava Evan com um ar fantasmagórico.

Ele a colocou na cama e a cobriu com uma manta.

— É melhor ir tranquilizar os amigos de vocês, garoto – disse Jack, puxando uma camisa de botões do cabide. – Pode usar essa camisa. Melhor não dizer nada a eles sobre isso.

— Eu nem saberia o que dizer, senhor – Evan respondeu, contido.

— Sinto muito pela camisa – Katherine murmurou, indicando com a cabeça o braço enfaixado.

Evan lançou um rápido olhar a ela como se ela estivesse maluca. Vestiu a camisa a contragosto, sem querer contrariar Jack, que não estava com cara de quem aceitaria ser contrariado.

Antes de sair, Evan olhou novamente para ela.

Eu já volto, prometeu ele.

Katherine assentiu e viu a porta se fechar. Finalmente, Jack se aproximou.

— Agora conte o que aconteceu.

— Ele estava me levando para o estacionamento – disse ela, apertando os olhos para se lembrar das cenas que agora não passavam de imagens borradas que se sobrepunham na cabeça dela. – Consegui um endereço. Você e o seu governo podem jogar uma bomba lá agora. Ou um míssil. Vocês têm míssil?

Jack balançou a cabeça e sorriu, desanimado.

— Vai ser muito útil para investigarmos, mas duvido que o Serpente vá continuar lá por muito tempo agora que a localização dele vazou. Mas agora sabemos que não está segura. Mandarei uma equipe para buscá-la amanhã. Escreva esse endereço e descanse.

Katherine trincou os dentes. Enfiara vidro no braço para conseguir aquilo, e Jack tratava agora com pouco caso. O objetivo do governo provavelmente nem era atacar Serpente. Talvez eles fossem se limitar a neutralizar as armas dele.

— Eu sinto muito pela minha ausência, e por você estar passando por isso – Jack falou, engolindo em seco. – Vamos resolver isso logo, e aí você vai poder voltar para a sua vida normal.

Dito isso, ele a cumprimentou com a cabeça e saiu do quarto. Katherine se sentou na cama com irritação, rápido demais, e teve que esperar a cabeça parar de rodar. Dessa vez, colocou-se de pé lentamente, e cambaleou até a escrivaninha que parecia improvisada.

Havia um bloco de notas e canetas espalhadas. Katherine escolheu uma das únicas que tinha tampa, e rabiscou o endereço. Foi tomada por um certo pânico ao duvidar da própria memória, mesmo depois de repetir aquelas palavras e números incansavelmente, mas nem faria mais diferença. Ela mesma não poderia ir até lá, seria o mesmo que ter se deixado levar pelo homem misterioso.

Mas talvez Jack estivesse errado. Chris estava procurando pelo local, não estava? O governo poderia ter outros planos dos quais Jack não estivesse sabendo. E se eles não fossem fazer nada, ao menos Dionora e Chris e sabe-se lá que outros rebeldes, esses com certeza agiriam. Ela mesma entregaria o endereço a Chris no dia seguinte, ou a Dionora. Durante o jogo, quando Jack não estaria no pé dela.


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Notas finais do capítulo

to muito animada como dá pra perceber



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