Minha Vida Sem Cristina escrita por Matheus Cardoso


Capítulo 3
Capítulo 3




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— Mãe, aconteceu alguma coisa. – disse Leo, entrando na sala onde a mãe estava, dando mamadeira para Letícia.

— Como assim? – ela perguntou.

— A Cris ainda não chegou... Liguei para ela umas dez vezes e mandei várias mensagens, ela não atende e não me responde!

— É o trânsito, Leo! Calma! Já, já, ela está aí!

— Eu marquei com ela meio dia e são dez para as duas! Aconteceu alguma coisa e não é trânsito!

A mãe se sentou, pensou e disse:

— Você já ligou para a casa dela?

— Já! Liguei, mas ninguém atende! Os pais dela deveriam estar em casa!

— Você tem o telefone da Érica?

Érica era o nome da mãe de Cris. Leo responde balançando a cabeça negativamente.

— Eu acho que eu tenho... – disse Carmem, a mãe de Leo, olhando em seu celular . ­– Achei! Aqui... Vou ligar! Segura a Letícia rapidinho.

O telefone chamou duas vezes e ela atendeu.

— Alô? – Érica disse.

— Oi, é a Carmem, a mãe do Leonardo. Nós queríamos saber o porquê do atraso da Maria Cristina...

Érica começou a chorar descontroladamente.

— O quê houve? – Carmem perguntou.

— A Maria... A Maria Cristina e o pai... Eles sofreram um acidente de carro e estão indo para o hospital agora. – ela respondeu em meio a soluços.

— Meu Deus! Não acredito!

— Pois é... Desculpe, vou ter que desligar, estou dirigindo. – avisou Érica.

— Tudo bem, tchau.

— Tchau.

Carmem sentou no sofá e encarou o filho.

— Mãe, que cara é essa? O quê houve?

— Leo... Coloca a Lê no quarto, ela já dormiu.

Assim, ele o fez e quando voltou, ouviu:

— Aconteceu uma coisa horrível.

— Meu Deus! O quê aconteceu com ela, mãe?

— Filho, fica calma, tá? Vai dar tudo certo...

— Mãe, fala logo o que aconteceu! O quê houve com a Cristina?

— Ela e o pai sofreram um acidente de carro.

Pronto. Um tiro certeiro no coração de Leo. Ele se jogou no sofá e começou a chorar.

— Me diz que é mentira, mãe! Me diz! ME DIZ! Como ela está?

— Calma, Leo! Nem a mãe dela sabe! Ela está indo para o hospital!

— Hospital? Nós vamos também! – ele disse, se levantando e puxando o braço da mãe.

— Eu nem sei qual é o hospital e como vamos até lá?

— Mãe, liga para ela de novo enquanto eu peço um táxi.

— E a sua irmã? Não vou leva-la para um hospital!

— Chama a tia Eleonora para ficar com ela rapidinho.

Eleonora era a irmã de Carmem e morava a duas quadras dali.

 Carmem descobriu o nome do hospital e ligou para a irmã que logo, chegou lá. O táxi chegou à porta da casa deles quinze minutos depois. Leo perguntou ao taxista quanto tempo demoraria, ele respondeu:

— Sem engarrafamento, no máximo em meia hora.

 

...

Érica chegou ao hospital, aflita. Foi direto para a recepção e perguntou sobre o marido e a filha. A recepcionista chega uma enfermeira que estava auxiliando os médicos.

— Boa tarde. A senhora é parente do Roberto e a filha?

— Sim, eu sou a esposa dele e mãe da menina. Como eles estão? O que aconteceu?

— Bom... O carro onde eles estavam despencou do viaduto e infelizmente, quando fomos socorrê-los, seu marido já estava sem vida. A maior parte do impacto foi nele... Foi morte instantânea. Eu sinto muito.

Érica se sentou em um banco e chorou. Chorou tanto que a enfermeira precisou interromper para continuar a falar:

— Já a sua filha, ela sofreu com o impacto também. Bateu a cabeça e sofreu uma hemorragia cerebral. Ela precisará ficar em coma para evitar lesões no cérebro. E fraturou o fêmur também.

— Eu quero vê-la.

— Não pode. Ela está no centro cirúrgico. Estão cuidando de tudo... Não se preocupe.

— Não se preocupe? Meu marido morreu e minha filha está na UTI e você fala para eu não me preocupar? – Érica gritou.

— Desculpa, senhora. Foi só o jeito de expressar... Com licença.

A enfermeira saia enquanto Leo e a mãe chegavam ao hospital. Logo, encontraram Érica, que explicou tudo o quê acontecendo.

— O Roberto morreu? Meu Deus! – exclamava Carmem.

— A Cristina... Hemorragia cerebral? Eu tenho que avisar a Aline e Daniel. – disse Leo, ligando o celular.

Logo, ele mandou um áudio no grupo contando o ocorrido. Daniel e Aline avisaram que iriam para lá também.

Quase uma hora depois, os dois chegam e abraçam o amigo. Cumprimentam Érica e Carmem.

— Eu ainda não estou acreditando no que você me falou, Leo. – disse Aline.

— A Cristina, a nossa Cristina... – balbuciou Daniel.

— Hoje era para ser um dia comemorativo, é o nosso aniversário de um ano de namoro. –  murmurou Leo.

—  Ela ia te dar um violão, Leo. Para você, finalmente, tocar. –  contou Érica.

—  Sério? –  ele perguntou, colocando as mãos no rosto. –  Eu ia dar para ela um vestido e um anel que ela viu em uma loja uma vez e disse que queria.

—  Que fofo! – exclamou Aline.

—  Pena que esse violão nem existe mais, deve estar todo quebrado. E ela juntou dinheiro por um bom tempo. –  contou Érica.

Leo começou a chorar naquele momento. Carmem, Aline e Daniel tentavam consolá-lo enquanto Érica contava a família sobre a morte do marido e com a ajuda de alguns familiares, realizaria o enterro no dia seguinte.

— Queria que houvesse algo que pudéssemos fazer. Me sinto uma inútil em ficar aqui, só esperando. – disse Érica.

— Será que já podemos vê-la? – perguntou Aline.

— Vou perguntar a enfermeira. – disse Leo.

 Leo se levantou e foi até a recepção. Uma enfermeira apareceu logo depois e disse que só três poderiam ir. Érica, Leo e Daniel foram. No caminho, ela explicou:

— A Maria Cristina ainda está inconsciente, mas seus sinais vitais estão melhorando. Os médicos estão com ela agora, verificando o estado dos pulmões para ver se ela consegue respirar sem aparelhos.

—  Então, isso quer dizer que ela vai acordar? – perguntou Érica.

—  Não exatamente... Se ela conseguir respirar sem os aparelhos, será um grande avanço, mas nem tudo estará resolvido.  

—  Entendo.

Eles entraram na UTI e foram diretamente, onde Cristina estava. Havia vários aparelhos ligados nela, sua pele estava pálida e seus cabelos ressecados. Érica se aproximou e acariciou a testa da filha.

 –  Oi, meu docinho.

 Leo pegou a mão direita dela e beijou. Percebeu que ela estava com a pulseira que ele havia dado para ela e pensou no que ela falaria para ele em relação a ela. Alguns segundos depois, a enfermeira avisou que já estava na hora de eles irem. Na volta, eles contaram como Cristina estava.

—   Gente, eu sei que isso vai parecer ofensivo, mas eu preciso falar... Não podemos ficar aqui o tempo todo nesse hospital. Eu adoro a Cris, muito, ela é minha melhor amiga, mas a vida continua, sabe? Isso é uma dica para vocês, dona Érica e Leo. –   disse Aline.

—   Você tem razão, Aline. Mas, vamos visita-la todo dia. –   concordou Leo.

Aline assentiu e Érica convidou todos para o enterro do marido que seria no dia seguinte.

Carmem sugeriu a Leo que ele fique com os amigos para distrair a mente, ele concordou e os três foram para o shopping que era perto dali.

Durante o caminho até a praça de alimentação, Aline disse:

—   Ah, eu esqueci de dizer para vocês... Dia 30 é aniversário da minha prima Isabelle, lembram dela?

—  Vagamente. –   respondeu Daniel.

—   Então, ela vai dar uma festa na casa de show de um amigo dela. Vai ser aqui perto e queria que vocês fossem comigo.

—   Na antevéspera de ano novo? Fala sério, Aline! –  exclama Daniel.

—   O quê que tem? Poxa, vocês são os únicos amigos homens que eu tenho...

—  E?

—   Casais pagam a metade do preço até meia noite.

—   Você vai usar um de nós como desculpa para pagar menos? Leo, o que você acha disso? – exclamou Daniel.

Leo estava em outro mundo. Nem sabia sobre o que os amigos estavam conversando. Daniel explicou a situação e Leo disse que não estava com cabeça para festas.

—  Leo, sabemos que o acidente da Cris está mexendo muito com você, mas você vai ter que viver... – dizia Aline.

—   Ai, Aline, falando assim, parece que ela morreu.

Leo encara os dois, diz que vai para a casa e que os viria em breve.

—   Viu o quê você fez? Custava ficar quieta? Eu vi o estado da Cris, ela está horrível!

—   Eu não falei nada demais, Dan! Eu sei que ela está em coma, internada, mas não podemos ficar tristes o tempo todo... Vem cá, você vai na festa comigo, né?

—  Só com uma condição. –   respondeu Daniel, chegando na praça de alimentação.

—   O quê? Eu faço tudo!

—   Me paga um Big Mac.

Aline suspirou e disse “tudo bem” enquanto caminhou até a fila do McDonald’s.


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