Cotidiano escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 87
Sayonara


Notas iniciais do capítulo

87 – Que tenha um monstro ou um fantasma “bonzinho”

Aguenta coração!



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Às vezes, Hana observava-o de longe. O garoto que tinha salvo a vida e que agora parecia, de alguma forma, ser o protegido de sua mãe. Tsume sempre o visitava no hospital e, quando Touji foi para o orfanato, costumava acompanha-lo com visitas semanais.

Nessas visitas, Hana sentia que ele sabia de sua presença. Nunca conversavam, é claro, mas ele lhe olhava fixamente e pintava desenhos onde suas marcas se faziam presentes. As pessoas tendiam a achar que eram as marcas nas bochechas de Tsume, mas estavam sumariamente enganadas.

Touji sabia quem havia lhe salvado, mas não tinha a capacidade de expressar isso em palavras. O trauma pesaroso lhe roubara a voz, talvez para sempre. O acompanhamento psicológico seria longo e reabilitar-se não seria fácil, mas Hana acreditava que o garoto conseguiria.

Por vezes, também olhava pelo irmão. Via o que a saudade causava a ele e sentia-se culpada por não mais voltar. Mas ela sabia que seu pequenino estava bem assistido ao lado de Shino, e que o jovem Aburame cuidaria dele com a própria vida se preciso fosse.

Quando visitava a própria mãe, Hana sentia a tristeza dela. E nos poucos momentos em que ela estava com Touji, uma espécie de elo parecia surgir entre os dois. Talvez o garoto nunca fosse capaz de se relacionar diretamente com Tsume, talvez ela nunca soubesse do tipo de conexão bizarra que os dois possuíam, pois amavam alguém em comum. Alguém que havia mudado suas vidas para sempre.

Ela sabia que a mãe jamais se perdoaria por não ter estado por perto quando a primogênita mais precisou. Em seus sonhos, Hana assegurava para Tsume que a culpa não era sua. E eram os únicos momentos onde aquela mulher monumentalmente forte, que perdera seu pai para a outra guerra e que lhe perdera na guerra sucessiva, desabava.

Sinto muito por não ter voltado, okaa-sama. Sinto muito por não ter seguido seu conselho e ter me afastado para procurar por Kiba-nii-chan. — murmurou., acariciando os cabelos da mulher que dormia. Sua mão a atravessou, mas de alguma forma, a brisa morna que tocou Tsume foi o bastante para que sentisse a presença da filha, agarrando os lençóis.

— Não pude te proteger... – O murmúrio rouco era acompanhado do bafo alcoólico de quem se entregava à única coisa capaz de amainar a dor intensa que sentia.

Você fez tudo ao seu alcance. Não se entregue, okaa-chan. Kiba-nii precisa de você. Touji-kun também. — O sorriso de Hana a alcançou, refletindo-se nos lábios de Tsume.

— Meus garotos... – A mão afrouxou. Hana colocou a própria mão fantasma sobre a dela respirando fundo apenas por hábito.

Foi assim para você no começo, tou-chan?

O pai anuiu com a cabeça. Ele estendeu a mão para Hana. Era hora de partir.

Não poderei mais voltar?

Ele negou com a cabeça. Hana sabia que se continuasse voltando, ficaria presa naquele plano. Tornar-se-ia um fantasma maligno e sabia que a família não desejava isso. Concordou com a cabeça. Eles ficariam bem. Partiu em paz.


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Notas finais do capítulo

Eu escolhi ignorar as aspas. Até o próximo!



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