Contos de Terror do Japão escrita por DiegoT


Capítulo 5
Hitori Kakurembo


Notas iniciais do capítulo

Hitori Kakurmbo é uma brincadeira, onde os japoneses brincam de esconder com os mortos, após um ritual para evocar um espírito a pessoa deve se esconder e vencer o jogo.



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— Você sabe o que é Hitori kakurenbo, Diego?

— É um jogo, certo?

— É muito mais do que um jogo. Embora muitos os tratem assim. É uma forma de evocar espíritos, para outros uma brincadeira.

— E você já fez?

— Alguns anos atrás eu comecei a brincar com fantasmas, gostava de evocá-los, do medo que sentia quando o fazia. Até uma hora que ficou incontrolável. A ultima vez foi brincando de Hitori Kakurenbo.

Nanako está em sua casa fazendo os preparativos para o jogo: escolhe um bicho de pelúcia e o abre com uma faca, tira o enchimento, enche de arroz, costura com uma linha vermelha e o coloca dentro da pia do banheiro, cheia de água.

De volta a casa de Diego

— Lembra-se do que falamos do banheiro e da água, sobre ser um portal para os espíritos? O arroz e a linha vermelha tem o mesmo significado. O primeiro é algo que cresce e o segundo por uma tradição. Cada um de nós tem a linha vermelha do destino presa a seu corpo.

Casa da Nanako:

Em seguida a garota vai para o quarto ao lado, ela liga a televisão, deixa em um canal fora de sintonia, apaga todas as luzes, volta ao banheiro onde dá uma facada no bicho de pelúcia: "Está com você". E vai correndo para o quarto ao lado.

Nanako esconde-se no armário com a boca cheia de água salgada e um copo com água doce na mão. Dentro do armário ela contempla o silêncio.

Barulho de água caindo no chão, alguns passos muito leves, ela se posiciona dentro do armário, preparada para sair, mas ainda não é a hora. O barulho da televisão será seu guia. Assim que ouve o aparelho ser desligado Nanako sai correndo do armário, vai até o banheiro, cospe sobre o chicho de pelúcia "eu ganhei".

Após desfazer as arrumações do quarto Nanako vai dormir, muito contente pela descarga de adrenalina, em seu sono não percebe a porta do banheiro se abrindo e depois fechando.

Na noite seguinte ela se prepara para repetir o ritual: coloca a mesma pelúcia na pia do banheiro, dá uma facada no bicho "está com você", deixa a televisão fora de sintonia e esconde-se no armário com o copo de água.

Ela fica prestando atenção na televisão, o som lhe diria a hora de sair, mas algo estava errado. Está demorando.

Um ruído vem de trás dela. Uma mulher, com cabelo na face coloca sua mão sobre o ombro da garota brincalhona.

Nanako grita, deixando a água salgada escorrer, na ânsia de fugir derruba o copo com água. Ela sai do armário, engatinha para longe.

A mulher a segue rastejando.

Sem saber o que fazer Nanako corre até o banheiro e esfaqueia o boneco várias vezes "ganhei!" ela repete. O espírito está atrás dela.

Todos na sala gritam de medo, Nanako olha orgulhosa para o marido, como se falasse "minha história é melhor que a sua".

— Eu não entendi - Diego questiona - por que água salgada.

— O sal é um purificador, serve para exorcizar o espírito. O copo com água é um portal, impede que o espírito nos ataque.

— É verdade? - Chiaki estava preocupada - você fez o Hitori kakurenbo?

— Sim, como disse foi a ultima vez que brinquei. Por isso alertei todos vocês.

— Então como você se livrou do fantasma?

— Como assim?

Os cinco encontram-se cercados por fantasmas, Keiko segura Chiaki e Diego pelas mãos.

— Não quebrem o círculo.

— Mas...

— Lembrem-se das instruções, não saiam antes da histórias terminarem, não terminem de contar as histórias.

— Cinco horas até o amanhecer - Chiaki olha preocupada para o relógio.

— Mais importante - Keiko estava tensa - não deixem a última vela se apagar.

Diego olha para a chama a sua frente, tenso sabe que muita coisa depende dela, subitamente sente algo em suas pernas, ele olha debaixo da mesa onde encontra Hanako-san. A garotinha rasteja até ficar de pé, olha por sobre a mesa e apaga a vela.

FIM


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