Depois de dias no processo de construção da nova base dos pilotos de dragões, eles tiveram que fazer uma pausa a pedido do grande líder de Berk, Stoico , o Imenso. Agora, o pequeno grupo de 7 pessoas e 6 dragões voava pela área de pesca da ilha á procura de um Escalderivel selvagem.

Morgana, já acostumada com o grupo, voava junto dos novos amigos com a sua fiel Fúria da Noite, Luna. Tinha decidido deixar seu pesadelo monstruoso  no Domínio do Dragão como sentinela, por mais que ele seja seu melhor amigo, Amarok não era um dragão muito sociável, ainda não estava acostumado com os outros dragões e a garota não queria força-lo a nada.

— Beleza turma, nós vamos passar pelo Escalderivel e chamar a atenção dele para Astrid, Cabeça Dura e Cabeça Quente jogarem a rede por detrás e arrastarem ele para o mar, entendido? – Soluço repetiu o plano para todos.

— Eu acho melhor explodir ele. – Era a grande ideia do Cabeça Dura.

— O Stoico só quer o Escaldeirivel para fora da área de Berk, então nada de ideia malucas. – Astrid contrariou.

— E lembrando que nós não “explodimos” dragões. – Morgana mencionou o pequeno detalhe.

— Vocês sabiam que a explosão de água quente do Escaldeirivel é capaz arrancar as escamas até de um Grito da Morte? – Perna de Peixe falou, mas todos decidiram prestar mais atenção do dito dragão que acabara de sair da água.

— Ele está ali! Concentração gente. – Soluço assumiu seu papel de líder.
Astrid preparou a rede jogando a outra ponta para Cabeça Quente.

— E como sempre ninguém dá ouvidos ao Perna de Peixe. – Este murmurou.

— Eu ouvi você, Perna de Peixe, mas nós precisamos cuidar do problema maior. – Morgana falou para o amigo e este sorriu agradecido antes de começar a fungar o nariz.

— 1... – Soluço começou a contar.
Mais uma fungada.

— 2...
Coçando o nariz.

— 3!

E um espirro super alto do Perna de Peixe chamou a atenção do Escaldeirivel que viu o grupo.

— Melequento, cuidado! – A morena tentou avisar, mas era tarde demais. Desorientado, Perna de Peixe fez com que a Batatão perdesse o controle e os dois acabassem trombando com Dente de Anzol  que derrubou  Melequento direto na rede que era para capturar o animal.

— Abortar missão! – Soluço tentou concertar a situação, mas também foi atingindo pelo gronckel descontrolado. Antes do Banguela caísse na água, Luna conseguiu segurar a sua sela por trás e estabilizar o dragão. O moreno olhou para amiga, está assentiu como se dissesse que ela estava lá para ajudar.

O Escaldeirivel abriu a boca para pegar Melequento, ainda preso na rede, quando um bumerangue gigante passou entre eles, assustando o animal que recuou. Morgana pegou arma quando está voltou de volta, e tinha a atenção do cuspidor de água fervendo. Porém, foi o ataque de plasma do Banguela que fez o dragão recuar de volta para água.

— Essa foi quase. – Morgana comentou.
Eles tinham falhado na missão

—--------- xx ----------

De volta em Berk, o grupo estava tentando entender o que aconteceu de errado. Bem, a maioria estava, já Melequento estava ocupado demais ocupando o seu cargo de Rainha do Drama.

— Os seus foguetes de Meleca quase me mataram!

— Calma ai, Melequento, você esta vivo, ebaaa. – Astrid disse irônica.

— Não graças ao “Perna Coça Coça”.
 E era verdade, por algum motivo o loiro não parava de se coçar, as pernas, costas, braços. Batatão estava do lado dele preocupado.

— Você está bem, Perna de Peixe?  – Morgana perguntou.

— Eu nunca... - Ele soltou um espirro alto, o que assustou os outros. - ... adoeço.

— Tem alguma coisa errada com você. – Soluço apontou.

— Eu não estou entendo qual é o problema, todo mundo espirra e se coça de vez em quanto.

— Não feito um iaque coberto de mel em meio a um formigueiro. – Cabeça Dura argumentou, mas todo mundo olhou para ele confuso. – Que foi? Ninguém nunca viu um iaque coberto de mel em um formigueiro? Nossa, ai coça muito, é horrível. Esse terror assombra meus sonhos.

— Primeiramente, que nojo. – Morgana fez uma careta. – Mas Soluço tem razão, Perna de Peixe,  isso não é normal, acho que você está com uma reação alérgica.

— Isso é impossível, nenhuma alergia acomete a família Irgeman, eu sou limpo, sereno, e-

— E uma maquina de coçar. – Cabeça Quente brincou.

— Eu poço interromper. – Cabeça Dura assumiu a frente. – Nós da família Thorston temos um sistema de detecção alérgica muito simples que não falha.

— É um sistema? – A irmã perguntou.

— Agora é.

E foi assim que todos se encontravam na antiga academia de treinamento de dragões de Berk.
— Eu não gosto muito desse lugar, levando em conta que vocês matavam dragões aqui no passado. – Morgana comentou olhando ao redor, Luna também não parecia confortável ao se encolher um pouco. Banguela, ao perceber isso, parou do lado da amiga e passou o focinho de leve do lado do rosto dela. A fúria da noite parecia ter relaxado, mas decidiu ficar perto dele, não que ele tivesse algo contra.

— Tudo bem se você quiser esperar do lado de fora. – Soluço disse sorrindo em desculpa. Porém, a garota negou com a cabeça.

— Vou ficar bem. – Ela sorriu fraco.
De volta ao doente entre eles. O “doutor” Cabeça Dura começou a fazer os chamados testes para descobrir sobre o que Perna de Peixe poderia ser alérgico.

— O ovo de Dez Mil Anos, manda ele goela abaixo. – Ele segurava um Ovo enorme amarelo e de aparência bem velha. Perna de Peixe deu de ombros e deu uma bocada no alimento.

— Ah, acho que só precisa de sal marinho.

— E que tal isso? – “Doutora” Cabeça Quente foi a até ele e esfregou algo na cara dele toda. – Pelo de Iaque, dá um novo significado a coceira.

— Até que não, parece até minha velha tia Berta, sabia que ela-
Ele foi interrompido por Soluço. – Não! Eu gostaria de dormir hoje. – Morgana fez uma careta concordando.

— Vocês têm noção que para ele ser alérgico a alguma dessas coisas ele devia ter entrado em contato com elas antes? – A novata tentou colocar algum sentido na situação, mas os gêmeos resolveram ignorar.

— Você está subestimando as táticas da família Thorston. Agora tenta isso. – Ele segurava uma caneca. – Leite de cabra talhado e estragado com uma pitada de frieira de casco. Isso ai transforma qualquer experiência.

Perna de Peixe olhou bem para a bebida antes de virar em cima da cabeça, uma gororoba grudenta desceu do copo até cair na boca dele. – Olha... lembra queijo, que delicia!
Ninguém escondeu a cara de nojo com esse último.

— Pelo menos se não funcionar, ele vai ficar imune á qualquer coisa depois disso. – Morgana comentou.

— Eu já disse. – Ele pegou uma pedra e deu para Batatão comer. – Eu não sou alérgico a nada. – Ele acabou espirrando de novo e isso pareceu chamar a atenção do Soluço.

— Perna de Peixe, eu acho que você é alérgico a Batatão.
Pela primeira vez, Perna de Peixe pareceu assustado.

— Mas por que do nada ele seria alérgico a Batatão? – Astrid perguntou.

— Talvez seja uma alergia desenvolvida na idade adulta. – Cabeça Dura respondeu com ainda uma postura de doutor.

— Eu concordo com o diagnostico. Alergias desenvolvidas na idade adulta ocorrem com o passar dos anos quando o sistema imunológico identifica erroneamente uma substância perigosa. – Cabeça Quente concluiu. Melequento, Astrid e Soluço olhavam para os dois como se eles tivessem duas cabeças.

— Todavia, vale lembrar que uma alergia como essa já teria sido identificada pelo corpo antes, sendo que ele vive constantemente com a Batatão, o que significa que qualquer antígeno no corpo dele teria forçado a criação de anticorpos.  – Morgana contrapôs e viu o olhar de choque dos amigos. – O que? Eu leio muito sabia?

— Deixem de bobeira, é impossível eu ser alérgico a Batatão. – Ele teve a cara prensada na dragão pela gêmea loira.

— É isso ai, diagnostico confirmado. – Ela disse após o garoto espirar sem parar. Depois disso, nem a Morgana tinha um argumento para outra razão.

— Perna de Peixe, acho que só tem uma pessoa que vai poder te ajudar. – Soluço falou.
Depois disso Morgana, Soluço, Melequento e Perna de Peixe foram visitar a pessoa, sendo está a curandeira da vila. A velha Gothi fez um rápido diagnostico e começou a escrever com o bastão no chão.

— O que ela está dizendo? – Perna de Peixe perguntou preocupado ao Bocão, que estava lá como interprete.

— Ela quer te paralisar. – Uma cajadada na cabeça. – Apaga isso, “hipnotizar”, desculpe. Ela quer te hipnotizar

— Nunca vou entender como ele consegue ler esses desenhos. – Morgana comentou impressionada.
Melequento soltou um murmuro desanimado com a mudança de ideia.
Gothi apontou o bastão para a cara dele e começou a balançar de um lado para o outro.

— Infelizmente pessoal, isso não vai funcionar comigo. – Ele mal tinha terminado de falar quando caiu desmaiado para trás.

— Depressa, coloque as mãos deles na água quente. – Melequento parecia bem mais animado agora.

— A gente não vai fazer isso. – Soluço acabou com a diversão.

— Agora que ele está hipnotizado, ela quer que a gente fale para ele que ele não é alérgico a Batatão. – Bocão traduziu.

— Será que vai dar certo? – Morgana perguntou meio incerta.

— Vamos descobrir. – Soluço se aproximou do garoto hipnotizado e começou a falar de vagar. – Perna de Peixe, você não é alérgico a Batatão. – O loiro soltou um ronco.

— É só isso? – Melequento perguntou desapontado.

— A hipnose é muito poderosa. Pronto, pode trazer ele de volta. – O moreno pediu a Gothi.
— Não, não. Espera um pouquinho só. Nós temos uma oportunidade aqui, podemos recriar o Perna de Peixe, transformar ele em um viking venerado, um herói destemido, tão forte quanto três iaques. Um viking que exija tensão, em outras palavras, um viking merecedor da minha amizade.

Morgana levantou uma sobrancelha quando viu Perna de Peixe se sentar ainda desacordado em meio ao falatório.

— Olha, Melequento, a gente não vai fazer isso. Pode trazer ele de volta. – Soluço pediu de novo.

A anciã parou na frente do loiro e estalou os dedos. Morgana pulou de susto quando Perna de Peixe abriu os olhos com tudo e se ergueu de pé estalando as costas.

— Perna de Peixe? – Soluço chamou também achando estranho.

— Perna de Peixe? Não tem nenhum Perna de Peixe aqui. – Ele passou empurrando Soluço e Melequento para os lados. Eles estava falando bem estranho. – Mas quem é esse réptil gorduchinho? – Batatão tinha ido ao lado dele em expectativa, mas abaixou as orelhas com o insulto.

— Nossa, pegou pesado. – Soluço parecia mais confuso ainda. – Perna de Peixe, você está bem?

— Você é surdo, seu magrela perneta – Ele gritou antes de pegar o bastão da Gothi e quebra-lo no meio. – Meu nome é Esmaga Ossos! Thor Esmaga Ossos.

— Melequento, olha só o que você criou! – Soluço acusou, agora que era claro que a hipnose tinha dado completamente errado. Mas o Jorgenson parecia mais do que feliz com isso.

— Um super viking todinho meu. Adorei!

— Espera um minuto ai! Não importa quem você seja agora, não pode ir insultando os outros ou quebrando o cajado de velinhas. – Morgana passou pelos meninos e apontou o dedo para cara do “Thor”.
Mas a reação dele não foi o que ela, ou ninguém esperava. Ele segurou a mão dela e a puxou para perto dele, surpresa, ela não teve reação.

— Olá minha querida, você é extremamente linda, vai servir para ser esposa de um vinking tão incrível como eu.

— Esposa?! – A exclamação saiu da boca da garota e do moreno do mesmo local.

A garota não teve tempo de exclamar o quanto aquilo era um absurdo antes de ser novamente puxada pelo loiro, mas agora morro abaixo de volta a vila.

— Espera Perna de Peixe. – Soluço tentou para-lo indo correndo atrás deles, seguido pelo Melequento.

Já na vila, o loiro andava com o peito estufado cheio de confiança e um sorriso arrogante no rosto. Ele tinha soltado a morena, mas esta achou melhor continuar andando ao lado dele para primeiro ficar de olho, e segundo, porque quando ela tentou ir para perto do Soluço ele disse que iria jogar ela por cima do ombro. Ele piscava, mandava beijos, como se todos fossem os seus fans, mas os cidadãos só olhavam para ele confuso porque aquele definitivamente não era o Perna de Peixe que eles estavam acostumados.

— A Gothi não consegue hipnotizar ele de volta? – Astrid perguntou. Tinha se atualizado da situação com o Soluço.

— Ela não consegue sem o cajado que o Thor Esmaga Ossos quebrou e jogou do penhasco. – Ele explicou sem tirar os olhos do loiro que agora tinha passado o braço sobre os ombros de Morgana. O moreno não entendia o porque mas aquela cena estava irritando ele e muito.

Já a garota não sabia o que fazer, estava completamente desconfortável, mas ela não podia acertar o Thor com o Osso Voador, sendo que ele ainda era o Perna de Peixe e ela não queria machucar o amigo.

— Soluço. – Ela virou a cabeça para trás e sussurrou. – Mande alguém procurar o cajado da Gothi, talvez eu consiga concertar. – Ela foi interrompida pelo braço do viking que a apertaram mais. Ela talvez não machucasse o amigo, mas o futuro líder de Berk parecia muito tentado a ideia

— Esmaga Ossos, você não tem medo de nada não é? – Melequento tirou uma espada e apontou para ele. “Thor” soltou Morgana para parar a espada com as próprias mãos  sem ao menos piscar. A garota aproveitou que estava livre agora e foi para o lado do Soluço que olhou preocupado para ela.

— Você está bem?

— Sim, só mantenha ele longe de mim.

— Que tal fogo? – Melequento jogou uma tocha em chama nele, e este rebateu para o lado, o que acertou uma casa.

— Fogo! A minha casa pegou fogo, alguém jogou uma tocha na minha casa!

— Perfeito, hora de entrar em ação. – Sem perceber que tinha sido o culpado, Esmaga Ossos entrou correndo na cabana em chamas e depois saiu carregando a senhora e uma ovelha no outro braço. As pessoas começaram a aplaudir. – Por favor, deixem os aplausos para o fim do regate.

Agora ele correu até uma quina de água e a lançou sobre o teto em chamas, apagando o fogo.

— Agora podem começar. – E o povo foi a loucura elogiando o Perna de Peixe. – Perna de Peixe? Por que todo mundo fica me chamando de Perna de Peixe?

— Você é o Perna de Peixe, Perna de Peixe.

— Nada disso sua velha. – Thor foi até o centro da vila e subiu em cima de um tronco. – Povo de Berk! Tenho o grande prazer de anunciar a minha chegada, Thor Esmaga Ossos, o viking mais amado e temido do mundo, estou pronto para encanta-los com a minha presença. Além de anunciar o meu noivado com a minha amada guerreira, Morgana!
A morena arregalou os olhos com a fala e se escondeu atrás do Soluço, se olhar matasse, Perna de Peixe estava perdidinho.

— O carrinho! – A atenção foi desviada para um carrinho cheio de maças desgovernado que começou a ir em direção a um bebê. Mas Thor já tinha voltado os olhos para ele quando saltou no ar dando mortais até parar na frente do bebê. Ele pegou a criança em um braço, jogou ele para mãe antes de parar o carinho com o outro, sem deixar uma maça cair.

— Nossa, quando ele sair desse transe, ele vai ficar com uma dor no corpo terrível. – Morgana comentou tão boca aberta quanto os outros. Mas ninguém parecia tão feliz quanto o Melequento.
— Vocês viram aquilo!? Ele correu, e deu um mortal, ele é incrível!

— É impressão minha ou o Melequento está apaixonado pelo Perna de Peixe? – Astrid disse rindo.

— Por mim tudo bem, ele pode ser a noiva do Thor ali no meu lugar.

— Você viu querida? Eu dedico esse ato de heroísmo a você. – Perna de Peixe tinha voltado para o lado da garota.

— Eu... ah... – Sem saber como responder, a garota se limitou a corar profundamente e a se encolher com o olhar intenso do garoto nela. Morgana não gostava disso, não gostava nada, ela era uma garota forte e independente, mas odiava ser o centro das atenções principalmente nessa brincadeira doida.

Outro que também estava com a cara fechada era o líder dos cavaleiros de dragões, Soluço estava cada vez mais irritado, e dessa vez ele não ficou quieto, puxou o braço da morena de forma que ele voltasse para perto dele. Supressa com a aproximação brusca, a garota olhou com uma sobrancelha arqueada para o moreno.

— Eu acho que você não devia dizer bobagens sobre pessoas que acabou de conhecer, Thor. – Soluço falou com os dentes serrados.

— Bobagens? Você não entende, Perneta, que todo o meu poder incrível já fez ela se apaixonar por mim. – Ele falou ignorando o olhar de horror no rosto da dita garota.

— Ele está brincando né? – Ela perguntou para Astrid, que também olhava surpresa para o amigo hipnotizado.

— Shh! Estou ouvindo o chamado de um filhote de iaque em apuros. – E assim ele saiu correndo para concluir outro ato heroico.

— Olha, eu não sei o que a gente vai fazer, mas é bom ser rápido, porque eu não vou aguentar isso por muito tempo. – Morgana se virou para Soluço e Astrid, já que Melequento tinha corrido atrás da nova paixão.

— A gente vai achar um jeito de trazer ele de volta. – Astrid tentou aliviar a amiga.

— Também acho que devemos fazer algo... antes que eu mate o Perna de Peixe. – Essa ultima parte, Soluço sussurrou para si mesmo.

— Vocês levam ele para a Gothi, eu vou atrás do cajado dela. Eu tenho uma seiva que talvez de para concertar ele.
Depois de achar os pedaços do cajada, Morgana estava voltando com a Luna para a cabana da curandeira, quando viu a porta do salão aberta e uma algazarra lá dentro.

— O que está acontecendo? Achei que vocês ia levar o Perna de Peixe para a Gothi. E aquele não é o machado do seu pai? – Morgana perguntou ao chegar do lado do Soluço e ver que o centro das atenções era o Thor de novo, contando histórias inventadas de como ele quase capturou o Escalderivel.

— A gente está tentando, mas ele não quer vir com a gente e ainda roubou a arma do meu pai, não quero nem saber o que ele vai fazer quando descobrir.

— Tadinha da Batatão, ela não quer nem usar a sela. Olha só para ela, tão sozinha. – Bocão falou quando a dragão se escolheu desanimada e com saudades do amigo. – A gente têm que fazer alguma coisa com ela.

— Deixa que a gente cuida da Batatão. – Soluço se referiu a ele e Morgana, que tinha ido para o lado da gronkle e fazia um carinho de consolo nela.

— Todo mundo está acreditando na história no Perna de Peixe, sendo que mais cedo a gente contou o que realmente aconteceu. – Morgana falou depois de ouvir a parte da história em que ele encarava o Escaldeirivel sozinho enquanto todos os outros estavam tremendo de medo.

— Ele fugiu por pouco, mas da próxima vez eu vou trazer o coro dele para a minha amada e a vitória será minha! – Todo mundo aplaudiu, enquanto a garota escondia a cara na mão.

— Espero que ele lembre bem disso, porque eu vou mata-lo.

— Perna de Peixe, é o meu machado? – O salão ficou em silêncio quando Stoico apareceu na porta.
Vendo a cara de zangado do pai, Soluço correu para parar na frente dele, antes que acontecesse um acidente.

— Pai, não é o Perna de Peixe. – Ele tentou explicar.

— Não seja bobo, eu estou olhando para ele segurando o meu machado. – Stoico cerrou os punhos.

— Você deve ser o Stoico, o Imenso, só se for imenso de gordo.

Morgana arregalou os olhos com a audácia do loiro, parece que ela vai ter que cuidar da Batatão depois do funeral do loiro.

— Você me chamou de quê? Ele me chamou de quê? – Agora ele se virou para o filho.

— É isso que eu estou tentando dizer, pai, não é ele.

— Me devolve o meu machado! – Stoico gritou.

— Você quer dizer o meu machado.

— Ele só estava lustrando para o senhor, chefe. – Bocão tentou intervir.

— Deixa que a gente cuida disso, senhor. Vamos pegar o seu machado de volta. – Morgana prometeu.
Stoico desviou o olhar rapidamente para ela e quando viu o filho assentir com a cabeça, decidiu concordar. - Tá bom, mas que seja rápido, se não quem vai pegar sou eu.
Depois disso, o líder deu as costas, mas dava para ver que ainda estava bem irritado.

— Agora a gente tem que achar um jeito de convencer ele ir com a gente na Gothi.

Morgana teve uma ideia, mas ela sabia que iria se arrepender depois. - Olha, o que eu vou fazer agora é melhor você não contar para ninguém, porque se não a decendencia dos Haddock vai terminar em você, ouviu? – Percebendo o tom perigoso que ela estava falando, o moreno só engoliu em seco e assentiu.
Se ela tivesse explicado qual era o plano, Soluço teria discordado na hora, mas só percebeu quando a garota se aproximou do Perna de Peixe e colocou um sorriso falso na cara.

— Uh, Thor? – Ela chamou com a voz tentando ser gentil.
Ele se virou de uma vez, mas o olhar relaxou. – Sim, minha querida?

— Eu estava pensado, como eu preciso muito visitar a anciã da vila e – Ela engoliu a cara de nojo. – não queria ficar longe do meu amado noivo, você poderia me acompanhar?

— Tenho que dizer que ela é uma ótima atriz e tem estomago forte. – Astrid comentou para Soluço, mas esse só tinha fechado a cara.

— Mas é claro, minha querida. Vamos agora mesmo. – E ele saiu andando na frente dela. Morgana lançou um olhar rápido para os dois amigos para eles seguirem também.

Já na cabana da Gothi, Morgana tinha conseguido se afastar do loiro para tentar arrumar o cajado enquanto a curandeira parecia prepara uma poção.

— Tomará que não demore muito, feiticeira. Eu gosto de dormir depois de um banquete de javali e hidromel.

— Obrigada Gothi, precisamos do Perna de Peixe de volta. – Soluço agradeceu.
A velha pegou um galho, que agora ela usava no lugar do cajado, e abriu a boca do loiro para despejar o líquido verde. Não deu dois segundos e ele foi vomitar em um barril.

— Ai, que poção era essa? – Astrid perguntou.

— Não era poção, era bexiga de iaque temperada. Ela diz que é para ele aprender a não quebrar o cajado dela. – Bocacão traduziu quando ela escreveu no chão.

— Essa velhinha é definitivamente a minha pessoa favorita no momento. – Morgana riu com a situação do “noivo”.

— E quando o Perna de Peixe vai voltar? – Astrid voltou a perguntar.

— Ela disse que não consegue hipnotiza-lo sem o cajado. – Bocão informou. Todo mundo se virou para Morgana que amarrava uma faixa envolta do lugar que o cajado tinha sido quebrado. Vendo a atenção nela, ela resolveu explicar, não de forma muito animada.

— Eu usei seiva de Casca Negra (notas da autora: lembrando que é inventado), serve como uma cola para madeira, mas vai demorar muito para secar, uns 3 dias pelo menos, e se ela tentar usar, só vai quebrar de novo.

— Ótimo, e agora? Não da para ficar com o Perna de Peixe assim por mais 3 dias.

A esperança era uma alternativa pela Gothi novamente.

— Medo. Somente um terror genuíno será capaz de voltar o Perna de Peixe ao normal. – Ela (Bocão) explicou.

— Mas o senhor Thor Esmaga Ossos não tem medo de nada. – Astrid lembrou. – Talvez se a gente jogasse a noiva dele do penhasco. – a loira brincou.

— ha ha ha , muito engraçado Astrid. – Morgana deu um soco de leve no braço da amiga.

— Não se preocupe minha querida, seu amado realmente não se atormenta por nada. – Ele voltou a passar o braço sobre o ombro da morena, que se limitou a rolar os olhos.

— Eu vou quebrar o braço dele, é sério.
Mas Thor ignorou a ameaça da garota e mudou de assunto.

— E agora onde está aquele catarrento, temos que conversar sobre negócio. – Ele foi a procura do

— Soluço, acho melhor você passar na sua casa, o seu pai está meio... agitado. – Bocão pediu, mas era claro que “agitado” era um eufemismo para a situação.

— Eu vou com você. Ficar bem longe do Esmaga Ossos é a minha meta agora.

Assim os dois treinadores de fúrias da noite foram encarar Stoico, o Imenso.

— Tira esse dragão de cima de mim. - Na casa, Batatão estava bem ocupada lambendo o líder.

— Pai ela só está carente. – Soluço tentou justificar.

— Se ela não sair de perto, nós vamos comer gronkle no café da manhã.

— Vem Batatão. – Morgana puxou a dragão de cima do Stoico para ela mesma fazer carinho e tentar controla-la.

— Soluço! – Astrid entrou na casa correndo.

— Já vou adivinhar: é o Thor.

— Pois é, e o Melequento e você não vai acreditar para onde eles foram, atrás do Escaldeirivel.

Os dois treinadores ficaram alarmados.

— Ele é suicida agora? Não importa o quanto ele se ache forte agora, não da para encara um Escaldeirivel selvagen sozinhos. – Morgana apontou o óbvio antes de subir em Luna e juntos dos outros dois e da gronkle chamarem os gêmeos e irem atrás da nova dupla idiota.

O grupo voou de volta para onde tinham visto o Escaldeirivel pela última vez, mas ainda sem sinal dos dois.

— O que o Melequento estava pensando? – Soluço reclamou irritado com a atitude do Jorgenson.

— Ele não pensou, ele está apaixonaaado, faria de tudo pela paixão do Esmaga Ossos. – Astrid debochou arrancando risadas dos outros.

— Talvez se a senhora Esmaga Ossos ali pedir, eles voltem. – Morgana voou até perto do Cabeça Dura e agarrou o colarinho da blusa dele.

— NUNCA mais me chame assim de novo. – E ela o soltou quando viu ele arregalar os olhos de medo.

— Vamos encontrar eles antes que eles encontrem aquele dragão. – Soluço voltou ao assunto principal, tentando ignorar o “senhora Esmaga Ossos”.

O clima também não parecia estar do lado dos cavaleiros, quanto mais eles se aproximavam da área de pesca, mais fechado o clima ficava até eles se verem debaixo de nuvens bem escuras, provas de uma tempestade.

— Estão ali, vamos. – O líder gritou quando avistaram Melequento caído na água e Thor montado na cabeça do Escaldeirivel.
Perna de Peixe parecia brincar de touro bravo com o dragão, ele se agitava tanto que fez com que o viking soltasse a única arma, o machado do Stoico, na água. Astrid e Morgana olharam para baixo quando ouviram os pedidos de socorro do Melequento.

— Vocês cuidam do Melequento, eu vou pegar o Perna de Peixe.
Obedecendo as ordens do Soluço, as duas garotas mergulharam e os gêmeos foram tentar achar o Melequento em meio a escuridão da água.  

— Será que precisa procurar muito? Acho que só de olhar do alto já da certo. – Cabeça Dura ofereceu claramente com preguiça.

— Quanto menos o resgate do Melequento demorar, mais rápido veremos o Perna de Peixe ser devorado pelo Escalderivel. – Cabeça Quente lembrou o irmão.

— Então se é assim, vamos lá!

— Eu vou ajudar o Soluço, vocês continuam buscando. – Morgana gritou para Astrid quando viu que Soluço e Banguela estavam tendo dificuldades em se aproxima do Escaldeirivel que não deixava eles se aproximarem.

O dragão verde começou a tentar tirar o humano das suas costas mergulhando na água, Morgana e Soluço seguiam ele, só para voltarem a superfície e mergulharem de novo. A garota viu o Escalderivel sair da água e ir para mergulhar pela terceira vez, mas o problema era que Melequento esta bem no caminho. No último instante, o viking foi tirado da água pelo Dente de Anzou que tinha o achado.

Agora bem irritado, o dragão saiu da água e começou a lançar jatos de água fervendo nos dois cavaleiros que tentavam se desviar ao máximo.

— Vem para cá, é só pular. – Soluço pediu quando conseguiu, finalmente, para do lado da cabeça do dragão, onde estava o Perna de Peixe.

— Recuar? No meu melhor momento de glória? Nunca!

— Esquece isso Perna de Peixe, você vai morrer assim! – Morgana gritou para ele, tentando convence-lo, mas só recebeu um jato de água que teve que desviar no último minuto.

— Morgana! Você está bem? – Soluço perguntou preocupado, mas a garota garantiu que não se machucaram quando gritou um sim em resposta.

Contudo, o senhor Esmaga Ossos não estava tão bem, porque o Escalderivel conseguiu agir a cabeça de forma que ele caísse para trás, mas conseguiu segurar no rabo do dragão. Este virou o rosto com a boca cheia para atacar e antes que qualquer um fizesse algo, Morgana ouviu o barulho familiar de um gronkle e quando ela olhou para cima viu Batatão sair de uma das nuvens e voar em direção ao réptil verde e se chocou com a boca dele de forma que o ataque errasse o loiro.

— Isso Batatão!

Bem zangado, o Escalderivel voltou sua atenção para a gronkle e começou a prossegui-la, e como ela era mais devagar, estava se aproximando muito rápido.

— Não! - Morgana e Soluço tentaram ir atrás deles, mas parecia que não iria dar tempo.

Ainda no rabo do dragão, Thor olhou a cena horrorizado. – Pare dragão, eu Thor Esmaga Ossos ordeno que pare! – Não servindo de nada ele começou a escalar as costas do dragão correndo e viu que Batatão estava prestes a ser atingida.  – NÃO! A minha Batatão não! – Ele agitou a cabeça e recuperou a consciência para pular de cima da cabeça do dragão direto para as costas da gronkle. Perna de Peixe conseguiu desviar dele á tempo de Astrid e os gêmeos chegarem por trás com a rede e prendê-lo.

— Essa foi por pouco. – Soluço suspirou aliviado.

— Fale por você, eu achei maneiríssimo! - Cabeça Dura falou antes dele, da irmã e a Astrid começarem a voar na outra direção. A direção original que eles iria realocar o dragão.

— Desculpa, garota, eu não sei o que aconteceu comigo. – Perna de Peixe se desculpou e Batatão parecia muito feliz de ter o dono de volta ao normal. – A que saudade de você, mas como é que eu...? – Ele falou bem confuso.

— Longa história, eu explico depois. – Soluço falou e se virou para seguir os outros.

— Mas eu quero que você saiba, que tirando a Batatão, eu sou com certeza a pessoa mais feliz por você estar de volta Perna de Peixe, de verdade.

— Me desculpe , Morgana, o jeito que eu agi com você não era eu em nada.

— Tudo bem, já acabou. – A morena sorriu para ele, e ambos se viraram para terminar a tarefa.

—------------- xx --------------

O grupo conseguiu chegar em Berk quando o Sol estava se pondo, uma multidão parecia esperar por eles, ou melhor pelo Thor Esmaga Ossos. Stoico foi a frente do povo.

— Então, o que aconteceu com o Escaldeirivel? – Ele perguntou ao filho.

— Ele foi transferido. – Soluço falou bem mais aliviado agora que tinha as coisas ao normal de novo.

— E o meu machado?

— Ehhh, também foi transferido. – Ele respondeu sem graça.

— Na verdade. – Morgana pareceu do lado do moreno e tirou o machado das costas. – Eu consegui pegar no meio da bagunça. – E entregou ao chefe que parecia bem mais feliz e calmo agora.

— Obrigada. – Soluço sussurrou para ela que sorriu para ele em resposta.

— E o Thor Esmaga Ossos? – As pessoas começaram a perguntar, até o alvo da pergunta cair da Batatão bem no meio deles.

— Oi? – Ele acenou sem o sorriso irônico e todos suspiraram em desapontamento.

— Não se preocupe Perna de Peixe, eu acho que essa é a sua melhor versão. – Morgana colocou a mão no ombro dele e ele sorriu em agradecimento antes de ser atacado pelo carinho da Batatão.
— Perna de Peixe, você não espirrou nenhuma vez no trajeto de volta. –

Astrid fez a observação que chamou a atenção de todos. Ninguém se lembrava mais da alergia dele.

— Pois é, e a coceira nas pernas passou.

— E a Batatão não está com a sela. – Soluço acrescentou. – Talvez você não tenha sido alérgico a ela e sim a sela.

— Mas por que de repente eu seria alérgico a sela?

— Bom, eu estou usando uma cera diferente nas selas. – Bocão apareceu mostrando a tal cera quando tirou esta do próprio ouvido e causando o olhar de nojo de todo mundo.

— Sorte que eu não pedi para ele cuidar da sua sela Luna. – A fúria da noite soltou uma bufada em agradecimento.

Perna de Peixe soltou um espirro quando Bocão se aproximou dele. –

Eu sou alérgico a cerra de ouvido do Bocão? – Ele falou para si mesmo bem horrorizado. – Eu estou aliviado e também com nojo.
O loiro se virou quando viu a cara de triste do Melequento. – O que foi?

— Eu só estou imaginando o que teria sido. – Ele agarrou o rosto do loiro. – Você me magoou Thor, partiu o meu coração ao meio. – E largou para dar as costas.

— O que foi isso? Foi esquisito.

— Você não sabe da metade. Mas agora eu preciso de um banho e uma boa noite de sono. – Morgana disse antes de puxar o moreno pela mão em direção a casa dele, os dois fúrias da noite vindo atrás.

— Quem te deu essa liberdade em garota? – Ele disse, mas era evidente o riso na sua voz.

— Por favor, como se eu fosse ficar na casa do Perna de Peixe depois de hoje.

Ela não ouviu resposta e nem viu a cara fechado do Soluço com a resposta dela.

— Você realmente não sentiu nada com toda essa atenção que o Perna de Peixe, quero dizer, o Thor te deu, não é? – Ele perguntou depois que os dois adentaram a casa e foram para o andar de cima,  a garota iria ficar no quarto de hospedes essa noite.

— Não, claro que não, tanto o Thor quanto o Perna de Peixe não fazem o meu tipo.

— Ah é? – A garota não percebeu o alívio na voz dele. – Então quem faz o seu tipo?

— E por que você quer saber? – Ela rebateu a pergunta, olhando para ele agora.

— Ué, porque, porque – Ele gaguejou olhando para os lados. - Porque é só curiosidade. Isso, eu só estou curioso já que você levantou o assunto.

— Pois saiba que esse assunto vai ficar para outra hora, porque eu estou muito cansada. – Ela entrou dentro do quarto e começou a fechar a porta.

— Espera! Você não vai responder mesmo?

— Boa noite Soluço. – E ela fechou a porta antes de ir se preparar para um banho, mas com um sorrisinho no rosto.

Soluço suspirou derrotado. - Vamos dormir, amigão.

Aquele dia poderia ter sido bem confuso e agitado, mas serviu para mexer com os pensamentos do moreno, ele não sabia o que sentia e nem se devia ignorar isso ou não. Porém, por hora, ele não iria se preocupar, tinha muito tempo ainda para passar com a nova companheira e colocar o seu coração lugar.