Já vai fazer uma semana desde que cheguei aqui, estou muito feliz. É bem melhor do que imaginei. Fiz novos amigos e a escola é bem melhor do que minha antiga.

 Mas eu realmente não entendo... tem tantas pessoas bacanas ao meu redor mas por que uma delas me chama mais atenção?

 Flashback On

 Cutuquei Nádia que sentava na minha frente.

 — Nádia quem é aquele olhando para a janela?  – Perguntei

 — Esse aí é o... – Disse Nádia – Ai eu esqueci o nome dele.

 Nós duas rimos.

 — Eu sei que ele é bem estranho, não costuma falar com o pessoal. – Disse Nádia. – Já teve boatos de que ele é órfão, mas eu não sei se é verdade.

 — Entendi. Provavelmente ele deve levar uma vida difícil. – Falei

 Flashback Off

 — Por que estou tão curiosa sobre ele? – Pensei – Ele foi tão grosso naquela hora...

 A aula terminou, todos saíram agitados e eu permaneci conversando com Débora e Luana. Aquele garoto se levantou para ir embora, porém seu material permaneceu ali. Não pude deixar de ver a cena. 

 — Nossa finalmente essa aula chata acabou. – Disse Débora

  – Mariana, está viajando é? – Perguntou Luana

 — O que? Claro que não, rs. – Falei

 Pensei imediatamente em segui-lo.

 — Vamos ir em algum lugar juntas? Vou ir chamar a Nádia. – Disse Débora 

 — Ah garotas, que bosta! Me lembrei de que tenho que fazer algo importante.

 — Ok. – Disse Luana

 — Então, até amanhã. – Falei com pressa.

 — Até amanhã! – Disseram Débora e Luana ao mesmo tempo.

 Sai apressadamente da sala, e ligeiramente o segui da maneira mais discreta possível.

 — Ué. Para onde será que ele vai? Para casa? Espera por que estou tão interessada assim? –Pensei

 Percebi que ele subiu as escadas. E elas iriam dar até o terraço da escola.

 — Ele não vai ir embora?  Que estranho. – Pensei

 Decidi voltar para a sala de aula. Queria ver o que aconteceria, por algum motivo. Quando voltei para a sala todos já haviam saído. Só algumas pessoas permaneciam nos pátios e por outros cantos da escola.

 — Será que ele vai demorar muito? – Pensei

 Eu olhava para trás, suas coisas ainda estavam ali.

 — Me pergunto o que ele faz lá em cima... – Falei em voz baixa.

 Se passaram trinta minutos, e eu permanecia ali sentada em minha carteira fazendo um desenho aleatório de um laço.

 — Mas espera... por que estou tão interessada nele assim? Ah quer saber eu vou ir embora.

 Nesse momento ele apareceu na sala e se demonstrou surpreso em me ver ali, ele foi até sua carteira guardou suas coisas e simplesmente sentou-se novamente.

— Estou me arrependendo amargamente de estar fazendo isso. – Pensei

 — O que está fazendo aqui ainda? – Perguntou ele, quebrando o silêncio.

 — Nada. – Respondi

 — Merda, ele vai desconfiar. – Pensei

 — Hm. Posso fazer uma pergunta? – Disse ele

 — Mas você já está fazendo. – Respondi

 — Por que estava me seguindo? – Disse ele

 Engoli em seco.

 — Ai merda. O que vou responder? Agora ele me pegou. Ah, como eu queria um buraco para me enterrar. – Pensei

 – Hahahaha, essa foi boa. Te seguir? Eu? Ficou doido? – Falei

 — Não faça mais perguntas. Apenas responda a que eu fiz. – Disse ele

 O silêncio dominou entre nós dois, estava bem embaraçoso ficar ali. Escutamos barulhos de passos pelo corredor, e eu finalmente tinha terminado de desenhar o laço.

 — Você estava me seguindo sim, certo? – Disse ele

 — Eu não te segui... – Falei pensando em alguma desculpa enquanto guardava o material que ainda estavam em minha mesa. – Eu só quis ficar aqui mais um pouco.

 Não houve resposta.

 — Minha vez de fazer uma pergunta. – Falei

 — Faça. – Disse ele

 — Qual é o seu nome?

 Ficamos alguns segundos em silêncio. Como eu imaginei, ele não vai responder. Que vergonha...

 — Thomas. – Disse ele

 Eu sorri comigo mesma.

 — Mas por que diabos eu acabei de sorrir? – Pensei

 — Então, até mais...Thomas. – Falei me levantando.

 Ele não respondeu então eu saí.

Quando eu voltei a caminhar pelo corredor, não entendi, mas eu estava aliviada e ao mesmo tempo feliz.

 — Talvez não tenha sido uma ideia tão ruim assim. – Pensei

                                                                                         ***                     

 Enquanto caminhava para casa não conseguia parar de pensar sobre isso.

 Antes de entrar dei dois tapas na minha cara.

 — Mariana, vê se para de ser idiota. – Falei enquanto me estapeava.

 — Cheguei. – Falei entrando

 — Oi, mana. – Disse Rafael jogando vídeo game na sala, todo largado e com a mochila jogada em um canto qualquer.

  – Nossa, vai estudar Rafael. Depois você fica igual a um desesperado querendo minha ajuda para alguma prova.

 — Ah Mana me deixa, depois eu estudo. – Disse ele

 — E aí, como está indo na escola? – Perguntei

 Ele levou um tempo para responder.

 — Interessante. – Disse ele

 — Uuh, isso significa algo? – Falei

— N-não. Mariana aonde você quer chegar hein? – Disse Rafael, tentando disfarçar sem tirar os olhos na tela da TV

 — Ui, parece que alguém está guardando segredos. – Falei dando um sorrisinho

 — Não tenho nada a esconder. Vaza. – Disse ele gesticulando com a mão.

 Eu ri. Subi as escadas e fui tomar um banho.

 — Cara, que dia cansativo. – Falei

 Flashback On

  – Meu Deus! Já são duas horas da manhã. – Falei

 — Isso que da ficar disputando a TV no vídeo game com o Rafael, agora tenho que me apressar com essas lições. – Pensei

 Fiz as lições na maior pressa, a mais difícil era de fazer os cálculos com sono, acho que fiz tudo errado.

 — Finalmente acabei. – Falei me levantando e indo até o interruptor para apagar a luz.

 Mas o que eu não imaginava é que antes de eu apagar eu vi uma coisinha escura voando no meio do quarto. Quando me dei conta do que era, berrei com toda a força que eu tinha e a que eu não tinha.

 — RAFAEL VEM AQUI VER ESSA MERDA. – Gritei, fazendo os cachorros da vizinhança latirem.

 Flashback Off

 — Não quero nem me lembrar disso. Me arrepio só de recordar que foi um inferno para matar aquele bicho. – Falei

 Terminei o banho quando do nada me lembrei de Thomas...

 “– Por que estava me seguindo? – Disse ele“

 Fiquei alguns segundos tentando entender o que foi isso que acabou de passar pela minha cabeça.

 — Isso só pode ser brincadeira. SÓ PODE! – Gritei ainda lá dentro do banheiro.

 — OUTRA BARATA? MARIANA PELO AMOR DE DEUS – Gritou Rafael da sala