“Mudança“. Essa é mesmo uma palavra muito forte para mim. É triste saber que terei que deixar minha cidade natal, deixar minha melhor amiga, minha casa, minha escola, TUDO.

Desculpe se essa não foi uma boa apresentação...

Bem, meu nome é Mariana, tenho 16 anos e estou me mudando.

— Não acredito que você vai me deixar aqui – Disse minha melhor amiga – Ficarei morrendo de saudades de você.

— Eu também vou sentir muitas saudades! Eu não queria deixar esse lugar. Ele é tão nostálgico. Vou sentir falta de tudo,tudo,tudo! – Reclamei, ainda não conseguia aceitar essa situação.

Minha mãe e meu irmão terminavam de pegar algumas coisas de dentro da casa. Minha amiga que mora longe veio me ver.

— Saiba que eu torço por você e espero que nós nos vejamos logo! – Disse ela

— Obrigada, eu quero que não fique triste, se não eu fico também. – Falei sorrindo

— Mari! – Disse meu irmão Rafael usando um óculos escuros. – Vamos logo, não temos o dia inteiro. Nossa mãe precisa desse emprego então...

— Espera um pouco. – Respondi

— Beleza. – Respondeu Rafael

— Então bye Mari... eu espero que se divirta muito na sua nova cidade e NÃO ESQUECE DE ME MANDAR CARTINHAS TODOS OS DIAS.

Comecei a rir.

— HELLO! Estamos no século XXI, vamos nos falar pelas redes sociais e ó, não se esqueça de me visitar em breve! – Falei sorrindo

— Pode deixar, vou implorar para meus pais me levarem. – Disse ela

Minha mãe e meu irmão então finalizaram de buscar tudo e já estávamos todos prontos para ir.

— Chegou a hora... – Falei, nesse momento me deu uma sensação horrível.

Ela deu uma risadinha. Mas ela estava tão chateada quanto eu. Vou entrar em contato com ela todo tempo que eu puder.

 – Vou entrar em contato assim que eu chegar lá. Bye amiga. – Falei

— Tudo bem então, bye amiga. ATÉ BREVE! – Disse ela começando a chorar

Lágrimas escorriam em nossos rostos, nem eu me aguentei. Nos abraçamos. E entrei no carro sem falar mais nada.

Coloquei fones de ouvidos e escutei música durante toda a viagem. Nunca irei me esquecer dos momentos que vivi aqui. Um ciclo da minha vida está encerrado. Agora vou começar uma vida nova, tenho que me concentrar nisso.

                                                                                   ***

Um novo dia chegou! Vida nova, casa nova, tudo novo. E a melhor maneira de começar tudo isso é caindo da cama em um pesadelo. Sonhei que todos na escola me odiavam. Comentavam coisas ruins sobre mim e evitavam me olhar. 

Desci com meu pijama de patinho e encontrei meu irmão tomando café.

— A mãe já foi trabalhar. Amanhã é nosso primeiro dia de aula nessa cidade mana. – Disse Rafael. Ele também não parecia estar animado.

— Nem me lembre... como eu queria voltar.

Sentei no sofá, liguei a TV e coloquei no Netflix.

— Eu realmente não queria ter me mudado. – Falei suspirando

— Calma, uai. – Disse ele. – Nem começamos nossa vida aqui. Larga de ser pessimista e calma que vai dar tudo certo.

— Não é questão de ser pessimista, eu só não acho que vai ser tão bom assim essa mudança. Eu queria voltar. – Falei

— Eu sinto que o ano vai ser ótimo. – Disse Rafael, começando a sorrir de repente.

— Como pode ter tanta certeza? – Perguntei

— E eu não tenho. – Disse ele. – Eu só quero que as coisas sejam diferentes, quero tentar coisas novas por isso acho que vai ser bom...

— Você com a sua opinião e eu com a minha. Mas torço que você esteja certo! Vou me esforçar para que seja bom. – Eu disse, mas no fundo não tinha nenhuma confiança no que estava falando.

— Eu sempre estou certo, hehe. – Disse ele

— Ai Rafael, cala a boca que estou vendo Netflix.

                                                                                       ***                                    

Meu primeiro dia de aula finalmente chegou. Estou com receio de que não irei conseguir me dar bem com ninguém. Mas minha mãe me deu ótimos conselhos, isso me tranquilizou muito. Nem sei o que eu faria sem ela por perto.

— Tchau maninho! Boa sorte na escola. – Falei

— Boa sorte pra você também mana. – Disse ele

Fui para minha escola enquanto ele ficou em casa ainda se arrumando. Eu caminhei rápido e quando cheguei em frente contei até três com os olhos fechados e entrei.

Quando cheguei ás pessoas eram até que agradáveis, conversei com cinco meninas que me recepcionaram muito bem e perguntaram se eu era nova ali.

— Onde será que fica a minha sala? Esqueci de perguntar para aquelas meninas... – Pensei enquanto caminhava totalmente perdida.

Nesse mesmo momento esbarrei em um garoto. Ele era um pouco mais alto do que eu. Era bem bonito e estava com uma expressão nada agradável.

— Ah! Eu sinto muito, estava distraída e... – Falei sendo interrompida

— Será que da para prestar mais atenção em onde anda? – Disse ele

Ele voltou a andar me deixando com cara de paisagem.

— Credo que horror. – Pensei

— OIE!

Tomei um susto e me virei para trás. Uma menina que havia aparecido do nada e tinha um garoto do lado dela.

— Oii! – Falei tentando fingir que nem tinha acabado de me assustar.

— Meu nome é Nádia. Eu soube que você é nova aqui,hihi. – Disse ela

— Eu sou Mariana. Você costuma sempre aparecer do nada? – Falei sorrindo

— Costumo! Esse do meu lado é meu namorado Daniel, mas eu chamo ele de Dani porque é mais fofo. – Disse Nádia

— E aí tranquilo? – Disse Dani

— Tranquilo no rio Nilo. – Respondi

— Já te adorei! Vem que eu vou te apresentar para as minhas amigas. Até depois moor. – Disse Nádia me pegando pelo braço e me levando por aí que nem uma doida.

— Migos seus loucos. – Disse Nádia me levando para o jardim da escola. – Essa aqui é a Mariana ela é nova na escola e já virou nossa amiga.

— Nádia você é doida. Nem conhece ela, vai que é chata. – Disse Débora

— Eu não sou chata, eu acho. – Falei

— Não se preocupe com o que ela diz. – Disse Luana rindo. – Eu sou a Luana e ela é a Débora.

— E esse cara aqui é o Samuel. – Disse Nádia fazendo arminhas com as mãos apontando para ele. – E ele está solteiro.

— Eita Nádia... – Disse Samuel sem jeito. – Não liga para ela Mariana.

Eu ri assentindo.

— Espero que possamos ser bons amigos de agora em diante. – Falei sorrindo.

Eles eram pessoas bem agradáveis. Gostei de todos. Nesse mesmo dia eu já conheci quase a sala inteira que eu achei bem mais animada do que minha turma antiga.

Enquanto estava tendo uma aula, olhei para o fundo da sala e um garoto que estava com o punho no queixo sem expressão, olhava para a janela. Seus olhos profundos me chamaram a atenção.

— Uh... – Pensei

Cutuquei Nádia que sentava na minha frente.

— Nádia quem é aquele olhando para a janela?  – Perguntei

— Esse aí é o... – Disse Nádia – Ai eu esqueci o nome dele.

Nós duas rimos baixinho, para não atrapalhar a professora que falava lá na frente.

— Eu sei que ele é bem estranho, não costuma falar com a galera toda. – Disse Nádia. – Já teve boatos de que ele é órfão, mas eu não sei se é verdade.

— Entendi. Provavelmente ele deve levar uma vida difícil. – Falei

Continuei olhando discretamente, mas ele me pegou.

— Ai merda. – Pensei

Voltei a olhar para frente.

— Talvez ele não esteja olhando mais. – Pensei depois de alguns segundos.

Voltei a olhar para trás e ele ainda estava olhando para mim. Caiu a ficha. Ele era o mesmo garoto com quem esbarrei naquela hora.