Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído escrita por Mandy, TenshiAkumaNoLink


Capítulo 10
Capítulo 9 - A Guilda Do Alvorecer - Will




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Honestamente, a última coisa que eu queria era um tour agora, mas não disse isso em voz alta. Não demorou muito para uma garota que devia ter entre 17 e 18 anos aparecer para nos ajudar. Ela regulava de altura com Marian e usava uma vestes roxas e possuía um ar soturno.

— Eu sou Serena e irei apresentar-lhes a guilda e lhes mostrarei um lugar onde poderão descansar. Por favor, sigam-me. - Ela olhou para a taverna e depois olhou para nós. - Imagino que estejam com fome. Gostariam de comer uma boa refeição antes de irmos?

— Seria ótimo. Muito obrigado. - Respondi, grato pela percepção dela ser melhor do que a de Marian.

— Oh, seria fantástico comer alguma coisa e conhecer os cozinheiros locais. - Disse Goro empolgado com a ideia. - Poderia até mesmo compartilhar algumas receitas e aprender novas para a minha taverna.

— Só não peça a receita secreta da torta de morangos. Toda a guilda já tentou descobrir, mas a Charlie e o Ruffy a escondem a sete chaves.

— Interessante. - Comentou Goro.

O local era uma grande sala retangular bem iluminada. Na esquerda havia um grande balcão, e atrás dele, um homem de uns 55 anos, de cabelo grisalho ralo, corpulento, usando uma camisa sem mangas verde e calças marrom.

— Bom dia! Posso ajudá-los?

— Meus “amigos” acabaram de chegar e imagino que eles não tenham tido uma refeição decente a algum tempo. Se puder trazer uma refeição “reforçada” para eles, seria bom. - Serena tirou um saquinho de moedas do bolso e tirou uma peça de ouro dali e entregou ao homem, que arregalou os olhos ao ver a moeda. - Também gostaria de dois quartos para eles. Imagino que seja o suficiente para que eles fiquem pelos próximos 3 dias.

Em Mytra, uma peça de ouro era uma pequena fortuna. Explicando o sistema monetário local, nossa moeda consistia em 3 tipos: Cobre, Prata e Ouro. 100 cobres eram equivalentes a 1 prata, 100 pratas eram equivalentes a 1 ouro. 1 Ouro geralmente era mais do que suficiente pra alimentar muito bem uma família de 3 pessoas por uma semana. O problema é que com a péssima distribuição de renda local, dificilmente uma família de 3 pessoas consegue mais do que 50 pratas por semana. Eu mesmo cheguei a ver a cor do ouro apenas uma vez, e já faziam anos.

— Sim, claro! - Ele pegou a moeda da mão de Serena antes que ela pudesse mudar de ideia e gritou algo para a esposa que estava na cozinha. - Logo logo trarei suas refeições. Venham comigo. - E nos levou até uma mesa do lado da janela, passou um pano nela e sorriu para nós. - É uma sorte que tenham vindo. Infelizmente, como muitos dos nossos saíram em expedição a pouco tempo, o movimento anda meio fraco. Bem, é uma sorte para vocês também, pois assim os melhores quartos estão livres e podem ficar com eles.

— Ah eu entendo como é, eu também tenho uma taverna. Ela fica no centro de Yarzeth, o Caneco dos Gigantes, costuma ficar bem movimentada nesta época do ano. - Comentou Goro.

— Eu imagino! Essa época é a alta temporada lá, muitos comerciantes passam por ali durante essa época por conta do festival da colheita, vem gente do continente todo. Eu tinha uma taverna na cidade vizinha, Yazeul, e ficava movimentado também, pois muitas pessoas não conseguiam quartos nas tavernas de Yarzeth ou não estavam dispostas a pagar os preços delas, que eram mais caros do que os das cidades vizinhas. Infelizmente, eu e minha esposa perdemos tudo num incêndio, mas a Guilda do Alvorecer nos acolheu e reconstruímos nossa vida aqui. Os negócios são bem mais instáveis aqui, mas é mais seguro e temos tudo o que precisamos.    

— RUFFY!!! - Gritou uma voz feminina vindo da cozinha.

— A refeição deve estar pronta!

A nossa “refeição reforçada” era comida o suficiente para eu e meus irmãos nos alimentarmos por no mínimo dois dias. Achei que não daríamos conta, mas Goro comia como um “gigante”, parecia que tinha um buraco no estômago. Havia frango, batatas assadas, bolinhos de carne, ensopado, pão, salada e suco de maçã. Tudo parecia delicioso, então tentei comer ao menos um pequeno pedaço de cada coisa, já que provavelmente não veria tanta variedade de comida tão cedo.

Enquanto eu e Goro comíamos, Serena lia concentrada um pequeno livro.

— Não vai comer? - Indaguei.

— Ahn, ah, eu? - Perguntou ela, meio perdida.

— Sim.

— Não, não. Faz pouco tempo que comi.

— Certo.

— Como estão suas pernas?

— O que? - Perguntei confuso.

— Marian pediu pra Myra um unguento pra ferimentos mágicos pra vocês e ouvi Airus falando da batalha que enfrentaram.

— Não é nada demais. Obrigado por tudo.

— Não foi nada. Só estou fazendo o que a senhorita Marian me pediu.

— Ela é sua superior?

— Ela é líder da minha Aliança.

— O que seria uma Aliança?

— A Guilda possui 5 alianças, que são subdivisões dos melhores da guilda. Cada subdivisão tem uma função. A 1ª Aliança são os Campeões, que são o nosso exército, digamos assim, e também é a nossa maior Aliança. A 2ª Aliança são os Guardiões, que são responsáveis por proteger Dyron, mantendo as barreiras de magia erguidas e garantindo a paz local. A 3ª Aliança, liderada por Marian e Bear, da qual eu faço parte, é a dos Engendradores.

— Engendrador? Que palavra...diferente.

— Engendrar é algo como criar, engenhar, imaginar, inventar, formar, criar, mas seria no caso, mais como “arquitetar”. Cabe a nós arquitetar planos para as missões de mais alto risco. Alguns de nós também são “inventores”, digamos assim, e fazem coisas que eventualmente se tornam úteis para toda a guilda.

— Oh, entendo. Você deve ser bem inteligente. - Comentei, e ela riu.

— Eu sou mais da “ação”, mas volta e meia eu dou alguma ideia boa, não que eles aceitem sempre. Minha área de conhecimento não é da mais úteis pro nosso grupo.

— E sua área de conhecimento é…?

— Magia negra. Necromancia sendo mais específica. - Ela falou isso de forma tristonha.

— Você não parece gostar muito disso.

— Eu tenho um “dom”, ou devo dizer uma maldição, que faz com que magia ligada às trevas flua naturalmente pra mim. Me pergunto se fui colocada com os engendradores por ser boa para isso ou se eles queriam, sabe, ficar de olho em mim. - Ela ficou em silêncio por alguns segundos e deu sequência ao tópico anterior. - A 4ª Aliança é a dos Diplomatas, que são responsáveis pelos acordos selados pela guilda. Como eles andam com pouco trabalho, eles geralmente ficam organizando uns pergaminhos e livros de registro em Dyron para não ficarem ociosos. E por fim, a 5ª Aliança é a dos Exploradores, que são aqueles que saem em missões buscando artefatos mágicos e outras coisas que podem vir a serem úteis. É a segunda maior Aliança, perdendo apenas para a 1ª.  

— Eu havia ouvido falar que a Guilda era quase como um grupo de “Caçadores de Recompensa”

— Ah, sim. De certa forma. Chegam trabalhos aqui que podem ser feitos por algumas Alianças ou até mesmo por pessoas da guilda que não pertencem a elas. ¼ da recompensa é destinada aos fundos da guilda e o resto é dado a quem completá-la. Se for uma aliança, outro ¼ é usado para a manutenção do dormitório da Aliança e o resto é dividido entre os membros dela. Para sairmos em missão, precisamos de autorização do mestre Volken, irmão caçula do velho Airus. Ele é o líder e criador da Guilda.

— Por sinal, eu tenho alguns assuntos a tratar com o senhor Volken. Talvez ele possa solucionar o meu “problema”, digamos assim. - Disse Goro terminando de comer. - Estou pronto para ir.   

— Vocês querem ir agora? Devem estar cansados, então se quiserem dormir e no final da tarde darem um tour pela base, não há problemas.

— Eu gostaria de dormir um pouco. Muito obrigada pela refeição e por nos conseguir um lugar pra ficar.

— Não agradeçam a mim, e sim à Marian. Ela que bancou a refeição e a estadia. - Ela se levantou. - Eu voltarei às 18h para mostrar-lhes o local.

—____________________________________________

Acordei com uma leve batida na porta pelo fim da tarde, quando o sol já começava a se pôr. Vesti rapidamente a camisa branca e o gibão de couro marrom, calcei os sapatos e abri a porta. Ruffy sorriu e me disse:

— Olá, meu jovem! Serena já está lá embaixo e me pediu para chamar o senhor.

— Eu agradeço.

Serena estava no primeiro andar, escorada no balcão, enquanto Goro conversava com Charlie, provavelmente tentando extrair informações sobre a torta, imaginei. Quando perceberam a minha presença, me cumprimentaram, e Serena falou:

— Dormiu bem? Devemos ir, antes que as coisas interessantes que tem pra ver fechem. - E se dirigiu até a porta.

Do outro lado, na ferraria, avistei o mesmo garoto baixinho de óculos que estava ali horas atrás, trabalhava montando alguma coisa. Serena fez um sinal para irmos com ela até ele, e a seguimos.

— Oi Henry!

— Serena! Oi! - Ele a cumprimentou com os olhos castanhos brilhando e com um largo sorriso. Ele se atrapalhou, bateu com o braço esquerdo em uma ferramenta que estava na mesa, fazendo-a cair no seu pé. - Ai!

— Henry!? Você está bem?

— Eu e-e-estou sim… - Respondeu nervoso, enquanto ficava vermelho como um tomate. - Não foi nada demais. - E voltando sua atenção para nós. - Esses são…?

— Eles são Will…? - Ela ficou perdida, aparentemente tentando lembrar do meu sobrenome, que eu nem sequer havia dito qual era.  

—  William Wood, mas me chame apenas de Will.

— E Goro…? - Dessa vez ela olhou para Goro pelo canto do olho, aparentemente esperando uma resposta.

— Muito prazer, me chamo Goro Mokhar.

Henry limpou as mãos com um pano que estava na mesa de trabalho e nos cumprimentou com um aperto de mão.

— Sou Henry Hall, da terceira aliança. Eu sou um engenheiro e geralmente fico por aqui criando algumas... “engenhocas”.

— E de vez em quando sai em missões para ficar explodindo coisas. - Completou Serena, rindo. Ela parecia muito confortável com ele, então deduzi que devem ser amigos a um bom tempo.

— Mais ou menos isso. - Disse ele, timidamente, coçando a cabeça.  

— O que você está criando agora? - Perguntou Serena, curiosa.

— Consertando, na verdade. A C5A7-2 foi danificada na última missão. - Respondeu o garoto. - Precisam de alguma coisa?

— Nada não. Só estou apresentando a base para eles.

— Vocês vão ficar aqui permanentemente?

— Ainda não decidimos isso, por hora a resposta mais apropriada seria um talvez. - Respondeu Goro.   

— Ah, entendo. Acho que é bom irem, pois se forem após as 20h, não conseguirão acesso a partes do forte Dyron.

— Sim, sim. - Disse Serena. - Até logo!

Fomos até a construção do lado, um pequeno templo de Sunya construída em mármore. Na porta, uma velha sacerdotisa vestindo um manto cinza estava de pé com uma expressão mal humorada.

— Boa tarde, Juno! - Cumprimentou Serena.

— Boa tarde, Serena. Deseja ouvir a palavra de Sunya, deusa da saúde, do amor e da fertilidade? Você parece necessitada da luz e da benevolência da grande mãe

— Ahn… por hoje não. Mas obrigada! - Respondeu Serena, dando um sorriso amarelo, e Juno entrou para o templo. Quando já tínhamos passado o templo, ela nos disse baixinho - Por conta do meu “fardo”, sempre que ela me vê, ela tenta me pregar a palavra de Sunya. - Ela apontou para uma construção de pedra que tinha dois andares e várias pequenas janelas de vidro. - Aquela é a clínica.  

Entramos no local e a cena que vi era bem triste. Haviam várias pessoas deitadas em macas, algumas cheias de bandagens, outras com membros amputados. Era como se tivessem acabado de voltar da guerra e Serena nos explicou que tiveram uma luta difícil em Ignikor. Como a clériga chefe, Myra, parecia ocupada com os feridos, não nos estendemos muito por ali. Nós a cumprimentamos, pegamos o remédio encomendado por Marian e partimos.

Saindo dali, Serena nos levou até a Praça De Horin. A praça separava as construções do grande forte. Haviam quatro caminhos feitos de pedra levavam a um grande espaço aberto circular também feito de pedras, com uma espécie de palco de madeira no centro. Entre as estradas, o espaço era cheio de árvores e flores bem cuidados. No caminho da direita, havia um grande mural cheio de pergaminhos presos. Espalhados pela praça, havia vários bancos de pedra e estátuas de vários animais e de uma elfa com um arco.

— A chamamos de Praça de Horin por conta das inúmeras estátuas de animais e da forma mortal da deusa élfica. Por conta das estátuas de Horin e do estilo das construções, achamos que Dyron foi habitada por elfos no passado. Ali no meio, é o palco onde o grande líder faz comunicados importantes, mas também é usado para peças de teatro e apresentações de música e dança nos nossos festivais. Aquele mural ali à nossa direita é um quadro de avisos e missões disponíveis. Quando saem os resultados dos testes para as alianças, eles são colocados ali.

— Há muito trabalho disponível por aqui? - Perguntei casualmente.

— Ultimamente tem tido bastante. Por que pergunta?

— Só por curiosidade mesmo.

— Há alguns trabalhos a mais para alianças específicas. Esses são entregues diretamente aos líderes delas, que decidem ou não fazê-la.

— Oh, entendo.

— Vamos ao forte?

O “forte” era uma enorme construção circular coberta de musgo e raízes. Possuía 3 torres, ligadas ao prédio principal por grandes pontes, uma no leste, uma no oeste e uma ao seu norte. Nós subimos uma escada e adentramos a construção passando por uma enorme porta entreaberta.

No lado de dentro, pude notar sinais de arquitetura humana, provavelmente por conta de modificações que o pessoal da guilda deve ter feito para se adequar a suas necessidades; as paredes haviam sido revestidas com placas de mármore branco e o piso escuro de madeira parecia ser recente. Quanto a isso, Serena comentou:

— Quando o povo de Isalys chegou, a construção original não estava em bom estado, mas podia ser salva. Então foram feitas reformas em alguns espaços. Onde foi possível, mantiveram as características da construção original. Mas aqui, por exemplo, a situação estava tão ruim que era impossível dizer o que costumava ser. Até hoje tem partes que não temos ideia do que são por que não conseguimos abrir.

    – Senhorita Serena, o tour está ótimo, mas eu gostaria de perguntar: Quais seriam as vantagens de estar dentro da guilda? - Indagou Goro, pensativo.

— Para aqueles que perderam tudo com a queda de Isalys, a guilda representa um novo lar e uma chance de retomar o que perderam. - Respondeu ela, enquanto nos guiava por um corredor a direita. - Pra quem não veio de lá, pode ser uma oportunidade de ter trabalho, comida e um lar seguro. Muitas pessoas que nos procuraram vem de lugares saqueados ou que sofreram com as catástrofes naturais. Quanto aos tipos de trabalhos, sempre precisamos de bibliotecários, fazendeiros, cozinheiros e construtores. Pra quem quer uma fonte de renda maior, há testes de seleção para as alianças uma vez a cada três meses. Aqui tem quase tudo que você pode precisar, mas o ruim é que Dyron é meio isolado do resto do reino. - Ela parou na entrada de uma pequena sala. Uma moça lá dentro, com traços comuns em Sunaria, a cumprimentou.

— Olá Serena!

— Olá Ah Ra! Esses são Will e Goro, e estou lhes mostrando algumas coisas da guilda.

— Novos aqui?

— Talvez. - Respondi.

— Bem rapazes, Ah Ra é a líder da aliança dos Campeões junto de Duncan.

— É um prazer conhecer a senhorita. - Falei.

— Muito prazer, senhorita Ah Ra, é bom ver que as mulheres de Sunaria não perdem sua beleza, mesmo estando tão distantes de sua terra natal. - Disse Goro enquanto fazia uma reverência.

— Obrigada pelo elogio. - Agradeceu ela, um pouco sem graça. - Posso ajudar em algo Serena?

— Eu estava explicando como funciona Dyron e ia começar a falar dos testes para as Alianças.

— Bem, essa e a sala de inscrições. Fica aberta todos os dias a partir das 13 horas. As inscrições podem ser feitas até uma semana antes dos primeiros testes. Há teste de aptidão com armas, um teste de sobrevivência e a parte final de duelos. Serena, você chegou a explicar como funciona para conseguir uma das residências daqui?

— Ainda não. Logo que você chega em Dyron, você pode entrar com uma ficha para pedir uma residência. Ela é cedida para as famílias enquanto elas residem aqui.

— Além da taverna, há outro comércio aqui? - Perguntei.

— A base é como uma pequena cidade escondida, então tem muitas coisas que você encontraria em outros locais. Além disso, comandante Volken fechou acordos com comerciantes, que passam por aqui de tempos em tempos e alguns locais abriram estabelecimentos comerciais também. Com isso, temos tudo que é necessário aqui para manter as pessoas interessadas em ficar.

— Incrível! - Sussurrei. - Pensei que aqui só seria uma base militar, mas é como uma cidade. - Na verdade eu havia imaginado que a base seria um pequeno amontoado de construções perdido no meio do mato, habitadas por uma meia dúzia de rebeldes, mas acho que não seria adequado dizer isso em voz alta.  

Ah Ra pegou uns pergaminhos e entregou dois para mim e dois para Goro.

— O amarrado com a fita amarela é a ficha para pedir uma residência, e o com a fita azul é ficha de inscrição paras os testes das alianças. Estamos precisando de bastante gente, já que tivemos muitas baixas durante as lutas na  vila de Ignikor, então provavelmente os participantes terão grandes chances de serem recrutados. Se tiverem interesse, preencham tudo, e me entreguem a inscrição aqui e a ficha de residência na sala ao lado.

— Muito obrigado, senhorita Ah Ra. - Agradeceu Goro.

— Também agradeço. Tenha um bom dia!

—____________________________________________

    Durante as horas seguintes, Serena nos mostrou onde ficava, a biblioteca, a escola, as salas de treino, os dormitórios, o espaço de treino ao ar livre, a arena e a escola, além de um ou outro pequeno comércio aberto. Tudo parecia meio deserto, e ela nos explicou que por conta de uma expedição e das baixas em Ignikor, a guilda estava bem vazia. Perguntei sobre o que era a tal expedição, mas ela disse que não podia entrar em detalhes conosco. Deveria ser umas 22h quando ela terminou de nos apresentar tudo. Serena foi conosco até a entrada da taverna e se despediu.

— Até que isso foi divertido. - Falou ela, sorrindo para nós. - Espero que decidam ficar, seria bom uns rostos novos por aqui.

— Muito obrigado por tudo. - Agradeci.

— Senhor Mokhar, senhor Wood! - Disse Hinata acenando. - Senhorita Marian me disse que vocês estariam aqui, então decidi ficar esperando. Como foi o passeio pela guilda?   

— Foi bom. - Respondi.

— Foi um passeio agradável. A senhorita conseguiu resolver tudo o que queria com a guilda? - Perguntou Goro.

— Bem, pode-se dizer que sim. A senhorita Marian disse que precisaremos ir para o sul de Tellus, ao norte da guilda, segundo ela, a senhorita Milene conseguiu uma informação, de um contato da guilda de ladrões, de que um oficial de Vorsêris foi visto em uma vila da região, que supostamente estaria fazendo contato com um criminoso procurado por toda Tellus. - Explicou Hinata. - A propósito, senhor Will, aqui estão suas 2500 peças de ouro. - E ela puxou um saquinho com o ouro e o entregou à mim. - Eu agradeço a vocês dois por terem se disposto a me acompanhar.

Eu poderia ficar rico facilmente aceitando aquilo, mas uma voz na minha consciência dizia “Pare”. Eu havia me colocado a disposição para ajudá-la nessa missão e feito a viagem mais exaustiva da minha vida, isso é fato. Porém, eu não fora útil no momento mais crucial, e para dizer a verdade, tenho certeza de que nós três estaríamos mortos agora se Airus não tivesse aparecido. Minha natureza ambiciosa e apaixonada por ouro me inclinava a aceitar, mas meu senso de honra me impediu. Honestamente, se fosse para enriquecer, eu gostaria de ser por meu próprio mérito, não por abusar da boa vontade de uma jovem moça desesperada.

— Eu realmente não posso aceitar. - Falei, rejeitando o saquinho de moedas. - Eu realmente não fui útil em nenhum momento dessa viagem e ao invés de salvá-la, acabei precisando ser salvo por Airus. Não seria certo da minha parte aceitar tanto por nada.    

— Eu faço questão, senhor Wood. De qualquer forma, você arriscou sua vida pra me proteger, eu devo cumprir o combinado.

— Eu realmente não acho que tenha feito nada de importante. - Ela protestou, então pensei um segundo e continuei. - Se faz tanta questão, então façamos o seguinte. Irei com você até Tellus e a protegerei até retornarmos à Guilda Do Alvorecer. Daí darei meu trabalho como encerrado.

 

FIM DO CAPÍTULO 9

 

//EXTRA//

 “Queridos Bea e Jamie.

 Meu trabalho irá demorar mais do que esperado, então devo ficar pelo menos mais umas duas semanas fora. Não se preocupem comigo, eu estou bem. Por favor, se alimentem direito e não arranjem problemas enquanto estou fora.

Eu amo vocês mais que tudo.

Do seu irmão mais velho.

William Wood.”


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