Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído escrita por Mandy, TenshiAkumaNoLink


Capítulo 9
Capítulo 8 - A Sacerdotisa da Sunaria - Hinata


Notas iniciais do capítulo

Só uma observação, pra ajudá-los a se situarem.
Srta. Hills = Marian ou Milene
Um abraço e boa leitura!



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Me separei momentaneamente do Sr.Mokhar e do Sr.Wood para seguir a Srta.Hills e o velho Airus até Dyron. Por ser a minha primeira vez aqui na base como uma diplomata, eu tinha um certo receio de que as coisas pudessem dar errado, mas a presença de Airus me deixou um pouco mais tranquila.

Após algum tempo caminhando, nós entramos em um edifício enorme e nos dirigimos a um local que parecia ser uma sala de reuniões. Ela era oval com as paredes cobertas por algum tipo de raíz,  e tinha uma grande mesa redonda de granito branco no centro. Marian sentou-se em seu assento, com Airus ao seu lado, juntamente de outras pessoas, que eu presumi serem líderes da guilda. Ela olhou me com um sorriso e disse:

— Sente-se ao lado da Choi Ah Ra. Duncan está ocupado interrogando o desertor, ele não deve vir por enquanto. - Ela gesticulou em direção a uma bela dama com traços de Sunaria, pequenos olhos escuros puxados, pele amarela, lábios grossos, nariz levemente achatadinho, com bochechas cheinhas, e cabelo curto castanho. Ah Ra sorriu e fez um gesto encorajador para que eu me aproximasse.

— Por favor, sacerdotisa, conte para nós o que se passa. - Disse Volken, enquanto sentava em sua cadeira. Ele era um homem que parecia ter no máximo uns 65 anos, de cabelo curto, olhos azuis e barba bem aparada, e vestia uma veste nobre cinza e uma capa cor de vinho. Ele era muito parecido com seu irmão mais velho, Airus, mas tinha um olhar que fazia ele parecer zangado sempre.

— Bom, como já deve ser da ciência dos presentes, a casta nobre de Sunaria recentemente estreitou relações com o reino de Vorsêris, para supostas “relações comerciais”. No entanto, eu tenho certeza de que eles estão atrás do poderio militar e do armamento de Sunaria, além dos tesouros nacionais e de um território a mais no seu reino. Infelizmente, a condição para isso é algo que me envolve e eu não posso aceitar tal fato. Portanto eu estou aqui para lhes pedir auxílio nessa questão. - E ao terminar minha fala,  curvei minha cabeça em sinal de respeito.

— Essa “aliança” com Sunaria tem várias outras vantagens para Vorsêris também. A fronteira deles com Sunaria é a entrada mais vulnerável de Vorsêris, e se colocarem eles ao seu lado não terão que se preocupar com isso. - Disse uma mulher atlética e bronzeada do outro lada do sala.

— Bem observado, guardiã Shannon. - Falou Volken. - O território de Vorsêris é praticamente todo cercado por montanhas ou pelo oceano, sendo muito difícil de invadir. Porém, há duas fraquezas. A fronteira com a Sunaria ao nordeste, e o Vale dos Dragões ao noroeste, na fronteira com Mytra. Eles atacaram a Vila de Ignikor, que fica no lado mytriano do Vale dos Dragões e estavam construindo uma muralha lá. Felizmente, a equipe de engendradores e a equipe de campeões frustrou os planos deles por lá e retomamos o controle da região, já que em caso de confrontos, será um ponto estratégico importantíssimo.

— E não é só isso. Sunaria faz fronteira com Vorsêris, tornando mais fácil e barato o transporte de mercadorias entre os reinos, e relações comerciais no momento são necessárias para trazer recursos para Vorsêris, que precisa de recursos para armamentos e suprimentos em caso de guerra. - Complementou uma mulher loira de vestido branco.

— Sunaria é a principal produtora de armamento mágico no continente de Valora. Isso lhes dará um acesso rápido e fácil de algo muito perigoso. - Complementou um homem negro de cabelo trançado usando uma armadura de placas.

— Exatamente diplomata Lorelai e guardião Rach’Nir. Sacerdotisa, ao seu ver, Sunaria está sendo coagida para apoiar Vorsêris ou tem algo a ganhar com isso? - Perguntou-me Volken.

— Eu acredito que a rainha esteja sendo persuadida pelas promessas vazias do rei de Vorsêris, mesmo por que, a razão do estreitamento, é algo que envolve a minha família, a família Kaizen. - Disse com certa decepção em minha voz.

— E o que seria isso, Lady Kaizen? - Perguntou-me Srta.Hills.

— A rainha de Sunaria, para estreitar os laços com Vorsêris, ofereceu a minha mão em casamento para um general do alto escalão do exército de Vorsêris. Como consequência de termos rejeitado, meu pai foi brutalmente assassinado pelo exército sunáro e minha mãe, bem como os outros membros da família Kaizen, condenados à prisão perpétua, correndo risco de serem executados também. Para evitar tudo isso, eu acabei aceitando, mesmo sendo contra a minha vontade… - Respondi enquanto deixava uma lágrima escorrer.

— Sim, mas o que a rainha tem a ganhar com isso? Eles devem ter lhe oferecido algo. - Lorelai aparentemente tentou não soar impaciente, mas sem muito sucesso. - Se existir algo que seja ao nosso alcance, talvez possamos resolver essa questão com a rainha de forma diplomática.

— E se não for o caso, teremos que reunir o maior número de aliados possíveis e preparar os nossos para lutar. - Completou Volken.

— Infelizmente, não é algo que possa ser resolvido com uma “simples conversa”. Desde muito tempo atrás, as famílias da casta nobre de Sunaria vem em segredo tentando derrubar a família Kaizen, pois para eles não passamos de meros clérigos sem qualquer serventia. Se os Kaizen morrerem, os segredos podres da realeza morrem conosco. Toda a corrupção e sujeira dos nobres vão ser esquecidos, coisa que a família Kaizen tenta expor ao povo, sem sucesso, infelizmente. O sistema de castas determina quem deve morrer ou viver com base em suas classes sociais ou valor de mercado, e eu estou farta disso! - Em meio a minha revolta, bati na mesa e corei ao ver as expressões dos presentes. - Me desculpem, me exaltei um pouco.

— Você sabe de alguns desses “segredinhos sujos”? - Perguntou um sujeito tão grande quanto um urso, que estava sentado ao lado de Marian. - Talvez possamos traçar algum plano para colocar a população contra a rainha e assim trazer aliados.

— Bem pensado, Bear. - Disse Srta. Hills para ele. - Vamos precisar de mais forças pra conseguir fazer alguma coisa. Se conseguirmos derrubar a rainha e ainda recrutar algumas pessoas, matamos dois coelhos com uma cajadada só.

— Existem muitos desvios de dinheiro, aumentos abusivos de impostos, escravismo, exílio do povo draconiano para a parte subterrânea de Deep Blue Ocean, pessoas inocentes sendo mortas a mando da rainha, entre muitos outros podres. Para a rainha, somente as pessoas que pagam seus impostos, tem o direito de serem chamados de cidadãos. Os que não pagam, ou são marginalizados pela sociedade e na maioria das vezes se tornam criminosos, ou são transformados em escravos. Infelizmente essa é a realidade de Sunaria.

Comandante Volken ficou em silêncio tamborilando os dedos na mesa por alguns segundos, e então ergueu a cabeça e disse:

— Marian, Bear, quero que os engendradores esboçem um plano de ação para conseguir aliados em Sunaria. De preferência, escolham as opções que envolvam menos derramamento de sangue. Lorelai e Thales, vocês devem ir até a capital de Mytra discutir a situação com o rei e tentar conseguir o máximo de ajuda que for possível Mytra será a primeira afetada em uma guerra, pois apoiou Isalys, a maior inimiga de Vorsêris, em tempos difíceis, e eles provavelmente irão procurar a princesa Lyna aqui primeiro, para poder libertar o território de Isalys da magia de sangue que os impede de assumir o território. Também tentem entrar em contato com a guilda de ladrões para conseguir informações úteis. - Ambos assentiram com a cabeça e Volken deu sequência a sua fala. - Ah Ra, coloque nos avisos que as vagas abertas nas alianças serão duplicada e deixe Duncan a par de tudo que foi discutido. Shannon e Rach’Nir, sei que o foco dos guardiões é a proteção de Dyron, mas irei precisar de vocês em outro lugar. Ignikor está frágil por conta dos ataques de Vorsêris, então precisam de reforços. Manter o controle da região é essencial, então preciso que levem engenheiros e magos para reforçar as defesas de lá. Eu irei enviar cartas para os líderes dos Exploradores retornarem a Dyron. Há algo que falta ser discutido nessa reunião?

— Há mais uma coisa. - Srta. Hills colocou uma carta na mesa. - Minha irmã, Milene, me enviou isso de Tellus.  

 

“Minha amada irmã Marian!

 

Uma fonte da guilda de ladrões me disse que um oficial de Vorsêris foi visto na vila de Wyzen-Har, ao sul de Tellus. Aparentemente ele estava entrando em contato com um criminoso muito procurado lá, que segundo o contato, não tem nenhuma ligação com a guilda de ladrões. Minha investigação sobre ele me revelou que seu nome é Iseu e que ele é um engenheiro poderoso, que usa muitos artefatos mágicos como complemento para suas invenções. Precisarão tomar cuidado com ele, então evite uma ação de ataque muito direta ou ocorrerão baixas desnecessárias.

Por favor, tome cuidado e evite ficar a mercê da sua magia. Nós duas sabemos que apesar de você ter evoluído muito em questão de controle dela, ela ainda é muito instável.

Te amo.

M. H.”

 

— Nós precisamos saber o que eles estão tramando. E temos que agir rápido, de preferência antes dos exames para as alianças, ou podemos perder essa oportunidade. Se o senhor estiver de acordo, eu gostaria de ir até Tellus para descobrir isso, enquanto Bear trabalhará em um plano para resolver a questão com a Sunaria.

— É uma boa ideia, Marian. - Concordou Volken. - Vá em um grupo pequeno para não chamar a atenção.

— Sim, senhor.

— Eu irei também. - Falei enquanto me levantava. - Gostaria de poder ajudar a Srta. Hills no que for necessário.

— Você não deveria se arriscar, afinal você será uma peça importante nesse tabuleiro.

— Volken tem razão, Srta. Kaizen - Comentou Ah Ra.

— Não se preocupem, eu ficarei bem. Afinal, conseguir fugir do intrincado sistema de guardas do reino de Sunaria sem ser percebida, não é para muitos. Tenho certeza de que posso ajudar. Por favor, me deixem ir!

Volken suspirou.

— Se você insiste tanto, vá. Mas escute a Comandante Hills e não assuma riscos desnecessários.

— Eu ainda acho isso uma má ideia, mas o pescoço é seu. - Disse Ah Ra.

— Está bem, irei tomar cuidado senhor!

— Vão com os deuses.

—_______________________________________________

 

Quando eu e Marian saiamos da sala de reuniões, começamos a discutir o plano, até que me ocorreu o seguinte: Eu não havia informado minha vinda a nenhum dos membros da Guilda, como então eles poderiam ter adivinhado que eu chegaria aqui para discutir tais coisas com eles. Então virei-me para senhorita Hills e perguntei:

— Senhorita Hills, se não for incômodo, eu gostaria de saber como ficaram sabendo que eu chegaria aqui hoje, sendo que nem eu sabia?

— Ah, isso? - Ela deu uma risadinha e prosseguiu. - Há uma “vidente” aqui na guilda, a esposa do Bear. Ela previu a sua chegada, então conseguimos nos organizar para recebê-la. As pessoas a chamam de ‘bruxa cega” por que ela teve os dois olhos arrancados quando foi prisioneira de Vorsêris, mas não é uma boa ideia chamá-la assim diante dela. Seu nome real é muito difícil de pronunciar para as pessoas de Isalys e Mytra, então os mais próximos dela lhe deram um novo nome: Elise.

— Oh eu..Entendo…
    Logo em seguida minha visão ficou turva, comecei a me sentir fraca e fiquei com muita dificuldade de respirar. Eu imaginava que isso fosse acontecer, mas não tão “cedo”. Isso é algo comum para nós sereias quando ficarmos um tempo fora da água, pois nossos corpos ficam muito desidratados. Após alguns segundos, eu caí de joelhos no chão e antes que eu desmaiasse, sussurrei:

— Pre..ciso de… á..gua…

 

—_______________________________________________

 

 Acordei com uma voz desconhecida falando:

— Ela deve acordar em pouco tempo, pelo menos é o que diz aqui no livro.

— Olhe, ela está se mexendo. - Parecia ser a voz de Marian.

— Onde.. eu estou? - Perguntei ainda atordoada. - Água… água! - Dei um mergulho profundo e logo em seguida saltei para fora da água, mostrando minha verdadeira forma, a forma de uma sereia. - Já fazem tantos dias desde que eu me senti desse jeito!

— Você não deveria ficar muito tempo fora da água. - A moça desconhecida tinha cabelos longos castanhos, rosto redondo, olhos verdes e vestia uma túnica de clériga azul. Sorrindo pra mim, apresentou-se dizendo. - Me chamo Myra Olsen, sou a clériga chefe da Guilda Do Alvorecer. Fico feliz que tenha recobrado a consciência.

— Muito prazer, me chamo Hinata Kaizen, sacerdotisa da lua negra e clériga de Deep Blue Ocean em Sunaria. Obrigada por terem me trazido até essa cachoeira senhorita Olsen e senhorita Hills.

Marian pegou um vestido que estava dobrado sobre uma rocha ali perto e disse:

— Enquanto você não acordava, busquei isso para você. Vista-o quando for sair.

— Oh, é um lindo vestido! Obrigada senhorita Hills. Usarei com muita honra com certeza!

— Se estiver de acordo, você ficará comigo e Myra no dormitório dos Engendradores. Há bastante vagas lá, é mais perto do rio do que a taverna e Bear talvez precise da sua ajuda para bolar alguma coisa em relação a ação contra a Sunaria.

— Será ótimo desfrutar de vossa companhia senhorita Hills. Além da companhia da senhora Olsen, claro! Mas, antes eu preciso falar com os meus amigos que me escoltaram até aqui, mas não faço ideia de onde eles estão.

— Serena iria lhes mostrar a base e então iria levá-los para a taverna, onde eles deverão ficar hospedados. Quer que eu lhe mostre o caminho?

— Sim, por gentileza.

 

FIM DO CAPÍTULO 8


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