Sobrevivendo Ao Verão Com Você escrita por teffy-chan


Capítulo 4
Capítulo 4 - Constrangimento




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O coração de Setsuna disparou ao ver a figura de Konoka, usando apenas uma toalha enrolada ao redor do corpo, se aproximar dela. Céus, justo agora que tinha decidido se afastar da amiga ela tinha que aparecer na sua frente? Ainda mais nesse estado! Ela recuou um passo, depois outro, mas a garota continuava se aproximando.

— Setchan — Konoka chamou novamente — Por que você saiu correndo daquele jeito? Foi por causa das coisas que a Asakura falou?
— Não… não foi por causa dela, Milady — Setsuna respondeu, olhando para o chão, para as paredes e para pia, para qualquer coisa que não fosse Konoka.
— Já te pedi para não me chamar de "Milady" — Konoka reclamou — Me chame pelo meu nome, como quando éramos pequenas.
— Eu não tenho esse direito — Setsuna recuou mais um passo em direção ao chuveiro. Konoka se aproximou dela a passos firmes e segurou as mãos da garota entre as suas.
— Setchan, o que está havendo com você? Eu sei que tem algo errado. Mas, se você não me disser o que está acontecendo eu não vou entender — ela baixou um pouco as mãos e se aproximou mais alguns centímetros. Setsuna pode sentir as mãos roçando nos seios dela e sentiu seu rosto corar furiosamente — Eu fiz alguma coisa que a magoou?
— Não… você não fez nada de errado. Não você… quero dizer — Setsuna atrapalhou-se com as palavras.

Não podia contar aquilo para ela. Se contasse as coisas estranhas que andava sentindo, aí sim Konoka a odiaria. Ela não poderia suportar isso. Principalmente porque nem ela mesma sabia porque andava pensando nessas coisas. Não era a primeira vez que via Konoka daquele jeito, e provavelmente não seria a última, elas já tinham tomado banho juntas no banheiro coletivo da escola afinal.

Ah, é mesmo. Era um banheiro coletivo, então elas nunca estavam sozinhas. Praticamente toda a classe ia se banhar ao mesmo tempo, então a atenção dela nunca ficava focada o tempo todo em Konoka. Mas aquela era a primeira vez que elas tomavam banho juntas, sozinhas.

— O que? — Konoka perguntou outra vez — O que aconteceu?
— Não… não foi nada — ela mentiu — Eu preciso ir agora. Com licença — ela soltou as mãos de Konoka gentilmente e deu as costas para a garota.
— Espere — Konoka chamou antes que Setsuna começasse a se vestir, sem se dar ao trabalho de olhar para ela — Você não é apenas minha amiga. É minha guarda-costas também, não é? Você mesma vive dizendo isso. Então fique aqui e tome conta de mim até que eu termine meu banho.
— Sim… como quiser, Milady — por mais que desejasse sair dali, Setsuna não podia negar aquele pedido. Embora tivesse estranhado aquilo. Konoka não costumava agir daquele jeito.

Mas é claro que havia um motivo para isso. Konoka conhecia aquela atitude, e não gostava nada dela. Setsuna estava agindo da mesma forma de quando se afastou dela anos atrás, quando ainda eram crianças. Ela demorou muito para conseguir se reaproximar de Setsuna, e não iria deixar que ela se afastasse de novo. Nem que para isso tivesse que recorrer à sua posição de "garota rica" para manter Setsuna por perto até conseguir descobrir qual era o verdadeiro problema.

Por que Setsuna estava agindo assim… o que ela tinha feito? Setsuna era bondosa demais para se queixar do que quer que tivesse acontecido e sempre guardava seus problemas para si mesma, não seria fácil descobrir. Talvez, se conversasse com alguém a respeito… ou se pensasse com calma sobre tudo o que tinha feito hoje, pudesse perceber algum detalhe que tinha deixado escapar… sim, talvez isso isso ajudasse. E também, quem sabe um banho frio não ajudasse a clarear seus pensamentos? Sim, ela poderia esfriar a cabeça depois de um banho…
Ou não.

— Ah!
— Milady? O que aconteceu? — Setsuna invadiu o boxe preocupada e viu que Konoka estava encolhida em um canto, o corpo desnudo parcialmente molhado, aparentemente tentando fugir da água. Ela não conseguia sequer alcançar a torneira para fechar o chuveiro.
— Setchan, essa água está muito quente! Parece até água fervendo! — a garota choramingou
— Céus, a água! Eu esqueci de avisar — Setsuna adentrou o boxe e fechou a torneira, sem se importar com os respingos de água fervendo que caíam em sua roupa. Em seguida esticou a mão para ajudar Konoka a sair do boxe, que a aceitou timidamente. Setsuna examinou o corpo da garota rapidamente. Começava a se formar bolhas de queimadura nos braços e nas costas — Milady, sinto muito, esqueci completamente de avisar que a água do chuveiro está extremamente quente…
— Tudo bem, não foi culpa sua — Konoka murmurou, tentando segurar o choro. As queimaduras doíam terrivelmente — Espera, Setchan, você tomou banho assim mesmo? Com essa água fervendo?
— Sim… meu corpo é treinado para resistir a altas temperaturas, se for por um curto período de tempo — a garota respondeu vagamente, pensando no que fazer. Esqueceu-se completamente de que Konoka tinha sido criada como uma garota normal e não tinha recebido o mesmo treinamento que ela.
— Setchan, parece que tem pomada para queimadura na recepção — Konoka contou enquanto examinava o estrago feito no próprio braço — O Kotaro estava passando mal por causa do calor e a Natsumi estava passando pomada para queimadura nele agora a pouco. Ela disse que pegou na recepção.
— Verdade? Então eu vou lá buscar, me espere aqui.

Setsuna saiu correndo do banheiro e voltou em menos de um minuto com um frasco de pomada nas mãos. Sério, em menos de um minuto. Konoka sabia o quanto a garota era veloz, mas nunca deixava de se impressionar com isso.

— Onde você se queimou, Milady?
— Meus braços… e nas costas também — a garota afastou os longos cabelos para mostrar a queimadura.
— Céus… é melhor cuidar logo disso para não ficar nenhuma marca.

Setsuna colocou um pouco de pomada na mão e começou a espalhar pelas costas da amiga. Konoka tinha a pele rosada e macia, seria terrível se ficasse alguma cicatriz de queimadura. Depois fez o mesmo com os braços. Tinha usado metade do frasco, mas tinha certeza de que as queimaduras logo se curariam.

Konoka se vestiu enquanto Setsuna lavava as mãos na pia (que também continha água quente) para se livrar da pomada.

— Obrigada por cuidar de mim, Setchan — Konoka sorriu para ela, agora completamente vestida.
— Imagine. Só quero que você melhore — Setsuna virou-se para ela enquanto enxugava as mãos em uma toalha.
— Mas eu não achei que você fosse fazer isso. Quero dizer, achei que você sairia correndo de novo, ou pediria para algumas das meninas vir me ajudar — Konoka falou — Porque você parece estar com vergonha de mim ultimamente ou coisa parecida… é por isso que você está me evitando?

Setsuna arregalou os olhos diante daquela pergunta. Era verdade, ela estava evitando Konoka por estar sempre envergonhada quando chegava perto da amiga, mas esse era apenas um dos motivos. Não sabia nem como tinha suportado vê-la apenas com uma toalha ao redor do corpo, mas… céus, ela acabara de ver a garota sem nada. Só de pensar nisso seu rosto começava a esquentar mais do que aquela maldita água fervendo do chuveiro. Mas espere, por que ela só percebeu isso agora? Não sentiu nada disso no momento em que estava vendo Konoka sem roupa, enquanto a tirava do boxe ou enquanto passava pomada nela… ah céus, ela tinha tocado em Konoka enquanto a amiga não usava nada… Setsuna poderia morrer de vergonha ali mesmo. Não, espere, isso não fazia sentido. Por que ela só estava pensando nisso só agora? Bem, talvez porque no momento em que isso aconteceu ela estava mais preocupada com o bem-estar de Konoka… realmente, evitar que a amiga sentisse dor ou ficasse com alguma cicatriz de queimadura era a maior prioridade para ela.

Então… talvez ela não fosse apenas uma pervertida afinal. Ela ainda se preocupava com a segurança de Konoka, o bem estar da garota sempre fora o mais importante para Setsuna. Mas então o que raios era aquilo que ela andava sentindo por Konoka?

— Eu estou dizendo, essas fotos vão vender aos montes quando voltarmos para a escola. As garotas vão adorar!
— Elas iriam gostar ainda mais se fosse de graça…
— Isso não é justo, Asakura, eu exijo o meu cachê!

Konoka e Setsuna ouviram as vozes das amigas, cada vez mais alto. Elas provavelmente estavam vindo para o banheiro. Não era uma boa ideia continuar aquela conversa ali. Na verdade Setsuna não queria continuar aquela conversa.

— Desculpe, mas eu realmente preciso ir agora. Por favor, cuide dessas queimaduras, Milady — Setsuna falou, deixando o frasco de pomada em cima da pia e se retirando antes que as garotas entrassem.

 

 


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Setsuna evitou ficar a sós com Konoka ou sequer falar com ela durante o resto do dia. O grupo descobriu, para sua infelicidade, que o hotel só oferecia duas refeições por dia, então eles teriam que aproveitar bem o jantar. Todos ficaram indignados com isso, pois no dia seguinte teriam que escolher entre ou tomar café da manhã ou almoçar. Mas deixaram para pensar nisso mais tarde, pois, também descobriram, da pior forma possível, que também precisariam de
muita pomada para queimadura. Konoka havia deixado o banheiro logo depois que Setsuna saiu e seguido na direção oposta, de modo que ninguém avisou às demais meninas, nem aos garotos, sobre a água absurdamente quente do chuveiro do hotel.

Agora já era noite e, como todos já estavam bem alimentados e o trauma do chuveiro quente já havia passado, eles haviam chegado no ponto crucial daquele dia: Quem dividiria o quarto com quem.

— Muito bem — Haruna começou — Estamos reunidos aqui hoje para…
— Discurso errado, Haruna — Yue interrompeu.
— Não, é esse mesmo! — a garota prosseguiu — Reunidos no saguão desse hotel para decidir como será feita a divisão dos quartos. E também, quem dividirá o quarto com o professor Negi!
— O que? — a maioria ali gritou ao mesmo tempo.
— Espera aí, que história é essa, Haruna? — o garoto gaguejou.
— Bem, são quartos compartilhados, então é claro que você também vai precisar dividir o quarto com alguém, professor — Haruna respondeu em um falso tom inocente.
— Estava demorando… — Asuna passou a mão pelos cabelos ruivos — Não comece com essa palhaçada, Haruna. Você só quer causar confusão envolvendo o Negi de novo.
— Eu? Querendo causar confusão? Imagine! — ela se fingiu de ofendida — Eu já disse, são quartos compartilhados, então é claro que ele também precisa dividir com alguém…
— E você está se aproveitando desse fato para criar confusão — Asuna jogou na cara dela.
— Certo. Não quer causar confusão? Tudo bem — Haruna ajeitou os óculos. Em seguida caminhou até onde Nodoka e Yue estavam e apoiou uma mão em cada ombro das amigas — Nodoka, Yue, vocês dividem o quarto com ele. Pronto, está resolvido.
— Como assim, Haruna? — Yue se afastou da garota como se fugisse das garras de um monstro.
— Não podemos fazer isso! — Nodoka se encolheu de medo.
— E por que não? — ela perguntou — Um dos quartos que alugamos são para três pessoas. É a chance de vocês.
— Bem, sim, mas… — Nodoka deu uma rápida olhada para Negi e depois voltou a encarar a amiga — Haruna, ele é nosso professor, não podemos fazer isso…
— Certo, então vamos fazer o seguinte — Asakura se intrometeu — Vamos fazer uma guerra de travesseiros. Quem vencer divide o quarto com o professor Negi.
— Oh! Grande ideia, Asakura! — Kaede exclamou — Estou dentro.
— O que, você também vai participar, Kaede? — Setsuna indagou surpresa. Já esperava isso das outras, mas isso era novidade.
— Parece divertido — ela deu de ombros. Aparentemente só queria brincar de guerra de travesseiros mesmo.
— Que seja. Divirta-se então — ela deu-lhe as costas e seguiu para o quarto mais próximo.
— Ei, Setsuna! — Asuna chamou — Não vai participar?
— Não, obrigada — ela acenou, dando boa noite.
— Isso não me surpreende. Não é no Negi que ela está interessada — Asakura riu maldosamente — Mas o que será que vai acontecer se a Konoka vencer a guerra de travesseiros e dividir o quarto com o professor Negi…?

Setsuna parou de andar. Ela não tinha pensado naquela possibilidade. Avaliou rapidamente as opções. Pelo que lembrava, Konoka era boa em guerras de travesseiro, mas tinha que admitir que a garota não tinha chances de vencer contra Asuna ou Kaede. Mas sempre havia a possibilidade de as duas lhe darem uma colher de chá e deixá-la vencer. E se isso acontecesse… bom, Negi não seria capaz de fazer nada inapropriado com ela, não é? Mas ela não conseguiria dormir em paz pensando nisso. Por fim, virou-se e voltou para o saguão do hotel.

— Milady, vai participar dessa guerra de travesseiros? — ela perguntou.
— O que? — Konoka surpreendeu-se com a pergunta — Não sei… parece divertido, mas eu não quero o prêmio. Sem ofensa, Negi — ela acrescentou rapidamente.
— Tudo bem — ele mal escutou o que Konoka tinha dito — Garotas, parem com isso. Eu não posso dividir o quarto com nenhuma de vocês.
— Estou achando que você não tem direito de dar opinião aqui, Negi — Kotaro observou ao ver que o amigo foi ignorado. Elas já tinham ido para o maior quarto que tinham alugado para começar a "guerrear" — Deve ser difícil ser tão popular… — ele comentou. Negi não sabia se ele estava com inveja ou se estava sendo sarcástico.
— Quanta idiotice — Setsuna sentou-se no chão ao lado deles. Konoka tinha decidido não participar da guerra e ficou lá também — O resultado é tão óbvio.
— Tanto faz o resultado, por que você não escolhe uma e pronto? — Kotaro perguntou para o amigo - Eu quero ir dormir, estou exausto… - ele reclamou. Então não era nenhuma das duas opções, nem inveja e nem sarcasmo. Ele simplesmente não ligava mesmo.
— Não posso simplesmente escolher uma porque não posso dividir o quarto com nenhuma delas! — Negi exclamou, enterrando o rosto nas mãos — Por que sempre acaba assim?

 

 


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No fim das contas, Setsuna tinha razão. O resultado era óbvio. Todas as garotas ficaram completamente exaustas e ninguém venceu a guerra de travesseiros, que permaneceu empatada por tempo indeterminado. Negi dividiu o quarto com Kotaro, que era o único garoto do grupo além dele, uma divisão realmente óbvia. Haruna, Nodoka e Yue ficaram com o quarto que era para três pessoas. As três faziam parte do Clube de Exploração da Biblioteca da escola, então já era de se esperar que ficassem juntas. Asuna dividiu o quarto com Konoka. Elas já compartilhavam o quarto no dormitório da escola, também era natural que dividissem o quarto do hotel. Setsuna dividiu o quarto com Kaede, que costumava treinar artes marciais com ela nas horas vagas. Natsumi foi quem teve a pior sorte, ela dividiria o quarto com Asakura, que
certamente iria lhe encher de perguntas constrangedoras a noite toda, impedindo a garota de dormir em paz.

— Ué? — Asuna deu um giro completo no meio do quarto — Não tem ar-condicionado? Não acredito!
— É o que parece…
— Mas que porcaria de hotel pobre! — Asuna reclamou — A Haruna tinha razão, é tudo propaganda enganosa — notou então que não obteve resposta. Konoka geralmente riria do comentário ou tentaria acalmá-la, mas a garota estava em silêncio, arrumando sua bagagem desde que entraram no quarto — Tudo bem, Konoka?
— Hein? — ela levantou a cabeça para encará-la — Sim, é claro.
— Pois não parece — Asuna sentou-se no chão ao lado dela — Ah, já sei. Você queria ter dividido o quarto com a Setsuna, não é?
— Até você vai ficar falando isso, Asuna? — ela exclamou em tom defensivo.
— E não é verdade? — a garota ergueu uma sobrancelha.
— Sim… mas a Setchan disse que não era uma boa ideia — Konoka respondeu, fechando a mala — E que, como eu já estou acostumada a dividir o quarto com você no dormitório da escola, seria melhor dividirmos o quarto aqui também.
— Desculpa, você já deve estar cansada de olhar para a minha cara, não é? — a garota coçou o rosto sem graça.
— Não, é claro que não! — Konoka apressou-se a dizer — É só que… Asuna, acho que a Setchan está zangada comigo.
— Zangada? — Asuna repetiu surpresa — Não seja boba, a Setsuna seria incapaz de ficar zangada com você, Konoka. Ela praticamente vive para te proteger… na verdade acho que é isso mesmo que ela faz — a garota falou incerta.
— Então magoada, talvez — Konoka falou em dúvida — Acho que fiz algo de errado, mas não sei o que. A Setchan anda agindo estranho e parece estar me evitando.
— O que aconteceu exatamente?

Konoka relatou os acontecimentos do dia de hoje. Falou sobre que aconteceu na praia, sobre a conversa delas, quando ela caiu em cima de Setsuna, sobre as fotos que Asakura tirou e que Setsuna a forçou a apagar e depois sobre o que aconteceu no banheiro. Ela contou tudo com detalhes. Detalhes até demais. Conforme ia falando, o queixo de Asuna ia caindo e os olhos iam se arregalando, e quando terminou de falar, o rosto da garota estava mais vermelho do que seus cabelos ruivos.

— Ai, Konoka… por favor, me diz que você está exagerando nesses detalhes…
— Não é exagero, aconteceu do jeito que eu falei — Konoka respondeu. Ela realmente não conhecia limites — Eu realmente fiz algo de errado, não é? Me diz o que foi.
— Não acho que você tenha feito algo errado, é só que… ai, eu nem sei o que dizer… — Asuna tampou a boca e desviou o rosto para o lado. Estava envergonhada por ouvir aquilo com tantos detalhes, mas ao mesmo tempo aliviada por ser ela a escutar aquilo. Se Konoka tivesse decidido conversar sobre esse assunto com Asakura ou Haruna, que os céus tivessem piedade dela e de Setsuna. E os céus provavelmente não teriam piedade delas — Konoka… você conhece a Setsuna melhor do que eu, são amigas de infância. Você deve saber como ela é tímida, não é?
— Ela é mesmo. A Setchan fica uma graça quando está envergonhada — Konoka riu, lembrando-se das ocasiões em que isso acontecia.
— Hã… certo — Asuna preferiu não opinar sobre aquilo — O que eu quero dizer é que talvez você possa estar passando um pouco dos limites. Digo, você pode achar que ela fica… — qual era a palavra para se usar aqui? Talvez Haruna fosse melhor nisso do que ela afinal — Hã, bonita quando está envergonhada, mas acho que você está exagerando. Ninguém gosta de se sentir sem graça, sabe?
— Então é por isso? — Konoka arregalou levemente os olhos castanhos enquanto repassava várias lembranças em sua mente.

De fato, sempre que ela abraçava Setsuna, ou simplesmente segurava sua mão, deixava a garota embaraçada. Mas o que tinha acontecido hoje talvez tivesse sido a gota d'água. Afinal, abraçar era uma coisa, mas tocar uma garota como Konoka a tinha tocado… de repente ela mesma sentiu-se envergonhada pelo que tinha feito com a amiga. Céus, no que ela estava pensando? Na verdade não estava pensando em nada. Como sempre… ela nunca pensava nas consequências e deixava a bagunça para Setsuna arrumar depois. Até mesmo quando ela podia consertar algo, ela não fazia. As queimaduras de hoje, por exemplo, ela mesma tinha acabado de curar alguns minutos atrás quando veio para o quarto usando seu Artefato.

O Artefato que obteve assim que descobriu sobre a existência da magia e fez um pacto com Negi, o Regina Medicans, era capaz de curar qualquer tipo de ferimento. A enorme quantidade de magia que herdou de seus antepassados e que esteve adormecida dentro de si até o ano passado contribuía para que a cura fosse mais eficaz, e agora não restava nenhum rastro das queimaduras horríveis daquela tarde.

Mas nem isso ela pensou em fazer antes. Deixou que Setsuna se preocupasse com ela, que cuidasse dela mais uma vez, mesmo a garota estando envergonhada com o que tinha acontecido mais cedo. E precisou que outra pessoa lhe dissesse o erro que tinha cometido. Não tinha sido sequer capaz de perceber o próprio erro sozinha. Acabou por expor Setsuna ainda mais contando sobre aquilo para Asuna. Céus, como ela era terrível. Setsuna se dizia inútil por não ter conseguido salvá-la quando eram crianças, mas estava enganada… ela é que era a inútil ali. Não conseguia fazer absolutamente nada sem Setsuna. E veja só o tamanho da besteira que tinha feito. Talvez a garota não quisesse mais ficar perto dela depois daquilo.

— Asuna… a Setchan tem vergonha de mim? — ela perguntou por fim — Ela deve ter, não é? Eu sou apenas um fardo para ela, e ainda fico fazendo essas coisas horríveis sem nem perceber…
— Não, é claro que não! Ela não tem vergonha de você, Konoka — Asuna se apressou a dizer — Pelo menos não nesse sentido.
— Como assim?
— Bem… — Asuna fez uma pausa. Será que devia mesmo falar sobre isso? Era um assunto muito pessoal. Bom, mas agora já tinha começado, então era melhor terminar — Por exemplo, você reparou em como ela ficou envergonhada quando te viu de biquíni?
— Sim, eu percebi — Konoka assentiu.
— Então! Eu não notei ela reagindo desse modo com mais ninguém — Asuna contou. Percebeu que a amiga ia perguntar alguma coisa e a interrompeu — Acho que você deveria perguntar o motivo para ela. Agora vamos dormir. Já está ficando tarde — ela pulou para a cama mais próxima e virou para o canto, torcendo para não ter se intrometido demais naquele assunto.
— Obrigada, Asuna. Boa noite — Konoka respondeu da outra cama, pensando no que a amiga tinha acabado de dizer.

 


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