Rock Lee estava andando cabisbaixo por Konoha. Ele não sabia ao certo como se desculpar com Tenten e, diferente das outras brigas, dessa vez ela se recusou a falar com ele até agora...

Sem saber mais como pedir desculpas, perdão e seja lá mais o que precisasse, o rapaz se sentou em um dos bancos da praça pela qual caminhava e tentou pensar em algo.

— Cansado, sobrancelhudo? — Naruto perguntou enquanto praticamente se jogava no banco, ao lado do amigo.

— Na verdade... — o ninja vestido de verde parou de falar assim que notou o estado do amigo — Estava desenvolvendo uma nova técnica de treinamento com lama e folhas!? — os olhos ligeiramente esbugalhados se encheram de brilho.

— Hun? Ah! Isso!? — o loiro olhou para si mesmo — Não, não... Eu estava só regando algumas flores...

Naruto mais parecia ter saído de uma briga contra as árvores do parque. Estava completamente sujo de lama e com algumas folhas agarradas nele, até mesmo um galho pequeno saindo dentre os fios de cabelo.

— Isso parece ser bem relaxante!

— Você realmente não entende o significado dessa palavra, Lee... — Neji resmungou enfiado em um arbusto ao lado deles.

— Costuma ser... — o Uzumaki coçou a nuca — Mas eu tive um pouco de trabalho com algumas flores, elas escolheram crescer logo entre...

Enquanto Naruto falava e falava sobre suas aventuras como jardineiro, Rock Lee só conseguia pensar o quão divertido seria regar flores assim como ele. Deveria ser quase uma missão no meio da floresta, como se uma flor indefesa precisasse ser salva da mata selvagem.

— O que eu preciso fazer!? — o ninja com cabelos tigelinhas já estava de pé, com as “chamas da juventude” emanando pelo corpo.

— Primeiro você precisa de um regador! — o loiro, assim como o outro, também estava eufórico agora.

Os dois saíram correndo para recolher o “material” necessário para a iniciação de Lee na jardinagem, enquanto Neji permaneceu no mesmo lugar um tanto mais chocado que o normal.

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Horas de correria depois, os dois amigos estavam de volta no mesmo lugar da praça. Naruto ainda estava sujo de lama e com folhas agarradas nele, armado de um ancinho e um regador. Lee estava com uma mangueira enrolada e pendurada no ombro, armado de outro regador.

— Certo! — o rapaz de cabelos tigelinha disse — e agora?

— Você precisa achar uma flor... — o loiro começou — Mas não qualquer flor! Precisa ser especial ao ponto de você querer dedicar seu tempo e cuidado a ela! Você jamais vai poder deixar algo de ruim acontecer, como pragas ou ervas daninhas, água ou sol demais!

Ao fim do discurso, Naruto já estava de pé em cima do banco e em uma pose heroica. Rock Lee estava com cascatas de lagrimas escorrendo pelo rosto, comovido com tudo. Neji, que ainda estava escondido exatamente no mesmo lugar, se contorceu para não gritar o quanto tudo aquilo era idiota para quem ouvia.

— E então, Lee! — Naruto apontou para o amigo — Que flor você escolhe!?

— ... Er... — na verdade, o sobrancelhudo nem ao menos sabia onde encontrar a tal flor especial — Eu preciso achar ela ainda, eu acho...

— Certo!

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Os dois zanzaram por toda a praça.

Lee tinha uma escassez bruta de conhecimento sobre flores e plantas, o que levava a perguntas bem repetitivas:

— E isso? — ele apontou para um amontoado de folhas verdes.

— Não, isso não dá flor... — Naruto disse com uma mão no queixo, analisando.

— E essa?

— Isso é uma árvore!

— Árvores dão flores! — o sobrancelhudo teimou.

— Mas não precisam ser regadas e protegidas como uma flor! — Naruto rebateu.

— Hun... Isso? — agora ele apontou para uma região onde a grama estava um tanto mais alta.

— Não.

— Aqui?

— Isso é só mato...

— Essa?

— Isso é outro tipo de mato...

Depois de mais várias e várias perguntas do gênero, Lee finalmente apontou para uma flor e exclamou, animado:

— É essa! — os olhos dele brilhavam.

— Nem pensar! — Naruto bateu o pé — Essa eu já estou cuidando... — emburrado, o loiro se jogou no chão e ficou esperando até outra “grande descoberta” do amigo.

— Então é essa aqui! — o sobrancelhudo, sem se deixar abater pelo desanimo, apontou para uma pequenina mudinha que estava lutando para crescer.

— Isso é só ma... — o de olhos azuis parou — Essa parece ser uma flor bem bonita!

— Então será essa! — o ninja com cabelos tigelinha jogou todo seu equipamento de jardinagem no chão e ficou encarando — E agora?

— Só regar e esperar — Naruto sorriu.

— Esperar quanto, mais ou menor?

— Até ser a hora de regar de novo...

— E depois já vai estar feito?

— Claro que não! Você vai esperar mais, regar, esperar... Por ai vai — o Uzumaki sorriu — Por isso é tão especial, você acompanha o crescimento dela!

— É... — um tanto mais desanimado, Lee concordou — Vou esperar e acompanhar...

— Isso mesmo, não é incrível!? — os olhos azuis de Naruto transbordavam de animação.

— Sim! — por mais que tentasse parecer animado, Lee estava quase regando a tal florzinha com suas lagrimas de decepção: havia perdido seu treino da tarde com aquela história de jardinagem praticamente atoa.

— Não há de que, sobrancelhudo! — o outro acenou, já se afastando — Não esqueça de falar com ela, é importante!

— Como conversar com uma flor poderia ser importante? — Lee se abaixou ao lado de sua mudinha, olhando-a e tentando descobrir como aquilo poderia “conversar” com ele.

— Não é como se existisse uma fórmula mágica para fazer flores crescerem... — Neji comentou, escondido em um arbusto próximo.

— É isso!

— Isso o que? — o Hyuuga encarou o amigo enquanto já se preparava para mais idiotices.

— Preciso de uma fórmula mágica!

Novamente com as “chamas da juventude” emanando pelo corpo, Lee saiu em disparada, largando um confuso Neji para trás.

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Lição número trinta e cinco: regue e espere.