HOLD THE LINE - Livro #01 escrita por Lyra


Capítulo 3
CAPÍTULO 3 - Season of Witch




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As aulas do primeiro período da manhã foram monótonas e os minutos pareciam durar uma eternidade para passar, a única diversão que Lola teve durante a manhã foi o teste de álgebra aplicado pelo professor na segunda aula. Diferente de muitos dos colegas, ela havia se preparado para o exame durante o final de semana. Afinal, não havia nada de interessante para fazer durante a noite de domingo além de estudar.

A diversão da Lola não era o teste em questão. Mesmo que muitos a considerassem "estranha" por não se enquadrar no que julgavam como comportamento adolescente padrão e sua inteligência avançada, ela ainda sentia desgosto  por exames, tarefas de casa e, principalmente, em estar no colégio. O que ela achava realmente divertido durante as provas era assistir discretamente o desespero dos colegas de classe estampados em suas feições enquanto quebravam a cabeça, ria em silêncio da situação, principalmente por ser sempre uma das primeiras a terminar os exames e entregar para o professor. Para Lola, não ter uma vida social ativa tinha seus momentos de vantagem.

Por mais que praticassem Bullying constantemente com Louise, a chamando com frequência de "Aberração Henderson", todos tinham conhecimento de que ela era uma das alunas mais inteligentes da sala. Alguns dos babacas eram ousados a ponto de tentarem colar suas respostas. Porém logo notaram que Lola estava a frente deles e, segundos antes de entregar a prova para o professor, ela modificava as respostas erradas assinaladas a lápis, marcando as alternativas verdadeiras sem que desse tempo de notarem o equívoco, percebendo apenas quando as notas chegavam.

Não havia muita coisa que Louise poderia fazer após o final do primeiro período além de aproveitar sua própria companhia. Ela tinha o seu lugar "secreto" no colégio, um cantinho onde ninguém a incomodava e não tinha de se preocupar em ser atingida por qualquer coisa ou provocada. Como costumeiro, aproveitou o tempo livre para relaxar enquanto lia o último exemplar da revista da sua Amazonas favorita que havia sido lançada.

— Lola! — Chamou Jonathan correndo na direção da adolescente. Suas expressões eram de preocupação.

— Acharam ele? — Perguntou Louise ainda tendo esperança de que a resposta fosse positiva, mesmo que as expressões do melhor amigo revelassem o contrário.

— Will não apareceu no colégio. — Respondeu Jonathan dando um suspiro pesado. A garota era capaz de compreender a preocupação que tomava o coração do melhor amigo sem que o mesmo tivesse de explicar, ela também tem um irmão mais novo por quem é capaz de matar e morrer.

— Que merda! — Reclamou guardando a revista em quadrinhos dentro da bolsa após ficar em pé. Estava disposta para ajudar Jonathan e Joyce na busca do Will, nem que isso significasse perder o resto da aula e matérias cruciais para os próximos exames. Qualquer coisa tentaria convencer Barb para passar a matéria. — Vamos!

A adolescente sentia a preocupação tomar até o seu último fio de cabelo enquanto corria até o carro do Jonathan para que pudessem seguir com a busca. Pensou no perigo que Dustin correu na noite anterior ao voltar sozinho para casa, aquele era o primeiro caso de desaparecimento que acontecia em anos na pacata cidade de Hawkins. Um lugar, até então, esquecido pelos crimes e criminosos, ou qualquer outro motivo que estivesse por trás do desaparecimento do Byers mais novo.

— A tia Joyce... — Começou a garota, mas foi interrompida por Jonathan como se ele já soubesse a resposta.

— Foi falar com o delegado, ver o que os policiais podem fazer.

— Não deu quarenta e oito horas...

— Mamãe sabe como ser convincente. — Interrompeu Jonathan outra vez, ele tinha conhecimento de que Hopper e sua mãe foram amigos no passado e torcia para que o delegado não hesitasse em ajuda-la em nome dos "velhos tempos".

Pela segunda vez no dia aconteceu a carona silenciosa, o que algo surpreendente entre eles. Normalmente Louise não calava a boca quando estava com Jonathan, seu passatempo preferido era falar mal e caçoar de todas as pessoas que a atormentavam no colégio. Mas não agora, naquele momento possuíam coisas mais importantes para fazer, preocupações maiores do que tentar adivinhar quem passaria ou não no último exame.

O rapaz fazia o carro percorrer em alta velocidade pelas ruas da cidade até sua casa, Lola nunca o viu dirigir tão rápido, nem mesmo quando pegou a "caranga" pela primeira vez ou quando teve de socorrer a menina que passava mal após ter uma intoxicação alimentar depois de comer o macarrão servido na escola. Quando menos esperava, já estavam na simplória residência dos Byers.

A senhora Byers os aguardava em frente à casa segurando um cigarro no vão dos dedos. Sua mão tremia devido ao nervosismo, fazendo com que a fumaça repassasse a preocupação de acordo com que subia e dissipava depois de certa altura.

— Tia Joyce! — Exclamou Louise descendo quase que ao mesmo tempo que Jonathan quando o carro foi estacionado e correndo na direção da mulher, lhe dando um abraço de conforto.

— Obrigada por ajudar, Lola. — Agradeceu Joyce retribuindo o abraço por uma fração de segundos.

— Imagina! — Ela gesticulou para que a mulher esquecesse o assunto, era o mínimo que poderia fazer para aquela que era sua segunda família. — Onde começaremos pela busca?

— Castelo Byers — Responderam os Byers em uníssono.

— Okay! — Assentiu Lola olhando da Joyce para o Jonathan.

Como sinal de que as coisas haviam ficado sérias e que colocaria toda a sua energia juvenil na busca por Will. Louise passou os dedos pelos cabelos volumosos, erguendo todos os fios para prender rapidamente em um rabo de cavalo firme. A menina costumava passar tempo com os cabelos soltos, realizando o gesto apenas em situações estressantes e que não poderia ter nada a atrapalhando, tanto que sempre carregava no pulso um elástico de cabelo como pulseira, sendo raramente usado.

[...]

As buscas por Will pela redondeza levaram todo o período da manhã, até parte da tarde. Aquela estava sendo a primeira vez que Louise explorava parte da grande floresta que cercava a casa dos Byers, tendo como ponto de referência o famoso "Castelo Byers". O qual não passava de um amontoado de galhos e outas bugigangas formando uma casinha, lembrava exatamente do dia que ajudou Jonathan a montar o esconderijo, de todas as vezes que usaram para viverem seu próprio mundo da imaginação e de como aquele lugar foi herdado por Will como sua fortaleza. Sendo de maior valia para o mais novo do que foi para Jonathan e Lola.

Louise não sabia dizer com precisão o tipo de pistas que estavam procurando para descobrirem o paradeiro do pré-adolescente, nunca fora boa em achar coisas perdidas, mas não desistiria dessa busca. Principalmente por não se tratar dos seus objetos em meio ao caos e confusão que era seu quarto, mas por ser um ser humano muito especial, tanto em sua vida quanto do irmão e dos amigos. Infelizmente não havia qualquer sinal do menor dentro do "castelo", as coisas estavam da mesma forma que ele havia deixado da última vez que esteve ali, pelo menos foi o que Joyce dissera a ela e ao Jonathan.

Passava pouco mais das quatro horas da tarde quando os três decidiram deixar a busca pelo quintal e regressarem para dentro da casa. A senhora Byers tentaria contatar o ex marido em busca de informações sobre Will, enquanto Jonathan começaria a preparar alguns cartazes e Louise cozinharia algo para o trio. Não que estivessem realmente com fome, a adrenalina e nervosismo não permitia que aquele sentimento fosse projetado pelo corpo. Mas era necessário, tinham de manter-se forte para prosseguirem com as buscas até finalmente encontrarem o pré-adolescente.

Durante longos minutos a concentração da Louise foi direcionada para a refeição que preparava com carinho. Cozinhar não era o seu forte, entretanto conseguia criar algo comestível como ovos mexidos e macarrão com queijo quando se esforçava. O que acontecia fora da cozinha quase foi completamente ignorado pela adolescente, ela sabia que Joyce estava frustrada por não conseguir falar com o ex-marido e Jonathan permanecia abatido, deixando visível o quanto estava triste pelo desaparecimento do Will.

— Você precisa comer. — Falou Louise levando um prato cheio com as únicas coisas que sabia preparar até o melhor amigo e sentando ao seu lado. — Está ficando muito bom.

— Obrigado. — Ele agradeceu sutilmente, dando um sorriso tristonho para a garota.

Sem hesitar, Louise passou um dos braços ao redor dos ombros do melhor amigo e o abraçou com ternura. Cortava o seu coração vê-lo daquela forma. Não apenas ele, mas Joyce também. A mulher era a base daquela casa e exemplo de força, sempre que estava sentindo inferior as outras pessoas, Louise costumava lembrar quem era Joyce Byers e de todas as coisas que ela havia passado.

— Vaca! — Gritou Joyce irritada devolvendo o telefone no gancho com força. Aquele movimento fez com que o casal de amigos desse um sobressalto assustadiço, mas não que se afastassem.

— Mãe... — Chamou Jonathan olhando preocupado para a mulher. A mão que antes utilizava para escrever o cartaz, desceu parando sobre a coxa da Louise, a envolvendo em um meio abraço.

— O que? — Joyce perguntou quase aos berros enquanto acariciava a testa e mexia nos cabelos.

— Você tem que se acalmar, comer alguma coisa. — Falou Louise pontualmente.

— Eu... — A senhora Byers começou a gaguejar nervosa, pensando em uma resposta para a adolescente. Mas acabou desistindo da ideia enquanto tentava ligar outra vez para o ex-marido.

— Deixa ela... — Murmurou Lola curvando os lábios. — Quer que eu termine isso?

— Não, não precisa. — Respondeu Jonathan baixinho voltando a dar atenção para o cartaz que preparava. — Falta pouco.

— Tudo bem — Assentiu Louise no mesmo tom baixo usado pelo melhor amigo enquanto o soltava do abraço.

— Droga! Droga! — As exclamações da Joyce ecoaram por todo o ambiente, nenhum dos dois precisou perguntar se a ligação havia dado certo, o que era óbvio que não. Outra vez a tentativa foi frustrada.

— Tia Joyce... — Chamou Louise ao ouvir barulho de carros aproximando.

Lentamente ela e Jonathan ergueram a cabeça, voltando a atenção para o que acontecia na frente da casa através da janela. Duas viaturas da polícia aproximaram, estacionando na frente da casa. A primeira a estacionar foi a do delegado, uma caminhonete imponente e cor bege de onde Hopper descera com seu ar másculo. Enquanto a segunda era uma menor e com policiais menos importante.

— A polícia. — Falou Jonathan sendo o primeiro a ficar em pé no sofá.

Quando escutou sobre quem tratava a visita, Joyce correu para fora da casa, sendo acompanhada pelo filho e a melhor amiga dele. Sem querer parecer intrometida, Lola permaneceu atrás dos membros da família Byers.

O coração da Louise apertou ainda mais quando Hopper caminhou em direção a casa levando nas mãos a bicicleta do Will. Aquelas bicicletas eram importantes para as crianças, jamais que algum dos meninos deixaria o meio de transporte para trás. Aquele não poderia ser um bom sinal, todos os presentes tinham consciência disso.

— Encontramos a bicicleta do Will no atalho...

— Na Floresta das Trevas? — Perguntou Louise preocupada, interrompendo por uma fração de segundo o discurso do Hopper. O que não agradou em nada o delegado que a encarou com expressões irritadiças.

— Não comece você também. — Repreendeu o homem analisando a adolescente dos pés à cabeça ao passar por ela e entrar na residência. — Prosseguindo, encontramos a bicicleta do Will jogada na tal "Floresta das Trevas", o atalho entre a Corwallis e a Kerley.

— E ela estava lá, caída? — Insistiu Joyce em saber. Acompanhando cada passo que Hopper dava pelo ambiente.

— 'Tava, Carl. — Hopper respondeu sem rodeios a questão e apontou na direção de um dos cômodos para que o outro policial começasse a investigar.

— Mas tinha sangue nela? — A senhora Byers estava interessada em saber cada mínimo detalhe que Hopper poderia conhecer. Louise e Jonathan andavam atrás dela como uma sombra, estando ambos muito interessados.

— Não, não, não... — Negou Hopper frustrado sem ao menos olhar para Joyce. — Phill!

— 'Tá. — Concordou o outro policial acarretando as ordens do delegado.

— Se encontrou a bicicleta lá fora, porque está aqui? — Perguntou Jonathan curioso enquanto o trio seguia o delegado casa adentro, acompanhando cada passo e respiração dele durante a investigação.

— Ele tinha a chave da casa, né? — Perguntou Hopper indo até a cozinha.

— Meio óbvio, ele mora aqui. — Disse Louise revirando os olhos com a pergunta estúpida.

— Então, talvez ele tenha vindo para cá. — Hopper lançou olhar desafiador para Louise.

— Vocês acham que eu não olhei a minha própria casa? — Perguntou Joyce irritada, aquele era o local onde mais havia procurado por Will.

— Não foi o que eu disse. — Respondeu o delegado. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, analisando o canto da parede onde um buraco estava presente na madeira. — Isso sempre esteve aqui?

— Que? Eu não sei, provavelmente. Eu tenho dois meninos e uma garota que não é nem um pouco delicada, olha esse lugar! — Exclamou Joyce nervosa.

A boca da Louise abriu em protesto, mas fechou logo em seguida. Não sabia se ficava contente por saber que Joyce a considerava como um membro da família ou chateada por ter sido chamada de modo discreto de indelicada. Ela sabia que a observação era verdade, nunca foi o tipo de menina delicada, sempre correndo com Jonathan pela casa e deixando a senhora Byers de cabelo em pé. Era justo ser tratado daquela forma.

— Não tem certeza? — Hopper insistiu em saber, empurrando a porta contra a parede, mostrando que a maçaneta encaixava com perfeição no buraco.

Ele prosseguiu com a investigação, deixando a casa pela porta dos fundos ao ouvir os latidos do cachorro da família vindo do lado de fora. Dessa vez apenas Joyce o seguir, Louise e Jonathan permaneceram dentro da casa, cada qual sendo fiscal do serviço de um dos agentes que continuavam ali, querendo saber qualquer mínimo detalhe das investigações.

— Então, Callahan? — Perguntou Louise cruzando os braços sobre o peito enquanto analisava o homem dos pés à cabeça. — Algo de interessante?

— Desculpe, Lollipop. Não posso te dar informações assim. — Respondeu o policial com um muxoxo.

— Lollipop? — Jonathan arqueou uma das sobrancelhas, dando pela primeira vez no dia um sorriso divertido.

— Cala a boca! — Ordenou a adolescente entre os dentes para o melhor amigo.

O apelido idiota era uma forma carinhosa do policial da cidade chama-la sempre que seu caminho cruzava com o da Lola. Pelo menos nenhum adolescente do colégio sabia sobre isso, caso contrário estaria perdida. As conversas com o agente deram início no primeiro ano de trabalho da Louise no cinema no ano anterior.

Por ser uma cidade pequena e nada movimentada, não existe muita coisa divertida para ser feita em Hawkins além de ir ao cinema e ao Fliperama. Existia a lanchonete onde os jovens sempre se encontravam nos fins de semana, mas aquele era um local livre de diversão para alguém como Lola. Devido ao trabalho da adolescente na bomboniere do cinema e ás vezes limpando a bagunça que os trogloditas do colégio faziam questão de deixarem para ela, Callahan acreditava que Lola tinha conhecimento prévio sobre todo o filme posto em cartaz. Não apenas os divertidos, mas também os idiotas e melosos. Sempre que ele deixava a sala após uma sessão, saia animado e com interesse em conversar sobre o filme com alguém, em quase todas as vezes esse alguém era Lola.

A adolescente não importava de ficar conversando com o policial sobre os filmes, no final das contas acabava conseguindo uma carona segura para regressar para casa depois da última sessão. Que sempre era a mais suja e insuportável, principalmente quando filmes bons eram lançados. A única coisa que incomodava Lola um pouquinho, era tomar spoiler de algum filme que estava empolgada para assistir no seu dia de folga. Como ocorrer no lançamento de "Rambo", "Conan" e "ET". Mas para outros filmes não ligava em receber spoiler, principalmente quando eram melosos, como foi o caso de "Flashdance".

— Então, achou alguma coisa? — Insistiu Louise reaproximando do policial, estando disposta a ficar em cima do seu serviço como fazia com ela.

— Nada — Ele disse levantando do chão.

— Merda. — Grunhiu a menina levando a mão para a testa e andando de um lado para o outro.

— Hey, relaxa! Vamos encontrar o irmão do seu namorado. — Phil apoiou uma das mãos sobre o ombro dela, tentando passar segurança.

— Que? Não, o Jonathan não é meu namorado. — Rebateu Louise sentindo as bochechas esquentarem de vergonha. Não era a primeira vez que pensavam que ela e Jonathan tinham um caso, muitos do colégio acreditavam nisso por vê-la andando para cima e para baixo com o menino. Entretanto não passava de uma boa amizade.

— Que? — Perguntou Jonathan olhando confuso ao oficial e a melhor amiga, fazendo a mesma cara tapada de sempre quando o assunto era citado. — Não, somos só amigos.

— Eu e Jonathan? Pruft... — Ela revirou os olhos, colocando ambas as mãos na cintura.

— É, nunca vai acontecer. — Respondeu Jonathan corando as bochechas.

— Jonathan, é sério? — Repreendeu Louise olhando levemente irritadiça na direção do rapaz. Não existia problema caso essa frase saísse da sua boca, mas vinda do Jonathan era como se Lola fosse alguém inamorável.

— O que? — Perguntou o menino sem entender o motivo da irritação da outra.

— Idiota! — Xingou Lola sentando brutamente no sofá com os braços cruzados sobre o peito.

— Lollipop... — Zombou Jonathan sentando ao lado da menina e a envolvendo em um abraço pelos ombros.

— Não começa, Jonathan! — Ela o empurrou frustrada, pulando para o assento ao lado enquanto deixava um espaço vazio entre eles.

O rapaz olhou incrédulo da melhor amiga para a mãe buscando por algum tipo de ajuda, suas expressões deixavam visíveis que não possuía conhecimento do motivo que fizera Lola mudar o comportamento com ele, mesmo a resposta estando muito óbvia. Possivelmente perceberia o erro quando fosse tarde da noite ou, mais provável, quando finalmente estivesse com os pensamentos livres de preocupações e Will nos braços da família. Joyce moveu os ombros, não havia prestado atenção no que antecedera a mudança de comportamento, estando mais interessada no que os policiais falariam sobre o caso do filho mais novo.

— Joyce, iremos entrar com um grupo de busca essa noite. Peço para que fique em casa no caso do Will regressar. — Ordenou Hopper ao ingressar de volta na casa. — Tenho algumas teorias, mas nada comprovado.

— Hopper... — Joyce começou a falar, mas foi interrompida pelo policial que nem ao menos parou para conversar e dar mais explicações.

— Louise, você vem com comigo. — O policial parou por uma fração de segundos para esperar que a jovem o seguisse.

— Não, eu vou ficar e ajudar. — Respondeu Louise olhando nervosa para o delegado, não pretendia abandonar o melhor amigo e sua mãe naquele momento crucial. — Além de que terei de trabalhar mais tarde, hoje é segunda e...

— Você vai para casa, ficará de olho no seu irmão. — As palavras do Hopper soavam como ordem, o que realmente eram.

— Tudo bem, mas e o meu emprego? — Ela perguntou levantando correndo para segui-lo, não ousava desobedecer qualquer ordem dada pelo delegado da cidade.

— Todo mundo aqui sabe que você não iria trabalhar. — Respondeu abrindo a porta para que ela entrasse na viatura. Assim que a menina o fez, andou rápido entrando do outo lado. — Você mesma respondeu que ajudaria a Joyce.

— Quero ir com o senhor no grupo de busca.

— Não! — Pontuou Hopper dando a partida.

— Sim!

— Eu disse não, Henderson! — Ele bateu com uma das mãos no volante, fazendo com que Louise dessa um sobressalto no banco da viatura. — Você vai para a casa e ficara de olho no seu irmão. É perigoso, não sabemos com o que estamos lidando por aqui.

— Argh! 'Tá. — Retrucou a menina irritada, cruzando os braços sobre o peito e afundando o corpo no banco da viatura.

Enquanto Joyce Byers era a sua visão materna de mãe perfeita, o delegado Hopper era a sua visão paterna. Não que seus pais biológicos fossem pessoas péssimas, mas eram distantes, principalmente depois do divórcio. Sua mãe costumava deixá-los livre, temendo perder os filhos da mesma maneira que havia perdido o ex-marido, enquanto o outro estava mais preocupado com a nova família do que com a velha. No fundo, ela e Dustin mal se importavam com o pai, era como se não existisse.

A projeção da imagem de pai que Lola criou sobre Hopper deu graças ao dia que ele a ajudou. No fundo ela tinha noção de que o mesmo só fizera aquilo por ser sua função como delegado, ajudar as pessoas. Porém, depois daquele dia, Lola teve a impressão de que ele realmente importava com ela e com o bullying que sofria por parte de muitas pessoas do colégio. Tanto que as provocações na rua haviam diminuído bastante.

— O que houve com você? Está com arranhado no queixo e o joelho da calça rasgado. — Ele perguntou quebrando o silêncio do carro assim que estacionou. Não era uma distância muito cumprida da casa dos Byers até a casa dos Henderson. — As meninas, elas te bateram? Você sabe que pode...

— Não, definitivamente não. — Respondeu Lola balançando a cabeça em negação e interrompendo a frase do delegado. — Eu cai da bicicleta hoje de manhã. Obrigada pela carona.

Quando notou a presença da viatura policial do delegado em frente à casa, a senhora Henderson saiu correndo, temendo que sua filha tivesse sido o próximo alvo do desaparecimento. Já que, diferente do Dustin, ela não havia regressado para a casa no final da aula. O menino também acompanhava a mãe na corrida, olhando assustadiço do delegado para a irmã mais velha.

— Lola! Você está bem? O que houve com você? — Perguntou a senhora Henderson abraçando a filha quando ela aproximou, analisando cada mínimo detalhe do corpo, deparando mais nas áreas machucadas da queda.

— Estou, mamãe. — Assentiu tentando desvencilhar dos cuidados da senhora gordinha.

— Você apanhou na rua outra vez? — Perguntou Dustin preocupado.

— Não, eu caí da bicicleta. — Retrucou a menina odiando ser lembrada daquele dia.

— Só dei uma carona para ela, senhora Henderson. — Explicou o delegado apoiando o braço no parapeito da janela. — Louise estava na casa dos Byers, ajudando na busca. Resolvi traze-la em segurança.

— Agradeço por isso. — Disse Claudia sem soltar a filha do abraço, por mais que ela tentasse escapar.

— Se cuidem e não façam nada estúpido. — Hopper despediu erguendo o vidro da janela do carro e deixando o local com pressa. A última parte era exclusiva para as "crianças" da família.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Obrigada por darem uma chance a minha história. Beijos, Lyra ♥



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