HOLD THE LINE - Livro #01 escrita por Lyra


Capítulo 2
CAPÍTULO 2 - School Out




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A segunda-feira não era o dia preferido da jovem Louise Henderson, na verdade ela odiava o primeiro dia da semana com todas as suas forças. Os fins de semana, por mais tediosos que fossem, a deixavam mal-acostumada. Conseguia dormir até tarde e a única coisa com que tinha de se preocupar era com o seu emprego no cinema durante as sessões da matinê, diferente das segundas-feiras, quando precisava acordar cedo para ir ao colégio e era obrigada a passar metade do dia trancada dentro daqueles corredores sendo motivo de risadas e apelidos maldosos por parte dos colegas. Os adolescentes chegam a serem piores que as crianças na hora de praticar bullying, pois não querem atingir apenas o seu corpo, mas também o seu ego e autoestima.

— Mas que merda! — Reclamou quando o despertador começou a soar de maneira irritante. Não via a hora de receber o próximo salário para poder comprar um rádio relógio. Pelo menos acordaria todas as manhãs com uma música diferente que estivesse tocando no FM.

Sem muita vontade, levantou da cama assim que desligou o despertador com um tapa forte sobre o mesmo. Coçou os olhos, pensando em quais seriam seus primeiros movimentos da manhã, havia muita coisa a fazer antes de deixar a casa. A primeira escolha foi recolher os livros espalhados pelo chão e jogar de qualquer jeito dentro da mochila, não poderia esquecer o material escolar, caso contrário estaria ferrada e pegaria algumas horas de detenção. Depois de tudo guardado, trocou de roupa e foi ao banheiro terminar de se arrumar, deixando para trás um rastro de caos e bagunça no que carinhosamente chamava de quarto.

— Depois você vai arrumar aquele quarto, mocinha. — Reprendeu a senhora Henderson assim que a filha desceu as escadas e apareceu na cozinha. Não era de hoje que estava brigando com a garota para que ela desse um jeito na bagunça.

— Argh! Tudo bem, mãe! — Lola fez careta com a ordem, por mais responsável que fosse, organização não fazia parte do seu nome ou personalidade. Era uma das pessoas mais desorganizadas que conhecia, até mesmo o quarto do Dustin era mais arrumado que o dela. — Bom dia, pirralho!

— Bom dia, Lola! — Dustin cumprimentou a irmã com um sorriso simpático estampado na face. Um sorriso lindo que apenas ele era capaz de dar.

A adolescente estava prestes a sentar do lado do irmão para tomar o café da manhã quando o telefone da casa começou a tocar. Louise tinha noção que a mãe não atenderia, a Sra. Henderson estava ocupada preparando o café da manhã na cozinha e sempre deixava essa incumbência para a filha mais velha quando a mesma estava em casa, seu maior receio é que fosse o ex-marido ligando por qualquer bobagem. Mesmo a contragosto, Lola caminhou até o telefone de disco amarelo e o atendeu.

— Bom dia... — Começou esperando a outra pessoa responder e citar o que almejava aquele horário.

— Bom dia! Louise? — Perguntou a senhora Byers do outro lado da linha, sua voz soava preocupada. A última vez que Lola ouviu Joyce usar aquele tom de voz, foi quando ela estava com problemas graves no casamento e não queria envolver os filhos nas suas discussões com o ex-marido.

— Sim. No que posso te ajudar, tia Joyce? — Perguntou apertando com força o telefone contra a orelha, para que nenhum ruído externo interferisse na ligação e pudesse escutar a resposta da pergunta com precisão.

— O Will dormiu por aí? — Perguntou Joyce pegando Lola de surpresa.

Na noite anterior Dustin também chegou a cogitar sobre o paradeiro do Will, ambos estavam regressando da casa do Mike após uma longa campanha de Dungeons & Dragons e em algum momento se separaram. A menina deveria ter notado naquele momento que alguma coisa estranha estava acontecendo, pois independente do percurso feito, ela deveria ter visto Will passar em frente à sua casa.

— O Will? Não. — Louise começou a coçar a nuca com a ponta dos dedos, mostrando sinais claros de nervosismo. — Será que ele não foi para a casa do Lucas?

— Não, acabei de ligar para lá. — Respondeu Joyce ficando ainda mais preocupada.

— Talvez ele tenha ido para a aula mais cedo... — Lola tentava soar calma, procurando por qualquer explicação que pudesse encontrar sobre o desaparecimento do menino. Dentre todos os amigos do Dustin, Will era o seu favorito. Não desejava deixar Joyce mais desesperada, àquela altura ela deveria estar subindo pelas paredes.

— Sim, deve ter ido... — Concordou a senhora Byers do outro lado da linha, mas não era como se acreditasse naquela possibilidade. — Obrigada.

— De na... — Louise começou a responder, porém Joyce não deu tempo de ela terminar a frase, desligando o telefone na sua cara.

Mesmo depois da outra ter desligado o telefone, Louise permaneceu com o aparelho pendurado sobre a orelha direita. Aquilo havia sido a conversa mais estranha que tivera, deixando a adolescente preocupada com as coisas que poderiam estar acontecendo na casa dos Byers e principalmente com Will.

O mais novo da família Byers era o mais responsável e sensível do grupo de amigos com quem Dustin andava. Não era o tipo de menino que desaparecesse daquela maneira sem antes deixar algum tipo de sinal no caminho ou aviso prévio. A história não condizia com a personalidade dele. Tanto que Lola usava o nome do Will e seu senso de responsabilidade todas as vezes que precisava dar bronca em Dustin, dizendo que o irmão deveria ser mais parecido com o Will e seguir seu bom exemplo.

— Eu já vou andando. — Anunciou colocando o telefone de volta no gancho.

— Não vai tomar o café? — Perguntou a senhora Henderson olhando preocupada para a filha mais velha.

— Desculpa, mamãe. Mas não tenho tempo agora. — Rapidamente ela pegou a mochila que deixara encostada na cadeira e jogou sobre as costas.

Independente de qual fosse o problema que assolava a família Byers, Louise não permitiria que Jonathan, seu melhor amigo, enfrentasse tudo sozinha. O rapaz sempre estava ao seu lado nos piores e melhores momentos da sua vida, agora era a hora de retribuir o gesto.

— Aconteceu alguma coisa? — Dustin perguntou preocupado ao ver o desespero da irmã ao pegar a mochila. Havia escutado o nome do melhor amigo ser citado e considerava ser do seu direito saber o que acontecia com ele, principalmente se o mesmo estava com problemas.

— Não é nada. — Mentiu Louise tentando parecer convicta. A última coisa que pretendia era assustar o irmão mais novo. Afinal não possuía certeza do que estava acontecendo na casa dos Byers e poderia estar fazendo tempestade em copo d'água. — Só quero pegar o Jonathan antes que ele saia de casa. Encontro com você depois.

A adolescente checou o relógio prata que estava preso no pulso esquerdo antes de subir na sua bicicleta cor de rosa com cestinha. O meio de transporte sempre rendia risadas por parte dos colegas da escola, todos acham que aquele modelo é para crianças que ainda não deixaram a middle school. Mas como sempre, ela ignora os comentários e zombarias feitos pelos colegas. As pessoas sempre encontram um meio de faze-la de chacota, seja pelos seus feitos ou pelas suas posses.

Seria mentira dizer que aquilo não á incomoda, afinal, ninguém gosta de ser motivo de risadas. Entretanto aprendeu a ignorar cada uma das piadas de mal gostos e não permitir que aquilo a atinja, aceitando o apelido de "Aberração" que recebera como uma forma de elogio, uma maneira inusitada de dizer que era diferente daquelas pessoas. No fundo compreende que todos que a provocam não passam de pessoas vazias e sem personalidade que necessitam de atenção, principalmente a sua ex melhor amiga, Nancy Wheeler.

Recordar da ex melhor amiga a frustrava de todas as formas possíveis. Ela não conseguia acreditar em quanto as pessoas eram capazes de mudar a personalidade e o comportamento para agradarem o bando, mesmo que esse fato fosse cientificamente explicado por Darwin. Afinal, os organismos mais adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descentes. A questão era que Louise não queria deixar descendentes, mas um legado do qual sempre a lembrariam.

O combinado era que Nancy a acompanhasse, que deixassem juntas uma marca. O famoso quarteto dourado: Lola, Barb, Nancy e Jonathan. Porém, por infelicidade do destino, a Wheeler resolveu que ser como todos os outros adolescentes babacas era primordial para sua boa reputação, deixando para trás e cortando da sua vida tudo aquilo que não a permitia ser como as pessoas "normais", tendo assim uma vida sem graça. Nessa categoria encontravam Louise e Jonathan. Aquela não foi a primeira vez que aqueles que diziam ser seus melhores amigos a trocavam por algo que julgavam maneiro, mas aquela fora a vez mais dolorida, pois Nancy era a última pessoa por quem Lola esperava aquele tipo de comportamento babaca.

Pelo menos ela ainda possuía uma amizade verdadeira e duradora, além do seu irmão mais novo, com quem podia contar nos momentos desesperadores e lhe servia de alicerce. Era para a casa dessa pessoa, mais precisamente, dessa família que Louise pedalava desesperadamente pelas ruas vazias de Hawkins. Tinha noção de que poderia estar fazendo tempestade em copo d'água, mas seu coração se tranquilizaria quando soubesse que as coisas com a família Byers estavam nos conformes.

A pedalada demorou aproximadamente cinco minutos, ela tinha noção de que poderia ter feito em menos tempo caso tivesse pegado o famoso atalho da "Floresta das Trevas", mas evitava cruzar aquele local com medo de que um tarado saísse do meio do mato para agarra-la. Seu coração pulsava tão rápido quanto as asas de um beija-flor, estava esbaforida e com suor quente escorrendo pela testa. Ao menos conseguiu chegar a tempo de encontrar o melhor amigo e a mãe dele em casa.

— Louise! — Exclamou Joyce Byers surpresa com a presença da adolescente.

— Eu vim, ver se está tudo bem... — Louise falou enquanto saltava da bicicleta. Entretanto acabou desequilibrando ao prender a barra da calça da correia, caindo estirada no chão. — Merda!

— Lola, você está bem? — Como um bom amigo, Jonathan correu na direção da adolescente para ajudá-la a levantar.

— Estou não foi nada! — Mentiu batendo a terra da roupa enquanto era levantada por Jonathan, seus joelhos, palma da mão, cotovelos e queixo latejavam devido à queda. — Eu quero saber de vocês. Estão bem? Acharam o Will?

— Ele deve ter ido na aula mais cedo. — Falou Jonathan segurando o rosto da Louise em suas mãos com ternura enquanto analisava o queixo da mesma na luz do sol. — Você machucou feio, vamos por um curativo nisso aí.

— Não precisa. — Reclamou a adolescente fazendo careta. — Só quero saber se está tudo bem, algo na voz da tia Joyce me deixou preocupada.

— Com certeza não é nada, Lola. — A senhora Byers mentiu tentando parecer convicta, no fundo aquela mentira também servia para acalma-la. — Escute, você deveria estar indo para o colégio, vai se atrasar...

— Não! E se vocês precisarem de mim? Quero ajudar... — Louise empurrou Jonathan, desvencilhando dos seus cuidados e olhou esperançosa para Joyce. Fosse qual fosse o problema, sentia a necessidade de ajudar.

— Louise, você está em semana de provas, não pode perder aula. Além do mais ainda não sabemos o que houve com o Will. — Respondeu Jonathan como se ele também não estivesse em semana de provas, ambos eram da mesma turma em muitas matérias e frequentavam o mesmo ano. — Vou te levar para o colégio.

— Lola, caso seja necessário à sua ajuda, não vamos hesitar em pedir. Tudo bem assim? — Perguntou Joyce tentando acalmar a adolescente, ela não queria muitas pessoas envolvidas no sumiço do filho até que tivesse certeza do que acontecia. Mesmo que Louise fosse quase como parte da família.

— Promete? — Perguntou a garota arqueando a sobrancelha esquerda.

— Prometo, Louise. — Assentiu Joyce apontando para o carro. — Agora acho melhor os dois irem para o colégio, enquanto eu vou trabalhar.

Assim que terminou de falar, a sra. Byers ingressou no próprio carro, deixando Louise e Jonathan para trás. A garota olhava confusa para a matriarca da família, descrendo de que a mesma fosse realmente trabalhar naquele momento tenso que estavam passando.

— Ouviu a mamãe... — Jonathan sorriu sem humor e afastou da adolescente, recolhendo a bicicleta dela que estava no chão para colocar dentro do porta-malas do carro. — Lola, vamos.

— Mas... Jonathan! — Ela olhou descrente para ele, estava disposta a cabular aula para procurar por Will.

— Vamos nos atrasar caso continue enrolando. — Rebateu o rapaz fechando o porta malas do carro após guardar o outro meio de transporte.

— Argh! Tudo bem... — A contragosto, ela entrou no carro do melhor amigo e sentou comodamente no banco do passageiro.

O clima estava pesado dentro do carro devido à preocupação que ambos sentiam em relação ao sumiço repentino do Will. No fundo tinham esperanças que tudo não passasse de um desencontro e no final da aula todos se reencontrariam felizes em casa, rindo do incidente. A testa de Louise estava colada sobre a janela do carro, observando a paisagem mudar do lado de fora pelo caminho tão conhecido que levava ao colégio, os pensamentos estavam longes, mais precisamente nas teorias sobre o que poderia ter acontecido ao Byers mais novo. Porém, o foco mudou assim que ouviu o suspiro longo e pesaroso dado por Jonathan.

— Nós vamos encontra-lo. — Disse Lola virando o olhar para o melhor amigo e estendendo a mão, tocando com gentileza a coxa do melhor amigo. — Estarei aqui se precisar de apoio, sempre.

— Obrigado, Louise. — Ele retirou uma das mãos do volante para que pudesse segurar a mão da melhor amiga que repousava sobre sua coxa, entrelaçando os dedos com os dela.

O ar gelado do outono adentrava pela fresta fina do vidro semiaberto do carro, fazendo com que os cabelos volumosos e castanhos claro da Lola balançassem de acordo com as batidas. Sua mão permanecia segurando a do Jonathan, desmanchando o toque apenas quando o outro necessitava mudar a marcha do carro.

— Jonathan! — Exclamou Louise como se recordasse de alguma coisa que deixara passar. — Quero que você fique com uma coisa.

— O que? — Ele perguntou curioso enquanto estacionava o carro no estacionamento do colégio, felizmente ainda faltavam alguns minutos para a aula começar.

— Não é nada de mais... — A menina franziu o cenho enquanto remexia na mochila, retirando de dentro dela uma caixinha com fita cassete, ambas decoradas com seu toque pessoal. — É a minha "fita da alegria", escuto sempre que estou triste e ela me alegra.

— Always up? — Perguntou Jonathan desconfiado e com um sorriso maroto estampado na face.

— Ignora o nome. — Murmurou a adolescente tentando pegar a fita de volta, porém o menino foi mais rápido, levando o objeto para longe dela.

— Obrigado. — Ele agradeceu depositando um beijo tenro sobre a bochecha da melhor amiga, fazendo com que a adolescente corasse. — Agora acho melhor entrar.

— Mas a minha bicicleta...

— Eu estaciono ela para você, agora vá fazer a sua prova. — Falou Jonathan quase deitando o corpo sobre o da Louise para poder abrir a porta.

— Obrigada pela carona. — Lola retribuiu o beijo que o menino havia dado em sua bochecha e aproveitou para abraça-lo. — Me deixe por dentro de qualquer coisa que esteja acontecendo.

— Vou deixar, prometo. — Assentiu Jonathan retribuindo o abraço.

[...]

Faltavam alguns minutos para que o sinal das primeiras aulas batesse, dando tempo para que Louise pudesse ir ao banheiro se recompor da queda de mais cedo. Enquanto estava sentada confortavelmente no banco do carro do melhor amigo, nenhuma parte do corpo havia lhe incomodado, mas agora que fora obrigada a andar parecia que todas as juntas latejavam.

Quanto mais adentrava nos corredores do colégio, maior eram os olhares e risos lançados em sua direção, dependendo do grupo de estudante por qual passava era chamada em alto e bom som de "Aberração". Ouvindo coisas do tipo "chegou a Aberração Henderson" ou "Parece que o Freak show chegou a cidade". Não duvidava de que quando abrisse seu armário um bilhetinho nada carinhoso cairia de dentro dele. Pois coisas como aquelas, infelizmente, eram comum na vida da adolescente. Caso houvesse um inferno após a morte, Louise tinha certeza que o seu seria todos os anos do High School.

Aquele ódio gratuito por parte dos colegas de classe vinha por quatro motivos. O primeiro era, sem dúvida, o seu comportamento "nerd". Louise era uma das garotas mais inteligentes da escola e queridinha dos professores, principalmente daqueles mais rabugentos. Estava sempre sendo elogiada durante as aulas por seu desempenho, fazendo com que dentro dela crescesse o orgulho e a fizesse provocar os colegas, dando mais motivos para que eles a detestassem. O segundo motivo foi o fora que dera em Tommy H em uma das poucas festas que frequentou quando caloura, fazendo com que Carol a culpasse dizendo que ela havia dado em cima do seu namorado e dando uma falsa visão de vadia sobre Lola. O terceiro motivo era o orgulho, Louise não se rebaixava as garotas populares e sentia como se estivesse acima delas, mesmo com todas as provocações, fazendo questão de enfrenta-las, mesmo que no final de tudo acabasse com hematomas ou com banho de lixo. E o quarto motivo e mais idiota de todos, Steve Harrington, seu primeiro ex-melhor amigo que a abandonou para andar com pessoas idiotas como Tommy H, por exemplo.

O banheiro feminino encontrava vazio no exato momento que Louise ingressou, considerando aquilo como um sinal de sorte. Normalmente alguma garota bancava a engraçada, atingindo Lola com os mais diversos banhos, desde lixo molhado até resíduos humanos e farinha. Banheiros do colégio eram péssimos locais para a garota, fazendo com que aprendesse a controlar a sua bexiga e segurar a urina por mais tempo que qualquer humano normal, ou assim ela pensava. Como tudo estava silencioso e logo o sinal bateria para que fossem para sala de aula, Louise aproveitou para esvaziar a bexiga na mais pura paz.

— Perfeito! — Comentou a voz tão conhecida de Steve Harrington ao ingressar no banheiro feminino, acreditando que o mesmo estivesse sem ninguém.

Ao perceber que não estava mais sozinha, Louise moveu os lábios silenciosamente gerando a palavra "Merda". Mas pelo menos havia algo de bom ali, ela poderia entregar Steve aos inspetores do colégio e fazer com que o rapaz pegasse alguns dias de detenção. Estava prestes a surpreender o moreno quando ouviu outra vez conhecida entrar no banheiro.

— Steve? — Perguntou Nancy enquanto procurava pelo rapaz.

Entretanto ela não recebeu uma resposta direta, sendo logo agarrada por Harrington e jogada contra a parede enquanto recebia beijos quentes nos lábios. Louise acompanhava toda a cena pela fresta da porta, fazendo caretas com toda aquela pegação dos ex-amigos. "Que nojo! " Pensou assistindo os dois pombinhos quase se comerem.

O relacionamento de ambos era recente e Louise recordava com precisão do dia que ficou sabendo que Nancy Wheeler estava sendo o mais novo alvo do Harrington, afinal era o dia do seu aniversário. A adolescente chegou a contar para Nancy que Steve não fazia parte da lista de caras legais com quem deveria namorar, mas a outra apenas discutiu com ela dizendo que estava louca e morrendo de ciúmes por ter sido ela a escolhida. Qualquer chance da amizade de Nancy com Lola regressar foi perdida naquele momento, aprofundando o cânion já existente, cortando de vez o laço de amizades, fazendo com que até mesmo Barb sofresse.

A menina tinha consciência de que poderia sair do banheiro e expor os dois ao ridículo. Entretanto aquilo não faria parte de uma detenção, mas de uma expulsão. Tanto Nancy quanto Steve seriam expulsos do colégio, e, por mais que os odiasse, Lola não tinha coragem suficiente para fazer isso. Preferindo ficar ali, assistindo tudo em silêncio enquanto esperava a oportunidade perfeita para escapar.

— Steve... — Gemeu Nancy enquanto Steve beijava seu pescoço.

— Só um minutinho — Reclamou o garoto sem parar as investidas. — O que?

— Eu tenho que ir. — Falou Nancy desesperada assim que soou o alarme do colégio, tentando desvencilhar dos beijos do rapaz, mas sem muita força de vontade. — 'Pera, eu tenho que ir...

— Espera, espera, espera. Está bom, vamos fazer alguma coisa mais tarde? — Perguntou Steve roubando a bolsa da Nancy antes que ela recolhesse do chão.

— Eu não posso, tenho que estudar para o teste do Kaminsky. — Rebateu Nancy recolhendo os livros do chão.

— Ah, qual é a sua média mesmo? Nove ponto nove, nove, nove... — Zombou Harrington escondendo a bolsa da menina atrás do corpo.

— Os testes do Kaminsky são impossíveis. — Disse Nancy tentando pegar a sua bolsa de volta. Lola cobriu a boca com a mão, para ela aqueles testes eram no máximo medianos, mas não impossíveis.

— Deixa que eu te ajudo. — Insistiu Steve tentando convencer Nancy a fazer algo com ele mais tarde.

— Você reprovou em química.

— Eu fiquei na média. — "Continua sendo burro, Steve Harrington" Pensou Lola julgando a conversa mentalmente.

— Ah! Nesse caso...

— Então eu passo lá umas oito? — Perguntou o rapaz entregando a bolsa de volta para a dona.

— Você está louco? — Nancy rebateu a pergunta com outra pergunta. Incrivelmente era a mesma que Louise havia feito em silêncio, conhecia a família Wheeler bem o suficiente para saber que os pais da Nancy repudiariam o menino assim que botasse os olhos nele. — A minha mãe não vai deixar.

— Escalo a sua janela, ela nem vai saber. Eu sou discreto como um ninja. — A observação do Steve fez com que Louise soltasse um riso baixo, sendo obrigada a cobrir a boca antes que percebessem sua presença no banheiro.

— Bom, você é louco. — Nancy soltou um riso baixo.

— Espera, espera, espera. Tá bom, esquece isso. Nós podemos só ficar no meu carro, encontramos um lugar quietinho para estacionar e... — "E transam" Completou Louise mentalmente enquanto revirava os olhos em repudio a ideia.

— Steve! Eu tenho que estudar, eu não estou brincando.

— Por que você acha que eu quero que seja quietinho?

— Você é um idiota, Steve Harrington — "Pelo menos uma coisa em que concordamos" Pensou Lola fazendo careta com todo aquele papo meloso. — Me encontra na Diers com a Mabel as oito, para estudar.

"Aham" Pensou Louise irônica enquanto recolhia a mochila do chão para poder deixar o banheiro. Seria questão de tempo para Steve tirar a virgindade da Nancy e ignora-la por completo depois do feito. Como havia dito para a melhor amiga, o Harrington não era um cara do qual poderia ser levado a sério em um relacionamento maduro. Ele era manipulador, egocêntrico e possivelmente aquele tipo de pessoa que se importa apenas com o seu próprio orgasmo.

As expressões da Lola eram de raiva e nojo quando deixou a cabine do banheiro onde estava escondida. Raiva por estar atrasada e pela burrice que Nancy estava comentando ao dar uma chance para Harrington, mas o nojo vinha de todo o contexto. Desde ter visto o casal aos amaços a ter ficado trancada dentro do cubículo com as mãos sujas.

— Nunca te falaram que é feio espionar os outros? — Perguntou Steve enquanto recolhia a sua mochila do chão.

— Você é ridículo, Steve Harrington. — Rebateu Louise fazendo careta para o moreno enquanto lavava as mãos para eliminar quaisquer germes existente.

— E você é uma pervertida, Aberração Henderson. — Steve abiu um sorriso sarcástico, deixando Louise ainda mais irritada.

— Não sou pervertida, estava mijando em paz até que o casal resolveu se pegar no meio do banheiro feminino. — Ela revirou os olhos, voltando a dar atenção a água gelada que escorria da torneira enquanto lavava os machucados do corpo. — Merda!

— O que houve com você? — O tom sarcástico sumiu da voz do rapaz, dando espaço para uma pitada de preocupação.

— Como se realmente se importasse. — Respondeu áspera fazendo careta enquanto lavava o machucado do queixo. Não conseguia acreditar em nada que vinha de Steve Harrington, pelo menos não depois dos anos de afastamento e de todas as discussões pelos corredores.

— Está sangrando...

— E daí? Acha que não estou vendo? — Ela perguntou rudemente dando um passo para trás quando Steve aproximou.

— Posso te ajudar com isso...

— Me deixa em paz, Harrington! — Com fúrias nos olhos, Lola afastou as mãos dele do seu rosto lhe dando um forte empurrão. Duvidava que o rapaz quisesse realmente ajudá-la a tratar dos seus ferimentos.


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Notas finais do capítulo

A fanfiction contém uma playlist disponível no spotify. O link é:
https://open.spotify.com/playlist/4zFXp3QVESiFsFzgFTSdhG?si=85255696e7ab437d

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