HOLD THE LINE - Livro #01 escrita por Lyra


Capítulo 19
CAPÍTULO 19 - Runaway




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Desde o momento que conseguiu o seu primeiro emprego no cinema, aos quinze anos, Louise não havia faltado em nenhum dia da semana, nem mesmo quando ficou resfriada ou teve um dia horrível no colégio, sendo uma funcionária exemplar. O emprego a distraia dos problemas pessoais, pois além de ter contato com os mais diversos tipos de pessoas que habitavam a cidade e conseguir assistir aos lançamentos de graça quando conseguia escapar para a sala de projeção, ninguém tinha coragem de ameaça-la ou induzir brigas em bando, sendo aquele o seu porto seguro.

Apesar de sua mãe insistir que não era necessário ela começar uma carreira antes de ingressar na faculdade, ela gostava de possuir sua liberdade financeira, sem ter que depender da mãe para comprar as coisas que desejava, conseguindo manusear suas economias como bem entendia e salvando dinheiro para o futuro. Tendo em mente que conseguiria uma bolsa integral na faculdade por causa de suas notas e demais projetos que participava no colégio, ela vinha economizando para comprar um carro.

Outra coisa que a fazia adorar estar no serviço era a sensação de soberania. Quando vestia o uniforme do cinema sentia-se no topo do mundo, ela poderia banir qualquer idiota que desrespeitasse as regras da sala de cinema e ninguém a enfrentava diante do patrão. O qual sentia um carinho enorme por Louise e seu outro funcionário.

Por ser um cinema localizado em cidade pequena, apenas três funcionários eram o suficiente para manter o local funcionando como deveria. Eles se revezavam entre as tarefas para que não ficasse puxado para ninguém. Quando o cinema estava fechado para o público eles trabalhavam na reposição dos produtos da bomboniere, limpeza de todo o cinema e partes administrativas. Durante as sessões Louise trabalhava na bomboniere vendendo alimentos, o outro funcionário ficava na entrada vendendo ingressos até o momento do filme começar, depois disso ele ocupava o cargo de lanterninha. Enquanto o patrão de ambos era responsável pelas salas de projeção e fechamento do caixa.

A adolescente estava pedalando em direção ao beco para ingressar pela entrada dos funcionários quando uma movimentação estranha em frente do cinema chamou sua atenção. Colocando os pés no chão, mas sem descer da bicicleta de cestinhas, Louise caminhou até a entrada principal do cinema, parando ao lado do colega de serviço.

— Hey, Lou! Pensei que tivesse lhe dado licença de nojo — Disse o patrão carregando com auxilio de outro morador da cidade uma pesada escada de madeira. Ele colocou a parte que segurava no chão e apontou com o dedo indicador para o letreiro do cinema — Você não sabe nada disso, sabe?

— Do que? — Com expressões confusas, Louise ergueu os olhos para o local que o patrão havia apontado com o indicador. Pichado com tinta vermelha embaixo do título do filme "A CHANCE" estava escrito "Estrelando Nancy, a vadia, Wheeler" — Só pode ser piada.

— Você sabe quem fez? — Insistiu o colega de serviço, estando curioso para saber quem havia pichado as ofensas durante a madrugada.

— Por incrível que pareça eu sei os responsáveis, esqueceu do lançamento de o enigma de outro mundo? — Perguntou Louise arqueando uma das sobrancelhas.

No ano anterior, quando o filme "O enigma de outro mundo" foi lançado no cinema, não demorou para que Steve e sua turma pichassem durante a madrugada o nome de Louise junto com a palavra "Aberração" antes do sobrenome. A principio Lola ficou constrangida com a ofensa e chegou a chorar por toda cidade ter conhecimento do apelido grosseiro que recebia no colégio. Porém foi somente quando Eddie mostrou para ela que aquilo na verdade era algo divertido e que combinava com a proposta do filme que Lola deixou de se importar. Afinal se ser uma aberração era ser diferente de Carol e suas seguidoras, ela não enxergava mais problemas em ser uma.

— O seu foi melhor que vadia — Disse o rapaz dando dois apinhas sutis sobre o ombro de Louise.

— Pois é! Eles foram mais carinhosos comigo — Ironizou Lola sorrindo de escárnio. — Eu já volto para ajudar com a limpeza.

— Aonde você vai, Lou? — Perguntou o patrão subindo na escada de madeira e olhando preocupado para a menina, a qual estava dando meia volta com a bicicleta.

— Resolver isso aqui de uma vez por todas! — Gritou Louise olhando ambos os lados da rua antes de atravessar a mesma com a bicicleta.

Durante alguns minutos Louise pedalou pelo centro da cidade em busca de qualquer sinal de Steve Harrington ou dos membros de sua gangue. Estava cansada de todo o desrespeito que causavam com as pessoas, principalmente quando essas não faziam suas vontades. Aquele era o tipo de atitude que havia citado no dia que ele lhe pediu desculpas, o Steve babaca que não era nada parecido com o rapaz com quem cresceu.

Acabou encontrando Steve sentado em cima do porta mala do carro estacionado na frente do mercadinho, ele estava com expressões irritadas e com o rosto todo machucado. Lola tinha certeza de que aquilo não era obra de Nancy, a menina não tinha força suficiente para causar tanto estrago, mas de alguém que estava com ela.

— Puta merda, o que houve com a sua cara? — Perguntou Louise descendo da bicicleta ao parar na frente do rapaz.

— O que você acha? — Perguntou Steve emburrado.

— Se eu achasse algo não tinha perguntado — Rebateu Louise segurando o rosto dele em suas mãos para avaliar melhor os machucados sangrentos — Foi o Jonathan? — Steve inclinou a cabeça para trás, escapando dos cuidados da adolescente — Vou aceitar isso como uma resposta positiva.

— Você me deve um e vinte — Tommy deixou a mercearia trazendo consigo uma lata de refrigerante mais aspirinas, jogando para Steve pegar. Ao notar Louise ele virou com desgosto para ela — O que faz aqui, aberração?

— Eu vim mandar vocês se foderem! — Disse Louise virando irritada para Tommy e Carol — Vocês são tão infelizes que precisam menosprezar os outros para se sentirem superiores, eu tenho pena de vocês.

— Como é que é? — Perguntou Carol ameaçando partir para cima de Louise.

— Eu gaguejei por um acaso? — Inflando o peito e abrindo os braços, Lola deu um passo para frente da ruiva, aceitando o desafio. — Duvido que você tenha coragem de bater em mim sem suas amiguinhas para te ajudarem. Você é patética, Carol. Aposto como chamou a Nancy de vadia por achar que ela quer esse pedaço de bosta que você chama de namorado.

— Desculpe? — Perguntou Tommy também ameaçando partir para cima de Lola.

— Desculpas aceitas — Louise sorriu de escárnio e prosseguiu.

— Sorte sua que temos aspirinas, se bem que vai precisar mais do que elas quando acabar com você — Carol partiu para cima de Louise, estando prestes a grudar a menina pelos cabelos. Porém antes que fizesse algo, Steve se meteu no meio protegendo Lola do ataque — Vai defender a aberração?

— Ela não é aberração, o nome dela é Louise — Disse Steve segurando Lola atrás de si, protegendo a mesma de qualquer ataque de Tommy ou Carol pudessem fazer contra ela.

— O quê? — Perguntou Carol estando tão confusa quanto Louise com a proteção.

— Ei, qual o seu problema, cara? — Perguntou Tommy apontando para Lola, a qual estava extremamente surpresa com a proteção. — Escutou o que ela disse sobre nós?

— Lola tem razão, vocês são dois babacas — Respondeu Steve grosseiramente.

— Fala sério? — Perguntou Tommy ainda sem compreender a mudança de comportamento do líder do grupo.

— Sim. Você não devia ter feito aquilo — Disse Steve pegando a bicicleta de Louise do chão e colocando dentro do porta-malas do carro. — Vamos Lola!

— Feito o que? — Perguntou Tommy seguindo Steve, estando pronto para brigar com o rapaz.

— Você sabe. Beijado Louise a força — Respondeu Steve surpreendendo a adolescente, a qual acreditava que ele estava prestes a falar sobre ter chamado Nancy de vadia.

— Que engraçado, pois eu não lembro da Louise ter pedido para parar — Rebateu Tommy em uma tentativa de provocar Steve.

— Mas eu lembro do corte feio que ficou na cabeça e se continuar falando vou deixar um pior — Ameaçou Steve empeitando Tommy, seus narizes quase se tocavam e havia fúria no tom de voz.

— Que diabos, Steve? — Carol olhava confusa da Louise para Steve, o qual estava determinado em mostrar para a Henderson que havia mudado.

— Não devia ter deixado vocês fazerem o que fizeram com ela — Ralhou Steve abrindo a porta para que Louise ingressasse no carro, não era de um modo cavalheiro, mas para impedir que qualquer um dos dois causasse algum dano contra a morena — Vocês não gostam dela porque ela não é miserável igual a vocês, ela se importa com os outros, veio defender a Nancy mesmo sendo inimigas.

— A vadia de coração de ouro! — Gritou Carol irritada.

— Mandei calar a boca! — Gritou Steve apontando o dedo para a ruiva.

— Hey! — Tommy o empurrou por ter gritado com "sua garota" — Não sei o que deu em você, mas não fale com ela assim.

— Sai da minha frente — Ordenou Steve empurrando Tommy de volta.

— Ou o quê? — Tommy agarrou Steve pela gola das vestes, jogando o mesmo contra o automóvel.

— Vamos, Steve! Ignora esses animais — Pediu Lola agarrando o agasalho de Steve através do vidro do carro e o puxando para baixo — Além do mais você está ferido, vai perder na briga para esse Zé bosta.

— Escute a sua nova namoradinha — Zombou Tommy sorrindo de escárnio.

— Vamos, já provou o seu ponto — Insistiu Louise revirando os olhos enquanto tentava não sorrir.

Embora aquela não fosse à maneira que desejava saber sobre a mudança comportamental do Steve, ela estava deveras contente por ele ter a defendido perante os amigos de longa data. Mesmo que isso tenha causado a ruína do seu cargo como "rei" de Hawkins.

Ignorando todas as ofensas berradas por Tommy, Steve acarretou os pedidos de Louise e ingressou no automóvel, deixando o estacionamento do mercadinho com toda velocidade. Por não estar acostumada a andar em carros com aquela rapidez, Lola segurou com força na alça de segurança do teto.

— Para onde está me sequestrando? — Perguntou Louise brincalhona tentando quebrar o gelo. Estava visível nas expressões de Steve o quanto aquilo havia o estressado.

— Eu... — Steve olhou desconcertado para a adolescente, tendo esquecido sua presença no carro por alguns segundos, ao notar que ela sorria bem humorada ele retribuiu o sorriso — Eu não sei... Aonde pretende ir?

— Cinema. Preciso trabalhar — Lola apontou para o uniforme que usava — E seria muito legal se você limpasse a bagunça que fez. Não estou afim de subir escadas e meu patrão é de idade, se ele cai lá de cima quebra a bacia e morre.

— Já disseram que você é exagerada? — Perguntou Steve rindo fraco.

— Eu sou exagerada? O que foi aquilo? — Lola apontou com o polegar para trás, indicando a direção que estavam anteriormente — Você nunca tinha me defendido assim.

— Fiquei pensando naquilo que me disse e você tinha razão, fui um babaca durante esses anos.

— Demorou para perceber — Louise arqueou uma das sobrancelhas.

Durante alguns segundos o casal permaneceu em silêncio, sendo esse o tempo suficiente para Steve estacionar perfeitamente o carro alguns metros do cinema. Quando o rapaz estava prestes a deixar o automóvel, Louise estendeu a mão aberta em sua direção.

— O que foi? — Perguntou Steve olhando da mão estendida para os olhos da menina.

— Estou aceitando suas desculpas — Disse Louise insistindo para que ele apertasse sua mão — Aperta logo antes que eu mude de ideia.

Com misto de confusão e graça estampado no rosto, Steve apertou com firmeza a mão da adolescente enquanto ria fraco. Durante alguns segundos ele balançou a mão dela de um lado para o outro, tempo suficiente para arrancar uma risada fraca de Lola.

— Louise, está na escuta? Louise! — A voz de Dustin vinda do rádio comunicador fez com que Lola lembrasse os problemas que enfrentava e de toda confusão que estava se envolvendo ao lado das crianças.

Soltando rapidamente a mão de Steve, Louise inclinou o corpo para trás para conseguir alcançar o rádio comunicador posto na lateral da bolsa. Ouvir a voz do irmão lhe dava esperança, torcia para que o mesmo trouxesse boas novas ao invés de péssimas notícias.

— Dustin, estou na escuta. Câmbio! — Anunciou Louise ignorando as expressões confusas de Steve.

— Encontramos a El, câmbio — Disse o irmão do outro lado, fazendo com que Lola suspirasse aliviada.

— Que ótimo, estou indo para aí, câmbio. — Louise foi a primeira a descer do carro, esperando ansiosa perto do porta-malas para que Steve descesse sua bicicleta.

— Não ia trabalhar? — Perguntou Steve caminhando lentamente para abrir o porta-malas.

— Família em primeiro lugar — Respondeu Lola ajudando Steve a descer a bicicleta para que fosse mais rápido. — Obrigada pela carona, Harrington!

No instante que Steve desceu o meio de transporte do porta-malas do carro, Louise montou sobre a bicicleta pedalando com toda velocidade na direção oposta do cinema. Mesmo que sua principal intenção quando saiu de casa era ter um dia normal de trabalho, as preocupações com Eleven superavam seus planos, ela queria saber se a menina se encontrava fisicamente bem depois de ter passado toda noite ao relento.

Durante a pedalada até a casa dos Wheeler, Louise começou a refletir sobre o estranho comportamento de Steve. Desde o seu pedido sincero de desculpas no dia do velório do Will até o momento que saiu em defesa dela contra Carol e Tommy. A menina não sabia dizer se existia dedo da Nancy sobre suas atitudes ou se Steve estava começando a criar um cérebro por baixo de toda aquela cabeleira brilhante. Qualquer que fosse a explicação, ela gostava dessa nova versão do Harrington.

A adolescente estava prestes a descer da bicicleta para empurra-la pelo gramado até a entrada dos fundos da casa dos Wheeler quando viu o Dustin, Mike e Eleven vindo em sua direção. O trio estava com expressões assustadiças na face, deixando evidente que algo completamente fora do normal acontecia.

— Meia volta, Lou! Meia Volta! — Gritou Dustin gesticulando para a irmã refazer o caminho por onde tinha vindo.

— O que está acontecendo? — Permanecendo em cima da bicicleta, Louise virou na direção que os rapazes olhavam. Por estar perdida em seus pensamentos, ela não tinha percebido a quantidade de carros da distribuidora de energia elétrica parados no final da rua — Ai, merda! Ai merda!

Todos os carros continham em média dois homens robustos e aparentemente armados dentro. Três desses homens caminharam em direção aos adolescentes, sendo esses guiados por um senhor bem vestido de cabelos completamente brancos. Não precisava ser um gênio para compreender que aqueles eram os homens maus que estavam atrás de Eleven e por trás do sumiço do Will.

— O que estamos esperando? Vamos! — Ordenou Louise gesticulando para que as crianças começassem a pedalar.

A mais velha esperou Dustin, Mike e Eleven passarem na frente durante a pedalada. Caso os caras-maus resolvessem atirar contra as crianças, ela utilizaria do próprio corpo para protegê-los ou os atrasaria caso necessário, de qualquer maneira ela se sacrificaria para salvar aqueles que ama.

— Eu não posso deixar vocês sozinhos por um dia! — Gritou a menina mantendo o ritmo frenético da pedalada.

— Ai meu Deus! Ai meu Deus! — Gritava Dustin estando tão desesperado com a perseguição quanto à irmã, apenas parou de gritar a oração quando precisou responder Lucas no rádio comunicador. — Lucas estão atrás de nós. Cornwallis. Entendido. Elm e Cherry!

— Okay! — Gritaram Mike e Louise em afirmação.

"A gente vai morrer, a gente vai morrer!" Gritava à vozinha dentro do cérebro de Louise enquanto cortavam caminho por quintais, becos e bosques abertos. Por mais que tentasse evitar dar ouvidos para aquela voz azarenta de sua mente para que as crianças não ficassem ainda mais desesperadas, ela tinha quase certeza de que sua vida acabaria naquela perseguição.

Mesmo com a presença de Eleven, eles estavam em menor número e utilizavam bicicletas como meio de transportes. Além de que Louise era demasiadamente sedentária, a qualquer momento seu cérebro poderia parar de produzir adrenalina e começaria a produzir endorfina no lugar, fazendo-a parar de pedalar por sua vida no pior dos momentos.

— Merda! — Gritaram Louise e Dustin quando os furgões de energia os alcançaram na rua deserta.

— Por aqui, vamos! — Ordenou Mike subindo na calçada e mostrando outro caminho que poderiam fazer.

Os quatro prosseguiram com a fuga por entre quintais até chegarem ao bosque público, no local algumas crianças brincavam tranquilamente no parquinho. Se fosse em outra ocasião, Louise desceria da bicicleta para passar entre eles, mas naquele momento não tinham tempo para pausas.

— Saiam da frente! Saiam da frente! — Ordenou Louise tocando a sineta da bicicleta.

Como se tivessem cronometrado o tempo no relógio, os quatro alcançaram o local marcado quase que no mesmo instante que Lucas. Assim como os outros, o menino estava esbaforido e extremamente cansado de tanto pedalar.

— Lucas! — Gritou Louise sorrindo aliviada pelo menino estar inteiro e não ter feito nenhum besteira sem alertar os demais.

— Onde eles estão? — Perguntou Lucas preocupado parando a bicicleta por alguns segundos.

— Não sei! — Respondeu Mike também parando a bicicleta.

— Acho que os despistamos — Disse Dustin esperançoso.

— Porra! — Gritou Louise quando viu e ouviu os furgões atrás deles.

— Vão! Vão! Vão! — Ordenou Mike aos berros reiniciando a pedalada.

— Merdaaaaaaaa! — Gritava Louise enquanto pedalava furiosamente para ficar longe dos furgões, entretanto os automóveis pareciam aproximar cada vez mais. — A gente vai morrer, vamos todos morrer!

— Cala boca, Louise! — Ordenaram os meninos ao escutarem seus gritos de agouro.

A adolescente ansiava em seguir com o seu futuro, criando listas mentais sobre coisas que deveria fazer caso não morresse naquela perseguição ou para os homens maus futuramente. Porém parecia que seria impossível de sobreviver aquele desastre, pois quanto mais pedalavam, mais perto os furgões ficavam. Todas as esperanças de Louise foram para o ralo quando um furgão virou a esquina e começou a vir de frente para eles, tanto ela quanto o irmão começaram a gritar desesperados pelo fim eminente.

O furgão estava a poucos metros de atropelar o grupo quando Eleven deu um jeito na confusão, utilizando de seus poderes psíquicos a menina fez com que o carro sobrevoasse as cabeças do grupo e caísse capotado atrás, atrasando todos os outros carros que participavam da perseguição e dando tempo para que eles escapassem pelas ruas.

Estando estupefatos com o que haviam acabado de presenciar, o grupo conseguiu despistar os furgões e alcançaram em segurança o ferro-velho da cidade. No local eles teriam tempo de se esconderem até que pudessem pensar em um plano de fuga.

— Puta merda! Vocês viram o que ela fez com o furgão? — Perguntou Dustin descendo apressado da bicicleta.

— Não, Dustin. Não vimos — Respondeu Mike sarcástico ajudando Eleven a sentar confortavelmente no chão.

— Você está bem? — Perguntou Lola aproximando da mais nova para certificar de que a mesma se encontrava em bom estado.

— Eu quis dizer que foi... — Dustin começou a se explicar, mas foi interrompido por Lucas.

— Incrível — Falou o menino com sinceridade e voz cansada — Foi incrível. — Quando ele aproximou de Eleven, Lola deu espaço para que pudessem se acertar — Tudo que falei sobre ser uma traidora e tal, eu estava errado. Sinto muito.

— Amigos não mentem — Disse Eleven aceitando os pedidos de desculpas do menino e sendo esse seu jeito de pedir desculpas. — Sinto muito também.

— Eu também — Disse Mike esticando a mão para que Lucas pudesse apertar, o qual não hesitou em seguir com o gesto.

— Okay, isso foi lindo! — Elogiou Louise com os olhos brilhando por suas crianças terem finalmente se acertado. — Mas será que podemos ficar seguros? Estamos em ambiente aberto.

— Claro! — Assentiram os rapazes.

Obedecendo as ordens de Louise sobre se manterem seguros, o grupo escondeu as bicicletas da melhor maneira que conseguiu. Enquanto tentava enfiar a bicicleta dentro de um carro velho, Lola se xingava mentalmente por ter o meio de transporte mais chamativo dos demais.

Quando todas as bicicletas estavam devidamente escondidas, o quinteto ingressou dentro do ônibus caindo aos pedaços para conversar sobre os próximos passos e montar uma estratégia que pudesse funcionar.

— Okay, o que você descobriu, Lucas? — Perguntou Louise quebrando o silêncio enquanto todos se sentavam no chão do ônibus.

— Me empresta sua bolsa — Ordenou Lucas esticando a mão para que Louise emprestasse o objeto, o que ela rapidamente o fez. Durante alguns segundos ele remexeu em seus pertences, retirando de dentro da bolsa um bloco de notas simples e uma caneta vermelha de glitter com cheirinho de morango — Pois bem... — O rapaz desenhou no papel toda área de onde estava o portal — Aqui é a estrada Randolph, bem aqui! A cerca começa aqui e da a volta — Enquanto explicava ele anotava as coisas no papel — E o laboratório fica aqui — Ele fez um círculo quase no centro — O portal deve estar lá dentro.

— Quem é o dono do laboratório de Hawkins? — Perguntou Dustin curioso.

— Diz: "Departamento de energia" — Respondeu Lucas.

— Faz sentido — Disse Louise recordando da explicação do professor Clarke sobre precisarem de uma grande quantidade de energia para abrir aquele portal. — Lembram do que o Sr. Clarke disse?

— Tá. Mas o que isso significa? — Insistiu Dustin ainda sem entender.

— Significa governo. Militares — Respondeu Mike.

— Então porque diz "Energia"? — Perguntou Dustin.

— Porque é o governo que controla nossa energia — Respondeu Lola dando com os ombros.

— Eles estão certos, tem soldados na frente — Falou Lucas.

— Eles fazem lâmpadas? — Perguntou Dustin.

— Não, armas para lutar contra os russos comunistas — Respondeu Mike.

— Armas. — Falou Lucas olhando para Eleven, gesto que todos fizeram ao compreenderem que a menina era uma dessa armas criadas em laboratório.

— Meu Deus, isso é terrível — Disse Dustin olhando da El para os demais.

— Bem terrível. O lugar é uma fortaleza — Falou Lucas explicando sobre o laboratório.

— O que faremos? — Perguntou Dustin, ele e os outros meninos olharam diretamente para Louise, a qual estava quase chorando de nervoso.

— Sinceramente? Não sei! Mas não podemos voltar para casa, somos fugitivos agora — Respondeu Louise erguendo o dedo para que todos ficassem quietos — Estão ouvindo isso?

— Helicópteros — Respondeu Mike também ouvindo o ruído ao longe.

— Que doideira — Disse Dustin compreendendo a gravidade da situação.

— Meus amigos, estamos fodidos — Falou Louise se jogando de costas no chão do ônibus.


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