Like a Vampire 2: Bloody Marriage escrita por NicNight


Capítulo 20
Capítulo 20- Rainhas sem trono


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegoooou! Desculpa pessoal, tive que estudar pra prova de recuperação dessa semana e ai nem deu
Mas enfim... Chorei nesse capítulo ahauehe
Boa leitura ❤



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Narração Anna

Tentei ao máximo ignorar que eu havia acordado levemente gripada. Aquela chuva de ontem com certeza não me fez bem.
Me sentei na cama, percebendo que Sarah já não estava mais lá, e soltei um bocejo de puro sono. Ah, como eu queria me enrolar de novo mas cobertas e dormir por mais meia horinha...
Mas eu não tinha mais tempo pra isso. Dei uma grunhida de dor quando mexi minha mão enfaixada, e olhei pra mesma por algum tempo.
Reijii tinha achado melhor não tratar a mordida com uma poção, mas sim cuidar melhor dela até ela cicatrizar. Mesmo assim, tenho que admitir que aquela mordida tinha doído no meu corpo e na minha alma.
Isso fez minha mente divagar para o que eram aqueles lobos que nos cercaram ontem a noite. Quer dizer, eles com certeza não eram lobos normais,e com mais certeza ainda não eram do bem.
Tirei delicadamente a faixa da minha mão para ver o machucado. O remédio que Reijii havia passado tinha adiantado bastante, já que a ferida agora só estava aberta na marca de dentes e não estava mais sangrando. Apesar disso, eu sentia uma dor agoniante toda vez que encostava a parte ferida. O suficiente pra eu reprimir um gemido de dor, pelo menos.
Me levantei rapidamente, colocando uma roupa qualquer e penteando meu cabelo de qualquer jeito. Aquele parecia que ia ser um bom dia, apesar da dor em minha mão parecer gritar "Não, não vai ser um dia bom, meu anjo".
Desci as escadas em um ritmo mais acelerado do que o normal,e acabei batendo a cabeça no peito de Ayato Sakamaki.
—OY, Chichinasi!- Ele rangeu os dentes, claramente irritado pelo acidente- Não olha por onde anda?
Ai, bem que Sarah me falou que ele era besta.
—E-eu...E-eh- Tentei formular uma frase, mas nada saiu de minha boca enquanto eu sentia um calor subir pras minhas bochechas.
—Nfufu~ Ah... Anna-chan é tão tímida- Ouvi a voz de Laito atrás de mim, e quase pulei quando senti as duas mãos do rapaz em meus ombros- Será que ela só mostra seu lado selvagem em situações mais... Íntimas?
Como se eu não precisasse de mais motivos para que eles continuassem mexendo comigo, eu fiquei ainda mais vermelha e com mais vontade de morrer num buraco.
—Façam isso em algum lugar que não sejam na minha frente- Shu resmungou do sofá, seus olhos nem encostando em mim- Vocês estão atrapalhando minha música.
Argh, parece que eles só são legais com as Herbert. E olhem lá. Parece que as seis irmãs conseguiram conquistar um pedacinho do mínimo respeito que eles podiam dar pra alguém.
O que ainda não era o suficiente pra nenhuma de nós.
—Ayato e Laito- Me assustei de novo quando a voz de Reijii apareceu. Seu olhar e postura emanavam um ar de certo desprezo e nojo, e se eu ficaria feliz ou não com isso dependia de pra quem esse olhar estava direcionado- Larguem a garota e deixem-a em paz.
Laito soltou meus ombros, suspirando num quase gemido:
—Ah~~ Você não é nada divertido, Reijii.
—É, pra que você está acabando com toda a diversão?- Ayato grunhiu.
—Enquanto vocês estiverem sob esse reino, e principalmente, sob minha tutela.- Reijii ajeitou suas mangas, quase num tom ameaçador.- Vocês não tem o direito de fazer algo de ruim para minha esposa, sua família ou suas protegidas. Estou claro?
Quase respondi um "Não, escuro" pra pergunta,mas resolvi deixar ela pra mim mesma.
Eu estava passando tempo demais com a Lua e o Mao.
Laito e Ayato concordaram entre resmungos, e se afastaram de mim. Reijii então se virou:
—A senhorita está bem? Espero que seu machucado esteja quase curado.
Fiquei quase vermelha com a cortesia do marido de Victoria. Não era todo dia que eu tinha o prazer de ser tratada bem, principalmente quando eu estava cercada de vampiros babacas.
—AI QUE LINDO, O REIJII DEFENDEU A ANINHA- Lua berrou e saiu de trás de uma porta, vindo pulando até mim e me abraçando.
—Ai, Lua, você me mata de vergonha- Marie repreendeu a mais nova, revirando os olhos- A gente não ia entrar pra não acanhar vocês dois, mas já que minha irmã fez o favor de estragar tudo.
—EI!- Lua reclamou.
—Como sempre- Nikki bufou de forma falsa, escondendo uma risada.
—EIIII!- Lua reclamou de novo- EU ESTOU BEM DO LADO DE VOCÊS!
—Vocês ouviram alguma coisa, gente?- Daayene brincou, fazendo uma falsa expressão de susto.
—Deve ser só o vento- Sofie respondeu, sorrindo.
—Nas linguagens antigas diziam que os ventos eram as vozes dos deuses- Brunna comentou, prendendo os cabelos num coque.
—Viu? Pelo menos alguém me defende!- Lua apontou pra Brunna, que riu com pura alegria.
—Relaxa, pirralha, ela disse que você é a voz dos deuses, não um dos deuses- Priya bagunçou os cabelos de Lua, que parecia chateada:
—Pirralha?! Você é ainda mais baixa que eu!
Priya colocou as mãos na cintura, claramente ofendida.
—Agora você tocou num assunto muito delicado- Daayene brincou, sorrindo para a irmã.
Percebi que Victoria olhou de forma doce para seu marido, com um sorriso misturado a um suspiro cheio de carinho e agradecimento.
Fiquei levemente corada ao perceber o olhar que eles deram um pro outro. Era quase indescritível, de tão intenso e tão misterioso que parecia aquilo pra mim. Eu nunca tinha tido um único namorado da minha vida, devia ser esse o motivo de eu não saber decifrar todas as camadas por trás daquele olhar entre os dois.
Ah, na verdade era impossível.
Nós paramos a conversa assim que ouvimos a porta de abrir, revelando um Subaru claramente irritado:
—A amiga de vocês quer entrar. Alguma coisa sobre "treino, espada, jardim, agora"
—Não só eu quero entrar como eu já entrei, meu anjo- Sol apareceu atrás do garoto, o empurrando com o quadril e seus olhos dourados brilhando ao nos ver- E então, estão preparadas pro treino?
—Treino?Que treino, gente?- Nikki perguntou, e nós nos entreolhamos dando os ombros.
—Vocês receberam suas espadas de treino, né?- Sol perguntou, e nós concordamos com a cabeça- Ótimo, Lilith já tinha me contado. Por isso eu decidi que viria aqui ensinar vocês tudo pra serem guerreiras.
—GAROTAS, EU SENTI FALTA DE VOC-
—E o Mao veio junto- Sol revirou brevemente os votos, abrindo espaço para um Mao Masa correndo e gritando aparecer logo na frente.
Ele fez uma saudação pra mim, que respondi timidamente.
—FINALMENTE NÓS CHEGAMOS ATÉ VOCÊS!- Mao gritou, parecendo esbaforido enquanto se apoiava em Sol para se acalmar- Tinha um menino maníaco na porta segurando um ursinho, ele falou que queria matar a gente.
—Vocês encontraram o Kanato-Sarah deu uma risada fraca, mordendo o lábio pra disfarçar- E aí, como foi?
—A Sol saiu correndo e me deixou sozinho com ele- Mao olhou com uma raiva falsa pra garota, que apenas deu um sorriso de canto- Ela sempre consegue sair de tudo.
—São os poderes femininos, Masa- Sol respondeu, se afastando levemente dele- Se você fosse mulher, entenderia o que eu quero dizer. Enfim, garotas, prontas pro treinamento?
Nós todas nos olhamos, com sorrisos no rosto:
—Prontas!
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—Vocês tem certeza que os Sakamaki vão ficar de boa com a gente treinando no jardim deles?- Eu me peguei perguntando baixo enquanto estávamos nos ajeitando no jardim.
—Cara, essa é nossa casa também- Marie colocou as mãos na cintura, suspirando brevemente- Além disso, eles vão ficar nos "vigiando" durante o treino.
E então ela apontou para a escadaria, onde os seis irmãos estavam sentados. Todos fazendo suas próprias coisas, mas ainda prestando atenção em cada movimento nosso.
Ai, que psicopatas.
Nossas espadas também estavam do lado, cada uma coberta. Mao Masa havia pegado todas por nós, já que os meninos se recusavam a fazer algo pra nós.
—Então, garotas- Sol começou, colocando as mãos no bolso- Vocês sabem alguma coisa de esgrima?
—É tipo brincar de churrasco- Lua respondeu, e eu percebi que Nikki abafou uma risada.
Sol revirou os olhos enquanto sorria, mas tirando isso ignorou o comentário.
—Vamos começar com o básico pra vocês se defenderem numa batalha- Sol bateu as mãos, seu olhar mudando de repente- Peguem suas espadas, garotas.
Peguei com certa dificuldade Sabroke, minha espada branca e azul, com as duas mãos. Assim que percebeu que todas estavam com as espadas em mãos, Sol continuou:
—Segurem o punhal da espada firmemente. A mão direita mais perto da lâmina, e a mão esquerda dando apoio na parte de baixo. A não ser que você seja canhota, aí você inverte a posição das mãos. E então segurem firmemente, botando mais força nos dedos anelares, indicadores e do meio.
Coloquei minha mão esquerda perto da lâmina, e a direita perto da base. Botando firmeza nos meus três dedos, olhei fracamente pra Sol.
— A posição mais básica da esgrima- A albina desembainhou uma espada dourada, segurando-a com facilidade nas mãos- É quando você a coloca na altura e ângulo da garganta do seu oponente. Quando forem segurar a espada para atacarem, lembrem de sempre elevarem a espada até acima do seu umbigo e NUNCA a apoiarem na barriga. Entenderam?
Todas soltamos um "Sim" juntas. Levantei minha espada até acima do meu umbigo, e a afastei um pouco de minha barriga.
—Ótimo.- Sol pegou uma presilha do bolso e prendeu sua franja- Agora eu quero que vocês se juntem em duplas.
Priya veio quase pulando pro meu lado, e eu sorri levemente com aquilo.
—De frente uma pra outra, eu quero que vocês ajustem sua espada para ficar no ângulo da garganta uma da outra- Sol nos conduziu, começando a andar entre nós para ver como estávamos indo- Sempre mantenham a cabeça erguida e olhem nos olhos do seu oponente antes de atacar também. Isso passa sensação de segurança.
Curvei minha espada gentilmente até ficar no nível da garganta de Priya. Percebi ela mordendo suavemente o lábio, fazendo a mesma coisa.
—Agora vocês afastem suas pernas- Sol explicou, girando a espada em uma mão só- E flexionem os joelhos de uma forma suave. Exatamente, essa é a posição básica da esgrima.
—Deus, eu já estou me sentindo uma mosqueteira- Priya murmurou, e eu ri pra ela.
Sol continuou:
—O ataque básico é como se vocês jogassem a sua espada para o céu mas não a deixassem sair da sua mão. E a defesa básica é você bloquear a espada inimiga com sua própria, fazendo as duas se chocarem. Podem tentar, agora.
Eu olhei receosa para Priya, que somente me deu um olhar doce em resposta.
Logo depois, eu vi ela erguendo rapidamente sua espada para o céu e vindo(com menos velocidade) em minha direção. Com todos meus instintos, Fechei a espada em minha frente. Senti que eu havia recuado um pouco com o golpe, mas engoli em seco quando percebi que aquilo era bem mais invasivo que eu havia pensado.
—Muito bem, Priya e Anna!- Sol bateu palmas fracamente- Vocês ainda tem muito o que melhorar, mas eu consigo ver que todas vocês tem um ar de guerreiras.
Eu dei um sorriso discreto pras outras garotas. Percebi Sarah fazendo um joinha pra mim do outro lado, e fiquei levemente vermelha.
E assim se passaram várias horas de treino. Muitas quedas, gritos, risadas vindo de nós e diversos meio-sorrisos e olhares repravadores vindo dos meninos.
Eu já conseguia sentir meus braços doendo e meu rosto molhado de suor quando nos sentamos para descansar pela primeira vez. Já eram quase três horas da tarde a esse ponto, e eu estava cansadíssima.
Enquanto Mao e Sol nos entregavam marmitas(cheias de alimentos que eu provavelmente não conhecia mas com aparências apetitosas), eu passei suavemente a mão na lâmina de Sabroke. A textura levemente ondulada da espada despertava em mim quase que uma admiração por todo o trabalho que o ferreiro deve ter tido para forjá-la.
—Argh, finalmente descanso!- Nikki bufou, abanando a camiseta num sinal de calor.- Lua, eu te amo, mas não fica colada em mim porque eu tô derretendo e me sentindo grudar de tanto calor.
—Por que você não tira a blusa então?- Lua reclamou enquanto se afastando um pouco da irmã da qual estava colada.
Marie engasgou com a água:
—DE JEITO NENHUM! Você não vai ficar sem camiseta na frente desses bichos!
—Uau- Subaru revirou os olhos ao perceber que Marie apontava para o mesmo e seus irmãos- A cada dia eu fico mais chocado com a sutileza de vocês.
—Não viemos aqui ser sutis, viemos aqui ser 100% honestas e verdadeiras- Priya comeu um pedaço de carne, e depois olhou de soslaio pra Daayene- Mana, dá pra você parar de roubar meu queijo como se eu não tivesse vendo nada?
—Eu não tenho queijo na minha marmita!- Daayene colocou o queijo que havia roubado de Priya na boca- É injusto que eu fique com vontade de comer queijo quando você tem um tanto!
—É sério que vocês tão discutindo sobre queijo?- Brunna suspirou, bebendo sua água- Priya, dá um pouco de queijo pra Daay.
Priya bufou, e relutantemente serviu um pouco do queijo na vasilha de Daay, que soltou um "Muito obrigada" quase que irônico.
—Mas que raio de conversa vocês todas estão tendo?- Sofie perguntou, tirando o moletom do corpo e deixando á mostra sua regata azul.
Eu olhei para os garotos, e percebi que Ayato estava quase babando na visão de Sofie.
—Meu querido, dá pra você parar de olhar pra minha irmã como se ela fosse um filé mignon?- Victoria jogou os cabelos pra trás, se levantando e ficando ao lado de Sofie- Ela só tirou o moletom, não precisa ficar com a boca escancarado como se ela tivesse virado um takoyaki na sua frente. Eu sei que minhas irmãs são gostosas, mas nos poupe.
—VICTORIA!- Sofie ficou completamente vermelha, o que era esperado considerando todos os comentários feitos por sua irmã- Pra que... Por que diabos você.... Ai, deixa pra lá que é melhor.
—O que foi?- Daayene perguntou, arqueando a sobrancelha- Ela tá certa!
—OY, certa nada!- Ayato grunhiu-Por que diabos eu ficaria secando uma Chichinasi.
—Talvez porque ela não seja tão Chichinasi que nem você diz- Shu murmurou, e Kanato suspirou:
—Lá vai ele de novo...
—OY, QUEM TE DEU PERMISSÃO DE FALAR DISSO?- Ayato quase berrava, e Sol revirou os olhos em resposta- Por acaso você já viu pra falar alguma coisa
—Podemos mudar de assunto?- Sofie se jogou perto de Brunna, que a deu um abraço como forma de simpatia- Por favor?
—Claro que podemos!- Mao Masa foi rápido em concordar, sabendo que os peitos de Sofie com certeza não eram o melhor assunto a ser discutido- Vamos falar das... Histórias mágicas!
—Histórias mágicas?- Brunna perguntou, arrumando o cabelo de Sofie- Como assim?
—São contos, lendas urbanas, sei lá como vocês chamam isso lá nos humanos- Sol explicou- Temos dessas no mundo mágico também. Só que costumam envolver a realeza, já que a vida deles é tão misteriosa...
—E qual é a melhor história, pra vocês?- Me peguei perguntando, já curiosa.
—Vocês conhecem a história da rivalidade entre os feiticeiros e os vampiros, também conhecida como a história da "Princesa Esquecida"- Sol perguntou, um sorriso sapeca brotando em seu rosto assim que recusamos com a cabeça- Sakamaki! Vocês não as deixaram saber da melhor história? Envolve até o pai de vocês!
Os Sakamaki suspiraram de forma cansada algo sobre a história não ser verdade ou ser repetitiva como resposta.
—Você só diz isso porque tem todo um mistério envolvido- Mao respondeu, rindo com a afirmação de Sol- Mas realmente, é uma história louca e até... Triste.
—Por que vocês não contam ela pra gente, então?- Lua se sentou ao meu lado, respirando fundo- Vamos adorar ouvir tudo!
Sol e Mao se olharam e afirmaram com a cabeça, sorrindo. Sol começou:
—Na época que KarlHeinz era só um príncipe... Houve um festival no mundo dos demônios para todas as raças. Lobisomens, feiticeiros...
—E vampiros- Subaru completou, recebendo um olhar reprovador de Sol- O que foi? É verdade.
—No final do torneio- Mao continuou, se levantando finalmente- O campeão tinha que dar uma coroa de rosas brancas para a mulher que ele considerava a mais bonita do evento. Ou deixar a coroa com a mulher que o anfitrião do festival havia escolhido.
—E o campeão tinha sido o Rei KarlHeinz- Sol suspirou- Ele não estava casado, mas já estava praticamente noivo da Princesa Cordelia.-Vi que as Herbert praticamente se contorceram com o nome. Pelo que eu lembrava, essa devia ser a mãe dos trigêmeos- Então, ele tirou a coroa de sua própria prima: A princesa Christa.
Essa provavelmente era a mãe de Subaru, pelo jeito que ele ficou ao mencionarem o nome da mulher.
Apesar disso, nenhuma de nós desgrudou a atenção. Sol continuou:
—Ele montou em seu cavalo e passou direto pela Princesa Cordelia. E todos os sorrisos morreram assim que ele entregou a coroa pra noiva do Príncipe Robert, o príncipe feiticeiro.
—Quem era essa princesa?- Me peguei perguntando, não era comum ouvir histórias desse tipo
— -Vamos começar falando que ela não era princesa de verdade. Aparentemente, ela era uma camponesa por qual o príncipe estava loucamente apaixonado- Mao respondeu, pegando uma rosa branca do jardim- Mas o nome dela é um mistério pra todos.
—É por isso que a história é mentira- Reijii suspirou- Não tem nem nomes das pessoas direito.
—Fica Shiu que eu tô escutando- Victoria bufou, e seu marido foi rápido em obedecer.
—E um ano depois KarlHeinz sequestrou a princesa e a levou para longe- Sol se sentou ao lado de Nikki- A família dela, junto com o Príncipe Robert, travou uma batalha contra os vampiros por desonrar a mulher. Só sabemos que KarlHeinz e Robert quase se mataram, mas travaram um acordo de paz. E dois meses depois que a princesa foi achada pelo seu irmão, ela foi expulsa e deserdada do reino.
—Por que a princesa passou por isso?- Marie perguntou,parecendo abismada com a história.
—Ah,tem várias teorias: Uns a acusam de estar carregando filhos de um adultério,outros que ela tinha um caso com seu irmãos e tem uns que até dizem que ela traía o príncipe com uma dama de companhia chamada Shirley. Mas, se a história aconteceu de verdade, não tem nada confirmado sobre o que ela era.
Rimos com as teorias, mas eu não pude deixar de guardar o conto no meu coração, quase que como eu me identificasse com a história daquela mulher.
Eu me pergunto quem ela seria...
—Enfim, acabou a hora de "senta que lá vem história"- Sol se levantou, pegando sua espada novamente- Assim como a hora do descanso. Temos que trabalhar, garotas.
Todas nós nos levantamos, algumas grunhindo e reclamando. Mas nós estávamos definitivamente mais revigoradas graças á conversa e ao almoço.
Peguei Sabroke nas mãos, indo até o local de treino.
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Nove horas da noite do domingo. Eu estava sentada no sofá da sala descansando após aquele longo dia de treino.
Fazia cerca de uma hora e meia que Sol e Mao haviam ido embora(provavelmente os Sakamaki não iam deixar eles ficarem mais tempo) e eu estava sentindo meus músculos doerem, e um grande conforto do banho recém-tomado.
Ai, ai, amanhã tem aula. Isso me lembra que logo chega a data do vestibular. Apesar de Brunna não querer fazer faculdade por enquanto, eu sabia que Priya ia fazer de novo para entrar em outro curso. Assim como Sarah e Sofie iam fazer pela primeira vez para entrar na Universidade de Okyo.
O tempo realmente passa rápido...
—Pensando demais?- Ouvi a doce voz de Sarah me chamando, e me virei pra deparar com sua figura ajeitando o vestido rosa e sorrindo delicadamente. Não pude deixar de sorrir de volta:
—C-como sempre.
Sarah deu uma risada baixa, e se sentou ao meu lado com um longo suspiro.
—Nem acredito que já estamos acabando o ano- Ela suspirou novamente, dessa vez com muito mais fraqueza- É como se o tempo estivesse passando rápido demais. E, quando eu vejo, ainda estou aqui: Presa e tratada feito bicho por uns vampiros.
Concordei com a cabeça, me identificando plenamente com tudo que ela falava.
Eu também não acreditava que estava acabando o ano.
—Mas não é tempo de pensar nessas coisas negativas!- Sarah segurou minha mão não-machucada, e os dedos da outra acariciaram suavemente a minha mão ferida.-Estamos juntas, o que significa mais fortes, o que significa melhores. Somos quase rainhas- Ela riu de forma plena- Só faltam nossas coroas e nossos tronos.
—V-verdade- Eu joguei minha cabeça para trás, completamente exausta.
—O que vocês pensam que estão fazendo aqui?!-Ouvimos a voz de Kanato, que estava logo em nossa frente nos olhando sem nem piscar- Tem certeza que não está me traindo?
Olhei assustada pra Sarah, que suspirou de forma cansada:
—Kanato, você sabe que nem toda socialização com outros seres vivos é traduzida diretamente para "traição", né?
—NÃO EVITE MINHAS PERGUNTAS- Kanato tirou a mão de Sarah da minha, segurando seu pulso- Ne, Teddy, o que você acha que deveríamos fazer com ela?
—Vocês não vão fazer n-nada- Eu me levantei, cruzando os braços- Não enquanto eu estiver aqui.
Kanato me olhou fixo por alguns segundos, antes de pegar meu rosto com muita fraqueza entre as mãos:
—Teddy, Anna-chan fica com os olhos muito lindos quando eles estão brilhando de medo, ne?
Engoli em seco com o tom de voz dele. Só de olhar pro lado, eu conseguia ver Sarah tremendo numa mistura de medo e raiva.
—E...ve?- Ouvi uma voz conhecida por mim vindo da porta, seguida do barulho dela abrindo- O que... Está... Fazendo...Com as... Eve?
Eu olhei levemente pra trás, vendo Azusa na porta em toda sua glória: Os cabelos esverdeados estavam bagunçados, as roupas e as bandagens dos braços estavam levemente rasgadas. Isso me deixou preocupada por alguns segundos.
E também corada.
—Azusa?- Sarah pareceu sinceramente feliz em ver o rapaz- O que aconteceu?!
—Os lobos... Atacaram nossa... Casa- Azusa falou lentamente o suficiente para que todas as peças se juntassem na minha cabeça.
Os lobos de ontem á noite... Eles nos atacaram e também invadiram a Mansão Mukami.
Será que estariam nos procurando?
Mexi a mão ferida desconfortavelmente.
Eu tentei correr até Azusa, mas o aperto de Kanato apenas se fortaleceu em meu pulso e eu soltei um pequeno choro de dor.
—Onde vocês pensam que vão?!- Kanato parecia quase berrar, e eu vi Sarah começar a andar em direção da mesa- PENSAM QUE VAMOS DEIXAR VOCÊS FUGIREM DE NOVO?
Sarah, com um olhar quase que doído, pegou Teddy(que estava em cima da mesa) com as duas mãos.
Kanato a seguiu com o olhar, as orbes lilases arregaladas:
—O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? LARGUE TEDDY, MULHER IDIOTA!
—Kanato, não me leve a mal, eu realmente não queria ter que fazer isso- Sarah se virou pra nós, com lágrimas enchendo meus olhos- Eu não queria ter que passar pra esse nível de covardia.
Ela deu alguns passos pra trás, e só então eu percebi como o fogo da lareira criava uma luz bonita que refletia em sua pele.
—Mas você está fazendo coisas que me machucam muito- Sarah deixou uma lágrima escapar enquanto ela olhava pra mim- Você não se satisfaz com tratar a mim como se eu fosse um... Um nada. Você também é horrível com a minha família e com as minhas amigas. E isso é algo que eu não consigo perdoar.
Percebi ela apertando com força nos dedos o ursinho de pelúcia. E olhando mais uma vez pra mim e pra Azusa antes de continuar:
—Então... Me desculpa pelo que eu estou prestes a fazer. Mas isso é porque você não tem o direito de machucar alguém que eu gosto, não importa quantas vezes você me machuque.
E com mais uma lágrima saindo de seus olhos, ela jogou Teddy na fogueira.
Eu juro que senti toda a cena ser em slow motion. O jeito que Kanato se desgrudou de mim e se ajoelhou perto do fogo, o grito agoniado que ele deu como se chorasse. E Sarah que parava de chorar e me puxava pelo braço até a entrada da casa.
Azusa nos seguiu. E, mesmo sem corrermos, estávamos os três sem fôlego.
—Você vai ficar bem?- Eu perguntei, olhando pra Sarah que se ajoelhava pra pegar uma pedra do chão-Ele parecia... Aterrorizante.
—Tem coisas mais importantes do que o que Kanato pode fazer comigo por enquanto- Sarah se levantou, e brincou com a pedra nos dedos- Tipo a segurança de você e suas irmãs.
Ela jogou a pedra numa janela, e deu espaço para uma Sofie irritada colocar a cabeça do lado de fora:
—Que é?
—SOFIE!- Sarah gritou, e eu vi Sofie fazer uma careta com o susto- Não temos muito tempo! As Hudison tem que fugir!
Sofie demorou menos de três segundos pra entender a mensagem. E sumiu rapidamente.
Passaram-se cerca de dois minutos quando vi um lençol sendo estendido da janela e todas as garotas descendo.
—O que aconteceu?- Daayene chegou, parecendo assustada, até mim- Ouvimos gritos. Ah, Oi Azusa.
—Eve... Queimou.. Um urso- Azusa cumprimentou Daay com as mãos, e depois apontou para Sarah.
—Um urso? Tipo... O Teddy?- Marie se assustou quando Sarah concordou com a cabeça- Uau, admiro sua coragem.
—Por que a gente tem que se separar?- Brunna pegou a gente de surpresa com a pergunta, olhando pras Herbert- A gente... Não era um grupo?
—Nós SOMOS um grupo- Victoria respondeu, segurando as mãos da loira- Mas alguém precisa ficar com os Sakamaki e alguém precisa ficar com os Mukami. Ainda mais com o ataque que acabou de rolar lá e o que vai provavelmente acontecer quando entrarmos nessa casa.
—Eles provavelmente estão nos buscando por causa do sangue Eve- Priya comentou, mordendo levemente o lábio- É mais seguro se não estivermos todas concentradas num lugar.
—E também vai fazer com que a gente não seja... Sabe... Sequestrada com tanta frequência- Nikki deu de ombros.
—Ok, despedida! Se vocês tiverem algo pra falar umas pras outras, falem agora ou calem-se para sempre!- Lua estendeu as mãos.
Sofie só deu um abraço muito forte em Brunna, que faltou cair pra trás com o ato surpresa.
Quando as duas se separaram, Sofie só estralou os dedos como se nada tivesse acontecido.
—Victoria- Priya a chamou, olhando nos olhos da garota- Eu te perdoo. Por tudo. Eu sei que foi arranjado, e eu sei que você estava confusa. Mas eu ainda te quero como amiga.
—AI EU VOU CHORAR- Victoria coçou os olhos, antes de pegar a minha irmã nos braços e a levantar- Espero que não venha nenhuma aranha pra atrapalhar esse momento.
—A única aranha que talvez apareça pra atrapalhar a gente se chama Kanato- Nikki bufou- Vamos rápido com isso.
Dividimos um abraço em grupo, todas nós nos despedindo.
Viramos então as costas pra Mansão Sakamaki, sem nenhuma intenção de voltar.
Quando eu olhei pra trás, as Herbert já tinham sumido.
Respirei fundo, quase querendo que aquela dor emocional horrível de uma despedida sumisse de mim.
Nós cinco demos as mãos, e eu fechei os olhos.
Aquilo não era um adeus, era só um "até mais tarde".
Quando abri meus olhos, eu estava de volta á Mansão Mukami.
A sala estava detonada, como se monstros tivessem passado por lá.
Peguei meu machucado de novo, sentindo dor ao lembrar das Herbert.
Ai, e eu que achava que não ia me apegar áquelas garotas.
—Ruki...-san... Está ferido- Azusa olhou pra Brunna, que arregalou os olhos- Você... Pode ir vê-lo.
Brunna nos olhou como se pedisse aprovação, e não demorou pra sair correndo em direção do quarto de Ruki. Ainda com os olhos cheios de lágrimas
—Eu acho que eu vou dormir- Priya disse, a voz mais baixa e deprimida que o normal. Ela então se retirou da sala.
—É, e eu vou chorar até dormir- Daay dramatizou, e então me deu um abraço e um beijo na bochecha- A gente vai ficar bem, irmã.- Ela sussurrou- As Herbert estão com a gente nessa.
E então ela também saiu.
—Eve... Tem algo pra você- Azusa então me estendeu um pedaço de papel, antes de desaparecer.
Abrindo o papel, eu via o grande título "Assinaturas para a criação da Patrulha Feminina"
Com exatamente dez linhas vazias.
Quando eu entendi o que aquilo significava, senti meu coração dar um pulo.
Apertei o papel no meu peito, e fechei os olhos com força.
É, nós íamos ficar bem.
Porque nós somos Hudison. E você nunca mexe com uma Hudison


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? O que será que vai acontecer? PS: Mais seis capítulos pro final de LAV 2...
Até o próximo capitulo



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