Like a Vampire 2: Bloody Marriage escrita por NicNight


Capítulo 12
Capítulo 12- Melhor das mulheres e melhor das esposas


Notas iniciais do capítulo

É aquele ditado né: Demorou, demorou, mas enfim chegou! (Estou pensando seriamente em fazer esse virar o lema de LAV)
Eu espero que vocês gostem desse capítulo, já que me orgulho muito dele. Me emocionei, e até chorei. Mas se bem que eu choro por causa de tudo.
Tenham uma boa leitura ❤



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Narração Lilith
Quando passamos pelo muro de pedra, não pude deixar de suspirar de alívio.
—Será que nós estamos chegando?- Yui estava esbaforida, provavelmente a garota não estava acostumada a andar longas distâncias como aquela.
Bem, posso dizer que com certeza andar do Mundo Vampiro até o Mundo Lobisomem em saltos e um vestido longo e bufante não estava lá sendo a operação mais fácil para mim também.
—Provavelmente sim- Sol respondeu, jogando os cabelos platinados pra um lado- Aliás, por que que eu concordei de vir mesmo? E o que o Mao Masa tá fazendo aqui?
—Respondendo a primeira pergunta, estamos tentando localizar as minhas irmãs e suas amigas- Jackson respondeu. O mais novo do grupo andava na frente, junto á Igor.
Eu fiquei admiravelmente surpresa ao ver que o Herbert, apesar de ter apenas 15 anos, já era quase tão alto quanto meu noivo.
— E segundo, eu vim porque fui convidado. Diferente de você!- Mao Masa respondeu em tom brincalhão, rendendo um empurrão leve da Dellanoce- E também porque eu não posso deixar Nikki em perigo! Ela é doce demais para sofrer!
—Cara, você não conhece a minha irmã- Jackson revirou os olhos para o amigo, mas não podendo deixar de abafar uma risada- Nikki pode ser várias coisas, mas doce não é uma delas. Além disso, eu tenho certeza que ela consegue se virar sozinha.
—Eu não teria tanta certeza assim, Jackson- Igor respondeu, me surpreendendo novamente- Quem foi que espalhou o boato de que elas estavam na casa de quatro irmãos vampiros pra vocês mesmo?
—Ah, um cara babaca da escola- Sol revirou os olhos com raiva- Acho que ele é um cantor ou algo assim. Kou sei-lá-o-quê. Eu odeio aquele garoto! Ele fica lá, cercado de meninas pirando o tempo inteiro!
Arqueei a sobrancelha enquanto Sol continuava reclamando sobre o garoto:
—Por que um cantor da sua escola falaria que as Irmãs Herbert estão na casa de quatro irmãos vampiros? É estranho é suspeito, no mínino.
—Sei não, essa história tem cara de mentira- Jackson resmungou, e eu o ouvi estalar as mãos- Mas nenhuma informação é inútil quando se trata das minhas irmãs. Eu preciso salvar elas de sabe-se lá o que que tenha as pegado.
—Já pensaram que... Elas podem ter fugido?- Yui perguntou docemente, atraindo nossos olhares pra ela- Quer dizer, é só uma teoria... Mas não é tão difícil assim fugir da Mansão Sakamaki. A possibilidade delas serem sequestradas é quase tão grande quanto a delas terem fugido. Se desconhecidos conseguem entrar, elas conseguem sair.
—Isso é bem plausível, em realidade.- Igor respondeu, parecendo admirado com o raciocínio da Komori.
—Mas e o bilhete que Sarah deixou no jardim pros meninos?- Eu perguntei, pegando o bilhete que eu havia roubado de Kanato e escondido embaixo de meu cinto.- A letra está ilegível, e ela pede por socorro na carta. As coisas não se encaixam.
—Nas séries policiais humanas, às vezes existem coisas chamadas pistas falsas- Mao Masa respondeu, parecendo orgulhoso de seu conhecimento- São coisas que os assassinos deixam pela cena do crime para confundir os detetives e deixar a investigação deles mais complicada. Sarah pode ter feito exatamente isso e feito uma carta de socorro falsa para todos acreditarem que elas foram sequestradas quando elas fugiram!
Sol questionou o garoto:
—Desde quando você sabe tanto de series humanas?
—Eu estudei e assisti para impressionar a Nikki!- E lá ia Mao Masa de novo...
Sério, ele parecia não perceber que ele não tinha tanta chance assim com Nikki. Mas eu não planejava em contar isso pro garoto tão cedo. Amor adolescente é uma coisa tão pura e bonita...
—Sei lá, não é do feitio das garotas só irem e abandonarem todo mundo assim- Jackson parecia quase magoado com a possibilidade delas abandonando ele.
Pobre rapaz...
—Tem um soldado Sakamaki lá na frente!- Igor alertou de repente, colocando um grande capuz vermelho sob mim- Coloque o capuz, Lilith, melhor prevenir.
Concordei com a cabeça, apertando mais o capuz sob meus cabelos e mirando a face para o chão enquanto deixava os pés do meu grupo me mostrarem onde pisar.
—Nomes?-Ouvi a voz de um soldado, e engoli em seco. Eles estavam guardando a fronteira, e isso não era bom sinal.
—Eu sou Igor, Lobo Alfa da Tribo Alphabetta. Esse é meu protegido, Jackson. Esses são meus companheiros de busca: Yui Komori, Sol Dellanoce, Mao Masa. E essa é minha noiva, Lilith. Futura líder da tribo Alphabetta.
Sem sobrenome Sakamaki pra me honrar? Isso parecia ser uma boa ideia, apesar de me deixar triste.
—O que estavam fazendo no Reino Vampiro se todos vão para o Reino Lobisomem?- O soldado perguntou.
—Estávamos mostrando apoio para o Governo de KarlHeinz.-Mao Masa respondeu como se fosse um político.- Devemos mostrar que o rei pode contar com os lobisomens.
O guarda não me soou muito convencido quando disse algo sobre nos deixar passar. Sem escolha, entramos no portão mágico que nos levava á tribo Alphabetta.
E ainda diziam que aquele portão era tecnologia inovadora.
Ao tirar o capuz de minha cabeça, eu me sentei na frente do jardim principal da tribo e me despedi do pessoal. Yui e Sol iam dividir o quarto pela noite, e o mesmo ia acontecer com Jackson e Mao.
Suspirei quando Igor foi embora para fazer alguma tarefa de lobo alfa. Onde será que aquelas garotas estavam?
Passamos o dia inteiro procurando por algum sinal de vida das Herbert, mas nada tinha sido achado. Igor e Jackson até mesmo tentaram farejar o cheiro das garotas enquanto Sol e Yui entravam em contato com o Mundo Humano. Nada, nadica de nada. Até mesmo os pais delas estavam preocupados.
Se passaram horas que eu estava lá, parada. Só percebi isso quando Igor apareceu em minha visão:
—Pensando demais?
—É só que...- Comecei, jogando a cabeça pro alto-Eu me sinto irresponsável. Eu deixei aquelas garotas á mercê dos meus primos e agora nem mesmo eles sabem onde elas estão. Se é que estão em algum lugar.
—Não se pressione- Igor depositou um beijo em minha testa, e logo depois colocou a mão em minha barriga- Pense que não é só por você agora que você tem que se cuidar.
Acenei com a cabeça, e dei um beijo rápido nos lábios de Igor:
—É... Eu tenho certeza que elas estão bem.

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Narração Marie
—Nós não estamos bem- Reclamei, afundando a cara no travesseiro do meu colchão- Estamos bem longe disso, na verdade.
—Marie, reclamar não vai criar uma chave mágica que possa nos tirar desse quarto.- Nikki respondeu, suspirando de forma cansada.
Olhei em sua direção. Aquilo não era o comentário que eu estava precisando nesse momento.
Faziam dois ou três dias que estávamos presas naquele quarto minúsculo. Com apenas um colchão e um sofá para dormir, um banheiro relativamente pequeno ao lado como nossa única escapatória pra um pouco de privacidade e sempre com algum dos meninos nos entregando trocas de roupa e comida pela porta. É, definitvamente, eu poderia estar numa situação melhor.
Eu e Victoria costumávamos dormir no colchão, enquanto Priya e Brunna se ajeitavam no sofá e as outras meninas dormiam no chão e apoiadas umas nas outras. Só ontem que Sofie dormiu no colchão, ela havia tido uma crise de pânico.
—Mas bem que podia, Nikki- Saí de minhas lembranças quando ouvi a voz de Priya- Fala sério, a gente tá sendo tratada que nem cachorro! Na verdade, acho que até cachorro é tratado melhor que a gente!
—Bem vinda á vida de uma humana no Mundo Vampiro- Sofie disse cinicamente, estendendo os braços para Priya.-Melhor ficar acostumada a ser tratada desse jeito, pode ficar ainda pior.
Se é que isso era possível, a estadia não-consensual naquele quarto tinha feito Nikki e Sofie mais assustadoras ainda.
—Para de dar medo nas meninas, Sôh!- Sarah a repreendeu. Apesar do olhar cansado, ela ainda estava arrumada como uma boneca- Não é TÃO ruim assim, no final das contas.
—Sarah, se você me der uma vantagem sobre ser noiva de sacrifício que não seja ter comida grátis, eu literalmente te pago um milhão de reais- Victoria riu de forma suave. Era incrível como minha irmã ainda conseguia parecer uma diva de salto naquela situação.
—Sobre o que estamos discutindo?-Brunna saiu do banheiro,com a tolha ainda no cabelo loiro molhado.
O resto das irmãs Hudison deu de ombros.Brunna deu uma bufada discreta enquanto terminava de secar o cabelo.
—AH!QUE TÉDIO!-Daayene gritou de repente,fazendo todas nós darmos um pulo de susto-Ninguém aqui tem celular,essa casa não tem internet e nem assunto a gente tem mais!MARAVILHA!
—Quanto mais você gritar,mais tempo a gente vai ficar trancada aqui-Priya brigou com a irmã,caindo preguiçosamente no sofá.-E enquanto isso,todas nós estamos perdendo dias letivos!Eu,Vic e Marie faltando e na faculdade e todas as outras faltando na escola.Só porque a gente tem que satisfazer aqueles reizinhos lá.
—Nem me fale-Eu resmunguei de volta enquanto Victoria se acomodava ao meu lado-O único lado bom dessa história é que vocês não estão sendo sugadas até desmaiarem.Assim podem descansar um pouco.
Todas as Hudison soltaram um suspiro,numa mistura de afirmação com cansaço.
—De uma forma ou de outra-Sofie começou,olhando para a janela aberta que tinha no quarto-A gente não pode ficar aqui pra sempre.Se eles quiserem mesmo que nós nos
"transformemos",sejá lá o que essa expressão significa...Eles terão que nos libertar,cedo ou tarde.De preferência cedo.
Quase como se Sofie prevesse o futuro,a porta se abriu e revelou um Yuma aparentemente nervoso.
—Oy,Sow!-Revirei os olhos mentalmente para o garoto,que olhava para nós com certa raiva e confusão-Ruki está chamando vocês lá em baixo!Se apressem antes que desistamos!
E assim ele foi embora,e bastou apenas uma troca de olhares entre nós dez pra sabermos que deveríamos seguir o rapaz.
Andamos pelo corredor rapidamente,cada passo sincronizado com as batidas do meu coração,mais fortes do que nunca.Uma parte minha estava enjoada de nervosismo,não se sabe o que eles podiam falar pra gente. Eles pofiam nos mandar embora ou.. sei lá, mandar a gente dançar Macarena.
Quando chegamos na sala, minha respiração parou. Ruki estava lá, sentado com seu típico livro em mãos e seus outros dois irmãos ao seu lado. Azusa e Kou respiraram, parecendo entediados com aquela situação.
—E aí, pra que você nos chamou aqui?- Victoria perguntou, e eu segurei a vontade de pisar no pé dela.
—Eu gostaria de mais respeito vindo da sua parte, Senhorita Herbert- Ruki respondeu secamente, e Victoria parecia sigurar o impulso de responder alguma coisa- Lembrem-se de quem está as sustentando e as mantendo vivas.
—É, vivas.- Nikki revirou os olhos- Num quarto minúsculo dividido por dez pessoas, porém vivas.
Ruki ignorou o comentário irônico de Nikki ao pegar diversas sacolas e entregar para todas as meninas. Quer dizer, todas com exceção de mim, Victoria e Priya.
—Ei!- Priya resmungou assim que percebeu que nós três havíamos ficados sem sacola- Que segregação é essa, moço? A gente mal sai do quarto e já tá assim?
—M Neko-chan~- Kou a chamou, recebendo a atenção de todas nós- Você pode até ser bonita, mas não é nada inteligente, né?~
Priya cerrou as sobrancelhas, parecendo extremanente ofendida:
—Com licença?!
—São uniformes.- Ruki respondeu, tentando fazer com que os dois calassem a boca- Uniformes da escola noturna. A partir de amanhã,vocês irão pra aquela escola. Herbert, vocês já conhecem aquele colégio bem, podem guiar as Hudison por lá?
Olhei com a boca escancarada para as garotas. Elas iam voltar para a escola. Isso não ia dar nada certo.
—A gente... Pode guiar...- Lua parecia meio perdida do que falar- A gente tem um irmão no primeiro ano, ele pode guiar a Anna. Aí a Brunna fica com a Sofie e a Sarah, enquanto a Daay fica comigo e com a Nikki.
—Ótimo.- Ruki respondeu, não parecendo nem um pouco surpreso com a menção de Jackson- Quanto ás mais velhas, vocês seguirão sua rotina de faculdade normal, como era antes do... Acidente.
Seu olhar de repente se tornou mais bravo em nossa direção.
—Olha, é uma ótima coisa essa história de "estarmos livres numa escola" e tudo, mas...- Brunna deu um passo a frente, parecendo ter certo medo de falar a coisa errada- Isso não significaria que as garotas teriam que ver os Sakamaki?
A sala ficou quieta por poucos segundos, e eu podia ver que Victoria ficou com o corpo tenso.
—Claro, Sow!- Yuma de uma risada meio brusca- Bom que aqueles idiotas podem ver quem que é melhor aqui! Além de pegar as seis deles, ainda pegamos mais quatro!
—Eu tenho quase certeza que ela perguntou isso com medo das Herbert terem que lidar com ciúmes dos meninos e eles quererem machucar elas, Yuma- Daayene afirmou com um sorriso de canto, e Brunna concordou com a cabeça.
—É só... Vocês... Não... Irem com eles, Eve- Azusa respondeu, o que fez todas nós suspirarmos em conjunto.
É verdade que, apesar do incidente do quarto, a vida daqui estava melhor do que com a dos Sakamaki. Cada uma das Hudison só haviam sido mordidas uma vez, e eu e minhas irmãs tivemos finalmente a oportunidade de relaxarmos e nos recuperarmos de tudo o que havia acontecido na outra mansão.
A ideia daquilo acabar me deixava nauseada.
—Isso... Significa que a gente tá livre?- Sarah perguntou, amassando a barra da saia- Quer dizer, do quarto?
Os quatro garotos se entreolharam, antes de Ruki responder:
—É, vocês poderiam dizer algo assim.
Em meros segundos Victoria tinha abraçado Ruki com força, porém ela se afastou mais rapidamente ainda:
—VALEU, MORENO! Ah, e... Foi mal pelo abraço, é... Felicidade...
Ele fez um gesto para que nós afastássemos e curtíssemos a noite por hoje. Mas eu vi um sorriso de canto aparecendo em seu rosto.
Parecia até que ele sabia que o “reencontro” das minhas irmãs com os Sakamaki não iria ser agradável.
Sem muita escolha, nós fomos para a parte de trás do Jardim Mukami. Enquanto Lua e Victoria cantavam alguma coisa sobre “Liberdade, Liberdade, abra as asas sobre nós” e Daayene com Sarah faziam uma batida com as mãos (sendo seguidas por uma dancinha de Priya e Brunna e risadas vindo de Nikki e Sofie), eu sorri pra mim mesma. Que grupo incrível.
Passados apenas poucos minutos no jardim, percebi que ela já tinham se separado. Sofie estava sozinha, deitada na grama e olhando pras estrelas. Nikki, Lua e Daayene estavam sentadas contra o muro, conversando e olhando pras rosas. Sarah e Anna estavam em cima do muro(sabe-se lá como é que elas foram parar lá), balançando as pernas enquanto riam e sussurravam entre elas.
Olhando pra trás, eu ainda podia identificar Victoria e Priya, que estavam sentadas e escoradas na parede de uma esquina do jardim, de costas para nós. Parte de mim quis conversar com todas elas, e foi isso que eu fiz.
Me aproximei de Sofie, sentando do lado da morena. Ela percebeu sem dificuldade minha presença, e se virou em minha direção. Sem pensar, soltei:
—Pensando demais?
—Só em como vai ser a escola amanhã- Sofie suspirou, seu olhar se encontrando com o meu- É claro que vai ser maravilhoso encontrar a Sol, o Mao e o Jackson depois desse tempo... Eles com certeza então preocupados com a gente.
—É só isso que está te preocupado?- Eu mexi num fio de cabelo castanho dela- Sofie, pode me contar qualquer coisa. Eu sou sua irmã, nunca vou te julgar. Não importa o que seja.
Ela suspirou:
—Eu sei lá, parece que mudei desde quando vim pra cá. Eu me sinto mais leve, mais... Normal. Apesar disso, eu estou tendo mais pesadelos e crises de pânico. E... A minha menstruação atrasou. Era pra ser sincronizada com a da Sarah, mas não desceu até agora.
— Você acha...- Meu cérebro congelou com as possibilidades que podiam ter acontecido com minha irmã- Você acha que está se transformando? Ou acha que você está grá-
—Ah céus, não. Isso com certeza não- Sofie me interrompeu antes que eu pudesse terminar minha linha de pensamento- Eu acho que eu tô passando pela transformação Eve, Marie.
Vi que seus olhos estavam cheios de sufoco, e eu dei um beijo na testa da gêmea mais nova para aconchega-la:
—Vamos dar um jeito nisso, Sofie. Eu prometo. Agora... Eu preciso ver como as outras estão, se não vão achar que eu tenho favoritas.
Ela revirou os olhos e sorriu, olhando de novo pro céu.
Me dirigi até Nikki, Daayene e Lua, sendo recebida por risadas altas.
—E o que as três damas do segundo ano estão fazendo de tão engraçado?- Perguntei, não segurando um sorriso.
—As duas estavam me apresentando os garotos Sakamaki direito- Daayene limpou as lágrimas felizes do rosto.
—Quer dizer, Lua está dando descrições ridículas de como eles se comportam- Nikki estava com um sorriso apenas no rosto, mas pelo brilho de seus olhos vermelhos eu sabia que ela estava se divertindo.
—Ah, qual é!-Lua riu- Vai me dizer que não é verdade que a família Sakamaki é formada por uma preguiça, um pombo, um Oreo ruivo, uma Lolita psicopata, um tarado de chapéu e um carro com TPM?
Não pude deixar de cair na risada. Eram realmente descrições horríveis.
—Eu prefiro omitir minha opinião- Eu disse entre risadas, já me afastando do grupo- Agora vou me retirar, antes que os apelidos piorem.
Quando cheguei a Sarah e Anna, puxei suavemente os pés das duas pra baixo, e ambas pularam de susto:
—MARIE!- Sarah fez beicinho- Não faz mais isso! Eu podia ter caído, batido a cabeça e morrido. E não necessariamente nessa ordem!
—Eu hein, você tá falando igualzinho a Victoria- Fingi estar desapontada, mas continuei sorrindo.- Sobre o que estavam falando?
—S-sobre a escola- Anna respondeu, ficando vermelha de repente. Fiquei confusa sobre a vermelhidão da garota.
—Relaxa, Anna. Acontece com as melhores de nós- Sarah deu um tapinha carinhoso na cabeça da mais nova- Ela só estava me contando que acha o Azusa bonitinho.
—Ah! P-para... Sarah! É-é vergonhoso!- Ela se encolheu, ficando vermelha até a ponta das orelhas.
—É normal, Anna- Eu respondi, fazendo carinho no cabelo dela- Nós somos seres e seres acham algumas pessoas bonitas. Apesar dele ser de gosto... Duvidoso, eu te entendo. Todas nós achamos algum cara bonito. Ou uma menina.
—Marie, se você fizer discurso de “hormônios á flor da pele por causa da puberdade” que nem uma tiazona, eu me deserdo da família- Sarah respondeu, já rindo.
Pus a mão no peito, fingindo estar magoada enquanto me afastava:
—O que você tem contra meus discursos de tiazona?!
Sob as risadas de Anna e Sarah, me afastei e fui me encontrar com Victoria e Priya. Resolvendo assustar elas, me esgueirei na parede.
Porém a conversa delas me fez parar.
—É só que... Eu tô lidando com tantas emoções agora, que nem sei mais o que estou fazendo ou não... Do que eu gosto ou do que eu não gosto- Era a voz de Victoria, falada quase num sussurro pesado.
—Desculpa se eu piorei sua confusão- Era a voz de Priya, mais risonha porém ainda profunda- Podemos continuar amigas, se quiser. Eu só não ia conseguir aguentar passar mais tempo crescendo essa... Coisa dentro de mim. Não sem te contar.
Mas o que diabos estava acontecendo?
—Não é você, Priya. Eu... Também senti uma “coisa” dentro de mim- Victoria parecia estar quase chorando, a conhecendo como eu conhecia- Mas... Eu descobri recentemente que... Eu talvez sinta uma coisa mais forte ainda por outra pessoa.
—Eu entendo perfeitamente-Pela voz, tenho quase certeza que Priya estava sorrindo- Não vou te forçar pra nada, Vic. Estou mais do que disposta a esquecer que isso aconteceu e continuar na amizade!
—Priya...- Victoria suspirou, quase que desesperada- Desculpa...
E eu então ouvi um barulho diferente. Um som meio abafado misturado a respirações pesadas.
Demorou mais do que segundos pra cair a ficha.
Era um barulho de beijo.
É. O. QUÊ?!
Cerca de 7177353 perguntas rondavam minha cabeça naquele momento. Nenhuma delas tinha resposta, e eu segurava a ânsia pra gritar.
—Garotas! Precisamos ir!- Brunna gritou, e eu saí do esconderijo rapidamente- Vocês tem faculdade amanhã de manhã, precisam dormir cedo!
Com aquela informação? Eu tenho certeza que não vou dormir tão bem assim.
Corri um pouco pra frente, e puxei Lua pra um canto, sussurrando em seu ouvido:
—Convoca uma Reunião Urgente das Herbert pra agora no meu quarto.
Lua concordou com a cabeça, e eu saí correndo para meu quarto.
Nem tive tempo de pensar que eu sentia muita falta de dormir numa cama de verdade, já estava arrumando o quarto para a reunião acontecer.
Meus pensamentos estavam a mil quando alisei a roupa em frente ao espelho do quarto. Ok, calma... Vai ficar tudo bem.
AH, QUEM EU QUERO ENGANAR? EU TÔ BERRANDO INTERNAMENTE!
Quando bateram na porta, mandei rapidamente elas entraram, tentando desacelerar minha respiração.
Todas minhas irmãs entraram ao mesmo tempo, parecendo preocupadas
—Marie, aconteceu alguma coisa?- Sarah fechou a porta gentilmente enquanto as outras corriam em minha direção- Você não convoca uma RUH desde o dia que a Sofie comeu o meu cupcake e eu não queria falar com ela.
—Ei! O cupcake era de chocolate e era meu!- Sofie brigou, infantil como ela sempre era quando o assunto envolvia bolo de chocolate.
—Ei, gêmeas, foco no problema de verdade aqui- Nikki se ajoelhou a minha frente- O que aconteceu, Marie?
Eu suspirei pesadamente, olhando pra Victoria:
—Não foi algo que aconteceu comigo, mas sim com a Vic.
Todos os olhares se voltaram pra minha irmã mais nova.
—O quê?- Seus olhos se arregalaram, e em meros segundos o rosto dela ficou vermelho feito pimentão- D-do que v-você e-está falando..... I-irmãzinha? N-não aconteceu n-nada!
—Desculpa Vic, mas você é uma péssima mentirosa. O que foi?- Lua segurou a mão de Vic. Todas pareciam realmente preocupadas com a garota.
Victoria olhou pra mim, parecendo derrotada:
—Até que parte você sabe?
—Todo o final da conversa- Respondi, e então suavizei a voz- Olha, Vic... Se você não se sentir confortável falando essas coisas pra gente ainda, não precisa. Não é lá uma coisa muito séria que vai mudar nossa visão sobre você. Mas... Saiba que nós somos uma família, e que vamos te apoiar não importa o que você goste, o que você escolha, o que você seja.
—Ai, gente! Que papo é esse?- Lua se afastou de Victoria, passando a mão nos braços- Até arrepiei aqui! Mas todas nós assinamos em baixo do que a Dinossaura falou.
Revirei os olhos pela volta do apelido.
—Você tá certa,Marie... Eu devia ter contado pra vocês desde o início- Victoria suspirou, virando as costas pra gente- Mas talvez o que esteja me deixando tão... Estranha não seja o que você pensa.
—Gente, eu não sou de exigir segredos nem nada- Nikki começou- Mas esse suspense tá me matando.
Victoria respirou fundo:
—Eu beijei Priya Hudison.
Após alguns segundos, as garotas começaram a engasgar.
—ESPERA AÍ? OI? É O QUE?- Sarah estava berrando, e ela nem parecia se importar com isso- Eu... Eu.. MEU DEUS!
—Eu não sei se estou mais chocada pelo fato de você ter pegado uma menina ou pelo fato dessa menina ser a nossa Priya- Sofie olhou,com as orbes brilhando, para Victoria.
Nikki se levantou e abraçou forte Victoria:
—Você é muito forte por contar isso pra gente, Vic. Eu tenho orgulho de você.
—O objetivo dessa cena era me fazer chorar? Se for, está funcionando- Lua comentou, se juntando no abraço.
E então eu abracei as três, e então Sarah se juntou ao abraço. Eu ouvi um suspiro cansado, e então senti o abraço de Sofie nos envolvendo.
Agora eu que estava chorando. Quando nos afastamos, limpei meu rosto com a mão.
—Sério, vocês são as melhores irmãs do mundo.- Victoria riu, limpando as próprias lágrimas.- Eu... Me senti meio “atraída” pela Priya quando vi ela pela primeira vez na faculdade. E então veio esse lugar e... Vocês sabem...- O comentário de Victoria arrancou uma risada de nós.
—A gente sabe, Vic- Sofie sorriu, numa mistura de alegria verdadeira e orgulho- E aí, como foi?
—A gente estava conversando, e a Priya disse que se sentia atraída por mim...- As bochechas dela ficaram vermelhas. Era a primeira vez que eu via minha irmã envergonhada contando de um beijo. Não a culpo, também foi assim comigo- E eu disse que também, mas que eu não ia conseguir ficar com ela...
—Espera aí. – Lua interrompeu a conversa- Você gosta dela e ela gosta de você mas a conta não fechou? Positivo com positivo dá positivo, então vocês não deveriam... Sei lá, se pegar, namorar, tran-
—Pelo amor de Deus, Lua, deixa a garota terminar a história- Sarah puxou a de óculos para trás, controlando ela pelo pescoço- Se ela não quis “fechar” com a Priya, deve ter um “por que”.
— Ou um “por quem”- Sofie completou, e eu sorri de orelha a orelha ao ver Victoria virar um cosplay de tomate de tão vermelha.
—Meu deus, ela tá vermelha- Nikki parecia chocada- Então TEM uma segunda pessoa nessa história.
—Quando eu disse isso, ela falou que entendia e que podíamos ser apenas amigas- Victoria completou, brincando nervosamente com as pontas dos cabelos e girando levemente nos saltos- Mas a verdade é que eu não ia conseguir ter nada mais que atração por Priya... Já que eu sinto “algo mais” por outra pessoa.
—Victoria...- Eu suspirei, já imaginando o que ela iria falar em seguida, graças á seus olhos brilhantes e sonhadores quando ela brincava com o anel em seu dedo.
— Eu gosto de Reijii Sakamaki.- Ela assumiu, um sorriso doce em seu rosto enfeitado pelas bochechas coradas.- Ai, por deuses! Não contem isso pra ele amanhã! Eu... Eu quero contar pra ele eu mesma. Quer dizer, se eu tiver coragem... De me confessar... Ou de olhar na cara dele depois que eu literalmente traí ele.
Ela começou a morder as unhas.
Sofie se levantou, e tirou as mãos da boca de Victoria:
—Você lembra o que eu disse no dia que seu noivado foi anunciado?
Victoria acenou com a cabeça, decidida:
—Você disse que eu nem sabia se ia ficar casada pra sempre.. falou algo sobre eu não ter que me comportar como uma dama...
—E disse que se você conversasse com o Reijii, ele iria te entender- Sofie apertou uma mão de Marie- Isso ainda vale pra hoje, Vic. Ele vai entender que você estava tentando compreender seus sentimentos e desejos.
—Mas... E vocês?- Victoria olhou pra nós, com medo -Não estão me achando estranha? Porque eu acabei de ficar com uma menina e falei para vocês que gosto de um cara que eu traí...É, e esse cara é meu marido vampiresco maluco.
—Ai, Vic...- Eu me levantei da cama, a envolvendo num abraço de um braço só- Seja apaixonada por Priya ou por Reijii, o que importa é sua felicidade. E se você está feliz, todas nós estamos felizes por você.
—Mas já vou avisando que eu e Jackson vamos ter uma “conversinha” com o Reijii. Se ele quebrar seu coração, eu quebro a cara dele- Nikki estralou os dedos, sorrindo enquanto eu ria. Eu não duvidava nada disso.
— E o Reijii seria bem idiota de não gostar de você, Vic- Lua respondeu, se livrando de Sarah- Você é maravilhosa!
Victoria agradeceu calmamente, mas eu podia ver que ela estava envergonhada.
Na hora de nos despedirmos, Sarah soltou:
—Victoria, isso significa que você entrou pro mesmo vale que eu e Marie?
Victoria riu e fechou a porta na cara de Sarah, e ainda deu para ouvir as risadas das garotas no corredor.
Eu e Victoria trocamos nossas vestes para pijamas e subimos na cama. Eu do lado direito e ela do lado esquerdo.
—Marie, obrigada por tudo- Victoria sussurrou antes de eu adormecer- Vocês não sabem o quanto me ajudaram com aqueles discursos e abraços.
—É pra isso que serve uma família, Vic- Sorri pra ela no escuro- Mas temos que contar pro Jackson os babados amanhã, se não ele fica com ciúmes.
Ela riu alto, e depois ficou em silêncio por um tempo.
—Ei, Marie...- Ela me chamou, já com voz sonolenta.- Eu tô feliz que a gente aceitou ir pra Mansão Sakamaki naquele dia.
Eu olhei pro teto, sorrindo pra mim mesma com a paz que me invadiu:
—Eu também, Vic. Eu também.


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Notas finais do capítulo

(Já vou pedindo desculpas porque estou sem PC então estou postando pelo celular, e o Nyah adora desformatar o que escrevo pelo celular, Sorry ;-;)
E aí, o que acharam do capítulo? O que acham que vai acontecer na volta das Irmãs Herbert pra escola e no primeiro dia de aula de Daayene, Anna e Brunna? O que será do relacionamento entre Reijii e Victoria e da amizade entre Victoria e Priya?
(Tá, agora parei. Tô até parecendo aquelas locutoras de novela)
Espero que tenham gostado do capítulo ❤ Não se esqueçam de comentar, eu não mordo ;3