PRÓLOGO

                Faltavam alguns dias para as festas de fim de ano, mas a neve já caia como flocos de açúcar do lado de fora do castelo, a lua cheia refletia sobre eles deixando uma noite clara e com um quê de mistério. Nos salões comunais não se encontrava viva alma acordada, e em seus dormitórios os alunos descansavam calmamente em suas camas quentinhas e aconchegantes.

              Mas havia algumas exceções no dormitório feminino da Grifinória, onde Rose Weasley, Dominique Delacour, Lily Potter e Roxanne Weasley estavam acordadas devido à insônia que as perturbavam. Entediadas em seus quartos, foram descendo uma a uma até que todas se encontravam em frente a lareira olhando o fogo tremeluzir e crepitar enquanto lambiam ferozmente as lenhas encantadas que ali descansavam.

              — Que tédio! — rugiu Lily, sem paciência. — Não consigo dormir de jeito nenhum.

              — Nenhuma de nós consegue. — a lembrou Rose.

              — Ainda são meia noite e meia! — disse surpresa Dominique olhando no relógio de Roxanne que estava ao seu lado, completamente largada na poltrona.

              — Acho melhor irmos para lá de uma vez, porque pelo visto, nenhuma de nós vai dormir tão cedo. — rendeu-se Roxanne — Não devíamos ter tomado tanto café.

              Ambas concordaram, voltaram até o dormitório e pegaram suas capas mais quentinhas para proteger do frio que as aguardava lá fora. A Casa dos Gritos passou a ser um refugio para elas desde que o pai de Lily, o eternamente famoso Harry Potter, contou que seu pai — outra lenda — juntamente com seus amigos, que eram conhecidos como Os Marotos se encontravam lá, em seu esconderijo secreto. Desde então elas pensaram “Por que não?”. Claro que a Casa dos Gritos ficava longe do castelo, e como estava nevando não seria uma boa ideia as quatro andarem até lá sozinhas. Porém, felizmente, havia um atalho pelo bruto Salgueiro Lutador, e era exatamente por lá que elas sempre iam.

              Poucos minutos depois, as quatro se encontravam no quarto que estava caindo aos pedaços — mas que nunca realmente caia —, e Rose já lançava o feitiço Abaffiato, que permitia que qualquer pessoa próxima ouvisse apenas zumbidos inteligíveis de conversas, dando assim uma completa privacidade para as quatro. Claro que no momento se encontravam sozinhas, mas de vez em quando os meninos também iam para lá e elas não queriam que ficassem ouvindo suas conversas.

              Ambas sentadas na cama, uma olhando pra cara da outra, esperando surgir algum assunto, Dominique que andava um tanto inquieta ultimamente, se remexeu na cama e disse:

              — O que acha de contarmos segredos? — sugeriu um tanto nervosa, mas ninguém detectou isso para seu alívio.

              — Segredos? — Roxanne repetiu — Não temos segredos. — deu de ombros.

              — Ah, qual é? Todas temos segredos. — insistiu a loira. — Inclusive, eu sei que ficou com o Finnigan hoje.

              — Dominique! — repreendeu-a ficando vermelha.

              — Viu? Segredos. — riu. — E você Rose?

              — Eu não. — Rose falou, sem olhar para nenhuma delas.

              — Lily? — chamou-a.

              — Hã? Não, eu não fiquei com o Finnigan. — fez-se de boba.

              — A pergunta não foi essa, perguntei se tem algum segredo. — revirou os olhos.

              — Eu? Não! — e apressou-se a dizer: — Mas a Rose tem ficado com um garoto misterioso, que eu sei!

              — Lilian! — ralhou a outra ruiva.

              — Viu? Todas temos segredos. — disse Dominique rindo. — Mas quero saber os mais sérios.

              — Eu não tenho. — Lily disse, rápido demais.

              — Somos amigas a vida inteira, o que esconderíamos uma das outras? — questionou Roxanne.

              Dominique deu de ombros e se encolheu um pouco cabisbaixa. Rose logo percebeu, e colocou a mão sobre a dela.

              — Tem algum segredo, que você queira contar? — ela negou veementemente com a cabeça, mas sem olhar para ninguém.

              Todas se entreolharam e notaram que aquele tema da conversa não foi escolhido aleatoriamente, pois já havia se comunicado sobre o comportamento estranho da Dominique nos últimos dias.

              — Tudo bem então. — disse Rose se arrumando no lugar — Eu conto primeiro.