In Vitro escrita por Cat


Capítulo 1
Ao infinito e ao entendimento — Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

ಌ In Vitro significa "No vidro" ou "Em vidro". Conforme vocês irem lendo, vão encontrar e definir as metáforas dos títulos e da sinopse sz.

ಌ Essa história foi um marco grande na minha vida. Marcou a fase de quando eu meio que despertei de respostas que eu procurava em relação à sociedade e liberdade. Algumas pessoas leram e não tenho certeza se gostaram sendo sincera, ahsuhue. Mas, eu amo essa história com todo o meu coração. Alguém vai saber apreciá-la tanto quanto eu.

ಌ Banner de capítulo feito por mim. Eu revisei várias vezes a história, mas ainda assim pode sair algum errinho. Me perdoem qualquer deslize ♥

ಌ Boa leitura!



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"A alegria de ver e entender é o mais perfeito dom da natureza."

Albert Einstein

 

Era um galpão abandonado, aparentemente destruído em um dos furacões de pouca escala que passaram por ali recentemente. Por entre os pequenos furos no telhado ao qual o forro havia desabado, o sol ascendia por entre o local, revelando também o céu limpo e completamente azul.

No centro do lugar que estava em completa destruição, havia um grande tanque em forma de caixa ricamente adornado de vidro transparente, coisa que podia permitir aos outros observarem seu interior.

Ele guardava um segredo.

Prostrada sobre o chão frio de metal do tanque e iluminado por uma das tantas frestas de sol que saiam do telhado quebrado, havia um anjo.

Suas extensas asas da cor branca envolviam-na. Seu delicado corpo, coberto por uma roupa branca e um lençol de seda, jazia machucado, perfurado, e ensanguentado. A criatura tossia constantemente, e sentia que em poucas horas sua vida teria ido embora.

Encostou-se no chão, sentindo-se ser levada a divagação.

Haviam sido humanos que a encontraram em meio à floresta, após ser atingida de raspão com uma bala de fogo disparada por um caçador local. Fora contrabandeada até ali, e machucada após o alvoroço que se seguiu.

O anjo em sua pureza guardava somente dor em seu coração. E pena.

Ela era um anjo de poucos anos, uma alma completamente pura, e acima de tudo: uma alma que sentia o ardor em seu âmago por todos. Talvez, por sentir a dor dos corações que são atingidos pela maldade, ela tivesse por fim, caído.  

Eles tinham um corpo. Mas não o respeitavam e sequer respeitavam o de seus próximos. Eles tinham uma mente, um coração, mas só usavam o ego para a sobrevivência. Tudo o que viu foi o mal — E a certeza de que esse mesmo mal os destruiria em essência.

Talvez, o sadismo e mal sempre fora nada mais nada menos que um hábito, implantado para ferir e atrapalhar na evolução de todos. Talvez, esse lado moeda mostrasse quem realmente eles eram. Pessoas se preocuparam esse tempo todo apenas com o próprio ego, e esqueceram que deviam se preocupar com o coração.

Ela suspirou, tristemente.

A anjo carregava uma filosofia consigo: não importa se você não tem asas, o amor te dá capacidade de voar.

A garota se levantou e tocou o vidro frio em contraste com as suas mãos delicadas. Podia ver pelo vidro os detalhes do interior do galpão onde se encontrava, mas não podia tocá-los. Podia tocar somente a barreira que lhe foi imposta.

É isso que acontecem aos mal-feitores.

Eles estão frente a frente com a beleza, mas não podem apreciá-la. Eles tem uma vida, mas não vão aproveitá-la de forma pura. A barreira de vidro — a mesma que prendia o anjo — se tornaria uma realidade. Eles estariam encaixotados, machucados e no escuro, com o pesar de estar olhando, mas não podendo ganhar sua enfim liberdade...

Um clique.

O anjo parou de devanear, enquanto vozes se aproximavam lá fora. Ela respirou fundo.

“Não”.

Ninguém iria lhe roubar a liberdade. Ela tinha certeza que nunca sequer havia feito o mal; O mal é a natureza que manda uma vez e tira cem depois. Portanto, barreiras malignas de todo o mal que for energizado são o resultado disso. Mas nunca houvera algo ruim dentro de seu coração, a não ser a tristeza.

Certos obstáculos vinham para nos demonstrar a verdadeira força.

Ela passou a bater no vidro com toda a força que tinha. Expandiu suas asas com brutalidade, e mesmo estando tão cansada e machucada, lutou.

O sentimento de força invadiu suas veias. O anseio de sair de sua inquisição se tornou avassalador. Uma forte luz dourada passara a se expandir por entre seus dedos e asas. O brilho tornou-se mais forte, e se expandiu até os seus olhos, deixando-os luminosos e dourados. A luz se tornou um clarão cada vez mais forte, até que por fim, o vidro não aguentou e explodiu, espalhando-se em incontáveis pequenos pedaços que voaram como se estivessem em câmera lenta.

Aqueles milhões de pedacinhos de vidro podiam encarcerar todos os átomos que existiam no corpo daquele ser, mas não podiam encarcerar ou calar sua força de vontade.

Mesmo com estando debilitada, o anjo alcançou voo com elegância, fugindo por um dos extensos buracos abertos que davam espaço para o sol entrar. Deu Adeus ao seu cárcere, e deixou aos homens um presente.

 Quando os raptores puderam notar, havia um filete de fumaça densa se erguendo do chão. Gravado em letras rebuscadas e elegantes, ainda brilhantes por terem sido feitas com algo ardente e dourado,  estava escrito:

“A sua prisão é prender os outros. Talvez eu seja tola em me importar, mas lembrem-se: de todos os lados você estará condenado ao sofrimento. O sofrimento real e a culpa vêm apenas de um. O real é visto somente com olhos da alma. Enquanto vivemos no mal, todos estamos presos in vitro.”


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Notas finais do capítulo

ಌ Todo o amor e luz pra vocês ♥



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