Regulus suspirou exausto. Passou a mão sobre as folhas, com uma vontade insana de amassá-las. Mas não poderia. O elfo fuçava o lixo. Apenas poderia olhar para as notas, grandes e vermelhas (Sirius Black — veio-lhe na mente), que demonstravam seu fracasso. Estava sentindo-se péssimo. Havia estudado tanto para a prova de Transfiguração que não dormia há três dias, e aparentemente, não dormiria mais três. Como alguém poderia sequer pensar em dormir com um fracasso desse estampado no pergaminho, guardado na escrivaninha, dentro da primeira gaveta?

Passou a mão pelo cabelo, irritado, tentando bagunçá-los (Sirius Black, seus cabelos tão mal penteados quanto de Potter — novamente, como automático, o nome tomou seus pensamentos) em uma inútil tentativa de sentir-se superior (superior a Sirius Black). Esfregou a testa para fazer a dor de cabeça sumir, mas como soube nada aconteceu. O maldito e horrendo nome de seu irmão não saia de seus pensamentos em nenhum momento do dia, e agora, parecia pior do que nunca antes. Regulus não sabia aonde doía mais, o peito ou a cabeça — talvez a suas costas, de tanto ficar curvado observando aquele pergaminho que tanto gostaria de fazer sumir. Sirius Black aqui, Sirius Black lá… Qualquer lugar que olhasse, veria Sirius. Veria as perfeições do irmão, as perfeições que Regulus não tinha. Veria sua aparência bonita, maravilhosa, o contrário da dele. Se ele se olhasse no espelho, veria Sirius Black, não Regulus; porque Regulus queria ser Sirius, ter Sirius. Queria um irmão, um relacionamento com Sirius como ele tinha com James — irmãos de verdade.

Sirius era sempre o centro das atenções. Regulus não gostava de todos aqueles olhares, odiaria se estivesse na mesma situação do irmão. Mas queria ser conhecido, ter bastantes amigos e uma felicidade indiscutível. Sirius era sempre o assunto dos jantares em família, das reuniões, dos jornais — “Filho Rebelde dos Black vai para a Grifinória – Como Família Irá Lidar Com Isso?” — e Regulus odiava aquilo. Odiava, de forma mais pura e genuína. Sirius tinha as melhores notas, e Regulus? Ninguém se lembrava dele, então por que lembrará suas notas baixas?

Queria ser bom em alguma coisa. Qualquer coisa. Qualquer coisa, para finalmente sentir-se superior em algo ou talvez alguém… Quadribol? Já tinham a estrela James Potter. Transfiguração? Essa era a matéria de Sirius. Poções? Lily Evans e seu amiguinho… Snape? Regulus não lembrava o primeiro nome dele. DCAT? Zachry era quem tinha as notas máximas. Herbologia? Regulus tinha nojo de lama e todo àquelas plantas… preferia branco (branco é bonito). Trato das Criaturas Mágicas? Aquele tal de Rolf já era o maluco viciado em animais. Astronomia? Regulus nem sabia o nome de todos os planetas. História da Magia? Era entediante demais, e a tal de Alicia já era a melhor da turma mesmo. Regulus não conseguia pensar em nada. Nada! Sua mente era um vazio quanto á isso.

Gostaria de ser mais. Famoso, talvez; mais inteligente; atlético, quem sabe, habilidoso; divertido, engraçado, amigável. Queria não ser tão temido e tão sério. Queria rir mais. Queria muitas coisas, mas não conseguia nada. Oh, “ser ambicioso” não era uma das principais características da Sonserina?

Olhou para a folha novamente. 
Péssimas notas.