Maneira de Lidar escrita por Lura


Capítulo 8
Oitavo Mês


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao oitavo e penúltimo capítulo da fanfic.

Como eu havia dito anterior, nesse teremos um perrengue de leve, só para movimentar a vida dos nossos herois, hehe.

Espero que gostem. =]



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Marinette levou o dedo anelar à boca, sentindo, imediatamente, um leve gosto metálico invadir seu paladar.

Irritada, praguejou baixinho. Graças a sua afobação, em um ponto mal cuidado, acabara por espetar a agulha no próprio dedo. Não que ela não fosse acostumada com aquele tipo de ferimento. Mas após anos dedicados a costura, era fato que esses pequenos acidentes já não aconteciam com tanta frequência.

Retirando o dedo da boca, ergueu, com ambas as mãos, a peça em que vinha trabalhando, imediatamente, sentindo esvair a chateação por ter se machucado. Involuntariamente, sorriu.

Tratava-se de um macacãozinho negro, de tecido aveludado, com meias inteiriças e um capuz, o qual possuía orelhinhas pontudas costuradas, como as de um gato.

— Está ficando uma gracinha Marinette! - Tikki elogiou, unindo ambas as mãozinhas, sem conseguir esconder um brilho nos olhos.

— Obrigada Tikki! - A morena respondeu, voltando a costurar a aplicação em feltro verde, que formaria uma patinha felina, trabalho que havia sido interrompido ao furar o dedo.

— Só falta a patinha? - A kwami indagou.

— Basicamente. - Confirmou. - Talvez eu adicione um guizo no pescoço… - Ponderou, levando o indicador ao queixo. - Mas ele tem que ser removível, para Louis não se machucar. - Completou.

— O Adrien vai adorar! - A pequena joaninha confirmou, por fim.

— Espero que sim! - Exclamou Marinette. - Quero que Louis use para sair da maternidade. - Contou.

Nos últimos dias, a mestiça vinha se dedicando, a confeccionar o pequeno macacão, sem que Adrien soubesse. Tal tarefa, não era tão fácil, embora parecesse. Isso porque, a jovem mamãe já não dispunha de tanto tempo livre no ateliê, pois a sua barriga avantajada de oito meses de gestação, limitava e atrasava consideravelmente seu trabalho. Já em casa, não eram muitas as oportunidades que tinha de costurar sem que o loiro visse, já que queria fazer uma surpresa. Assim, acabou por demorar mais tempo que pretendia na fabricação da peça.

Mas agora, vendo-a praticamente pronta, sentiu que valera cada segundo empenhado.

Afobada, voltou a costurar apressadamente, na esperança de concluir seu trabalho antes que o noivo chegasse. Para sua sorte, naquele dia, ele havia enviado uma mensagem, avisando que ficaria preso no trabalho por mais um tempo e ressaltando - em caixa alta - que ela deveria lhe avisar imediatamente caso algum problema ocorresse.

E foi exatamente por não estar esperando ninguém naquele horário, que Marinette deu um pulo no sofá, ao escutar o barulho da campainha ressoar pelo apartamento.

— Calma Mari! - Exclamou Tikki. - Adrien tem a chave. Ele não ia tocar a campaínha.

— Tem razão. - Concordou a morena, sentindo-se uma boba. 

A campainha tocou uma segunda vez mas, ainda assim, a morena deixou a roupinha cuidadosamente sobre o sofá, antes  de caminhar em direção a entrada.

Logo que alcançou a porta, destrancou-a e girou a maçaneta, ignorando totalmente o olho-mágico, mania que tinha desde sempre e que Adrien recriminava, totalmente.

E pela primeira vez, desde que se mudara para aquele local, xingou-se mentalmente por essa mania. Pois talvez, se ela estivesse espiado de antemão o visitante daquela noite, pudesse pensar em uma maneira de evitar toda a situação que se seguiria.

Parado bem ali, na entrada de seu apartamento, estava ninguém mais, ninguém menos, que Gabriel Agreste.

Hawk Moth.

Também podendo ser chamado de seu futuro sogro.

Certamente, um problema para se avisar a Adrien em caixa alta.

Embora estivesse paralisada sob a soleira, não pôde deixar de reparar que a expressão imperscrutável do ex-vilão, sofrera um leve abalo ao fitá-la. Tão leve, que apenas alguém que conhecesse Gabriel de longa data e estivesse perto o bastante, conseguiria perceber. Instintivamente, levou a mão livre - uma vez que, a outra, ainda apertava firmemente a maçaneta - a enorme barriga de oito meses, sabendo exatamente que fora ela a responsável por desestabilizar o visitante, mesmo que infimamente. Entretanto, decepcionou-se ao não sentir o próprio smartphone no bolso frontal do moletom que trajava, lugar onde deveria estar.

— Cheng. - Ele cumprimentou, em sua frieza costumeira.

— Sr. Agreste. - Marinette respondeu, em tom cordial.

Mais alguns segundos se passaram, sem que qualquer palavra fosse proferida.

Sem que Marinette soubesse o que fazer.

— Não vai me convidar para entrar? - Indagou o mais velho.

— Eu deveria? - Perguntou de volta, com sua sinceridade inconveniente.

Gabriel não conseguiu evitar que uma das laterais de seus lábios arqueasse, sutilmente, para cima, formando a sombra do que deveria ser um sorriso ladino. A honestidade de Marinette, definitivamente, era algo que sempre lhe impressionara, secretamente. E incomodara em muitas outras ocasiões.

— Entendo. Está sozinha. - Constatou. - Eu também não me convidaria para entrar. - Comentou, em tom que pendulou entre o casual e o debochado.

— Adrien chegará em breve. - Abrindo espaço para que Agreste passasse, a morena limitou-se a responder, reconfortando-se com as próprias palavras. - Sente-se, por favor. - Pediu, vendo que ele de pronto, acomodou-se em uma das poltronas estofadas individuais.

Mesmo que houvesse inúmeras coisas com o que se preocupar, uma vez que estava diante de um dos maiores vilões que Paris tivera o desprazer de conhecer, naquele instante, Marinette limitou-se a se odiar em razão da bagunça em que a casa se encontrava. Podia parecer ridículo, mas de todas as coisas que poderiam acontecer, não queria que o pai de seu noivo achasse que o filho vivia em um chiqueiro. Não era culpa dela não estar conseguindo desenvolver as atividades domésticas adequadamente, afinal.

— Posso te oferecer algo para beber? - Indagou. - Nós temos croissants. - Informou.

— É claro que têm. - Respondeu Gabriel, em zombaria implícita, fazendo com que a jovem corasse um pouco. - Mas não precisa se preocupar comigo. Não acho adequado uma pessoa no seu estado assumir obrigações além daquelas extremamente necessárias. - Comentou, casualmente, evidenciando que, sim, ele havia reparado na desordem do ambiente, embora mal tivesse virado o pescoço desde que chegara ali.

A asiática, realmente, queria poder enfiar-se debaixo da mesa e chorar. Pena que não caberia.

— Não será trabalho algum. Eu tenho que me virar, de qualquer forma. - Deu de ombros, direcionando-se a pequena cozinha.

Marinette encheu a chaleira e deixou a água esquentando, enquanto procurava um refratário para colocar os croissants que seus pais haviam deixado ali mais cedo, naquele mesmo dia. Assim, que concluiu tal tarefa, apoiou-se no balcão, como se estivesse, de fato, apenas esperando que a água fervesse. Entretanto, cuidava de passar os olhos cautelosamente pelos cômodos conjugados, a fim de ver se conseguia localizar o próprio celular.

Ela sabia que havia respondido Adrien imediatamente após o aviso de que ele atrasaria, mas não se recordava onde estava quando isso acontecera. Vendo sua procura falhar, constatou que, ou o aparelho havia enfiado-se sob as almofadas do sofá onde estivera trabalhando, ou estaria em seu quarto.

Desanimada, concluiu que teria que pedir licença e procurá-lo. Por mais que Gabriel Agreste parecesse neutro naquela situação - porque inofensivo, jamais pareceria - sabia que não deveria permanecer sozinha com ele. Não quando não possuia condições alguma de defesa na hipótese de um ataque repentino.

A chaleira apitou, tirando-a de seus pensamentos. Imediatamente, dispôs a água, os croissants e a erva do chá earl gray — o qual sabia que o mais velho apreciava, tanto quanto Adrien - em uma bandeja e caminhou de volta para sala, surpreendendo-se novamente com a cena que encontrara.

Em sua distração em preparar o chá, mal reparara que Gabriel havia apanhado o macacãozinho que vinha costurando para examinar. E não pôde deixar de sentir-se um tanto constrangida com tal ato. Afinal, ali estava Hawk Moth, segurando uma pequena fantasia de Chat Noir, um de seus maiores inimigos.

Tal ato, fizera, ainda, com que ela se desse conta da própria aparência, fazendo a vontade de correr para longe dali aflorasse de uma vez, em razão do constrangimento. Marinette trajava, nada mais, nada menos, que seu moletom cinza, estampado com a palavra “meow” no peito, o qual também possuía um capuz com orelhas de gato que, logicamente, estava abaixado. Entretanto, em seus cabelos soltos, encontrava-se um adereço que supria a falta do capuz: o arco de orelhinhas negras, que Adrien havia pegado no casamento de Ivan e Mylène, e que ela usava costumeiramente em casa, para criar um visual mais cômico. Completando o look, uma vez que já não possuía condições de usar jeans, trajava uma legging, vermelha, de bolinhas pretas, propositalmente combinada com o restante de suas roupas, para criar uma referência divertida aos herois de Paris.

Definitivamente, aquela combinação de peças poderia, com facilidade, ser considerada uma afronta ao homem sentado a sua frente. Isso se ela soubesse que receberia a sua visita. De qualquer forma, não pôde deixar de repensar se o leve choque que percebera em Gabriel no momento de sua chegada, fora mesmo em razão de sua gestação, ou das roupas espalhafatosas que usava. Ou das duas coisas.

Entretanto, ignorando completamente a sua vergonha repentina, Agreste desviou os olhos do macacãozinho o tornou a encará-la.

— Costura primorosa. Como sempre. - Elogiou apático, recolocando a roupinha no sofá ao lado, de onde havia tirado.

— Obrigada. - Ainda que apreensiva, a morena ruborizou. Afinal, receber um elogio de Gabriel Agreste não era qualquer coisa. Embora atualmente ela o detestasse de muitas formas, ainda era fã de suas criações.

— Está com quanto tempo de gestação? - Perguntou, sem realmente expressar curiosidade.

— Oito meses. - Respondeu, secretamente focando-se no objetivo de avisar a Adrien que seu pai estava ali, de forma discreta. - Se o senhor me dá licença - Começou, já caminhado em direção ao quarto - eu preciso…

— Avisar a Adrien que eu estou aqui? - Interrompeu o designer de moda.

Ou, pelo visto, não tão discreta assim.

— Faça isso, eu preciso mesmo conversar com ele. - Contou, enquanto preparava uma xícara de chá. - Se avisar que estou aqui, ele aparecerá em dois segundos. - Completou.

— Certo. - Respondeu apenas, preparando-se para retirar-se.

Entretanto, não precisou dar mais de dois passos, pois o barulho da chave tentando girar a fechadura chamou a atenção de ambos, denunciando que o alvo da conversa acabara de chegar. Apreensiva, Marinette encarou a porta, vendo-a abrir lentamente.

— Mari, você esqueceu de trancar a porta… - Adrien começou, enquanto entrava, parando abruptamente ao perceber a presença do visitante. - De novo. - Completou, paralisado, encarando o pai sentado casualmente na poltrona.

— Boa noite Adrien. - Gabriel cumprimentou, sem preocupar em levantar-se, bebericando o próprio chá em seguida.

A asiática percebeu que o choque tomara o corpo de seu noivo, que continuava parado ante a porta, sem saber realmente o que fazer. Contudo, não demorou muito para que a surpresa passasse, gradualmente, cedendo lugar para uma irritação que coloria o rosto do ex-modelo de vermelho.

— Adrien… - Preocupada, a morena chamou, apenas para ser interrompida.

— "Boa noite"? - Perguntou o loiro, estreitando os olhos. - Após cinco anos de desaparecimento você retorna e diz “Boa noite”? - Questionou, exasperado. - Aliás, você ainda é um criminoso? - Debochou.

— Adrien! - Marinette exclamou, aproximando-se. - Se acalme! - Pediu, os olhos azuis transbordantes de preocupação.

— Deixe-o, Cheng. - Pediu Gabriel. - Eu não imaginei essa conversa de uma maneira fácil, de qualquer jeito.

— Que conversa? - Continuou o ex-modelo, aumentando o tom de voz gradualmente. - Eu não tenho nada para falar com você! - Emendou. - Eu poderia entregá-lo para a polícia, agora mesmo.

— Se você me quisesse preso - Em sua calma costumeira, o Agreste mais velho retomou a palavra. -, teria revelado a identidade de Hawk Moth a polícia cinco anos atrás. - Lembrou, deixando a xícara sobre a mesa de centro.

— E se não fosse pela intervenção de Mestre Fu, acredite, eu teria feito. - garantiu o loiro. - Eu estava pronto para isso, não duvide de tal fato. - Declarou, firme.

— Que seja. - Gabriel deu de ombros, levantando-se. - Mas se não o fez naquela época, não fará agora, portanto, será que pode parar com seus ataques verbais e tirar um tempo para conversar comigo? Garanto que é assunto de seu interesse.

— Eu já disse que não temos nada para conversar. - Repetiu Adrien.

— Insisto que temos. - Retrucou o mais velho, aproximando-se. - E garanto também que não vai querer conversar em frente a sua namorada. - Completou.

— Noiva. - O ex-modelo corrigiu, automaticamente. - Pelo visto as informações da minha vida que paga para conseguir estão desatualizadas. - Debochou.

— E assim que a sua noiva atendeu a porta - Gabriel respondeu, enfatizando propositalmente o estado civil da asiática -, eu entendi porque você tem tentado obstruí-las. - Completou, o escárnio pontuando cada palavra.

Marinette apenas olhava de um para o outro, sem saber como intervir ou, ao menos, de quem sentir raiva. Afinal, havia acabado de saber que Adrien tinha ciência de que estavam sendo vigiados pelo pai dele. Que, supostamente, havia desaparecido sem deixar rastros.

— Eu quero você longe de todos nós. - O ex-modelo falou, entredentes. - É tão difícil assim entender?

O designer de moda retirou os óculos de grau e levou os dedos até a ponte do nariz, onde pressionou, externando, finalmente, sua impaciência. Ele sentia como se estivesse discutindo com uma criança birrenta.

— Você está se esquecendo Adrien - Começou, recolocando os óculos, o tom calmo, frio e nada acolhedor -, que você não pode me afastar da sua vida. - Afirmou.

Adrien não conseguiu evitar que a incredulidade vincasse a sua testa. Transtornado, soltou uma leve gargalhada, sem humor. Mesmo Marinete passou a encarar o mais velho de sobrancelhas arqueadas, incomodada com a petulância de suas palavras. E Gabriel não esperou qualquer reação antes de continuar o seu discurso.

— Você pode ser maior e cuidar da própria vida, mas não pode esquecer que este bebê que estão esperando - explicou, olhando diretamente para a asiática - é meu neto. Judicialmente, eu tenho o direito de estar por perto uma vez que, tecnicamente, jamais cometi qualquer crime.

Se Adrien estava nervoso antes, naquele momento, a morena jurou que o viu praticamente em chamas. Ela não se surpreenderia, nem um pouco, se as pupilas dele se contraíssem de modo a deixar apenas a tênue linha negra e felina que geralmente só via em batalhas. Porque naquele momento, mais que nunca, ela via Chat Noir surgir bem diante dos seus olhos, sem o manto.

Mesmo o Agreste mais velho surpreendeu-se com a intensidade que as orbes verdes do filhos assumiram naquele instante. Ele podia jurar que elas haviam se tornado corrosivas e perigosas… Muito diferente do costumeiro tom vívido e acolhedor. Todavia, como esperado, não retraiu-se sequer um milímetro.

— Você está usando nosso filhos para nos ameaçar? - O loiro indagou, avançando contra o mais velho sem qualquer peso na sua consciência. Afinal, ele havia sido atingido em seu ponto mais sensível.

— Adrien, para! - Marinette pediu, colocando-se entre os dois.

— De forma alguma. - Gabriel respondeu. - Estou usando-o para demontrar que o nosso vínculo está longe de ser quebrado. Eu quero uma conversa, preciso que me escute, mas você se recusa. Eu estou disposto a usar de todos os meios viáveis para fazer com que me ouça, até mesmo, uma disputa judicial pelo meu neto.

— ELE NÃO É SEU NETO!!! - O loiro explodiu, por fim, apontando o dedo para a cara do pai. - Não é seu neto, porque você deixou de ser meu pai a muito tempo! - Declarou, a voz assumindo uma firmeza que nunca pensou que teria.

E pela primeira vez, naquela noite, Gabriel Agreste pareceu realmente chocado.

— Adrien… - Tentou retomar a palavra.

— Você deixou de ser meu pai antes mesmo que eu soubesse que era Hawk Moth. Talvez, até mesmo antes de se tornar um vilão. Você apenas deixou de ser.

— Chega Adrien! - A asiática pediu, sem saber ao certo quantas vezes já havia insistido para que o noivo cessasse a discussão. - Você não está pensando direito. - Alertou.

— Eu estou pensando muito bem. - Garantiu. - Eu quero que o Senhor saia daqui, e nunca mais torne a se aproximar do meu filho ou de Marinette. - Determinou, encarando o pai de cima. - Senão me encarregarei pessoalmente de mantê-lo longe de forma permanente. - Concluiu

O Silêncio pesou pelo ambiente por vários segundos, até que a risada seca a sem humor de Gabriel o rompesse.

— Quem está proferindo ameaças agora? - O mais velho perguntou, armando um sorriso zombeteiro antes de caminhar em direção a saída. - Isso é um até logo Adrien, queira ou não. - Avisou, puxando a porta pela maçaneta. - Srta. Cheng. - Cumprimentou, deixando o recinto em seguida.

Marinette desviou os olhos azuis, que ainda encontravam-se arregalados, da porta para o sofá, onde o noivo acabou se jogando. Frustrado, o loiro tombou a cabeça para trás, apoiando-a no encosto, cobrindo a face com ambas as mãos.

— Você não precisava ter sido tão duro. - Recriminou ela, andando em direção a saída.

— Onde pensa que vai? - O ex-modelo encarou-a, irritado.

— Não penso, já estou indo. - Ela respondeu simplesmente, antes de deixar o apartamento.

Como se ele pudesse lhe exigir qualquer coisa, agora que ela havia descoberto que ele sabia que estavam sendo vigiados. Eles teriam uma boa conversa quando voltassem, isso sim.

Jogando tais pensamentos para longe, apressou os passos, afobada, não precisando correr muito para alcançar o futuro sogro, que estava prestes a descer as escadas.

— Sr. Agreste! - Chamou, parando em seguida para tomar fôlego.

— Menina. - Ele respondeu simplesmente, encarando-a com certa curiosidade. - Pensei que depois do discurso do seu noivo, manteria a distância.

— Eu não tenho medo de você. - Retrucou, incisiva. - Afinal, vai ter que me matar se pretende atingir meu bebê de qualquer forma. - Garantiu.

— Ótimo, outra ameaça! - Exclamou o designer. - Foi para isso que veio? - Indagou.

— Não. - A morena afirmou, ainda esbaforida.

— Então, o que quer? - Insistiu ele, no mesmo tom monótono de sempre.

— O bebê. - Disse, fazendo com que o outro arqueasse as sobrancelhas em confusão. - É um menino. Se chama Louis. Achei que deveria saber. - Explicou, endireitando o corpo. - Se é que já não sabe. - Completou, dando de ombros.

— Louis. - Repetiu Agreste. - É um belo nome. - Elogiou de forma apática.

— Eu sei. - A morena respondeu, antes de dar meia volta. - Você precisa apenas dar um tempo para o Adrien, sabe? Ele é a pessoa mais gentil que conheço. Não costuma guardar rancor. - Informou, preparando-se para caminhar de volta para casa.

— Sei disso. - Informou o mais velho.

— Eu não me importo que queira falar com ele, afinal são pai e filho. Mas mantenho meu aviso de qualquer forma. - Advertiu. - Deixe Louis longe do que quer que seja. - Concluiu, retornando para o apartamento e deixando para trás um homem que permaneceu encarando suas costas.até que sumisse pelo corredor.

— E eu que cheguei a pensar por um segundo que Adrien tinha o domínio da relação. - Resmungou Gabriel, fitando os degraus da escada a sua frente, antes de finalmente resolver descê-los.

Quando Marinette adentrou a sala, avistou uma figura totalmente diferente do noivo furioso que esperava encontrar. Surpreendendo-a um pouco, deparou-se com os olhos verdes fitando-a, transbordantes de preocupação, fato que desarmou-a por completo, já que ela realmente estava prestes a explodir com ele. Resignada, suspirou, resolvendo deixar a conversa sobre o fato de estarem sendo vigiados para depois.

— Você está bem? - Questionou o loiro, esticando o braço em um pedido para que ela se acomodasse ao seu lado no sofá.

— Não sou eu que deveriam fazer essa pergunta? - Respondeu com outro questionamento, aninhando-se ao lado dele.

— Não há motivos para se preocupar comigo. - Garantiu ele. - Mas você não pode se estressar. E eu ignorei isso totalmente e me excedi. Me desculpe! - Pediu, a culpa pontuando cada linha de expressão em seu rosto. Sentia-se péssimo, pois, mesmo ciente de que a pressão da namorada vinha alcançando níveis preocupantes, negligenciou tal fato, permitindo-se armar um verdadeiro show.

— Eu estou completamente bem. - Afirmou Marinette, apoiando a cabeça no ombro esquerdo do noivo. - Sério. - Reforçou.  Nos últimos oito meses, havia aprendido que quando Adrien se preocupava, beirava a obstinação.

O rapaz nada disse em resposta. Apenas tratou de erguer a mão esquerda para afagar os cabelos negro-azulados que amava tanto, pouco a pouco, permitindo que a presença da noiva abrandasse seu interior. Marinette  tinha esse efeito sobre ele. Era seu calmante natural.

Os dois permaneceram naquela posição, em um consentimento mudo para que, pelo menos por alguns minutos, se esquecessem de qualquer problema que os assolava. E provavelmente teriam dormido, se algo estranho, em contato com a mão direita de Adrien, não tivesse chamado a sua atenção.

— O que é isso? - Indagou ele, puxando o tecido aveludado para cima.

— Isso o quê? - Marinette ergueu a cabeça para perguntar, sentindo a decepção atingi-la no mesmo instante.

Nas mãos de Adrien, encontrava-se o macacãozinho de Chat Noir, ainda incompleto. A roupinha que vinha confeccionando para surpreendê-lo.

— Droga, não era para você ter visto! - Lamentou ela, cruzando os braços. - Era uma surpresa. - Completou, abaixando a cabeça.

Adrien apenas continuou encarando a peça, um tanto pasmo para dizer qualquer coisa.

— Mari… - Após alguns segundos, finalmente chamou! - Ficou incrível! - Exclamou, voltando-se para ela em um sorriso radiante.

— Mas nem está pronto ainda! - Contestou ela, de bico armado.

— Mas não falta quase nada! - Rebateu o loiro. - De qualquer forma, não deixou de ser uma surpresa. Eu não esperava por isso agora. - Consolou-a, novamente puxando-a para um abraço.

— Então você gostou? - Os olhos azuis lhe encararam, levemente incertos.

— Você ainda duvida? - Perguntou ele, dando-lhe um beijo cálido na testa. - Você é incrível, Marinette! - Exclamou por fim, repetindo uma das frases que mais falou desde que a asiática entrara sem pedir licença em sua vida.


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Notas finais do capítulo

Ufa! Este capítulo foi punk.

Esse eu tive que forçar bastante para sair. Talvez por não ter sido empolgante como os outros. Mas drama ajuda a temperar, então...

Quanto ao assunto que Gabriel queria tratar com Adrien, bom, fica a critério da imaginação de cada um. Eu adicionei Gabriel a história porque ele é uma parte importante da vida do Adrien, então, tinha que aparecer nesse período de alguma forma. Mas para desenvolver o assunto, precisaria estender a fanfic além dos nove capítulos previstos, o que eu não pretendo. Sim, nove capítulos. Logo, o próximo é o último. Provavelmente, também será o mais difícil de escrever, já que não estou habituada aos acontecimentos que serão narrados.

Bom, é isso. Espero que tenham gostado.

Até mais!



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