Para Sempre - A Escolha escrita por AlanRod1830


Capítulo 15
A briga


Notas iniciais do capítulo

O relacionamento de Adrian e Hannah está ameaçado, e um inevitável desentendimento pode pôr tudo a perder.



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A dois dias da viagem, estou uma arara. Não consigo imaginar a semana seguinte com uma pessoa que faz meu sangue ferver só de lembrar dela. Penso constantemente em desistir, mas alguma coisa dentro de mim me impede de tomar tal atitude. Eu poderia simplesmente ligar para o professor pedindo para me excluir da lista de viajantes, o que poria um fim em meu desespero. No entanto, ao imaginar Larissa viajando sozinha sem ninguém ao lado dela, uma mórbida fraqueza toma conta do meu ser, levando-me a quase esquecer que estar com ela é o que eu menos desejo no mundo.

Não consigo me entender. Se isso tivesse acontecido um ano atrás, com certeza a teria dispensado sem nenhum remorso. Hoje, porém, sinto que alguma coisa em mim mudou. Por um lado, sinto muita raiva por ser obrigado a atender aos caprichos de Larissa, deixando quem eu realmente quero que vá comigo para trás. Por outro lado, por mais que eu considere a ideia de desistir, me sinto mal por deixar Larissa ir sozinha. Apesar do ódio que estou sentindo, estou com pena dela. E pensar nela dessa maneira faz com eu fique mais furioso comigo mesmo.

Eu amo Hannah, sem dúvida nenhuma. A última coisa que eu quero é magoá-la. Por isso me sinto péssimo em imaginar que, talvez, ela tenha acreditado na mentira contada por Larissa, dias atrás, durante o sorteio. Claro que isso é um absurdo! Nunca, em hipótese alguma, eu pensaria em traí-la, muito menos com a garota que sempre odiei. A minha ideia é ligar para ela e dizer que a amo profundamente; que nada do que Larissa fizer poderá mudar o que eu sinto por ela; que ela vai estar em meus pensamentos durante cada segundo da viagem. Mas quando estou prestes a pegar o telefone, a campainha toca.

Abro a porta, sem imaginar que Hannah está do outro lado.

— Meu amor! – digo, feliz e surpreso ao mesmo tempo.

— Oi, Adrian.

Ela não está zangada, nem triste. Seu rosto está sereno como sempre, e um sorriso estonteante brota de seus lábios carnudos e sensuais. Vê-la assim me deixa mais tranquilo.

Beijo-a com paixão e depois seguro sua mão.

— Vem comigo.

Levo-a até o sofá e depois me sento. Minha vontade é de continuar beijando ela, mas não quero fazer nada que me faça parecer que estou nervoso pelo que anda acontecendo entre nós.

— Quer que eu lhe sirva alguma coisa? – pergunto, tentando parecer o mais natural possível.

— Não, obrigada.

— Eu estava pensando em te ligar. Mas adorei que tenha me feito uma surpresa.

Seus lábios se curvam num sorriso irresistível.

— Gosto de fazer surpresas especiais a pessoas especiais. E você é a pessoa mais especial do mundo para mim.

Hannah pressiona sua boca contra a minha com força, como se não me beijasse há séculos. Levo a mão do rosto dela à sua cintura, puxando o corpo dela ainda mais para perto do meu. Eu a aperto com força, sentindo nossas respirações se misturarem. A pele macia de Hannah se contrai ao meu toque, seu tremor involuntário visível.

Até que, de repente, ela recua.

— O que foi?

— Acho que precisamos ter uma conversa.

— Sobre?

— Sobre as coisas que ultimamente andam acontecendo entre a gente. Coisas que estão me deixando transtornada. Acho que você vai concordar que nossa relação já não é mais a mesma desde que aquela garota apareceu em nossas vidas.

— Do que você está falando, Hannah? O que quer dizer com "nossa relação não é mais a mesma"? Eu te amo igual ou mais que antes. Não consigo ver o que está errado.

— Vou dizer o que está errado. Há uma barreira se interpondo entre nós. E ela se chama Larissa.

Eu já imaginava. Hannah ainda está chateada pelo que aconteceu, tanto ou mais do que eu. Minhas esperanças de que tudo ficará bem entre nós, apesar de tudo, se mostram inúteis.

Por um lado, devo admitir que Hannah tem razão. As coisas mudaram um pouco com a chegada de Larissa, mas nada que afetasse meus sentimentos por ela. De qualquer modo, não vejo Larissa como uma barreira. Mas como uma pedra em meu sapato. Uma pedra no sapato que não quer sair.

— Larissa. Sempre a Larissa.

— Sim, sempre a Larissa. Aquela abusada anda metendo o nariz onde não é chamada. Está fazendo de tudo para me tirar do sério. Mas eu sei muito bem qual é o joguinho dela.

— O que você acha que é?

— Meu amor, parece que você não se lembra do que ela fez. Ela estragou nossos planos de viajar juntos.

— Então é isso. Você ainda está aborrecida por causa da viagem.

— E não era para estar? Era para ser a nossa viagem. Mas você vai viajar com ela. Por isso, eu imploro que não vá viajar. Deixe que ela vá sozinha. Não vá, estou te pedindo.

Solto um pigarro e começo a falar.

— Escuta, Hannah. Também estou chateado. Tudo o que eu mais queria era estar com você no acampamento. Mas agora não tenho escolha. 

— Sim, é claro que você tem escolha. Simplesmente não viaje. Deixe aquela... – contém-se. –... garota ir sozinha.

Por alguns segundos, me sinto tentado a fazer o que Hannah está me pedindo, mas novamente o sentimento de fraqueza me domina ao imaginar Larissa viajando sozinha.

— Sinto muito, Hannah. Mas não posso fazer isso.

— Pode. É claro que pode. Ou será que não quer?

— O que disse?

— Era o que eu temia – começa Hannah, um misto de raiva e tristeza se manifestando em seu rosto. – Você está caindo direitinho na armadilha dela. Aquela patricinha de araque está conseguindo o que ela tanto queria.

— Por Deus, Hannah, do que é que você está falando?

— Como é possível que você não entenda? – Ela grita. – Não se dá conta de que essa garota só está tentando te provocar? Você é um brinquedinho nas mãos dela!

— Hannah, chega! – digo em voz alta, cansado dessa conversa. – Por favor, não quero mais falar disso.

— Você nunca se perguntou por que ela decidiu aparecer, depois de todo esse tempo? Será que nunca lhe passou pela cabeça que você, você, Adrian, é a causa de ela ter voltado pro internato? 

— Não! Você está enganada! Eu não tenho nada a ver com isso!

— Sim, Adrian! Você tem tudo a ver! Todo mundo sabe que ela sempre foi apaixonada por você. Foi por isso que ela voltou. Ela quer te conquistar. Quer separar você de mim. Será que não percebe isso?

— Já chega, Hannah! – Pela primeira vez, levanto a voz para ela. Não suporto mais. As palavras dela me sufocam, a ponto de não me permitir reconhecê-la. – Pelo amor de Deus, pára com isso! Não me interessa o que a Larissa sente ou deixa de sentir. O que importa é o que eu sinto por você. Eu te amo.

— Eu já não sei, Adrian!

— O que?

Olho para Hannah e me sinto sufocado. Em seus olhos há tanta raiva, mágoa e tristeza que algo dentro de mim também é rompido.

— Você... – engulo em seco. – ... duvida do meu amor?

Hannah fica calada.

— Eu não posso acreditar! Você não confia em mim!

— Eu... – Hannah balbucia.

— É isso mesmo, não é? O que houve, Hannah? Onde está o grande amor que você diz sentir por mim?

— Adrian, por favor... Não é o que você está pensando!

— É claro que é, Hannah!

— Não! Não é!

Hannah segura o meu rosto com força, pressionando sua testa contra a minha.

— Adrian, eu te amo. Você não faz ideia do grande amor que eu sinto por você.

— Mas não existe amor sem confiança – digo, me afastando.

Maldição! A barreira mencionada por Hannah é mesmo real. As palavras de Miguel agora fazem todo sentido.

— Adrian, tenta me entender...

— Não, Hannah. Eu não entendo. Por mais que eu tente, eu não consigo. E, sinceramente, não dá para suportar isso.

Hannah dá um passo para trás.

— O que está querendo dizer? Que vai terminar comigo? – Hannah solta um soluço. – Anda, não fica calado! Esse é o fim do nosso namoro? Você quer terminar comigo, é isso?

— Não, Hannah! Eu não quero terminar com você. Só quero que a gente dê um tempo. Um tempo para refletir, para pôr as coisas no seu devido lugar. Se realmente me ama como diz, me dá algum tempo agora, ok?

O semblante dela se fecha num piscar de olhos.

— É tempo que você quer?

— Não é o que eu quero. É o que eu preciso.

Hannah aspira e, em seguida, enxuga os olhos com o dorso de uma das mãos. Então diz:

— Tudo bem, Adrian. Vou te dar o tempo que você precisar. Mas se você se cansar de mim... por favor, me avisa. Só não se esqueça que eu te amo, e que vou te amar para sempre.

Hannah me encara uma última vez – os olhos brilhando, como se neles ainda restasse um fio de esperança de que eu volte atrás na minha escolha – e, em seguida, sai. Assim que ouço o barulho da porta se fechando atrás de mim, todas as minhas forças desabam, e caio de joelhos em prantos sem acreditar que isso realmente esteja acontecendo.

— Hannah, meu amor. Por quê? 


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Notas finais do capítulo

O que acham? Adrian tomou a decisão certa? Será que haverá reconciliação, ou todo aquele mal entendido conseguirá separá-los definitivamente? Deixe seu comentário e favorite a história para não perder as próximas atualizações, beleza?

Até a próxima, friends! ♥



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