— Ainda não entendo porque viemos nessa charlatã.. - escutei uma mulher fardada sussurrar. Franzi meu cenho me perguntando quem ela era para me insultar no meu local de trabalho. 

— Pra fazer o que vocês não são capazes. - alfinetei lhe lançando uma breve careta. Vi a mulher abrir a boca em espanto por eu não aceitar seu desaforo. 

— Helena, respeite o trabalho de Felicity. Ela é a melhor no ramo. - Oliver interveio, revirei os olhos pelo sorriso largo que ela lançou em direção do meu ex. Meu ex! Ainda não entendido como 4 agentes do FBI tinham parado em minha companhia, junto com um prisioneiro extremamente perigoso.

— Desista querida, ele gosta das loiras. - pisquei jogando meus cabelos em direção a morena que tornou a abrir a boca por alguns segundos em total surpresa, Curtis soltou uma risadinha se divertindo, assim como Oliver. 

— Precisamos saber se ele realmente está envolvido nessas explosões Felicity.. E caso estiver, ele deve ter planejado outro atentado. O FBI precisa de você. Eu preciso. - Oliver sussurrou, observei o cara careca e cheio de tatuagens. O simbolo nazista me chamou atenção, não acreditava que ainda existia esses babacas. Peguei a ficha que Curtis me entregava, Bryan Sulivan, racista ao extremo, era acusado de fabricar e implantar bombas em igrejas negras. Já foi acusado de espancar uma jovem negra no metrô. Além de racista, um machista. Que combo.

— Ele não parece mentir quando diz que não sabe de nada. Já o interrogamos por 4 horas e nada, não precisamos dessa cientista para nada. - a agente, espertinha que me chamou de charlatã sussurrou. Apenas a ignorei entrando na caixa, onde era o meu lugar particular para conseguir a verdade. Se ele realmente não tivesse nada haver com as explosões eu saberia, mas duvidava muito que ele fosse inocente.

— Instrui o meu cliente para permanecer em silencio. - o advogado de Bryan Sulivan decretou assim que atravessamos a porta. Curtis e eu. Os agentes permaneceram do outro lado, apenas observando.

— Ah, ele não precisa falar. - pisquei para ele que abriu um minimo sorriso me analisando de cima a baixo, claro que para os agentes do FBI o gesto dele não foi notado, mas Curtis me deu uma leve cutucada com o olhar sexual que ele lançou em minha direção. — E eu não acredito muito em palavras mesmo, estaticamente uma pessoa normal conta 3 mentiras em uma conversa, seu cliente é diferente porque não estudamos pessoas que explodem bombas em igrejas. - iniciei me deliciando com as diversas reações minimas tanto de Bryan quanto de seu advogado. — O FBI sabe que você é um potencial terrorista, então o esquadrão de bombas está vasculhando nas duas maiores igrejas negras do estado nesse momento. - o riso sarcástico repuxado em seus lábios por um milésimo de segundo me fez perceber algo. Sua felicidade pelo FBI estar completamente errado.

— Oh! O FBI está totalmente errado. Talvez uma igreja menor? Isso é uma surpresa, não vai ser nenhuma dessas duas igrejas. Talvez você queira uma do subúrbio. - tentei e seus lábios contraídos me fez perceber que Bryan estava com raiva, raiva por eu ter descoberto seus planos.

— Você não sabe de nada. - ele rosnou contraindo um dos ombros. Clássica linguagem corporal para quando se está mentindo e não confia no que sai de sua boca.

— Não fale, seu advogado não lhe deu permissão para falar. - retruquei ríspida. — O que me diz se o esquadrão começar com a New Life? - Bryan ergueu a sobrancelha em dúvida. — Não, apenas brincadeira. - aquela igreja era muito grande para ele. — O esquadrão vai se concentrar em Danbury, será que será essa? - inclinei meu corpo um pouco e vi seu rosto em completo desprezo, por mim e pela igreja. 

— É isso, é Danbury. - Curtis falou encarando o vidro onde sabíamos que os agentes estavam..

— Essas acusações não tem nenhuma base. - o advogado se fez presente. Girei meu corpo em sua direção e sorri de forma presunçosa.

— Como assim, ele acabou de me dizer. - retruquei saindo da sala. Encontrei Oliver que exibia um sorriso aliviado.

— Obrigado Felicity. - sussurrou tocando meu ombro, apenas retribui o sorriso e o observei conversar com o comunicador, nos próximos minutos o esquadrão encontrou uma bomba caseira no subsolo da igreja, preste a detonar.

Sorri para Curtis que retribuiu, seus olhos brilhando de orgulho. Nossa parceria não era de hoje, e éramos mais que isso, ele foi meu padrinho de casamento, assim como eu fui o padrinho do seu, nossa amizade nasceu depois de Oliver afirmar em me levar em um psicólogo sendo que eu era uma. Curtis, gay, divertido me conquistou no primeiro deslize, mas diferente de mim ele era apenas um psicologo que estudava as ações humanas.

Depois de um tempo Oliver se arrependeu de ter me levado no famoso escritório Holt. Vi Paul, o marido de Curtis surgir no final do corredor e como sempre vi um sorriso enorme no rosto do meu parceiro. 

— Vamos almoçar querido? - se dirigiu diretamente a ele. Paul nunca gostou de mim. — Felicity.

— Pauline. - impliquei recebendo um olhar repreensor de Curtis. Eu também não gostava de Paul.

— Você não iria vim mais tarde querido? - questionou, vi Paul abaixar o olhar e seu ombro contrair.

— Houve uma folga no escritório. Pensei em almoçarmos juntos. - quis fechar meus olhos ao notar a mentira em sua voz. Curtis assentiu e me deu tchau rapidamente saindo com seu marido. No começo da nossa parceria eu prometi não ler ele, mas nada me impedia de ler Paul e eu sabia que ele escondia algo podre de Curtis, mas não podia falar porque eu sabia o quanto ele ficaria chateado comigo por se meter em sua vida. Bufei frustrada sem saber o que fazer.

Senti o celular vibrar em meu bolso e sorri ao ver a foto de Thea. Provavelmente pra contar a mais nova bagunça que aprontava com Noah.

— Felicity... - sua voz deu uma leve tremida me fazendo arrepiar. 

— O que aconteceu? 

— Eu estava com Noah no shopping, sofremos um acidente.. - foi tudo que bastava para entrar em pânico. Noah era meu bebê, minha salvação. — Nós estamos bem, mas ele não para de chamar por você e não para de chorar.

— Qual hospital Thea? - foi nesse mesmo momento que Oliver voltava a se aproximar de mim, a palavra hospital e Thea lhe deixaram assustado, podia ver em seu rosto. — Ela sofreu um acidente, Noah tava junto e ele não para de chamar por mim. - expliquei rapidamente enquanto escutava Thea dizer que tava no Hospital Geral.

— Barry se encarre de tudo até Curtis voltar, preciso ir ao hospital. - gritei assim que passei por ele. 

Chegamos no hospital tão rápido que nem percebi quando chegamos. Oliver estava inquieto, assim como eu. Mesmo que afirmasse que Noah e Thea estavam bem, eu sabia que ele estava tão aflito quanto eu e que só ficaríamos mais calmos quando víssemos nosso bebê.

— Thea Queen e Noah Jonas Smoak Queen. - Oliver falou para a atendente. A garota arregalou os olhos ao ver meu ex, o desejo claramente exposto em seus olhos. Apenas revirei os olhos.

— Quarto 60. - a voz da garota até falhou. Claro que ela tinha razão em agir do jeito que agiu, eu não culpava, sabia que Oliver era incrivelmente lindo e ainda sendo um bilionário recém divorciado as mulheres se jogavam em seus pés. Continuavam a se jogar. Nem durante todo nosso relacionamento as propostas para um sexo casual paravam, ele recusava, óbvio e acho que isso foi base de todo nosso relacionamento, a confiança. 

— Não fique com ciúmes querida. - a voz irônica dele se fez presente antes que entrássemos no quarto. Bufei em brincadeira.

— Como se não estivesse acostumada em ver as mulheres e as vezes homens dando em cima de você. - continuei a brincadeira, Oliver soltou uma gargalhada tão gostosa e genuína que só o acompanhei.

— Vamos ver nosso garoto. - sussurrou agarrando minha cintura. Eu amava aquilo, que a separação não tinha estragado nossa amizade, que além de ex éramos ainda os melhores parceiros que poderiam existir.

— Eu quero minha mamãe! Quero meu papai. - Noah gritou dentro do quarto, aquele foi o gatilho para  correr até ele.

— Hey, porque essa gritaria? - vi Thea choramingar tentando acalma-lo junto a uma enfermeira.

— Mamãe. - seu dengo fez meu coração derreter.

— Mamãe está aqui amor.. - o abracei. Aparentemente não havia nada de errado com eles, apenas um pequeno arranhão no queixo de Noah. Escutei o relato de Thea para Oliver do acidente, algum bêbado havia tentando atropelar eles, tremi por completo ao escuta-la dizer que se não fosse por uma boa alma que os jogou para longe, Noah teria sofrido um maior impacto e talvez não estivessem vivos para contar a história.

— Lance já cuidou do cara, felizmente está preso. O cara que nos ajudou esta no quarto do lado, mamãe está conversando com ele, agradecendo por salvar nossas vidas. - eu sabia qual era a forma de agradecimento de Moira Queen, a realeza não era apenas seu sobrenome, os Queens eram quase como reis em Star. Todos os amavam.

— Preciso falar com essa alma boa também. - sussurrei beijando o topo da cabeça de Noah, Oliver assentiu tomando meu lugar e guardando nosso pequeno na segurança de seus braços. Caminhei até o quarto do lado me surpreendendo com o rosto familiar.

— Terei uma dívida eterna com você Roy Harper. - sussurrei. A surpresa dele em me ver foi verdadeira, assim como eu não precisaria interroga-lo para saber sua boa intenção.

— Então Senhor Harper, aceite esse dinheiro.. - Moira falou, quase ri ao ver o mínimo desprezo em seu rosto. Aparentemente havia alguém que não gostava dos Queen's.

— Minha senhora, eu só fiz o que qualquer pessoa faria. Aquela moça com o bebê estavam correndo perigo.

— E mesmo podendo perder a vida você os salvou. - completei. — Se conseguir alta ainda hoje senhor Harper, a oferta ainda tá de pé.

— Estarei lá amanhã Senhorita Smoak. - ele agradeceu.

Moira ficou sem entender o que tinha acontecido naquele momento, mas mesmo assim não pediu explicação apenas saiu do quarto.

Antes que chegassemos Oliver nos intercedeu, seu rosto frustrado me cheirava a problema.

— Bryan conseguiu fugir. - foi tudo o que ele disse. Eu só conseguia pensar que o FBI não conseguia manter um cara preso por pelo menos 2 horas. — Fique com Noah, ele sabe quem é você e pode querer se vingar, dois agentes estão vindo para cá para fazer sua proteção. - okay, aquilo me assustava, não por mim, mas por Noah.

— Vá fazer seu trabalho, hoje já foi ruim o suficiente. - beijei sua bochecha o deixando ir. Talvez os agentes que estavam encarregados da prisão de Bryan fossem novatos ou apenas burro para deixar um cara como aquele fugir, mas eu sabia que Oliver não era estúpido, ele era inteligente e definitivamente o melhor agente que eu conhecia. — Tome cuidado. 

— Sempre loira. 

Voltei para o quarto de Noah que estava adormecido, Thea e Moira já haviam sumido. Encarei o rostinho de anjo dele, tão calmo, eu não saberia o que fazer sem esse garoto ele era minha salvação.

— Em perseguição eletrizante, o FBI novamente prende o terrorista doméstico Bryan Sulivan, depois de fugir dos mesmos, Bryan foi encontrado em um orfanato, fazendo assim alguns reféns. - a jornalista falou, vi a face de ódio de Bryan passar na tv e em seguida Oliver. Seu rosto demonstrava impaciência pelas câmeras. Ele era tão sexy! — Bryan irá para uma penitenciária de alta vigilância, Mrs. Sulivan é acusado de implantar e planejar explodir igrejas negras. Graças aos federais, menos um bandido solto. Deus abençoe a América, nós vemos amanhã caro telespectador. - terminou. 

— Sempre o herói. - comentei baixo ao ver a face de Oliver congelada na tv. Olhei meu garoto  com certeza Oliver era um herói pra ele.