Chego meu rosto mais próximo do indivíduo. Seus olhos azuis aterrorizados, encarando tudo menos o meu olhar. As pernas batucando no chão em um ritmo acelerado.

— Diga a verdade para mim. - espremi meu olhar diante o seu.

— Felicity pare de fazer isso com nosso filho. - Oliver Jonas Queen defendeu o pequeno que logo se atirou nos braços do pai. Bufei ajeitando a blusa em meu corpo.

— Eu estou tentando criar meu filho Oliver. - resmunguei.

— Nosso. - ele me corrigiu. Revirei os olhos com sua constatação óbvia. — E ele não comeu seu precioso bolo de chocolate.

— Então porque o canto da sua boca está sujo de chocolate Sherlock? 

— Noah, eu disse para você ser cuidadoso. - o cafajeste defendeu o pequeno Queen me fazendo revirar os olhos.

— Noah, bebê, você não pode comer bolo até que a gente faça aquele exame, você desobedeceu a mamãe.. - sussurrei me agachando e abrindo meus braços que prontamente foram preenchidos por seu corpinho pequeno. 

— Desculpa mamãe. Não vou fazer mais isso. - sussurrou, seus olhos cheios de lágrimas 

— Oh meu amor, tudo bem! Não precisa chorar. - o consolei carinhosamente antes de afasta-lo de meu corpo para enxugar seu rostinho. — Oliver, você fica com ele hoje.

— Felicity não dá, o FBI precisa de mim.. - resmungou.

— Posso ficar com tia Thea.. - Noah sugeriu com um sorriso sapeca. E eu sabia que ele querer ficar com Thea era sinônimo de bagunça, minha ex cunhada era uma recém adulta ainda com o pé na adolescência. Fiz careta pensando na pior possibilidade que eles poderiam aprontar e dei de ombros. Moira poderia colocar um freio nos dois.

— Tudo bem, então vamos loirinho vamos deixa-lo com a tia Thea. - fiz cócegas em sua barriga. — Você trás ele de volta, nada de passar a noite naquela mansão. - olhei seria para Oliver.

— Qual o seu problema com a minha casa? - ele resmungou para si enquanto eu carregava Noah até o carro. 

Oliver e eu estávamos separados a um ano, começamos a namorar na faculdade, ele já quase formado em direito conseguiu uma vaga para ser agente do FBI e eu uma estudante de psicologia. Casamos muito cedo e acabamos por engravidar também muito cedo, mas mesmo assim nenhum dos dois desistiu dos nossos sonhos, eu formada e expert em linguagem corporal e expressões faciais e ele como agente. Acho que nosso casamento começou a afundar quando comecei esse estudo. Porém nunca deixei de ama-lo.

Nós terminamos de maneira amigável, sabíamos que não daríamos certo então resolvemos manter nossa amizade, por Noah.  Noah era meu garoto prodígio, meu bebê de ouro. Ele era meu refugio, minha paz. Desde de bebê ele era muito inteligente, e tinha apenas 4 anos. Dono de cabelos loiros e lisos, ele era a cara do pai. Eu o carreguei por nove meses e ele vem a cara do pai.

Dirigi calmamente até a mansão Queen. Thea e Moira já nos esperavam na sala, a Queen mais nova abriu um mega sorriso ao ver meu filho.

— Por favor Thea, sem bagunça hoje. - supliquei juntando as mãos. Ela revirou os olhos.

— Você é muito dramática. - reclamou. — Mas se vai te deixar mais calma, esse tampinha e eu não vamos aprontar nada. - disparou sarcástica. Seus olhos encarando todo canto da casa menos os meus me fez pega-la na mentira.

— Você está mentindo. - resmunguei.

— Para de fazer essa esquisitice em mim. 

— Não é esquisitice, é leitura facial. - retruquei. Encarei Moira e ela sorriu me acalmando. Na matriarca eu confiava. — É sério Thea, da última vez eu fiquei no banheiro com Noah por quase uma hora inteira tentando tirar toda areia de seu cabelo.

— Eu dou um jeito neles querida e você precisa ir trabalhar. - Moira sussurrou já me expulsando. 

— Sou a dona, um dia atrasada não faz mal. 

— Felicity você chega atrasada todos os dias. - disse. Era verdade, horário e eu não combinávamos. 

— Eu sou a dona. - enfatizei novamente ainda escutando os risos de Thea e Noah. O caminho até a Smoak Company foi rápido. Caminhei despreocupadamente pelos corredores bem iluminados. Curtis Holt, meu amigo e sócio me abordou rapidamente.

— Atrasada. De novo. - reclamou, mas sabia que aquilo era apenas implicância. — Temos um caso.

— Ótimo! - suspirei. Vi uma pessoa se esquivar conforme andava e ri baixinho. — Barry Allen, não pense que vá escapar. Conte-me como foi com a morena que eu vi você ontem.

— Felicity. - ele gemeu em desgosto. As vezes eu me aproveitava pelo fato dele não conseguir mentir de forma alguma, mesmo com muito esforço. Barry ainda era um estudante de psicologia, estagiário aqui na empresa. Ele começou tardio no ramo, mas éramos amigos há muito tempo. 

— Talvez eu tenha encontrado alguém para ajudar o Allen. - Curtis mudou de assunto rapidamente livrando Allen das minhas perguntas, assenti para que ele continuasse. A Smoak Company, era grande, pegávamos casos desde infidelidade até os mais perigosos possíveis, e quanto mais gente trabalhando melhor nos sairíamos.

— Ótimo, como a gente faz pra entrar em contato?

— Aeroporto. - foi tudo que me disse antes de me puxar para o carro. 

A caminho do aeroporto, Curtis me atualizou de como devíamos abordar o nosso novo ajudante, a maleta repleta de dinheiro estava pesada e era nossa principal arma. Ninguém em sã consciência recusaria uma oferta de emprego que lhe desse aquele absurdo de dinheiro como pagamento.

Estiquei meu corpo na fila parecendo preocupada, encarei o relógio em meu pulso. Curtis me repreendeu baixinho, afirmando que estávamos chamando atenção. 

— Senhora, por favor venha aqui. - o garoto que não devia ter mais de 18 anos chamou minha atenção. Caminhei sem pressa até onde ele tinha indicado, Curtis sorriu de lado colocando a maleta de dinheiro em cima de uma bancada de vidro.

— Abra por favor. - pediu. Fiz o que ele mandou e sorri ao ver seu rosto surpreso.

— É seu. Esse será seu salário, te espero amanhã na Smoak Company. - foi tudo que eu disse.

— Espere senhora..

— Você é um natural, consegue ver o perigo, as mentiras através do corpo e das leituras faciais, talvez por isso fez tantas prisões nesse aeroporto como nunca ninguém fez. O grupo Smoak estuda essas expressões faciais, e você caro Roy Harper está convidado a fazer parte. Ou se quiser continuar sendo segurança de aeroporto, ganhando esse mísero salário. A escolha é sua Mr. Harper.

— Felicity...

— Smoak Company senhor Harper. Amanhã, as 8 em ponto. - gritei já saindo do aeroporto. 

— Foi uma ótima sacada. - Curtis elogiou assim que chegamos no carro.

— Claro que foi. Você poderia fazer um tuor com o senhor Harper amanhã, tenho que levar Noah no médico amanhã. Exame de sangue. - fiz careta ao imaginar meu bebê sofrendo. Franzi o cenho completamente ao ver Oliver Queen de braços cruzados em minha sala.

— O que foi agora?

— Aparentemente, o FBI trabalha com sua companhia agora.

— E não tinha ninguém melhor que você? - bufei com ele me acompanhando até Barry. Curtis riu, ele sempre achou graça minha implicância com Oliver. Bom, agora ele tinha um show completo.

— Obrigado pela parte que me toca. Seu sócio assinou um contrato com o FBI, então se prepare para a minha companhia constante. - resmungou entregando uma pasta para Curtis.

— Como se não bastasse sua companhia quando está com Noah.

— Você não me deixa ficar sozinho com ele. Não é como se eu fosse machucar nosso filho durante as horas que a gente passa juntos.

— Força do hábito. - sorri amarelo.

— Você gosta da minha companhia, nunca deixou de me amar. - sussurrou beijando o topo da minha cabeça.

— Isso vai ser maravilhoso. Meu casal juntos novamente. - Curtis sussurrou.

— Nos seus sonhos. - Oliver e eu falamos juntos para logo depois fazer uma careta. Hoje seria um longo dia. 

— Se vocês já acabaram a briguinha de casal ai, precisamos resolver isso logo. - meu sócio chamou nossa atenção e eu por fim pude me desprender da imensidão azulada do meu ex. Oliver era meu calcanhar de aquiles, e trabalhar com ele seria minha perdição, eu tinha certeza.