Lovestoned escrita por Ducta


Capítulo 14
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Esse cápítulo é um pouco vago e a passagem de tempo é rápida, porque estou cheia de idéias pro próximo capítulo



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POV Alethia

 

Eram pouco de oito da manhã quando eu cheguei ao hospital, tinha tido uma ótima noite de sono, me sentia bonita e feliz como não me sentia há meses. Os médicos já estavam dentro do quarto tirando o Justin do coma, eu não conseguia ver o que eles faziam graças aos três enfermeiros que tampavam minha visão. Minha tia já estava na porta, pronta pra invadir o quarto assim que Justin abrisse os olhos, eu e a Bonnie tínhamos os narizes grudados no vidro tentando ver o que se passava lá dentro. Eu estava pronta pra bater no vidro pra chamar a atenção do Justin. Ao meu lado, Bonnie se parecia pronta para fazer o mesmo, a mão já fechada em punho, o olhar astuto. Esperamos quase meia hora até que os médicos saíram.

-Esperem mais uma hora antes de alguém entrar, ele está tonto e um pouco desnorteado. Quando entrarem, não gritem. E do resto, ele está perfeitamente bem. – O médico disse com um sorriso e se foi, toda a equipe em seus calcanhares.

Meus tios e meus pais se postaram junto comigo e com a Bonnie no vidro e nós ficamos observando enquanto ele piscava tentando acostumar os olhos com a luz. “Ele está vivo afinal de contas!” Eu pensei soltando um suspiro longo e feliz. Justin virou a cabeça em direção ao vidro e sorriu com gosto ao nos ver. Eu sorri e fiz um coração com as mãos. Vi seus olhos vagarem do coração até meu rosto, vi ele tentar mexer os braços, percebi sua frustração momentânea. Por fim, ele mandou um beijo e uma lágrima rolou por sua bochecha, eu senti várias rolarem pelo meu, mas elas eram de felicidade.

 

POV Justin

 

Se um dia alguém disser que dentro de sua própria mente é um lugar seguro, não acredite. Dentro de sua própria mente é o pior lugar pra se estar. Na minha pelo menos. Tive tempo pra reviver e remoer tudo o que eu estava sentindo, principalmente o que aconteceu na noite do baile que é a última noite da minha vida que eu consigo lembrar. Por várias vezes eu tentei abrir os olhos, mas minhas pálpebras eram supostamente mais pesadas do que o céu que, certa vez, meus tios tiveram que carregar. Eu pensei que morreria preso naquela escuridão, manchada por lembranças. Teve um tempo em que eu achei que morreria, vi os portões do inferno se abrir pra mim, mas fui arrancado de lá a base de choques. Em minha mente obscura, imaginei Zeus com seus raios, uma chuva deles. Depois passou e ela estava eu trancado no escuro de novo. Da segunda vez que vi os portões do inferno, meu avô estava lá, me esperando, não parecia feliz, não me queria ali. Esperei choques de novo, mas eles não vieram. No lugar vieram gritos desesperados de gente que eu não conhecia, mas eles foram sobrepostos pela voz mais doce que eu conhecia: Alethia. Quando eu estava pronto pra aceitar o abraço que a morte vinha me dar, ela me chamou, implorou pra eu ficar... A morte já tinha os braços abertos e eu estava muito próximo a eles, já podia sentir o ar frio que emanava dela bater em meu rosto... Cada instante mais perto... ela disse que me amava, mas era tarde, a morte já tinha me prendido em seus braços. Mas eu ainda podia ouvir sua voz, não podia deixá-la, não seria justo. Com um último esforço da minha alma – que era tudo o que havia me restado – eu me desviei dos braços frios da morte e em um piscar de olhos, me vi preso á escuridão, procurando a voz da Alethia, até que minha pálpebras começaram a ficar mais leves e eu consegui abrir os olhos.

Lá estava ela, esperando pro mim, como ela disse que faria, os olhos marcados de preocupação, mas o sorriso travesso em seus lábios. Ela fez um coração pra mim. Em meu peito, meu próprio coração subiu algumas batidas. Lá estava minha mãe com a expressão preocupada, sofrida. Meu pai não muito diferente, meus tios, a Bonnie. Não! A Bonnie...

Pedi pra que eles entrassem, mas minha mãe disse que tinham que esperar. Esperaria então. Isso me fez pensar, quanto tempo estive “fora”? O que aconteceu depois que eu apaguei aquela noite? Não que eu realmente me importasse, eram só perguntas sem respostas.

Eu fechei meus olhos por um minuto e quando voltei minha atenção pro vidro, Alethia segurava uma folha se sulfite, com uma frase escrita em canetinha rosa: “Aonde quer que eu vá, te levo comigo”. Logo abaixo em letras menores encontravam-se nossos nomes, separados por um coração. Bonnie não tinha uma cara muito boa, me segurei pra não rir.

-Eu te amo pequena. – eu disse e mais lágrimas rolaram por seus rosto.

 

 

POV Alethia

 

Ao final daquela hora, meus tios entraram no quarto, vi os três chorarem, conversaram por horas, eu fiquei lá no vidro tentando ler seus lábios e ri quando Justin ficou indignado pelo natal e o ano novo já terem passado.

-A neve acabou e eu aqui? Que merda! – dissera ele.

Meu coração poderia explodir de felicidade, era tão bom saber que ele tinha ficado comigo. Isso me lembrou uma coisa: eu devia pelo menos uma semana de refeições queimadas aos deuses, cuidaria disso quando chegasse em casa. Quando o almoço do Justin chegou, eu pedi pra dar à ele, já que ele ainda estava fraco. O sorriso dele quando eu entrei no quarto foi impagável.

-Oi Alethia. – ele disse simplesmente.

-Ah que saudades da sua voz. Que saudades de você! – eu disse e depois enchi seu rosto de beijos enquanto ele sorria.

-Você que vai me dar almoço hoje?

-Seu primeiro almoço com colher depois de quase três meses. – eu completei me sentando ao seu lado.

-Colher? Que diabos você vai me dar?

-Mingau de aveia.

Ele torceu o nariz me fazendo rir.

-Não quero comer isso.

-Estou pouco me importando.

-Alethia...

-Justin, o que você esperava? Um Big Mac com batatas douradinhas e coca gelada? – eu disse preparando a primeira colher de mingau pra levar a boca dele.

-Agora que você falou, eu fiquei com vontade. – ele me olhou com os olhos cheios de vontade.

-Ah droga, quando você sair daqui nós vamos ao Mcdonalds, - eu prometi – agora come o mingau.

Ele torceu o nariz de novo, mas não reclamou mais enquanto eu dava o mingau a ele. Aproveitei pra dizer que o concurso de talentos foi adiado até as férias de verão, contei da quase trégua entre eu e a Bonnie e ele quase cuspiu o mingau. Ele me enrolou quase uma hora pra comer o mingau, mas finalmente terminou e sua expressão era de tristeza quando eu levantei e fui até a porta para avisar que ele já terminara.

-Que foi?

-Você vai embora já?

-Claro que não. Além do mais, nós temos assuntos inacabados. – eu disse.

-Falando nisso, levanta minha camisa? Quero ver o tamanho da cicatriz. – ele pediu, me deixando curiosa para vê-la também.

Eu levantei a gola de sua camisa e ele abaixou o olhar. Sua expressão era de surpresa agora.

-Ah droga, olha o tamanho disso aqui! Eu nunca mais vou poder tirar a camisa!

-Licença – eu disse e levantei a barra da camisa até seu peito.

A cicatriz tinha a forma de um crucifixo torto. Ela se estendia da sua traquéia até o seu umbigo, cruzando de um lado ao outro do corpo.

- hm, quer que eu peça pro tio Nico marcar uma cirurgia plástica o mais rápido possível?

-Pra que tanta rapidez? Depois dessa cicatriz estou com trauma de bisturi! – ele lamentou.

-É que eu aluguei uma casa de praia pra gente. – eu disse sorrindo

-Pra gente?

-ah, a Diana e a Kimmy, o Peter e o Dean e se você quiser, eu chamo a Bonnie.

-Não chama não, só nós seis tá ótimo! – eu ri – E aí, qual o nosso assunto inacabado?

-hã, antes disso que erro saber se você se importaria se eu chamasse um policial aqui pra você me ajudar a contar o que aconteceu aquela noite.

-Você não contou ainda?

-Decidi esperar você acordar, pra confirmar minha versão.

Em poucas palavras o que aconteceu aquela noite e como eu acabei saindo como culpada.

-Chame os policiais então!

 

Aquela noite estávamos eu, o delegado, um escrivão e uma psicóloga no quarto do Justin.

-Preparada Alethia? – perguntou a psicóloga.

-Acho que sim.

-E você Justin? – ela perguntou.

-Perfeitamente bem.

 

Flashback on

 

Eu saí do ginásio sem olhar pra Diana, não sabia exatamente aonde ir, acabei sentando no primeiro degrau da escada no hall.

-Alethia! – Justin chamou poucos minutos depois.

Quando ele me viu, nós ficamos sem reação de novo, eu abaixei a cabeça e fui em direção ao laboratório de química, mas acabei presa com as costas na parede, os braços de Justin fechando-me aos lados e seu rosto bem próximo ao meu.

-Me desculpa. – ele disse me olhando.

Eu sustentei seu olhar.

-Voltei disposta a isso. – confessei.

-Porque você me negou lá no ginásio?

-Tinha que ser forte, manter minha decisão. Na verdade eu sabia que se te desse as costas e saísse você viria atrás de mim. Queria conversar com você assim, a sós.

-Então você me desculpa?

-Em partes. Nunca vou te perdoar pela sala lá em cima. – eu disse fazendo biquinho.

Ele sorriu.

-Tudo bem então, ainda confia em mim?

-Não exatamente.

-Você tomou alguma decisão completa desde que viajou?

-Não. Minha vida está todas em metades. Faz tempo que não tomo uma decisão por inteiro. – eu disse sorrindo da minha própria fraqueza.

Nós fizemos uma pausa, ambos em silencio, absortos nos próprios pensamentos.

- O que você sente sobre mim? – ele perguntou sem rodeios.

-Sem decisões completas. – eu respondi de um fôlego.

-Quais as metades então?

-É amor, sem dúvidas. Só não coloquei as partes em categorias ainda. E você?

-Não decidi também. – ele disse e sorriu.

Seu rosto começou a se aproximar do meu, meu coração acelerou. Eu sabia o que ele ia fazer.

-Espero que já tenham se despedido. – disse alguém ás costas do Justin.

Quando eu vi que era o Miguel, já era tarde. Ele se aproximou rápido demais e antes que o Justin pudesse virar, ele enfiou a adaga na barriga do Justin e se afastou.

Minha cabeça parou de funcionar, eu só conseguia ver o Justin caindo à minha frente, ele caiu com um baque surdo, o sangue correndo com muita rapidez. Em uma atitude impensada, eu puxei a adaga do corpo do Justin, então o Miguel começou a gritar e eu, em choque fiquei lá com a adaga na mão, acreditando que o Justin já tinha morrido e que a culpa era minha.

 

Flashback off

 

-Eu ia beijar ela! – o Justin disse com indignação – dá pra acreditar no quanto isso é frustrante?

Rir foi minha primeira reação.

-Mas ela não é sua prima? – perguntou o delegado.

-ér... Prima de segundo grau. – o Justin disse com muita cara-de-pau.

Eu ri de novo.

-Mas você não namora aquela garota ruiva lá fora? – a psicóloga perguntou.

-hã... Por pouco tempo. – ele disse.

-Você não vale uma moeda, Justin. – eu disse rindo outra vez.

Não sei por que, mas em lembrar que ele ia me beijar, me fez rir. Imaginei qual seria a cara da Bonnie se ele tivesse conseguido alcançar meus lábios. Imaginei minha própria reação...

 

Quando os policiais saíram, nós caímos em um silêncio constrangedor.

-E se eu tivesse te beijado?

-Nós nunca vamos saber como teria sido. – eu disse sentindo minhas bochechas esquentarem.

-hm, pede pro meu pai marcar aquela cirurgia, por favor? – ele pediu.

 

 

 

Na semana que se seguiu, Justin teve alta do hospital, terminou o namoro com a Bonnie, foi internado na clínica estética, fez a cirurgia que diminuiu consideravelmente o tamanho das cicatrizes. Eu, as pressas, aluguei a tal casa, falei com os nossos amigos que concordaram sem nem hesitar.

Quando o Justin voltou pra escola pras duas últimas semanas de aula, ele foi recebido como um herói, com direito e ser erguido nos ombros pelos amigos.

–Ele está vivo! Puta que pariu! Ele está vivo! – exclamara Peter aos risos assim que o viu.

 

Depois que acabaram as aulas, tudo já estava pronto. A casa na praia, as malas, as passagens. Só esperávamos mesmo o sol escaldante pra podermos ir. Estava decidido que eu e o Justin iríamos um dia antes dos outros. Eu estava bem com aquela decisão, mas nervosa ao mesmo tempo. Nesse tempo todo, eu ainda não conseguira classificar o que eu sentia por ele, e decidi não pensar muito se não ficaria maluca. Afrodite colocaria tudo nos conformes. Tudo daria certo no final.


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