Papeis, livros, eu-lírico e eu te amo escrita por Tia Lina


Capítulo 7
Discursos vexatórios


Notas iniciais do capítulo

Olááááááááá, enfermeira! Tudo bem com vocês? Daí que ia postar logo que acordasse hoje, mas tia Lina precisava de uma bolsa e, ao invés de ser uma pessoa normal e ir comprar, comecei a costurar uma (pq tia Lina honra o "sou de humanas" dela huahuahua). Enfim, vamos ao que realmente interessa

BoA leitura ^^



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Steve trouxe da cozinha alguns lanches quando achou que já era tarde o suficiente para estarem de estômago vazio e se sentou à mesa de seu computador enquanto Bucky ainda insistia em continuar sentado em seu tapete. Segundo o Barnes, soaria uma invasão de intimidade se sentar em sua cama e ele não gostaria de cruzar essa barreira porque se conheciam há pouquíssimo tempo. Steve achou adorável, mas guardou para si mesmo. Enquanto isso, Bucky se concentrava nas correções e em seu sanduíche de geleia e manteiga de amendoim como se o mundo lá fora fosse um detalhe desinteressante.

Teve sua atenção distraída pelo toque do celular do loiro, o que o fez desviar a seus olhos para o mínimo sorriso que Steve dava para a tela de seu telefone. Fazia um tempo desde que Bucky o vira em um relacionamento, mas imaginava que alguém como Steve Rogers não ficaria sozinho para sempre. Era óbvio que não ficaria, ele era Steve Rogers afinal. Poderia não ser o capitão de nenhum dos times da escola, mas isso não fazia dele uma pessoa menos interessante. Isso ele jamais seria. Bucky suspirou baixinho e voltou a dar atenção às suas correções.

— Acho que já está bom por hoje, certo? – Steve o estava encarando com aquele mesmo sorriso do celular. Era um sábado, claro que ele tinha algo mais interessante programado para fazer à noite, no que Bucky estava pensando?

— Ah, sim. – Bucky fechou seu caderno e começou a desligar o seu notebook ao mesmo tempo em que jogava o material todo dentro de sua mochila de qualquer jeito. – Acabamos nos empolgando, eu já corrigi toda a sua parte, depois envio uma cópia para o seu e-mail e qualquer nova alteração nós realizaremos por lá, ficará mais fácil manter somente um arquivo a partir de agora. – Ele se levantou, encarando Steve. – Envio o arquivo assim que estiver em casa.

— Ei, Bucky. – Steve se levantou e levou aquele bendita mão para sua nuca outra vez. – Você tem algo programado pra hoje à noite?

Bucky arregalou levemente os olhos e ficou em silêncio por um instante. O que Steve Rogers estava fazendo agora? Aquilo estava mesmo acontecendo? Ele pigarreou antes de responder.

— Estava planejando reler O Morro dos Ventos Uivantes. – Deu de ombros. Não queria ter soado tão babaca, mas também não gostava de mentir. Steve riu soprado e ele sentiu vontade de se jogar da primeira ponte que encontrasse no caminho.

Mas o Rogers o achava cada vez mais encantador. Ele e a sua honestidade. E a sua inteligência. Ah, sim, sua inteligência era totalmente cativante. Steve aumentou o sorriso.

— Você poderia abandonar Emily Brontë por hoje e me acompanhar até um lugar?

— Que lugar? – Ele finalmente recobrou seus sentidos e jogou sua mochila nos ombros.

— Você já me disse que não faz muito o seu estilo, mas vai acontecer uma festa na casa de um conhecido e eu gostaria muito que fosse comigo. Se você quiser, claro.

— Eu não sei. – Bucky mordiscou o lábio inferior e desviou sua atenção.

Quando ele disse que trocava qualquer coisa por uma noite de leitura, não exagerara nem um pouco. Bucky odiava música alta e lugares lotados, ele odiava festas mais que qualquer outra coisa. Nunca havia nada de produtivo que pudesse vir de uma, ele achava que era um desperdício de tempo e paciência. Achou que seria melhor se dissesse a verdade a Steve.

— Não sou uma boa companhia em festas, eu não danço e não bebo, também não gosto de lugares lotados e de música alta. Provavelmente ficarei encostado no primeiro sofá que vir assim que chegar lá e você vai acabar se arrependendo de ter me convidado.

— Bom, você soa exatamente como alguém que eu conheço. – Ele colocou as mãos na cintura.

— Quem?

— Eu. – Ele riu soprado. – Não sou a pessoa mais empolgada do mundo com festas, eu queria uma companhia só para que não seja obrigado a dançar, porque seria uma catástrofe se eu fizesse isso. – Bucky riu soprado. – Então? Você me acompanharia para poder salvar a minha pele nessa? – E Steve fez uma expressão tão fofa que Bucky se achou ridículo por não conseguir encontrar nenhum outro adjetivo além desse para defini-la.

— Claro, eu vou. – Sorriu um pouco. Iria até o fim do mundo depois daquela expressão.

Mais tarde naquele dia, na proteção de seu quarto, encarando suas roupas em seu guarda-roupa, Bucky suspirou derrotado. Aquela havia sido uma péssima ideia, onde estava com a cabeça? Ah, sim, naqueles benditos olhos azuis que pareciam existir com o único propósito de tragar sua alma cada vez mais fundo enquanto ele sequer se esforçava para exercer alguma resistência. E também naquele sorriso de dentes perfeitamente brancos que era o mais bonito de toda a existência humana, ele tinha certeza disso.

Suspirou derrotado outra vez.

Sequer sabia o que um adolescente vestia em uma dessas festas, procurava evitar até passar em frente a uma para não correr o risco de ser puxado desavisadamente para a boca do inferno. Desistindo de apelar para o seu lado fashionista – que certamente viera com defeito naquela encarnação – pegou o celular da mesa de estudos. Natasha poderia muito bem ajudá-lo a escolher algo meramente satisfatório dentro daquele guarda-roupas cheio de camisetas com referências literárias.

— O que aconteceu, traça com cabelos compridos? – Ela certamente estava jantando, ouvia o som do mastigar enquanto falava.

— Nat, eu preciso mesmo da sua ajuda agora. – Suspirou irritadiço, levando a destra aos olhos. Eu não acredito que vou pedir isso a ela, pensou.

— E o que aconteceu, Bucky? Algum dos seus personagens favoritos morreu?

— Não. – Suspirou outra vez. – Eu preciso que me escolha uma roupa decente para vestir.

— O quê? – Ela riu soprado. Bucky se arrependeria até o final de seus dias.

— Você vai escolher a droga de roupa ou vai ficar rindo da minha cara, Natasha?

— Qual é a ocasião?

— Eu preciso mesmo te dizer? – Cara, ele iria se arrepender tanto no futuro.

— É claro que precisa. – Ele tinha certeza de que ela sorria diabolicamente do outro lado da linha, podia ouvir o sorriso em seu timbre. Ele bufou.

— Uma festa, Natasha, você pode me ajudar antes de começar com as suas merdas? – Revirou os olhos. Deveria ter pedido ajuda à sua mãe, ela pegaria mais leve.

Bucky aguardou a amiga gargalhar do outro lado da linha e se recompor, desculpando-se em russo com alguém que imaginou ser a sua avó. Agora ele sabia o motivo de ela não ter comparecido às aulas naquele dia, quando sua avó paterna vinha da Rússia visitá-la, Natasha preferia passar o dia ao lado da senhora de 78 anos a fazer qualquer outra coisa. Depois de incontáveis minutos, ela finalmente começou a falar.

— Eu não posso ir até a sua casa agora, mas conheço o seu guarda-roupa de cor, ele é o mesmo desde a sétima série. – Parou para tomar alguma coisa. – Use qualquer calça jeans com aquela sua camiseta preta com o ABC dos autores e aquele seu All Star preto muito bem cuidado. Minimalista e charmoso, exatamente como você, meu bem. E não se esqueça de me contar exatamente como foi a sua festa e se ele beija bem.

— Ele quem? – Bucky uniu as sobrancelhas.

— Steve Rogers, ora! Eu duvido que a festa tenha sido ideia sua. – Ela riu quando ele bufou.

— Obrigado pela ajuda, agora você já pode ir se foder, Nat. – Revirou os olhos e desligou a chamada.

Bucky retirou as peças de seu guarda-roupa e seguiu para o banheiro antes de descer para jantar. Tomou um banho rápido, não queria correr o risco de deixar Steve o esperando, caso ele resolvesse aparecer antes do horário combinado. Quando desceu todo arrumado, a mãe arqueou uma sobrancelha em sua direção e ele se arrependeu novamente de ter contado anos atrás que era apaixonado pelo loiro. Sentou-se em silêncio e ela se sentou logo à sua frente. Bucky se dedicou ao seu prato de comida enquanto a mulher sorria.

— Tudo bem, você pode falar, mãe, eu sei que está louca para fazer um comentário que me deixará vermelho pelo resto da noite. – Ele revirou os olhos, sorrindo levemente para a matriarca.

— Nunca o vi tão arrumado para passar a noite lendo em seu quarto, por acaso vai sair? – Ela arqueou novamente uma das sobrancelhas, sorrindo de viés.

— Steve me convidou para ir em uma festa, não volto tarde.

— Não tem problema ir para uma festa, mas você sabe que, na condição de mãe, serei obrigada a recitar o meu discurso mais embaraçoso, não é mesmo? – Ela manteve a sobrancelha arqueada, utilizando um timbre que indicava que estava aparentemente bem mais empolgada do que realmente deveria estar.

— Mãe, é sério, não precisa, não vai acontecer absolutamente nada. – Bucky começou a tossir, desesperado.

— Eu não sei... vocês são adolescentes... vão sair sozinhos num sábado à noite... – Ela zombava. – Não sei se devo confiar em vocês assim.

— Mãe, por favor. – Ele pediu, sentindo as bochechas queimarem levemente.

— Seu pai vai dizer se eu não disser, você sabe disso, não sabe? – Ela arqueou a sobrancelha mais uma vez. – Melhor que eu diga, não é mesmo? Você é um péssimo mentiroso, não vai conseguir sair sem dizer a ele que eu não o adverti.

— Mãe. – Ele escondeu o rosto na canhota enquanto se arrependia por ter aceitado ir naquela droga de festa.

— Prometo não ser detalhista, me deixe exercer o meu papel de mãe pelo menos uma vez, você nunca sai de casa para que te passe um sermão ou um discurso vexatório. Não estrague a minha noite, James, vivi a minha vida toda só para te deixar embaraçado no seu primeiro encontro. – Ela se divertia com seu desespero, Bucky conseguia identificar naqueles olhos tão verdes quanto os seus. Ele suspirou e a encarou seriamente.

— Vá em frente, eu não conseguirei impedi-la mesmo. – Ela sorriu vitoriosamente.

— E por onde devemos começar...? – Ela dava batidinhas de leve em seu lábio inferior. – Camisinha! – Pareceu escolher a pior das opções para começar aquele assunto que ele já conhecia de cor. Bucky grunhiu.

Aquela fora a pior ideia da sua vida, deveria ter escolhido ficar em casa.


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Notas finais do capítulo

Quem quer adotar a mãe do Bucky porque ela é uma palhaça? o/

Muito obrigada pela companhia e pelo tempinho que me permitiu roubar do seu dia ♥ Até o próximo e XoXo ;*



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