Papeis, livros, eu-lírico e eu te amo escrita por Tia Lina


Capítulo 14
Uma saga completa


Notas iniciais do capítulo

Olááááááááááá, enfermeira! Tudo bem com vocês? ^^ Particularmente gosto de algumas coisas nesse capítulo, mas deixarei vocês decidirem por si mesmos ;D

BoA leitura ^^



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Bucky se sentia meio idiota por estar parado no meio do quarto de Steve, agarrado ao mesmo enquanto sua boca era explorada sem censura pela língua do outro. Meio idiota e meio resplandecente, porque era Steve quem o segurava ali e Steve tinha um jeito gostoso de beijar. Era molhado e às vezes haviam alguns estalidos, mas a boca rosada do loiro parecia preencher a sua e acolhê-la de uma maneira que ele sequer sabia se poderia mesmo ser natural. E enquanto se beijavam, Bucky pensava que a textura da língua do Rogers era curiosamente aveludada e mudava de temperatura. Aquilo parecia absurdo, mas ele estava sentindo, não havia ninguém que pudesse vencê-lo numa discussão naquele momento.

Não que realmente pretendesse entrar em uma, ele preferia ficar no quarto de Steve, beijando e sendo beijado de volta. Esse último pensamento o fez compreender o que o loiro quis dizer quando discursou sobre o “eu te amo de volta” de Pullman, porque não era algo dado, parecia mais como emprestado. Era mais como uma troca justa. Bucky precisava parar de pensar, porque nada mais estava fazendo sentido. E como se lesse o seu pensamento, Steve parou de friccionar seus lábios contra os do moreno e se afastou o suficiente para encará-lo. Aquele sorriso com certeza causaria algum tipo de taquicardia no Barnes ainda naquele dia, ele tinha certeza.

— Você vai jantar comigo? – Ele sussurrou.

— Não vou incomodar? – Bucky sussurrou de volta, se esforçando para soar tão natural quanto o loiro parecera soar.

— Não. – O Rogers riu porque era somente isso que poderia fazer quando Bucky era sempre tão adorável. – Já avisei ao meu pai, nós fizemos um prato extra somente pra você.

— Espera. – Ele uniu as sobrancelhas. – Nós?

— Eu ajudei a picar algumas coisas. – Deu de ombros.

— Esse é mais um truque para me conquistar, Steve? – Bucky zombou.

— Se esse beijo não o convenceu, eu desisto de tentar. – Ele riu com vontade.

— Eu diria que você está indo muito bem até agora. – Steve não esperava por essa, então arregalou um pouco os olhos, mas acabou rindo soprado e roubando mais um selar antes de puxá-lo pela mão até a cozinha.

O pai de Steve continuava na mesma posição no sofá quando chegaram à sala, e parecia concentrado demais para ser interrompido naquele momento, então o loiro passou por ele e guiou Bucky até a cozinha. O cômodo estava surpreendentemente organizado, levando em consideração a bagunça que estivera na primeira vez na qual Bucky o visitara. Ele sentiu algo fazer cócegas em seu estômago, como se fossem cílios se debatendo freneticamente, levando uma corrente de felicidade para todas as suas terminações nervosas só de pensar que Steve fizera tudo aquilo somente por conta daquela visita. Era meio estúpido pensar assim, Bucky sabia, mas a imagem de Steve correndo para lá e para cá nos cômodos da casa, preocupado em deixar tudo na mais perfeita ordem somente para recebê-lo trouxe uma sensação desconhecida e confortável que ele jamais experimentara.

Era diferente, por exemplo, de quando visitava Natasha. A amiga nunca se importava em limpar o quarto antes que ele aparecesse por lá. Ou de quando visitava sua avó materna, porque a senhora tinha TOC avançado e nada nunca estava fora do lugar em sua casa. Bucky gostara da bagunça de Steve na primeira vez que estivera lá, fizera-o se sentir confortável, como se nada estivesse realmente bagunçado e sim rearranjado de uma maneira diferente da qual se habituara. Mas aquele ambiente arrumado também não era de todo mal, Bucky concluíra que poderia viver muito bem com esses dois lados do Rogers se isso fosse necessário para que desenvolvessem algum tipo de relacionamento. Arregalou levemente os olhos e achou melhor cortar a própria linha de raciocínio quando pensou em um futuro no qual estaria num relacionamento sério com o loiro.

— ... não é mesmo?

— Hn? – Bucky o encarou confuso, por quanto tempo ele estivera falando e há quanto tempo estava parado ao lado da cadeira encarando um canto vazio da mesa? Steve riu soprado, aproximando-se com pratos e talheres.

— Estava dizendo que poderia te levar para casa mais tarde, mas que não me incomodaria se dormisse aqui. – Bucky arregalou os olhos e Steve riu outra vez. – Mas eu imaginava que se negaria a isso porque é tudo muito novo e ninguém aqui está com pressa, então eu te levo depois do jantar.

— A minha mãe ficou de me buscar, não precisa se incomodar. – Ele finalmente reencontrou sua voz e seus movimentos, sentando-se na cadeira.

— Pensei que iria gostar de passar um tempo extra comigo. – Steve arqueou uma sobrancelha e sorriu de viés, mas Bucky notou algo diferente no tom de voz que ele usou, talvez constrangimento? Esperança? Ele não conseguiu identificar.

— Passamos a tarde inteira juntos, e não é como se fosse me mudar para Tombuctu amanhã nem nada do tipo, sabe, ainda vamos nos ver na escola, e você sempre pode ir me visitar quando quiser, eu não vou te impedir e nem pedir para não ir. – Ele deu de ombros, falando impensadamente tudo aquilo que vinha à mente. Parou repentinamente quando percebeu que falara demais. – Desculpe.

— Não se desculpe, eu gosto quando fala, principalmente quando fala que eu posso te ver mais vezes. O que vou dizer é egoísta, mas eu não quero mentir pra você, mas é que acho gostoso quando você demonstra que quer me ver, isso meio que massageia meu ego de um jeito reconfortante. – Steve acariciou os cabelos do Barnes e começou a caminhar em direção à sala. – Vou chamar meu pai para jantarmos e já volto.

Aquilo era namorar?

Essa fora a primeira pergunta que passara em sua mente assim que ficara sozinho no cômodo. Essa vontade incessante de se ver, essa vontade quase insuportável de contato físico e todas aquelas cenas que se repetiam várias e várias vezes em sua mente de um Steve enfiado no meio de cobertores quentinhos, abraçado a ele enquanto assistiam filmes que ele sequer gostava, era isso que atribuíam a um namoro? Existiam tantas coisas mais que queria fazer, tantas outras que queria experimentar, e todas elas traziam o rosto sorridente daquele garoto de olhos azuis. Bucky se pegou sorrindo para o nada e concluiu que não cabia àquele momento decidir se aquilo era mesmo um namoro. Steve tinha razão, ninguém ali estava com pressa.

Dois beijos e você já está fantasiando, pensou, não seja ridículo, Barnes.

O jantar não fora nada silencioso porque Joseph Rogers era muito engraçado. Na maior parte do tempo, contava sobre o seu trabalho no Museu Nacional, sobre como cuidava das peças e artefatos e como os últimos eventos foram cansativos e promissores, mas ele também contava um pouco sobre a infância de Steve e Bucky admitiu para si mesmo que achava cativante a forma como o garoto ficava corado sempre que o pai soltava algum comentário embaraçoso. Steve era muito mais apaixonante do que o Barnes imaginava e era verdadeiramente fantástico poder perceber isso aos poucos conforme o pai dele discursava.

Após o jantar, fora muito difícil para convencê-los de que sua mãe insistira em ir buscá-lo e que não precisaria de uma carona porque não queria atrapalhar a rotina de ninguém. Pai e filho fizeram questão de acompanhá-lo até a porta quando a buzina soou do lado de fora e o senhor Rogers fez questão de trocar algumas palavras com a mãe de Bucky enquanto ele e Steve permaneceram lado a lado na entrada da casa do loiro. Steve riu soprado e enterrou as mãos nos bolsos, esbarrando de leve com o ombro no do moreno, que o encarou com um sorriso sem graça.

— Obrigado pela hospitalidade e pelo jantar, foi um dia divertido. – Bucky não sabia se deveria mesmo dizer aquelas coisas naquele momento, mas achou melhor falar alguma coisa para evitar corar de novo.

— Mesmo que tenha te obrigado a assistir uma comédia romântica de gosto duvidoso? – Steve arqueou uma sobrancelha.

— Mesmo com uma comédia romântica da década de 90 com a Sandra Bullock. – Ele riu soprado. – No final, valeu a pena.

— Ah, no final sempre vale a pena. – O loiro sorriu. – Amanhã é dia de entregar o trabalho da senhora  Wright.

— E então a nossa dupla dinâmica se desfaz.

— Agora não importa mais, podemos continuar nos vendo mesmo sem precisar de um trabalho escolar como desculpa. – Steve bateu novamente ombro com ombro, arrancando um riso soprado do moreno.

— E desde quando usa esse trabalho como desculpa para me ver? – Ele arqueou uma sobrancelha. – Porque até onde me lembre, eu era somente o cara folgado que não fazia os deveres e iria me encostar no melhor aluno da sala.

— Você nunca vai esquecer isso, não é mesmo? – Steve também arqueou uma sobrancelha.

— Jamais. – Bucky riu soprado.

— Tudo bem, eu posso aceitar a minha sina. – Steve sorriu e tirou uma das mãos dos bolsos para acariciar o rosto do Barnes, que congelou por um momento, fazendo o loiro rir. – Eu reparei que fica sem reação todas as vezes que eu toco você, tem algum problema com isso? Você tem algum tipo de trauma? Eu posso parar se não gostar. – Steve começou a afastar sua mão, mas Bucky a segurou por instinto, mantendo-a em seu rosto.

— Não é isso, eu só não estou acostumado com essa aproximação. Não é como é com Natasha, por exemplo. Mas ela é minha melhor amiga e nós nunca nos tocamos intimamente, e definitivamente nenhum dos nossos toques tem esse significado. É só diferente... de um jeito bom. – Steve riu soprado e continuou a fazer carinho na bochecha do outro depois de um tempo.

— Diferente de um jeito bom... – ponderou antes de concluir, – Acho que posso lidar com isso. Mas eu devo te alertar sobre uma coisa muito, muito importante.

— O que?

— Eu posso ser muito carinhoso quando estou empenhado, e isso quer dizer que eu gosto muito de contato físico. – Sorriu outra vez. – Eu te avisei que se enjoaria fácil.

— Acho que preciso aprender a gostar também. – Deu de ombros. – Tudo bem, foi o que eu escolhi.

— Então eu posso continuar te tocando daqui pra frente? – O timbre do outro soou baixo, quase gutural.

Bucky sentiu aquelas palavras fazerem carinho no seu estômago e, de repente, um calor tomou conta do seu peito. Juntamente àquela sensação nova, também sentiu uma vontade avassaladora de beijar o Rogers e quase respondeu que ele não se importava em ser tocado quantas vezes ele desejasse porque ele começava a entender de onde vinha essa ânsia por contato físico. Era algo febril e quase insuportável, era como descobrir que sua escritora favorita lançaria uma continuação daquele livro incrível que você tanto gostava e então ficava contando os dias para ter o exemplar nas mãos. Steve era uma saga completa com todos os seus personagens favoritos e o enredo mais interessante que já lera na vida.

— A sua mãe está te chamando. – O Rogers sussurrou com um sorriso brincalhão. – Mas não pense que eu não percebi o modo como estava me olhando.

— E como é que eu estava te olhando? – Bucky sussurrou de volta, desviando rapidamente os olhos para os lábios do loiro. Descobrira que gostava daquela parte do corpo do outro.

— Como se eu fosse uma sobremesa muito apetitosa. – Ele arqueou uma sobrancelha e sorriu de viés antes de roubar-lhe um demorado selar. Steve fez questão de falar baixinho perto da boca do Barnes. – Amanhã nos vemos na escola, Bucky.

O Barnes estremeceu por completo e precisou de alguns momentos antes de encontrar as forças nas pernas para caminhar até o carro. Passou por Joseph Rogers e se despediu do homem com um sorriso gentil e vários agradecimentos. O pai de Steve fez questão de frisar que ele seria sempre bem vindo em sua casa antes de se juntar ao filho na entrada da casa e aguardar até que o carro da senhora Barnes não fosse mais visível na rua. Joseph passou um dos braços pelos ombros do filho e o trouxe para mais perto, soltando na sua melhor voz zombeteira.

— Se eu tivesse vinte anos a menos, você não teria chance alguma com esse garoto.

— Por acaso está sugerindo que ele é mais interessante que a mamãe? – Steve o encarou de sobrancelha arqueada.

— Acredite em mim, ninguém jamais será mais interessante que a sua mãe. – Ele sorriu saudoso, voltando a assumir uma expressão de zombaria em seguida. – Mas esse garoto tem o seu charme e, devo dizer, sua beleza bem marcante.

— Papai, é realmente muito esquisito que você esteja falando que o cara com quem tô saindo é muito bonito. – Steve fez uma careta involuntária. – Os pais não transam.

— Ha! – Ele gargalhou. – E você acha que nasceu de onde? De um repolho? Pensei que as aulas de educação sexual na escola tivessem te ensinado de onde vem os bebês, Steve.

— Essas aulas só nos ensinam uma coisa. – Ele se soltou do pai e abriu um sorriso de canto. – Não devemos fazer sexo, mas se isso acontecer, devemos usar camisinha.

— Eles evoluíram bastante, na minha época a única coisa que ouvíamos era “não façam sexo, nunca, sob hipótese alguma”. – Ele gargalhou.

— Tá, o papo tá bem legal, mas eu prefiro ir pra cama agora, estou bem cansado.

— Antes de ir se deitar, só quero te fazer uma pergunta.

— Faça. – Ambos entraram na casa antes de Joseph abrir a boca novamente.

— Isso é um namoro? – Steve sorriu de leve e demorou uns segundos para responder.

— Talvez seja. – Alargou o sorriso em seguida. – Eu espero que seja.


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Notas finais do capítulo

#posteiesaícorrendo

Chegar pro Bucky e lançar um "cara, ele tá tão na sua" huahuahauahua Muito obrigada pela companhia e até o próximo ♥ XoXo ;*



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