The third side of the force escrita por geekerela


Capítulo 1
I




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I

"Rey."

"Rey."

Acordei ofegante, sentando na cama. Há dias que eu ouço a voz do Ben me chamando, o tempo todo. Durante o sono, quando estou treinando, até quando tomo banho. Era como se ele estivesse fazendo de tudo para manter a nossa conexão, mas, com Snoke morto, não deve estar sendo tão fácil.

Não que eu esteja ajudando muito também.

Toda vez que eu ouço a voz dele, ou qualquer sinal de presença, eu faço de tudo para bloquear. O esforço cansa um pouco, mas melhor do que ficar em contato com aquele...

"Finalmente."

Praticamente pulo ao ouvir aquela voz bem atrás de mim.

—Ben. -Respondo secamente.

— Eu venho tentando entrar em contato, Rey. Mas você não tem facilitado muito.

Silêncio. Eu não consigo nem o olhar.

—Você está com raiva. Eu consigo sentir, você sabe. -Ele diz, com aquele tom petulante e seco.

—É claro que eu estou com raiva, Ben. -Suspiro, levantando e indo na direção dele. -Você matou o Snoke só para ser o próximo Vader. Você é melhor que isso.

Ele riu.

—Não, Rey. Você é melhor que isso. Você poderia ter aceitado a minha proposta e governaríamos de forma justa. Sem Primeira Ordem. Sem Resistência. Sem a Força.

—Eu não estava ciente de que virar o Vader-Snoke te faria um governante justo.

—Chega de falar do Snoke! -Por um segundo, ele pareceu vulnerável. Pareceu o mesmo garoto indefeso que apareceu quando eu estava convencendo Luke a me ajudar. E ter falado desse jeito com ele me fez sentir culpada.

—Ben... -Cheguei mais perto dele, perto o suficiente para que pudesse toca-lo, mas não o fiz. E senti uma pontada de alegria vinda dele. Um misto de alegria, medo, tristeza. Ele estava confuso. -Não tem problema em sentir as coisas. Snoke te obrigou a fazer algo horrível. É normal você se sentir assim.

Ele me olhou como se ninguém tivesse dito aquilo antes. Ele estava muito confuso.

—Por que, Rey? Por que você não se juntou a mim? -Ele sussurrou.

—Você sabe porque, Ben. Eu nunca poderia.

Ele assentiu, e, assim, desapareceu.

Após o que houve com o Luke, muitos atenderam ao chamado da Princesa Leia. A esperança havia sido instaurada novamente, o que era muito bom. Como o próprio Luke disse, a Resistência havia renascido.

No momento, tudo estava tranquilo. Não haviam ataques à vista, o que é a primeira vez desde quando Ben assumiu o comando da Primeira Ordem. Às vezes, ele parecia ainda mais cruel que o próprio Snoke: o comércio ilegal de armas que enriquece vários planetas aumentou, junto com a exploração de crianças nestes e, ainda, os maus tratos com animais. Pelo menos foi assim que Finn descreveu o planeta que ele e Rose foram: se você não olhar bem, é belo até demais, ele disse.

Ele raramente toca no nome da Rose, provavelmente por se sentir culpado por sua morte. Ele se fechou para tudo desde o ocorrido, menos para o BB-8. Onde o Finn está é onde o BB-8 está. É meio fofo.

— Rey, a Princesa Leia quer falar com você. -Disse Poe, aparecendo ao meu lado. Assenti e fui até a parte da nave em que ela estava.

—Olá, Rey. Sente-se. -Ela me indicou uma cadeira em frente a dela.

—Princesa. -Respondi. -Poe me disse que você queria falar comigo.

—Sim, sim. -Ela respondeu. Parecia cansada, porém calma. Sempre calma. -É que, ultimamente, tenho sentido uma presença da Força nesta nave. Nada muito notável, apenas... uma leve presença. Me entende? -Apenas fiz um movimento afirmativo com a cabeça. Fudeu. Vou ter que contar sobre o Ben. -Bom, durante a madrugada, essa presença se fez muito forte, acredito que você tenha sentido também. -Eu apenas concordava com a cabeça, internamente entrando em pânico. Eu não posso mentir pra ela, Leia é a mãe dele. -Queria saber se você tem alguma ideia do que aconteceu.

Abri a boca para responder, mas Finn entrou correndo.

— Estamos sendo atacados! -Ele berrou, e, logo, houve um tremor na nave. Leia e ele saíram correndo antes que eu tivesse a chance de levantar.

"Você poderia ter dito a ela."

—Sério, Ben, você quer fazer isso agora? -Perguntei, levantando apressadamente.

—Agora é uma hora tão boa quanto qualquer outra. -Ele respondeu, como se o ataque não fosse nada. Bufei, revirando os olhos e continuando a correr, mas sua imagem me seguia. -Onde você vai, Rey? Suas habilidades com um sabre de luz não vão ser muito úteis agora. Quem sabe hoje não conseguimos pegar o insolente que liderou o ataque à Primeira Ordem e destruiu quase tudo?

Ninguém nunca testou a minha paciência tanto quanto esse ser humano. Ignorei e continuei correndo para o centro da Millenium Falcon, até que Ben finalmente desistiu.

—Os ataques da Primeira Ordem têm prejudicado, sim. Não adianta esconder. - Disse Leia. Ela havia reunido todos nós após o ataque, que não havia sido brutal, mas fez alguns estragos. - Os estragos estão sendo consertados e continuarão sendo, mas eu lhes garanto: enquanto estivermos unidos, haverá esperança. Enquanto houver esperança, haverá a Resistência. Que a Força esteja com vocês.

Me dirigi ao meu quarto, acabada. Além de não dormir direito há noites porque alguém estava tentando se conectar comigo, o ataque de hoje me esgotou completamente. Ah, e eu não comi.

Decidi que um banho seria um bom começo, e me dirigi ao banheiro, soltando o cabelo e me despindo.

"Agora também é uma hora ruim?"

—BEN! -Berrei, cobrindo meu corpo apenas de roupa de baixo com a roupa que eu estava vestida antes.

—Não precisa corar, Rey. -Ele me olhou, se aproximando. -Nunca tinha visto seu cabelo solto assim. -Ele franziu o cenho, como se não fosse pra aquela frase ter saído alto. -Enfim, eu só queria dizer que eu gostaria muito que você não falasse à Leia sobre... isso. -Ele se esforçava tanto pra olhar apenas para o meu rosto que chegava a ser engraçado. Tão engraçado que não consegui conter o riso, e ele soltou algo que imaginei ser uma leve risada, olhando para baixo. -O quê? -Ele perguntou.

Ah, eu só lembrei de quando eu te vi sem camisa em uma conexão. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

—Nada. Eu só... -Ri de novo. -Eu realmente tenho que tomar banho, Ben. E quanto a Leia, eu vou ter que contar alguma hora. Mas não significa que eu vou contar o que conversamos.

—É justo. -Ele disse. -Mas não é como se eu fosse contar quando vou atacar ou algo do tipo. Não sou burro.

—Ok, então você quer que eu conte a Leia que você decidiu aparecer quando eu estava seminua prestes a tomar banho? -Perguntei, e ele riu um pouco.

—Acho melhor deixar isso entre nós. -Ele disse, e a conexão acabou.


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