Naquele fim de semana, mais precisamente no domingo datado 20 de junho, era o aniversário do caçula dos Cullen. Edward completava vinte e dois anos e foi ainda no jantar da sexta-feira, quando todos - exceto Isabella e Alice - estavam reunidos na mansão, que Esme dissera que fariam uma pequena festa, apenas com a família, no dia dedicado ao filho. Fazia poucos anos que haviam perdido o hábito de comemorações desse tipo, com planos e a casa um pouco cheia, então o tom da maioria foi de surpresa, mas com entusiasmo.

Edward, é claro, nunca tendo sido - nem mesmo quando criança - do tipo expansivo, que adoraria e faria questão de uma festa por "sua" própria causa, perguntou à mãe se ela tinha certeza antes de ceder à ideia. Depois do "Ora, é claro que tenho!", seguido por argumentos extremamente passionais e brincadeiras dos irmãos em torno do assunto, ele aceitara a ideia com mais serenidade e gosto, o que fez do jantar uma grande roda de conversa sobre os preparativos.

Durante este, Carlisle se divertia com as brincadeiras dos filhos mais velhos para com o mais novo, enquanto Esme estava radiante com a família animada e a perspectiva da organização que tinha pela frente. No fundo, Rosalie estava animadíssima pelo irmão (porque ela mesma adorava aniversários), Jasper apenas contente (porque sua timidez nunca o fizera compartilhar dessa adoração), e Edward, como quase sempre, andava no meio termo entre os dois.

Ou, ao menos, não era difícil para Emmett perceber. Ele já havia ouvido de Esme algumas vezes, sobretudo quando fazia pouco tempo que chegara à família, e com a convivência era fácil distinguir: com o sorriso leve no rosto e sem falar demais, Edward estava satisfeito com a ideia - o que era claramente menos do que sua irmã apaixonada por atenção ficaria, mas mais do que seu irmão que se esquivava desta sempre que podia - e não só porque podia lidar com um pouco da atenção, mas principalmente porque sabia tão bem quanto todos ali que Esme era quem estava mais feliz com a ideia de decorar a casa e preparar uma comemoração outra vez. 

Ele sempre ouvira e testemunhara, desde que se juntara aos Cullen, que a matriarca tinha uma paixão singular por cuidar de decorações, fazer pequenas festas e mimar os filhos em certas ocasiões como essa, que todos faziam questão de lembrar, ela costumava fazer com muito gosto na infância de cada um deles. Ele quase podia imaginar os dois pequenos Cullen correndo pela casa enquanto Jasper continuava a brincar calmamente, e Carlisle perseguia-os aos risos, sob os avisos de Esme pendurando novos quadros na parede oposta. 

No aniversário, afinal, seriam só os Cullen, as futuras noras, Alice e Bella, Mercedes e Catharina - que cuidavam das casas da família desde sempre - e os Denali, parentes mais próximos nos últimos anos - o que tornou a tarefa de Esme mais fácil, embora não menos caprichosa. Ela arrumara uma parte do jardim com as mesas e cadeiras de ferro que estiveram guardadas na garagem - tiradas de lá com a ajuda do marido e os rapazes - e fizera arranjos de flores para colocar em vasos no meio delas - o que estendeu para o lado de dentro, fazendo um mais colorido e bonito para a mesa onde seriam colocados os pratos do almoço. Em volta da porta de saída para o jardim, as bexigas que Rosalie a ajudara a encher fizeram um arco decorativo que a filha achou que lembrava festas de criança e a última coisa que ela se dedicara a fazer, na manhã do próprio domingo, fora o bolo branco, confeitado e decorado nas laterais com padrões simples e discretos.

Quando o relógio na sala de estar estava prestes a marcar meio-dia, voltando da cozinha com dois copos pequenos nas mãos, Emmett notara que a casa já havia começado a ficar cheia. Kate, Tanya e Carmen estavam no jardim com Rosalie, Esme, Catherine e Mercedes, conversando e rindo sobre coisas que ele não ouvira bem, enquanto Edward e Bella estavam caminhando por outro canto mais reservado dali. Carlisle, por sua vez, havia levado Eleazar ao seu escritório para apresentar os últimos estudos que vinha desenvolvendo, o que deixava Emmett na companhia de Garrett, o noivo de Kate, na sala de estar, esperando que Jasper retornasse com Alice - o que ele não realmente achara ruim, porque o outro demorara muito pouco a mostrar sua personalidade audaciosa e cativante, por trás da imagem reservada e gentil que fizera primeiro. 

Garrett era um ex-soldado também, mas com um instinto de aventura e rebeldia visíveis em cada gesto. Alto, os cabelos loiros num tom de areia, um pouco mais compridos e desordenados que o usual e os olhos azuis acinzentados, Emmett também percebera que ele, apesar de aberta e evidentemente apaixonado por Kate, exalava um tom de independência singular.

—Um single malt sem gelo. - o de olhos azuis mais claros anunciou, entregando o copo para Garrett, que virou-se da lareira tirando as mãos dos bolsos da calça. 

—Muito obrigado, Emmett. - ele sorriu de leve, fazendo uma breve reverência com a cabeça enquanto erguia o copo para agradecer - Estou vendo que não serviu-se de um. Não me diga que prefere chá, como os ingleses. - e arqueou uma sobrancelha, levando o copo à boca, onde um sorriso curvado acompanhou o tom da provocação. 

Emmett riu, balançando a cabeça antes de responder. Ele mesmo não tinha nada contra ingleses, mas poderia se acostumar ao humor ácido de Garrett contra eles pelo resto da tarde. Era divertido de ver.

—Pra ser sincero, eu até gosto de chá, mas receio que não como os ingleses. E também não tenho muito apreço por uísques em geral. - explicou, vendo o outro parecer surpreso - Mas, acompanho você com essa aqui. - e ergueu o copo também, mostrando a cerveja que preenchia-o. 

—Você é um ex-soldado peculiar, mas estou gostando. - o outro estreitou os olhos e estendeu o sorriso como se aprovasse o que analisava e levou o copo à boca antes de virar-se um pouco para o lado da lareira de volta, fitando o grande relógio de pêndulo que estava ali.

—É muito bonito mesmo. - o de olhos claros apontou o relógio com a cabeça, também detendo-se nele até que o outro assentisse. 

—Absolutamente. Carlisle sempre teve bom gosto. - ele olhou um pouco mais e virou-se de volta para Emmett, passando os lábios um no outro - Mas, nem sempre foi esse que esteve aqui, se não me engano. Havia um pequeno, não? - ele franziu o cenho, olhando com incerteza para a prateleira da lareira, onde haviam algumas decorações. 

—Acho que não sou a melhor pessoa para confirmar. - Emmett riu de leve e explicou, quando viu que Garrett parecera se perder - Quando cheguei aqui, em 1946, já era esse mesmo que está aí, então se houve outro, não o conheci. 

—Oh, é mesmo! Eu vivo esquecendo que você chegou um pouco mais tarde que eu. - ele ironizou a intensidade, enterrando uma mão no bolso da calça quando voltou a falar - Veja, você deve saber, essa é a primeira vez que volto aqui depois de anos, mas eu nunca poderia esquecer certos detalhes sobre essa casa. - e olhou ao redor, para o teto muito alto e um relance para as janelas. 

Emmett entendera o que ele queria dizer: havia um vínculo ali. Só não soubera dizer, com o silêncio, se havia um motivo específico por detrás deste, ou se assim como ele, apesar do motivo óbvio - de ter associado aquele lugar ao seu acolhimento e segunda chance - por trás do afeto, havia ainda uma sensação de carinho e familiaridade maiores do que podia explicar.

—Você passou bastante tempo aqui, então, eu suponho? - ele arriscou, levando o copo à boca quando Garrett inclinou a cabeça e sorriu de leve.

—Tempo suficiente, eu gosto de dizer. - respondeu ele, abaixando-se para pousar o copo com o restante do líquido cor de âmbar na mesa de centro - Era 1935, eu já estava no exército e num fim de semana de dispensa resolvi conhecer Seattle. Eu nem havia me hospedado em lugar nenhum, com pouco dinheiro e querendo conhecer tudo, quando me acidentei na praia de Alki. - ele fez uma pausa e gesticulou como se fosse óbvio - Carlisle quem estava por perto. Ele me trouxe para cá e cuidou de tudo, porque no hospital as contas eram caras, e acabei passando a noite. No dia seguinte, quando estava prestes a arrumar as coisas para ir embora, conheci Kate. - ele sorriu, vagando os olhos por outro canto antes de voltar a Emmett.

—Então, você deve imaginar, o lugar pegou significado rápido, assim como a família. - Garrett deu de ombros, olhando ao redor de novo, enquanto Emmett assentia com um sorriso leve, absorvendo a história com gosto - Eu sempre vou dever a Carlisle e Esme por toda a hospitalidade, mas principalmente por ter conhecido a mulher da minha vida bem aqui. - ele franziu os lábios, tomando o copo de volta, quando corrigiu com humor - Talvez um pouco mais pra lá. 

Enquanto ria, Emmett tentara processar o fato de que aquela provavelmente fora uma das histórias mais curtas, mas mais cativantes que já haviam lhe contado, terminando com provavelmente a coisa mais bonita que ouvira nos últimos anos. A campainha tocara antes que ele pudesse sequer se aprofundar e, entreolhando-se com Garrett antes de pousar o copo na prateleira da lareira, ele fora até a porta.

—Olá, Srta. Brandon. - Emmett brincou com o sobrenome ao abrir, dando de cara com Alice e Jasper, entrelaçados pelos braços.

—Emm! - ela exclamou, sorrindo largo e se adiantando na mesma hora para abraçá-lo. Emmett abraçou-a de volta e sorriu para o irmão, por cima de seu ombro, que balançava a cabeça, se divertindo com a cena - Que saudades! - ela murmurou antes de se afastar, segurando as mãos dele enquanto olhava para as roupas.

—Oh, e você está incrível! Eu sabia que essa camisa iria bem com a gravata azul marinho. - ela sorria analisando, com os olhos cintilando e um tom de satisfação - Que orgulho! - ela comemorou, olhando dele para Jasper, e afagou seu braço  antes de puxar o noivo pela mão para entrar na casa.

Alice estava na casa dos Cullen no dia em que Emmett chegara e havia sido uma das primeiras a acolhê-lo, junto com Esme - mas de uma forma um tanto entusiasmada. Ele se lembrava de sentir como se tivesse sido esperado e fosse um grande evento que estivesse ali enquanto ela estava em volta, porque não parecia surpresa ou confusa, mas feliz em mover todas as coisas para deixá-lo confortável. 

Ela havia procurado saber as cores que ele gostava mais para decorar o quarto junto com Esme, deixá-lo mais familiar, e depois lhe dado quase todas as roupas bonitas e de seu tamanho que tinha agora. Desde então, ele ainda se sentia em casa quando a presença alegre dela estava por perto e, embora de maneiras diferentes, ela e Edward despertavam um pouco de seu senso de humor resguardado - o que fazia-o sentir um pouco mais com o Emmett mais jovem.

—Olá, Garrett! Há quanto tempo, hum? - Alice cumprimentou-o enquanto Emmett fechava a porta e colocava-se ao lado de um Jasper sorridente, aguardando sua vez no cumprimento - E então, onde está o aniversariante dessa casa? - ela sorriu largo, olhando ao redor enquanto caminhava sugestivamente até a sala de jantar, um pacote prateado e enlaçado de presente entre as mãos. 

—Oh, finalmente vocês chegaram! Rosalie apareceu no batente da cozinha, espalmando as mãos na saia acinturada que vestia-a até cobrir os joelhos - Edward, Alice está aqui! - ela avisou, virando-se para a janela do jardim, e em seguida adiantou-se para cumprimentar a cunhada, que apertou-a num abraço.

—Dessa vez é verdade, então? - o caçula brincou ao integrar o ambiente, de mãos dadas com Isabella. Um sorriso dançava nos seus lábios finos, formando pequenas covinhas nas laterais quando Alice estreitou os olhos para ele.

—Para a sua felicidade, sim. Sei que estava me esperando. - ela arqueou uma sobrancelha, segurando o sorriso quando se virou para a garota, abraçando-a de repente - Olá, Bella! Que bom rever você! - ela sorriu, segurando a mão da menina com um carinho.

—Ah, obrigada. É muito bom rever você também, Alice. - Bella respondeu com um sorriso tímido, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha enquanto Alice se virava para Edward de novo.

—Bem, esse é pra você, claro. - ela estendeu o presente para ele, sorrindo com ânimo, e avisou quando ele deslizou os dedos pelo papel da caixa, investigando-a - Já sei que você vai gostar, mas me conte quando abrir. Feliz aniversário! - ela sorriu largo, vendo-o sorrir também e os dois se encontraram para um abraço.

—Obrigado, Alice. Vou me lembrar de ligar. - o caçula sorriu, afagando as costas dela no abraço e, quando soltaram-se, ele lembrou - Agora nós deveríamos mesmo ir almoçar, antes que a Sra. Esme venha nos buscar.

Com um ar de riso, todos concordaram e se encaminharam até a sala de jantar, onde aconteceram os cumprimentos para com Alice e Jasper àqueles que ainda não os haviam visto,antes de tudo. Depois houve a acomodação à mesa e um discurso dos pais para o filho aniversariante, antes que todos começassem a se servir, devidamente começando o almoço.

(...)

Depois do almoço o parabéns foi cantado do lado de fora, num buffet bem arrumado e decorado por Esme, e o bolo cortado logo em seguida. Alice também dera conta de tirar as fotos com a câmera da família, o que fez com que Edward tivesse que resistir ao impulso de resmungar contra aquele hábito e sorrisse durante todas as disposições de fotos, muito além da primeira ao lado de Bella. Depois que todas haviam sido tiradas e os pedaços de bolo distribuídos, agora estavam todos acomodados nas mesas por ali comendo suas fatias e conversando uns com os outros.

—Ah, não! Que desastre você é, Rosalie. - a loira reclamou consigo mesma, equilibrando o prato da sobremesa numa mão, enquanto tirava a gota de chantilly da blusa com a outra. Emmett, que estava sentado sozinho na mesa em frente a qual ela estava de pé, levantou a cabeça para entender.

—Aqui. - ele estendeu a mão para segurar o prato dela, que olhou-o rápido - Deixe o prato aqui. Acho que não queremos derrubar todo o resto desse chantilly na roupa inteira. - brincou, sorrindo leve quando ela fez o mesmo.

—Tem razão. - ela entregou o prato com um meio sorriso, e conseguiu num segundo tirar a gota dali, sem deixar uma mancha considerável - Deu certo! Obrigada. - Rosalie sorriu e hesitou em receber o prato de volta das mãos dele - Na verdade, se importa se eu sentar aqui? Edward já se sentou com Bella onde eu pretendia ficar. 

Com um olhar breve acompanhando o dela, Emmett avistou os dois numa mesa - antes vazia -pouco adiante e voltou a olhá-la apenas para assentir o óbvio. 

—Claro que não, fique à vontade. - ele sorriu e se esticou um pouco para afastar a cadeira para ela, que sorriu e se sentou, pousando o prato na mesa. Houveram alguns segundos de silêncio, quando Emmett abaixou o garfo para comentar, com os olhos por cima do ombro dela - Eles estão mesmo apaixonados, não é?

Rosalie levantara os olhos por um instante antes de se aperceber do que ele falava, e quando o fez, virou-se discretamente para fitar o casal que o irmão caçula fazia com Isabella. 

—Ah, pode apostar que estão. - ela falou erguendo as sobrancelhas e arregalando os olhos brevemente, e reprimiu um sorriso ao ver o ex-soldado rir baixo de sua veemência - Quero dizer, eles estão o tempo todo grudados, pra lá e pra cá, ou falando um do outro, escrevendo um para o outro, e Edward até faz coisas que não gosta se ela pedir. Se isso não é estar apaixonado, eu não sei mais o que é. - ela inclinou a cabeça com o riso reprimido ainda, e deu outra garfada no bolo enquanto Emmett afirmava com a cabeça. 

—É, você tem razão. - ele sorriu com uma última olhada para o caçula e voltou a comer também, para dizer numa pausa - Honestamente, não sei como ainda não se casaram. 

—Bom, você pode ter certeza que não é por vontade de Edward. Ele está praticamente implorando pra ela se casar com ele, mas acho que Bella não gosta da ideia de se casar "cedo". - ela fez aspas com as mãos, e a expressão de Emmett se iluminou com o entendimento. 

—Ela tem um ponto. - ele deu de ombros, assentindo - As pessoas se casam cedo realmente, mas se acostumaram com a ideia, eu acho. 

—Sim, com certeza. - Rosalie assentiu com surpresa, fitando-o longamente com um sorriso, e voltou a dizer - Pelo menos assim Edward se contém um pouco. Juro por Deus, esse garoto devia ter nascido no começo do século, sempre preferindo as ideias e os gostos mais antigos. - ela riu, negando com a cabeça e Emmett acompanhou. 

E enquanto sorria, o som da risada dela ecoou na cabeça dele por longos segundos, que poderiam ter sido horas. Era uma coisa tão estúpida a que se prender, mas ali, podendo ter uma conversa leve com Rosalie, era só o que ele queria fazer: memorizar pequenos detalhes do modo como ela falava ou ria livremente, como se nunca tivessem se desentendido antes. Até porque eram essas memórias delicadas e discretas que davam alguma explicação à afeição que ele vinha nutrindo por ela há certo tempo, contra todas as chances que haviam passado. 

E Rosalie, bem, ela gostava do jeito como ele falava sem esperar aprovação, ou uma reação certa: Emmett simplesmente dizia as coisas do jeito que eram pra ele, embora escutasse-as com cuidado. O jeito como os olhos dele estreitavam quando sorria também era divertido, tinha harmonia com seu rosto e as covinhas nas bochechas - uma imagem que era só dele, com o som da risada despreocupada no fundo. Ela não queria se apegar demais à qualquer uma dessas coisas, mas acabava esperando por elas cada vez mais.

—Falando em ideias, eu quis perguntar ontem, mas não houve tempo: - ela baixou o garfo uma última vez, passando os lábios um pelo outro - como está indo a terapia? 

—Está indo bem, ótima, na verdade. - ele sorriu, entrelaçando as próprias mãos sobre a mesa - Os pesadelos realmente diminuíram, quase não tenho mais episódios como aquele - ele gesticulou, sabendo que ela se lembraria - e agora estou descobrindo e desfazendo outras coisas que ficaram mal resolvidas na minha cabeça também. 

—Uau, isso é ótimo mesmo. - a loira sorriu, realmente feliz por saber, e recostou à cadeira ainda encarando-o - Então, só pra deixar claro, o que estamos concluindo aqui é que a minha sugestão foi certeira e incrível? - ela arqueou uma das sobrancelhas, virando o rosto de leve como que para ouvi-lo melhor. Emmett riu alto, jogando a cabeça para trás, antes de responder. 

—Certo, talvez seja algo assim. - o de olhos azuis cedeu, erguendo as mãos em rendição, um resquício de riso ainda na voz enquanto via a loira fazer uma expressão orgulhosa e rir um segundo depois - Mas, não fique muito convencida. 

Quando já estavam rindo de novo, começara - um pouco ao longe, de início - uma conversa entre os convidados sobre a infância de Edward - e, por consequência, dos três irmãos Cullen -, para a qual eles começaram a requerer as lembranças de Rosalie para completar as histórias. Assim, logo ela estava com a cadeira virada de frente ao círculo desorganizado que as outras mesas faziam, complementando os irmãos e os pais no que contavam e às vezes levantando para interpretar uma coisa e outra da forma como lembrava. Emmett se limitara a observar atentamente e se divertir com o que ouvia, muito satisfeito em imaginar as cenas de uma Rosalie pequena com os outros dois irmãos. 

—Ah, vamos, Edward era bem comportado na maior parte do tempo. - Esme tentou argumentar, acarinhando a mão do marido entrelaçada à sua - Ele ficava quietinho toda vez que tinha música tocando, aprendia rápido e gostava de brincar com qualquer coisa. Pelo menos até aprender a correr. - ela corrigiu, rindo um pouco com os outros.

—Eu era o mais bonzinho de nós três, falem a verdade. - Jasper anunciou, rolando os olhos e gesticulando para si mesmo, fazendo com que os irmãos começassem a protestar. Esme riu como os outros, e deixou um beijo no topo da cabeça do filho enquanto se levantava. 

—Vocês dois viviam correndo pela casa, até o dia em que o Edward quebrou o relógio do lado da lareira, lembram? - ele disse depois de sorrir para a mãe, apontando para os dois irmãos.

—Oh, eu lembro! - Rosalie exclamou, levantando as mãos e rindo com a lembrança - Mamãe ficou tão brava, nunca mais corremos na sala depois daquele dia. 

—Na verdade, fiquei mais nervosa com a ideia de um de vocês ter se machucado do que com o relógio quebrado. - Esme enfatizou, afagando os ombros dos dois mais novos conforme passara por eles para voltar a sentar-se.

—Até porque, a culpa não foi só minha, não é? - Edward sugeriu em defesa, arregalando os olhos consideravelmente para a irmã - Você estava correndo atrás de mim feito uma maluca! - ele riu e os outros acompanharam, mas não sem antes Rosalie rolar os olhos. 

—Claro, você tinha roubado minha caixinha de música! - ela protestou de volta, sem poder conter o riso quando viu Jasper com a expressão de quem havia acabado de se lembrar disso, e Edward segurando o riso sem sucesso. 

—Então foi assim que o relógio foi trocado, hum? - Garrett comentou entre as falas dos outros, se divertindo, e lançou um olhar para Emmett, lembrando da conversa de horas antes. 

—Você meio que mereceu, vai, Rose. - o irmão mais velho interferiu, inclinando a cabeça de leve para a irmã - Você ficava fazendo nós dois ensaiarmos as músicas que você gostava, fazia chantagens e ficava brava se não aceitávamos.

—É verdade, ela era uma garotinha brava. - Carlisle lembrou, dando um sorriso leve para a filha, que franziu os lábios tentando não sorrir, mas o fez de qualquer jeito. 

—E exigente! - Edward lembrou, gesticulando com um sorriso reprimido - Eram as danças mais difíceis e ela não aceitava menos do que a perfeição. Ainda bem que a mamãe nos chamava pra almoçar, ou pra receber o papai quando chegava do trabalho. 

—Ah, não eram nada difíceis, vocês é que eram moles! - a loira argumentou, rindo, e cruzou os braços em recusa. 

—Oh, se não eram! - Jasper se levantou incrédulo, sob os olhares risonhos dos outros, exceto de Rosalie, que ainda estava contrariada - Você fala isso agora, mas com seis anos você fazia-nos dançar assim. - ele avançou até a irmã e puxou-a pela mão, fazendo-a rodopiar em seguida.

Rosalie seguiu a dança que o irmão improvisava entre os comentários dele e os vivas brincalhões dos outros, rindo depois que desistiu de protestar. Ele havia acabado de girá-la para o lado contrário, dizendo que esse era o passo favorito dela quando pequena, e Carlisle trouxera o toca-discos para a porta dos fundos - para dar uma música ao ritmo da brincadeira dos filhos -, quando Edward se levantou também e tomou a irmã pela mão noutro passo.

—A última vez que fizemos isso eu era pequeno demais para acompanhar, hum? - ele provocou em brincadeira, impedindo o sorriso de se alongar, quando ela franziu o cenho.

—Isso me faz sentir velha. - Rosalie reclamou, mas o rosto pensativo não durou mais do que alguns segundos e ela já estava rindo de novo, girando pra lá e pra cá, improvisando conforme os passos dos irmãos, se divertindo como crianças.

Emmett assistia à cena com um sorriso largo no rosto, as bochechas com covinhas evidentes doendo de tanto sorrir. Os Cullen pareciam, às vezes até para os mais próximos, muito polidos e pouco expansivos, mas enquanto família, quando estavam e sentiam-se no lar - não só quanto à casa, mas às companhias principalmente -, eles tinham seus momentos para ser realmente divertidos e unidos, nas formas mais descontraídas possíveis. Ali estava um exemplo perfeito disso.

Pensando nisso, o ex-soldado piscou muitas vezes para voltar à realidade e tirar os olhos do núcleo que os três irmãos faziam logo à sua frente, e percebeu que quase todos os convidados - exceto por Catherine e Tanya, que acabavam de vir da cozinha conversando - estavam fazendo o mesmo agora: dançando com seus pares pela grama aparada, alguns de forma mais despreocupada, outros mais lentamente, em casais.

Um segundo antes de decidir se levantar para pegar um drinque, ele viu Garrett dando um beijo na bochecha da esposa e desentrelaçando a mão da sua lentamente, enquanto tentava tomar Mercedes pela mão livre para dançar - ao que ela relutava com timidez, mas rindo pelo charme do rapaz. Emmett riu e finalmente afastou a cadeira, se colocando de pé para ir à cozinha, quando Edward chamou-o e noutro segundo ele estava pegando Rosalie pela mão.

—Deixe ela te ensinar a dançar um pouco, Emm! - o caçula pediu, sorrindo de canto enquanto se afastava com o irmão mais velho. Rosalie e Emmett se entreolharam com confusão por um instante.

—Nós vamos atrás de Bella e Alice! - Jasper avisou por último e os dois acenaram, dando as costas.

—Bom, acho que você está preso comigo nessa. - a loira brincou, percebendo que ela e o de olhos azuis se encaravam com esboços de sorrisos reprimidos nos rosto, e ele ainda segurava a mão dela na sua com alguma incerteza.

—Tudo bem por mim. - ele deixou-se sorrir e ergueu pouco as mãos entrelaçadas dos dois, pairando a outra um pouco acima de sua cintura. Rosalie, enquanto isso, recostou o antebraço às costas dele, até que a mão levemente fechada estivesse apoiada em seu ombro. Ela ergueu os olhos com alguma timidez, que foi embora quando Emmett quebrou o silêncio.

—Mas, já vou avisando que sou um ótimo dançarino. - ele forjou uma expressão convencida e ela riu com gosto, murmurando um "Vou adorar ver isso." quando o hit do ano anterior, "Linda", de Buddy Clark e Ray Noble, começou a tocar e eles se moveram conforme a música.