Fear the Monster escrita por Lady Z


Capítulo 6
VI


Notas iniciais do capítulo

Só digo que me arrepiei escrevendo esse capitulo. Espero que sintam o que eu senti escrevendo, lendo.
Boa leitura. :3



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Abriu os olhos. Estava numa sala escura. Não enxergava nada, e a única certeza que tinha sobre o lugar era que o chão parecia ser de vidro. Tateou à sua volta procurando algo para se apoiar, mas não havia nada. Estava perdido em uma imensidão negra com uma base extremamente frágil. Mesmo sem apoios, colocou-se de pé.

Começou a andar lentamente para a frente, em busca de algo que lhe orientasse sobre o que estava acontecendo. Estava descalço, e a frieza do chão lhe fazia arrepiar. Não havia som nenhum além de seus passos. Se sentia estranhamente intimidado.

Após alguns minutos de caminhada, uma brisa bateu contra seu corpo. Virou-se para sua direção, mas nada conseguia ver. Quando olhou para frente novamente, viu algo distante a brilhar, e imediatamente começou a correr até lá.

A distancia era maior do que pensara, mas já podia ver os resultados: cada vez mais o objeto lhe parecia maior, mas não conseguia distinguir sua forma. Corria ferozmente, como se sua vida dependesse daquilo, até que quando estava se aproximando suficientemente do objeto para decifrar sua forma, algo entrou na frente de seu brilho. Um par de... botas?

Ficou em choque por alguns segundos, enquanto recuperava o fôlego da corrida.

— Quem é você?! Onde eu estou?

Graças ao brilho do misterioso objeto, pôde ver a silhueta de um braço se estendendo em sua direção revelando uma manga longa e em sua extremidade uma mão. Uma mão metálica.

Sabia bem quem era.

— O que você quer...?

A silhueta permanecia parada.

— O que você quer, Skywalker?!

Nenhuma resposta.

— Responda!!! O que você quer de mim, Luke??!!!

 

Abriu os olhos. Estava no seu quarto, em sua cama.

Havia sido apenas um sonho. Muito real, mas ainda sim um sonho.

Sentou-se lentamente e olhou ao seu redor. Pelas janelas, pôde ver que continuavam vagando pelo espaço. Pôs a mão na testa, estava suando.

Vê-lo novamente, mesmo que em sonho, era uma experiência agonizante. Era a última pessoa que esperava que lhe apontasse um sabre-de-luz, e foi assim que aconteceu. Se não fosse ele, talvez nada disso acontecesse. Algo em si acreditava que se não fosse Luke Skywalker, Ben Solo estaria vivo, e Kylo Ren nunca teria emergido. Algo dentro de si queria que essa fosse a realidade.

Levantou e tomou um copo de água, estava confuso.

— Skywalker... – murmurou, encarando o chão.

— Ele também apareceu para você...? – aquela voz.

Olhou assustado para sua esquerda.

Rey.

— Como..?

— Luke também apareceu para você?

— Não, ele não apareceu para mim. Só apareceu em meu sonho.

— Sim, apareceu. – ela era teimosa.

— Não, não. Minha mente só o projetou em meu sonho. Ele estava coberto por uma sombra...

— ...e estendeu-lhe o braço robótico. Sim, ele apareceu.

Ele a olhava perplexo. Então não fora um sonho, e sim uma visão.

Não sabia o que dizer, só continuava a olhar para ela.

— O que ele quer conosco..?

— Não me importa o que ele quer.

Ambos ficaram em silêncio por um tempo, encarando o chão.

— Ben... – ele respondeu ao chamado direcionando seu olhar a ela. – Por que ainda estamos aqui?

— Como assim..? – ele se aproximou lentamente.

— Digo.. Por que a força ou seja lá o que insiste em nos conectar? Somos inimigos nisso tudo, não entendo.

— Podemos não ser inimigos. Você sabe, eu lhe fiz uma proposta.

Ao terminar sua fala, viu Rey soltar as faixas que cobriam seus braços, dando lugar aos hematomas da última vez em que interagiram.

— Isso mostra o que sou pra você. E carrego seus sentimentos comigo. – seu olhar estava opaco e sua voz estava baixa. – Sou uma rebelde, com orgulho. – ela ergueu o queixo – Não vou deixar que você machuque ninguém enquanto eu estiver viva. – ele engolia seco enquanto escutava atentamente – Mas eu preciso entender por que estamos mantendo isso. Por que estamos conectados. Não quero continuar me iludindo se tudo que vi for mentira. – direcionou seu olhar para o chão, enquanto cruzava os braços. – Se nunca for realmente te conhecer, Ben. Sem essas roupas pretas, sem esse olhar mortífero e sem ver seu olhar brilhar mas ter que manter um pé atrás para que de repente eu não dê de cara com seus soldados e veja mais amigos meus feridos, eu não vejo porque continuar. – ela olhou novamente para ele – Seja sincero comigo Ben...

— Sincero sobre o que..? – sua voz mal saia.

— Se ainda existir conflito em você. Se ainda existir uma faísca de luz que seja dentro de você, então eu vou lutar, não importa o que você ache disso, se permite ou não, eu vou lutar para te trazer de volta. Caso contrário, eu te deixo ir e nunca mais cruzo seu caminho novamente, a não ser se que seja para te matar.

Ele ficou pálido e sentiu seu sangue ficar gélido.

— O-o que?!

— Eu não vou arruinar a Resistência por sua causa, Ben. Não vou sacrificar inocentes para tentar salvar um só. Eu não conheço muito sobre política nem guerras... Mas é neles em que eu me encontro. É com eles que eu me sinto acolhida, amada. E eu poderia te oferecer tudo isso se soubesse que você ainda vive ai.

Foi feito um choque em seu peito. Ela falava com sua alma, com o bem que ainda existia dentro de si. Ela o via, o materializava em si, e buscava ressuscitá-lo. Kylo Ren nada conseguia fazer para impedir Ben de vir a tona.

— Esta é minha última tentativa... Me mostre que eu posso depositar minhas esperanças em você, ou eu nunca mais insisto. Eu prometo.

Ela lhe estendeu a mão.

Seu corpo tremia.

Aquela cena lhe era familiar, mas era ele quem estendera a mão.

Estava travado em sua posição. Kylo Ren gritava dentro de si, mas estranhamente não o ouvia. Todo aquele frenesi de antes, toda aquela vontade louca de tê-la continuava ali, mas algo não as deixava emergir. Era o momento perfeito, crucial. Mas não conseguia fazer nada. Olhava-a ali, com a mão direita estendida, e olhando-o com uma expressão indecifrável. Queria-a mais que tudo, mas não queria enganá-la, mesmo que fosse isso a chave para conquistá-la.

Ela deu um passo para frente, insistindo por uma resposta.

Finalmente, depois de muita batalha dentro de si, seu corpo respondeu a algo, indo lentamente em sua direção. Não conseguia tirar seus olhos dos dela.

Ergueu sua mão esquerda e tocou gentilmente a mão dela.

Algo em sua expressão mudou. Ela havia sentido algo.

Ele então entrelaçou seus dedos com os dela.

Suas sobrancelhas ergueram e seu rosto esboçava claramente o que estava vendo. Estava vendo dentro dele. Ergueu seu olhar para ele.

— Ben...

Então puxou-a para perto de si. Colocou sua mão direita naquele rosto macio e encarou-o. Agora ela era quem tremia e suava frio. Puxou seu rosto para perto do seu suficientemente para que seus lábios tivessem um leve contato.

Rey estava paralisada, não sabia o que vinha a seguir. Dentro da mente dele não havia nada, estava agindo por impulso. Apesar da proximidade, ele mantinha seu olhar preso a ela, como se fosse devorá-la com os olhos. Não conseguia se mexer nem falar nada, e sua respiração estava acelerada. Aquela mão em seu rosto não era nem um pouco quente, mas estranhamente lhe dava prazer.

Ele fechou seus olhos e puxou seu rosto, selando seus lábios nos dela.

Conseguia sentir cada centímetro quadrado da sua pele se arrepiar, mas ainda não conseguia se entregar. Seus lábios eram quentes, mas a mão em seu rosto a lembrava de sua natureza fria. Sua mente insistia para que não fizesse isso, que não confiasse nele, mas seu corpo desobedeceu, colocando sua mão esquerda em seu peito e fechando seus olhos, deixando-se ser puxada ainda mais para perto.

Entregue àquela sensação nova, pôde ver aquela mente antes escura. Havia muito ali. Muitas trevas, ambição e sede. Haviam monstros do passado e coisas horríveis demais para descrever em palavras, mas tudo passava correndo ao seu lado, até chegar a um penhasco. Ali havia algo, havia uma luz.

Havia Ben em Kylo Ren.

Havia esperança.

Foi então que ele a soltou, empurrando-se para longe e caindo no chão ao trombar com a mesinha que sustentava seu abajur.

            - NÃO! – ele gritava, enquanto a olhava com fúria no olhar. – NÃO REY, NÃO!

Lágrimas escorriam daquele doce olhar. Ela sabia bem o que havia visto, e sentia isso também. Pôs os dedos sobre seus lábios, que esboçaram um leve sorriso.

— Ben...

A conexão fora desfeita.

— Não, não, não, não, NÃO! – ele gritava cada vez mais alto e mais intenso. Levantou-se, pegou seu sabre-de-luz e golpeou-o contra sua cama. O fez repetidas vezes até que a mesma fosse apenas espuma, pano queimado e peças de metal deformadas. Estava em chamas, estava queimando.

— INSOLENTE!!

Começou a cortar as paredes. Ao chegar na porta, a mesma se abriu. Largou sua arma ali e saiu pelo corredor, golpeando as paredes e as máquinas. A tripulação inteira começou a ouvir o barulho que tornava-se cada vez mais ensurdecedor.

Ele gritava, urrava feito um animal selvagem chutando as coisas em seu caminho e se jogando contra as paredes.

— SAIAM DO MEU CAMINHO!! – gritou enquanto empurrava dois stormtroopers que passavam, jogando-os pro chão. Seu destino era a Sala de Comando.

     

Chegando lá, encontrou General Hux sentado em uma cadeira olhando pela janela, que ao notar sua presença, pôs-se imediatamente de pé.

Ele cravou seus dedos nus na garganta do ruivo e pressionou-o contra o painel.

— Eu quero todos eles mortos!! – Hux tremia. – Eu quero aqueles rebeldes de merda mortos!!!! – Seu rosto estava vermelho de tanta raiva. – E EU MESMO QUERO MATÁ-LOS! – sua voz era estridente e todos estavam encolhidos de medo. – Fale com qualquer um que esteja do nosso lado, arrume informações e me leve até eles AGORA!!! – Hux estava preste a desmaiar, até que foi solto, caindo ao chão.

Ficou de quatro no chão, puxando o ar com toda a força que conseguia para recompor-se. Não sabia o que tinha acontecido, mas Kylo Ren não estava brincando.

— S-Sim senhor... – sua voz ainda estava falha e rouca, mas não queria deixa-lo esperar.

Todos entraram em seus postos e uma nova operação começou no destroier da Primeira Ordem. Nada podia falhar, caso contrário muitos iriam pagar com suas vidas.

 

 

— Rey.. – encontrou-a sentada no chão, chorando copiosamente. – Rey, minha criança, o que houve..?

Seu olhar foi de encontro ao dela. Suas lágrimas tremiam em meio aos soluços, e seus dedos tocavam seus lábios. Ela ainda não acreditava no que havia sentindo.

— Leia... Eu o vi... - ela disse, em meio ao choro - Eu vi Ben Solo...


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Sabe quando você sente a história na pele..? Então.. Eu sentia ela conforme escrevia. ;-;

o que acharam? ;-;