Opostos: One-shots de Miraculous escrita por Arthemis0


Capítulo 8
Gato Monstruoso


Notas iniciais do capítulo

Vou colocar aqui por acho que ninguém lê as notas finais, enfim, vou pedir sugestões para vocês de One-Shots que gostariam de ler, de ships, amizades, hots. Ex.: Quero uma história Lukanette, ou quero uma história de amigos de Adrien e Nino, ou quero uma história que se passe na idade média. Coisas desse tipo, enfim, tudo que sua imaginação pedir. Ah! E se forem querer hot por favor coloca: (+18). Assim vou saber o que vocês gostam e vou poder aumentar esse livro.

Claro, irei colocar os créditos pela ideia ao leitor.

Obrigada e boa leitura. Espero que gostem!

Sinopse:Porque justo ela? Depois do que passei, quando pensei que tudo daqui para frente seria calmo. Sou mesmo um idiota, não devia ter me aproximado, não devia ter deixado me encantar pelos olhos azuis. - Eram os pensamentos de Adrien



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Em uma vila no interior da França, em pleno século 15 morava uma menina calma e gentil, ela tinha uma família incomum, sua avó, Gina, uma senhora considerada louca, morava na floresta e fazia experimentos o que mais tarde, seriam considerados os primeiros passos de uma medicina rustica. A menina, Marinette Dupiam-Cheng, não se intimidava com isso, nem ela nem os pais, mesmo eles sendo alvos de muitas brincadeiras de mal gosto, sendo evitados pela maioria dos moradores de vila.

A família não se deixava abalar por isso, pois tinham uns aos outros, e eram muito unidos, por isso Marinette visitava constantemente sua avó, mas isso também fez com que ela fosse considerada a mais estranha da família. Afinal como uma menina tinha a coragem de entrar em uma floresta amaldiçoada? Como ele poderia voltar viva? E fazer isso constantemente... Só poderia ser, a vó dela era uma bruxa e a neta estava aprendendo.

Passaram-se alguns anos nessa rotina, era um dia aparentemente comum, Marinette com seus quatorze anos estava mais uma vez caminhando, voltava para a casa, tinha acabado de visitar a sua querida vovó, andava despreocupada. Tinha se tornado comum para ela passar pela floresta, não era muito tarde, e os animais perigosos eram noturnos, ainda não tinham acordado, mas Marinette não poderia demorar muito, ai sim, seria mais perigoso.

Tudo encaminhava de forma rotineira, se Marinette não começasse a ouvir um choro, o choro de alguém, não mais jovem que ela, nem mais velho, e sendo do jeito que é Marinette não poderia deixar de verificar. Ela não poderia baixar a guarda de qualquer forma, se aproximou devagar, e o choro ficava cada vez mais audível. Encontrou, sentado nas raízes de uma árvore, encolhido, com as mãos nos olhos, tentando sem sucesso para as lágrimas, um garoto.

Ele tinha cabelos loiros, Marinette curiosa, se aproximou, causando alguns pequenos barulhos nas folhas do chão, chamando a atenção dele. O rapaz, a ouvindo, se levantou depressa, revelando olhos verdes, que lembravam um gato. A menina colocou as mãos no alto, rápido, em sinal de rendição, não querendo o assustar mais. Quando o menino viu quem era, ele se acalmou um pouco, mas ainda estava hesitante. Tinha se embrenhado tão fundo na floresta que ninguém o havia encontrado.

— Oi. – Falou Marinette, e ela tinha um monte de perguntas na cabeça, mas decidiu controlar, um pouco, sua boca. Então decidiu começar com algo simples. – Qual é problema?

Matinette mostrava um sorriso sincero, um que há muito tempo o rapaz não tinha visto. Como isso poderia ter acontecido? Ele era um riquinho mimado que, depois da morte da sua mãe, se encontrava naquelas condições. Foi ignorado, amarrado, mal tratado, tinha cicatrizes no corpo e na mente que comprovavam isso. E em um dia, inesperadamente uma menina o encontra, um ser como ele, como ela não poderia sentir medo? Como ela poderia falar com ele? Como poderia estar preocupada com um monstro? E como ele não poderia deixar de gostar dela por isso? Uma joaninha indefesa brincando com um gato arisco, isso não poderia acabar bem.

O loiro estava encantado demais com os olhos azuis que o encaravam, para pensar nas consequências, pensou no que responder para ela, mas não conversava com alguém a tanto tempo que achou que tinha esquecido de como conversar, até mesmo de como falar. Ariscou dizer alguma coisa, sua voz saiu rouca e fraca, o que fez parar, a menina riu, e pegou da cesta que carregava uma garrafa de vidro escuro, cheia de água.

— Com sede? – Marinette colocou força para tirar a rolha que fechava a garrafa. – É água. – Esticou o vidro com o líquido para o garoto.

Um pouco de duvidoso ele pegou o vidro, olhou bem para a garrafa, apesar de pesada, parecia vazia, levou a boca da garrafa até o nariz, cheirou, não tinha cheiro, levou novamente a boca da garrafa até a sua boca, a virou. Sentiu aquele líquido sem sabor passar pela boca, pela garganta, tirando aquela sensação ruim de secura, era o líquido que milagrosamente fazia isso com dois grandes goles, era água.

Parou, respirou um pouco, e bebeu mais, parceria que fazia anos que não bebia algo. Ele estava sentado nas raízes daquela árvore há muito tempo, tinha até perdido as contas de quantos dias e noites tinham se passado desde que chegou ali. As poucas vezes que saia daquelas raízes era para encontrar comida, na verdade, carniça, que existia por perto, mas nunca algo para beber.

— Está melhor? – Marinette, sorriu para. – Pode falar agora?

—S-si-sim... – O loiro falou se engasgando com algumas letras, mesmo na simples palavra.

Marinette se alegrou ao ouvir a voz do menino, já não se importava se chegaria tarde em casa, tudo que ela queria era descobrir mais sobre aquela figura estranha. Porque estava na floresta sozinho? A quanto tempo estava lá? Porque estava chorando? Onde estavam seus pais? Eram algumas questão da lista de Marinette.

— Que bom. – Sorriu inocente. – Então... O que faz aqui? – Arriscou uma pergunta.

— Por que me pergunta isso? Porque você está aqui? – O jeito arisco, na verdade, era só a falta de convivência, e do seu passado.

— Bem, eu estava na casa da vovó, quando ouvi seu choro. Queria saber de quem era e de onde vinha. E descobri. – Falou apontando para ele.

— Porque se importa? – Encolheu as pernas e cruzou os braços escondendo, assim, o rosto.

— Porque não me importaria? – Respondeu. – Qualquer um que tenho um pouco de empatia se importaria... eu acho, bem, posso falar que fui mais movida pela curiosidade que a empatia, mas não deixo de ficar preocupada, é raro encontrar alguém aqui. – Riu de si mesma.

Adrien ficou sem palavras, era a primeira vez em anos que alguém falava decentemente com ele, tinha perdido esse costume, tinha esquecido que algumas pessoas podiam ser simpáticas com ele, então se esforçou para se lembrar da educação que recebera. Engoliu seco, olhou, mais uma vez para os olhos azuis como o mar ou um céu noturno, que acalmavam a sua raiva, era bom... Marinette também não estava muito longe de sentir o que ele sentia, ela, a rejeitada da vila, não conversava com ninguém da sua idade, apesar de ter seus pais e sua avó, era diferente, e estava adorando aquilo.

— Por que está aqui?

— Já disse, vim visitar minha avó. Posso me sentar?

Apontou para uma raiz alta da árvore próxima dele. Que deu de ombros, sem resposta negativa, ela sentou. Ambos, agora sentados lado a lado, enquanto a menina olhava para cima, percebendo que as primeiras estrelas apareciam no céu, e o menino, olhava para o chão, mais interessado na cor das folhas que caiam das árvores. E foi esse silencio que os deixavam mais tranquilos e confortáveis com a presença um do outro, era estranho, ao mesmo tempo bom.

— Sua vó mora na floresta? – A garota afirmou. – Por quê?

— Não sei, nunca perguntei a ela, mas acho que é o fato de gostar desse lugar, a calma, o silencio... Sem ninguém jogando tomates na sua janela toda manhã gritando palavras como “imunda”, “filha do demônio” coisas do tipo.

— Sério!? – A rapaz não acreditava que uma menina tão bonita e simpática poderia passar por isso. – Bem... Não é muito diferente do que passei...

— Você, também é um rejeitado.

— Não faz ideia. – Disse sarcástico.

— Prazer rejeitado, sou Marinette. – Estendeu a mão para ela, um cumprimento, que riu, um leve riso, mas que não fazia a muito tempo.

— Prazer rejeitada, sou Adrien. – Apertou a mão dela.

— Quantos anos tem?

— Não sei... Talvez... – Contou por um instante nos dedos. – Quatorze...

— Eu também. – Se animou batendo as mãos freneticamente, logo parou.

— Adrien porque está aqui...? – Rapidamente o garoto se encolhou.

— Não te interessa. – Falou grosso, a partir desse momento, Marinette soube que não poderia perguntar sobre o passado dele.

— Está ficando tarde. – Marinette pensou mais uma vez alto, e olhou para o garoto que fechou os vibrantes verdes pensando “mais um dia.” – Terei que ir para casa.

Ela sabia que não conseguiria conversar com ele normalmente enquanto não tivessem mais confiança um no outro, se levantou, limpando a roupa, e não viu o olhar tristinho do gato, apesar de terem conversado, praticamente nada, foi um dia diferente, e aquele momento passou devagar, de forma boa.

— Tudo bem... Se eu voltar amanhã? – Marinette perguntou de forma despretensiosa.

— Claro. – Falou quase com urgência. Ela riu.

— Então até amanhã. – Se virou e foi embora embora.

— Até, Marinette... – Ele sussurrou segundos depois, já não vendo mais a garota.

E assim aconteceu, dias se passaram, quase um ano e Marinette, quase todos os dias visitava o novo e único amigo, descobrindo mais como a personalidade dele funcionava, e que, se perguntasse sobre o seu passado ele ficava triste. Já Adrien se sentia menos solitário a cada visita da garota, que sempre trazia comida, uma das melhores partes de quando ela chegava.

— O que trouxe hoje? – Perguntou, vendo ela mexer em seu cesto.

— Hum... Porque não adivinha? – Brincou com ele, eram extraordinários os sentidos do menino.

— Acho que... – Ele levantou a cabeça sentindo o cheiro de algo que foi recentemente assado. – Seriam aqueles enroladinhos que sua mãe sempre prepara... Croissant! – Se lembrou da palavra.

— Certo. – Ela riu entregando um pano com vários croassant.

Adrien pegou rápido a massa folhada, descobrindo que seu receio era doce, mordendo a casca caramelizada, cada “creck” era um saboroso som. Marinette se divertia ao ver tamanha felicidade com um simples doce. Ela se sentou no lugar de costume, deixando o cesto no chão, e pegando outra trouxa com mais croissant.

— Como está? – A menina perguntou, se referindo a massa.

— Maravilhoso como sempre, sua mãe tem uma mão mágica. – Falou com a boca cheia.

— Na verdade, esses fui eu que preparei.

— Sério! Você é boa nisso, está uma delícia. – Mordeu mais um pedaço,  lambendo os beiços.

— Obrigada. – Sorriu, da mesma forma que sempre fazia, e que sempre derretia o coração de Adrien.

— Por que faz isso? – Ele parou de comer e a encarou.

— Isso o que? – Perguntou desentendida.

— Porque sempre me trata bem? Não é como se eu merecesse...

— Todo mundo merecer ser tratado de forma decente Adrien, mesmo que tenha feito algo horrível, afinal somos todos humanos. – Embora o loiro tivesse uma séria dúvida sobre isso não questionou a convicção dela.

— Obrigado, por todo esse tempo... Obrigado.

— Sabe... estar com você me faz bem, acho que sou eu quem deveria estar te agradecendo. – Marinette olhou para o chão, envergonhada.

— Porque eu te faria bem?

— Porque... Porque... Eu não sei explicar muito bem... sabe, só sinto isso com você, também não tem muitos que se aproximem de mim, mas... É tão estranho e bom ao mesmo tempo, é como se fosse meu porto seguro, qualquer lugar onde você esteja, sei que nada irá me acontecer. – Enquanto Marinette tentava expressar suas sensações em palavras Adrien se aproximava cada vez mais, a surpreendendo com um abraço.

— Ser sente mesmo assim? Comigo? – Queria confirmar o que tinha ouvido, e de certa forma, ele sentia o mesmo, o loiro a puxou mais para si, a fazendo ficar entre suas pernas.

— A-A-Adrien? – Marinette jã estava completamente corado.

— Shhh... Aporveite o momento. – Sussurrou.

Ele colocou o queixo encima da cabeça dela, fechando os olhos e internamente transbordava uma paz em ambos, essa que nunca tinham sentido de uma forma tão imediata e gostosa de como quando estava com um com o outro, Marinette também, por sua vez, sentia um calor confortável que era transmitido pelos corpos, relaxando e seus olhos começaram a pesar.

— ... Adrien... Se continuarmos assim... eu vou dormir... – Falou fraco, deixando sua cabeça cair no ombro do rapaz.

— Pode dormir, nada vai acontecer enquanto estiver aqui. – Marinette riu.

— Gato bobo. – Ela se virou para Adrien.

— Sei que você gosta.

— Hum... Vou pensar no seu caso.

Os dois riram, sabiam que essas brincadeiras só poderiam fazer um com o outro. Marinette tinha se afeiçoado pelos olhos verdes e de passado misterioso, e Adrien tinha se enfeitiçado pelas safiras profundas. Os corpos se aproximavam lentamente cada vez mais, até que os lábios se encaixassem perfeitamente, um no outro, apesar de ter sido, a princípio, um simples toque isso já fez os dois de arrepiarem, e inconscientemente pedirem por mais.

E o desejo foi realizado, Marinette colocou a mão no rosto de Adrien, o incentivando o toque, então o loiro apertou a cintura da menina, era um beijo selvagem que vinha dele, e calmo que vinha dela. Adrien parecia querer a possuir somente com a boca e estava conseguindo, se Marinette não o empurrasse para longe, procurando um pouco de ar.

— O que foi? – Perguntou preocupado que ela não tivesse gostado.

— Nada. – Riu da preocupação dele. – Só preciso respirar. – Colocou a mão no peito, depois encostou a cabeça no peito de rapaz.

— Hoje aconteceu algo diferente chegaram viajantes na vila.

— Pessoas novas

— Sim, um deles me chamou bastante atenção, um homem alto e grande, usa um sobretudo e anda manco. – Adrien imediatemente congelou, não, não podei ser ele, já fazia tanto tempo, teve esperanças de que tivesse desistido de procura-lo, estava errado. Marinette percebeu a reação do garoto. – O que foi?

— Ele me achou. – O rapaz, se levantou, tirando Marinette de seu colo, e caminhando para mais para dentro da floresta.

— Espera, quem te achou? – Ele não deu ouvidos, continuou caminhando, Marinette o seguia – Espera, Adrien, o que aconteceu? – Ela estava quase o alcançando, quando de repente, ele parou.

— Esse não... – Tinha percebido seu erro, quando deixou Marinette se aproximar muito dele. – Você tem que vir comigo. – Se virou para a garota, pegou a mão dela e começou a puxa-la.

— Adrien! Espera! Não posso. Meus pais.

Ela não conseguia formar frases que faziam sentido, estava preocupada demais com o desespero de Adrien. Ela tentava puxar, fazendo ele parar, inutilmente, quando ambos ouviram um grito, Marinette sabia quem. Por algum milagre, ela conseguiu se soltar da mão forte do rapaz, e correr para a origem do grito, o grito de sua mãe.

Marinette corria para a vila, se despedaçou quando viu aquilo, sua avó amarrada por cordas grossas, de joelhos em frente a sua casa, enquanto sua mãe era puxada pelos cabelos e o seu pai sendo segurado por três homens da vila. E o povo da vila, que estava com tochas e forcados, queimando sua casa, e tudo que ela sentiu foram as pernas moles e os olhos molhados.

— Ali! Mais uma da família da bruxa. – Gritou uma mulher.

Um dos homens que estava queimando correu até Marinette, que não tinha conseguido fugir, por causa do choque. Foi pega e arrastada para perto da pessoa que estava comandando tudo aquilo, um dos viajantes. Ele olhou com desprezo para a garota a pegou pela gola da roupa, erguendo com um só braço, a aproximou do rosto, e respirou profundamente o ombro dela.

Enquanto isso Adrien estava paralisado, ele devia saber, não devia deixar ninguém se aproximar dele, qualquer um que fizesse isso estaria em perigo, qualquer um estaria na mira do Caçador, o homem que o perseguia desde que “aquilo” aconteceu com o menino. Adrien Agreste tinha dez anos, estava feliz com mais uma festa de aniversário na sua linda mansão, ele era filho de um rico Duque, que tinha uma das terras mais prósperas dadas pelo rei.

Tinha tudo que podia pedir e desejasse, vivia como um marajá, isso fez com que se tornasse um jovenzinho arrogante que tinha dinheiro para bancar qualquer luxa que seu coração pedisse, na verdade, o dinheiro do seu pai, que parecia ilimitado aos olhos de qualquer um que visse a família. Mas nem mesmo o pai de Adrien, Gabriel, podei ver de onde vinha esse dinheiro, e que ele estava com os dias contados.

          O luxo tinha seu preço, eram as pessoas que sustentavam a família Agreste, os servos que pagavam os impostos, eles invadiram a extravagante mansão naquela noite, queimando, destruindo, quebrando e roubando tudo que vissem pela frente. Um saque completo. Foi quando esses servos invadiram o quarto onde a família tinha se escondido, Gabriel, Emilie e Adrien estavam em um dos quartos menores escondidos torcendo para não serem descobertos.

Engano deles, não só os acharam, como foram arrastados para fora da casa, Adrien, como esperado, queria fugir, mas não sabia que a consequência de tentar fazer isso, desencadearia uma série de acontecimentos. O garoto mordeu a mão do homem que o segurava, esse, querendo dar uma lição no menino, deu-lhe um tapa, tão forte que foi capaz de joga-lo contra o chão, o homem não satisfeito, começou a chutar o garoto no chão, fazendo cuspir sangue.

Emilie, vendo isso, queria ajudar o filho, colocando toda sua força, para sair do lugar onde estava sendo mantida presa, chutando e batendo em qualquer um que visse pela frente, era seu instinto de mãe, querendo salvar seu filho. Mas esse instinto não a protegeu de um pedaço de metal batendo tão forte em sua cabeça, causando imediatamente sua morte, Adrien e Gabriel viram isso, enquanto seu pai estava de joelhos chorando pela esposa, Adrien, de olhos arregalados, não podia acreditar que sua mãe não se mexia mais.

O sangue do rapaz ferveu, coisa que nunca tinha sentido antes, o que estava acontecendo no corpo e na mente de Adrien era mais que raiva, ira, tristeza, era uma transformação desencadeada pela soma desses sentimentos. O verde da íris tomou conta de seus olhos que ficaram nessa cor intensa e suas pupilas se tornaram fendas, do topo cabelo loiro nasceram duas orelhas negras, os caninos cresceram, saindo da boca, das mãos nasceram unhas compridas e afiadas, a roupa já não continha a cauda comprida e negra, além das pernas que se tornaram animalescas.

Era um ser estranho, um monstro, descontrolado, que estava atacando qualquer uma que visse pela frente, incontrolavelmente, arrancou a garganta daquele que atingiu sua mãe, furou o peito do que tinha lhe chutado, já estava fazendo sua sexta vítima quando viu quem era ela, em sua boca jazia seu pai, já sem pulsação. O menino parou, e se deixou ser preso pelo resto dos homens que estavam lá, um deles, um homem forte, alto, usava um sobretudo e de senso de justiça questionável, o Caçador.

Adrien passou dois anos de sua vida, trancado, já que, qualquer tentativa de mata-lo era frustrada, por ser um “monstro”, tornava o trabalho difícil, então a única opção para aqueles servos foi tranca-lo no subterrâneo de uma igreja. Ele tinha uma coleira feita de ferro pesado, as correntes eram amarradas na parede, e toda a vez que tinham vontade o tiravam dali, e Adrien era usado como “diversão” para o povo, uma criança que se transformava em monstro que podia matar qualquer um que enfrentasse, vários animais e homens entraram para a lista de mortes de um garoto de apenas doze anos.

Sempre que se recusava a fazer algo ou teimava ou até se descontrolava, o convenciam com uma coisa que ele tinha bastante medo, fogo. Colocavam o garoto em um pedestal e ateavam fogo a sua volta, e era comum fazerem isso como entretenimento, para aqueles que vigiavam Adrien, um deles, o Caçador, era que tinha um prazer em particular de testar novas armas no rapaz, uma delas, uma coisa que ele chamou de Besta, em homenagem a Adrien.

Um dia, por descuido de um dos guardas, o loiro consegui fugir, correu e correu, até que suas pernas não aguentarem mais, um menino, antes arrogante, passou a aceitar lixo para sobreviver, andou por várias vilas, em uma delas, quando finalmente achou que estava segura, lá o Caçador apareceu, ele tinha farejado o garoto, e tinha machucado todos que entraram em contato com o rapaz, até mesmo uma senhora que tinha o abrigava em dias de chuva.

Desde aquele momento Adrien fugia, sozinho, não tinha contado com as outras pessoas, por quase dois anos, quando se encontrou com Marinette. Porque? Porque tinha que ser justo ela? Adrien se amaldiçoava por tudo que tinha acontecido, e se culpava por ter envolvido Marinette. Tinha que impedir isso, ele sabia que nunca se perdoaria se algo acontece com ela, Adrien sabia que se a menina sofresse algum arranhão ele seria capaz de matar de novo.

Ele andou até a vila, com passos fortes, se preparando para o que iria ver, e também, se preparando para o que Marinette iria pensar dele, depois que visse a sua forma monstruosa. Podia-se ver de longe a luz das tochas, aproximando-se mais, viu a casa de Marinette pegando fogo, Adrien, um pouco amedrontado de ser tarde demais, olhava para todos os lados, até ver, na carroça, com o nostálgico sorriso sínico no rosto, o Caçador, que com uma das mãos segurava o pescoço da moça, a colocando contra o seu peito.

— Eu sabia! – Gritou apertando mais o pescoço dela. – Esse menina está impregnada com seu cheiro. – Falou satisfeito por vê-lo submisso e impotente.

— Solte ela. – Adrien gritava em resposta. – Seu problema é comigo.

— Como quiser. – O Caçador ergueu a mestiça com uma das mãos, ficou alguns instantes com ela assim, Adrien se segurava para não se transformar e Marinette lutava por um pouco de ar. – Mas, infelizmente, não posso fazer isso, ela é a mais nova de uma família de bruxos e bruxas, e essa vila precisa se livrar da praga. Como a mais nova, a mocinha será a primeira. FOGO!

Os homens, pegaram alguns pedaços de madeira, em chamas, colocaram em uma pilha próxima a carroça, o fogo foi aumentando e aumentando, isso com os gritos de Marinette sendo sufocada fizeram com que Adrien se transformasse, e como da primeira vez que aconteceu, ele estava descontrolado. Um a um os que acenderam o fogo foram os primeiros nas garras, feriados esses homens não estavam preparados para enfrentar Adrien.

— Ficou mais forte! – Gritou o Caçador, que soltou Marinette na carroça. – Venha me enfrentar! – Foi um pedido suicida, ele sabia muito bem disso. – Vamos, sei que deve estar com saudade de matar algo. – Enfrentou mais.

Ele desceu da carroça e ficou frente a frente com Adrien, Marinette viu tudo que tinha acontecido, viu no que o garoto tinha se transformado, ela ainda estava paralisada, engolindo o que tinha visto, mas não ficou parada por muito tempo, tinha que soltar seus pais e avó, que, agora, não estavam sendo segurados por ninguém, todos estavam ocupados demais vendo a luta do monstro. Adrien e o Caçador se enfrentava, e aqueles que tinham vindo junto com o insano homem, que tinham acendido o fogo para queimar Marinette, estavam feridos.

— Vamos, monstro, faça comigo a mesma coisa que fez com seu pai! É uma besta, sente prazer em matar.

Gritava a plenos pulmões. Ele não poderia estar mais errado, Adrien, não tinha prazer nenhum nisso, mas ao se descontrolar não podia responder por si, era um instinto selvagem que se aflorava. E provocar mais a raiva dele era o que o Caçador queria, desesperadamente, cada vez mais provas de que o garoto era um monstro, talvez uma desculpa para as coisas que fazia com o loiro. O que era verdade, mas não era só isso, o homem de sobretudo queria outro monstro para justificar o que ele mesmo era, o Caçador era um monstro sem a aparência de Adrien, um sádico e manipulador, que colocava culpa dos problemas em outras pessoas.

Ele culpava a esposa por nunca ter lhe dado filhos homens, culpava a prosperidade dos Agreste, por ele próprio não ter conseguido sustentar sua família, culpava Adrien por não conseguir mudar seus hábitos sádicos. Naquele momento tudo que o Caçador tinha para se defender foi um adaga, ineficiente contra os músculos de Adrien, que realmente tinha se tornado mais forte nos últimos dois anos, com as garras compridas perfurou o coração do insano homem sem esforço, e mais um nome foi acrescentado a lista de Adrien, que estava descontrolado.

 Os gritos de pavor das pessoas da vila chamou a atenção de Adrien, que correu, avançando nas pessoas, ele iria matar mais e mais, era a natureza dele obrigava, até que uma corajosa mestiça se colocou na frente dele. Ela se esforçava muito para não tremer, mas não conseguia, o gato monstruoso se aproximou lentamente dela, por algum motivo ele queria muito sentir o sabor do sangue dela.

— Adrien. – A voz saiu fraca. – Adrien é você? – Ela encarou os olhos completamente verdes, era ele, que agora aproximava as garras do pescoço da menina, a enforcando mais uma vez, mas de forma lenta. – Adrien, estou com medo... por favor, volte! – Ela tentava dizer sem engasgar com o medo. – Adrein! – Engoliu seco, e exitante colocou a mão no rosto dele. – GATO BOBO, VOCÊ FALOU QUE IA ME PROTEGER! – Gritou.

Adrien imediatamente parou, soltou o pescoço da mestiça e aos pouco voltava ao normal, não acreditando no que iria fazer, lágrimas caíram dele, e se jogou no chão.

— Me desculpe... – Sua voz era rouca.

— Adrien! – Marinette se jogou nos braços dele, não se importando que sua forma de monstro ainda estava desaparecendo.

— Marinette... – Ele respirou aliviado por ela ainda estar ali. – Me desculpe, eu sou um monstro.

— Não, não é! – Disse com convicção. – Você é só um idiota, que precisa controlar esse temperamento. - Adrien retribuiu o abraço.

— Tem razão, sou um idiota.

— FIM –


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