Opostos: One-shots de Miraculous escrita por Arthemis0


Capítulo 12
Mau Perdedor


Notas iniciais do capítulo

Faz um tempinho que não posto nada, a questão é, fiquei sem escrever, e isso me deixou "enferrujada", comecei várias histórias, mas nenhuma me agradava, e bem, essa foi a que me deixou mais satisfeita, espero que goste

Tema sugerido por: MartaMtts, obrigada pela sugestão, não sei se ficou do jeito que me pediu, mas como disse, estava, e ainda estou, um pouco enferrujada

Sinopse: Adrien sempre foi um mal perdedor, isso me irritava muito, mas não tinha paciência para aquela arrogância dele, mas tem uma hora que passa dos limites.



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Paris amanheceu nublada hoje, estava com resquícios de sono caminhando para a faculdade, meu dia só piorava quando ouvi a voz atrás da mim.

— Princesa, aonde vai sem mim? – Revirei meus olhos.

— Não sou princesa. Não te importa aonde vou. Além disso, você vai para o mesmo lugar que eu! – Falei caminhando sem olhar para trás, mas Agreste era rápido.

— Nossa, a princesa acordou com o pé esquerdo.

— Acordei e você é o que faz meu dia piorar.

— Nossa, também te considero muito.

Adrien Agreste sempre foi meu rival, em tudo, principalmente em jogos, eu queria o fazer engolir tudo que ele me disse, isso desde os 5 anos.

Adrien e eu tínhamos nos conhecido em um restaurante da cidade, ele já não me causou uma boa impressão, para começar ele tinha virado o rosto, ao invés de me cumprimentar, a mãe dele, Emilie deu uma bronca, mas Adrien era teimoso e cruzou os braços, negando inda mais um simples “Oi”. Quando nossos pais acharam uma mesa, estava entediante, não iria ficar ali, ouvindo a conversa de adultos, então, no quintal do restaurante, por sorte, tinha uma área recreativa, também conhecida como parquinho, com algumas crianças, fui lá e Adrien me seguiu.

Como nenhum adulto estava por perto, poderíamos nos considerar “livres”. Adrien logo saiu de perto de mim, e foi conversar com outros meninos, mesmo criança Adrien sempre foi bom de fazer amizades, já eu decidi que me divertiria com a caixa de areia. Fiquei ali por um bom tempo, enquanto algumas crianças brincavam ao meu redor, além de mim tinha outras duas estavam na caixa de areia. Quando quase terminava meu mantinho sinto alguém empurrar minhas costas, me fazendo chocar de cara com o montinho de areia e ficar com o rosto coberto por aqueles grãozinhos que pareciam entrar pelo meu nariz, olhos e boca.

— Está com a bruxa feia. – Gritou alguém, e quando olhei para trás era Adrien apontando para mim.

Eu comecei a esfregar meu rosto, por causa da areia nele, e me levantei rápido, meus olhos lacrimejaram, como um sistema de defesa para tirar a areia dali. Não tinha entendido de imediato o que estava acontecendo, nem porque ele tinha me chamado de bruxa feia se sabia meu nome, não me importei muito, assim que tirei toda a areia que consegui do meu rosto, e entrei naquela brincadeira de pega-pega, achei divertido e por um tempo Adrien brincou comigo de forma comum. Mas quando eu tinha conseguido alcançar ele e pega-lo...

— Está com você! – Gritei e logo sai correndo esperando o loirinho fazer o mesmo, mas eu e as outras crianças paramos quando ele cruzou os braços e se recusou a brincar.

— A brincadeira não é assim, bruxa feiosa. – Adrien estava, com um bico enorme no rosto, me aproximei, tentando entender o que estava acontecendo, quando estava perto o suficiente o menininho puxou meu cabelo. – Não pode ser mais rápida que eu! Não pode me pegar, bruxa feiosa!

— Não sou bruxa, não sou feiosa. – Dei um tapa na mão dele, mostrei a língua, que era o máximo de gesto mal educado que conhecia com 5 anos. – Você que é idiota!

E foi esse meu primeiro convívio com Adrien Agreste, para minha felicidade nossos pais eram aqueles tipos de amigos que não se encontravam com muita frequência.

O segundo encontro em que lembro bem foi quando tínhamos 8 anos.

Seria um jantar na casa Agreste, e como bons ricos, a casa deles era enorme, só o quarto de Adrien tinha dois andares, um cesto de basquete, rampas de skate e um muro de escalagem, além da televisão enorme e fliperamas. Tudo bem que meu quarto também tinha algumas coisas extras como uma cama em um andar de cima e acesso para o telhado. Mas achava o dele um pouco exagerado, mas bem, se os pais podiam pagar, porque não?

Enfim, lá estava eu, frente a frente com aquele quarto enorme, por quê? Por que, nossos pais não queriam que as crianças ouvissem as piadas sujas deles, para que não atrapalhássemos a conversa, e também achavam que ficaríamos entediados na sala de jantar, então Gabriel, pai de Adrien, nos sugeriu – mandou – subirmos para o quarto e nos divertimos um pouco, até o jantar ficar pronto. Quem disse que isso seria divertido?

O que me deixava mais receosa era que Adrien estava com um sorriso muito amigável e simpático quando recebeu eu e meus pais, já estava diferente do que eu tinha visto quando tinha 5 anos. E estava nos tratando de forma educada, isso até chegarmos no quarto e ficarmos sozinhos, ele um sorriso sádico.

— Vamos jogar. – Ele falou e eu engoli seco.

Eu não gostava de Adrien, ele tinha mal tratando-me, e aquele sorriso me dava calafrios, o que ele queria? Nos primeiros minutos fiquei desconfiada e não relaxei na presença dele, começamos a jogar, era um jogo de luta, bem divertido por sinal, Adrien até me ensinou a jogar, e eu, com descuido, baixei minha guarda a primeira e a segunda rodada foram amigáveis, e eu perdi nas duas, mas na terceira eu ganhei quando olhei para Adrien para comemorar ele estava com uma cara séria.

— Ei. – Chamei a atenção dele. – Vamos, é uma competição amigável, não vai ser um mau perdedor. – Disse com um sorriso apaziguador.

Mas Adrien não pareceu gostar muito disso.

— Você tem que me deixar ganhar de você! A casa é minha, o jogo é meu!– Franzi as sobrancelhas, não seria o contrário? O anfitrião não devia ser pelo menos gentil com as visitas? Eu fui ensinada assim, não consegui responder.

Fiquei boquiaberta, na época, não entendia o que ele estava dizendo, nem porque estava falando aquilo, como se eu tivesse feito algo completamente desrespeitoso. O que não entendia, era que aquilo era pura falta de humildade. Além disso, tinha gostado de ganhar, e não iria perder só para agrada-lo. Foi ai que nasceu a minha competitividade.

Fiquei o encarando, procurando palavras e tentando entender o que e porque Adrien estava tão bravo, e no meio disso ele jogou o controle do console para o outro lado do quarto, me encarou furioso, encolhi os ombros com um pouco de medo, Adrien puxou uma das mechas do meu cabelo.

— Eu quero ganhar sempre! – Disse mimado.

Agora eu estava furiosa, dei um tapa na mão dele, me levantei da cadeira e o encarei, com a mesma expressão zangada que Adrien estava.

— Você tem que ser mais educado com as pessoas se quiser ter amigos! – Bati o pé. – Se quer tanto ganhar jogue sozinho! – Virei as costas e sai o quarto batendo a porta e deixando Adrien lá.

Fiquei grudada em minha mãe o resto do jantar, quando a comida foi servida e Adrien desceu para comer, não o encarei, embora tenha percebido o olhar incessante dele sobre mim.

Os próximos encontras foram extremamente desagradáveis, meus pais e os pais de Adrien sempre insistiam para que nos fossemos brincar em outro lugar, quando eu aceitava, Adrien sempre propunha um jogo, eu e minha competitividade, não deixamos essa oportunidade passar, quando ganhava ficava bravo e dizia que não podia ganhar, para mim sempre foi um mau perdedor. Outro encontra que me lembro bem foi com 13 anos, o nosso último até então.

Eu estava saindo com minhas amigas, Alya e Tikki, tínhamos combinado um dia no shopping, seria um dia de lazer para nós, depois que ganhamos a competição artística do colégio, Tikki, como sempre, tinha comprado alguns doces, Alya, alguns filtros e acessórios para o celular, e eu estava me divertindo com a nova loja de tecidos ali.

— Mari, você está ai há horas! – Disse Tikki se escorando nos tecidos.

— Que exagero, só estou aqui há alguns minutos. – Falei rindo da cara dela. – E para de reclamar, posso pensar em fazer algo para você com isso. E para Alya também.

Disse, logo Tikki se animou, ela adora as coisas fofas que eu fazia para ela, assim como Alya, que tinha um estilo mais simples. Amava fazer roupas, acessórios e outras coisas para elas. Quando finalmente escolhi um tecido saímos da loja. Dei de cara com o meu “amigo de infância”, Adrien estava lá sorrindo, cercado de meninos e meninas, uma celebridade, claro, ele era o modelo da famosa empresa da família, o pai era estilista, além de ser filho de uma atriz. Aquilo me dava um pouco de nojo, ele escondia a verdadeira personalidade por traz daquele sorriso.

— MARINETTE! OLHA! – Alya me puxou apontando para Adrien, Tikki foi no embalo.

— É Adrien Agreste! – Tikki disse com um riso, animada por estar frente a frente, com ele.

— Eu posso ver a empolgação das pessoas em volta dele Alya, não precisa apontar, eu sei que é Agreste Tikki. – Disse desanimada.

— Nossa que atitude é essa garota? Você não gosta dele? – Alya se virou para mim e encarou.

— Verdade, tem várias revistas dele no seu quarto. – Tikki fez o mesmo.

— Tenho revistas dele porque seu fã do trabalho do pai dele, acho Gabriel Agreste um ótimo estilista, e Adrien é o modelo oficial. Só porque tenho revistas dele não quer dizer que goste, olha só. – Apontei com a cabeça para o loiro. – Aquele sorrisinho, até parece que é amigo de todos.

— Até parece que conhece ele. – Tikki riu, eu bufei.

— Vamos logo, temos que aproveitar nosso dia não? – Fui para o outro lado, querendo sair logo dali.

— MARINETTE! – Quando olho para direção do som vejo Adrien se aproximando, eu imediatamente fecho a cara. – Há quanto tempo. Como vai? – Abriu um sorriso “simpático”, ele podia ser bonito, mas era um babaca.

— Melhor do que você imagina. – Disse com um sorriso forçado.

— Bom, eu estou bem também. – Disse e piscou para minhas amigas, que estavam comendo ele com os olhos.

— Que bom, se me der licença, tenho mais o que fazer. – Peguei Tikki e Alya pelos braços e comecei a andar.

— Espera! Que tal uns jogos. – Parei de andar, droga de competitividade.

— O que tem em mente?

— Tem um play center, perto da praça de alimentação.

Então fomos todos até lá, eu, as meninas, Adrien e o bando dele, assistir, os amigos de infância em uma competição “amigável”. O lugar era enorme, tinha até um carrossel ali dentro, pequeno, mesmo assim, um carrossel. E mais uma vez, lá estava eu jogando contra Adrien, o primeiro jogo que decidimos foi o de dança, Adrien ganhou com quinhentos pontos a mais, depois o de tiro, eu ganhei, já podia ver no rosto dele a raiva, mas ele disfarçou muito bem para os admiradores, depois a corrida, Adrien ganhou.

No fim do dia eu ganhei exatos 2 jogos a mais que Adrien, ele sorria para aqueles que estavam com eles.

— Não foi dessa vez. – Disse coçando a nuca, estava na cara que ele estava nevoso. – Porque não descansamos no carrossel? – Sugeriu, e é claro que todos concordaram. – Eu já estava pronta para sair quando sinto um aperto no ombro, um aperto dolorido. – Venha conosco, você e suas amigas. – E lá estava aquele sorriso sádico, diferente das outras vezes que vi, dessa vez, não estava com medo.

Alya e Tikki foram as primeiras a entrar no brinquedo, depois alguns fãs de Adrien, ai sim ele e eu, sabia que o loiro queria conversar comigo, ou choramingar, mas enfim, já tinha lidado com aquilo tantas vezes que só queria que acabasse logo. Até tentei escapar daquilo, sentando em um lugar longe de todos, infelizmente era um lugar com um assento na frente do outro, e Adrien sentou na minha frente. Eu o encarei entediada, e ele só começou a falar quando o carrossel se mexeu.

— Você ganhou de novo. – Ele mostrava nojo.

— O que foi bebê chorão? Ainda não consegue admitir que não é perfeito? – Eu sorri de lado só para provoca-lo, ele bufou.

— Eu sou melhor que você, sempre fui e sempre serei, bruxa feiosa. – Adrien cruzou os braços.

— E voltamos para os 5 anos.

— Sabe o que separa a mim de você, Marinette? – Eu levantei as sobrancelhas esperando a resposta. – Eu tenho tudo, você não, tenho milhões de amigos, todos me admiram, sou popular, meus pais fazem tudo que peço, sou rico, já ganho mais dinheiro que você e sua família naquela espelunca que chamam de padaria. – Adrien ficou bem próximo do meu rosto, ainda com olhar de nojo e desprezo. – Eu sou perfeito em todos os sentidos, você irá perder para mim, sei que vai, e quando isso acontecer, vou rir tanto, e você chorar. Tudo que eu vou sentir é pena por você e sua inferioridade.

E mais uma vez, lá estava o Adrien que eu sempre lidei, infantil e babaca, enfim ele se afastou e sentou na minha frente de braços cruzados, mal sabia que eu não me sentia mais medo daquele olhar que sempre me lançou, embora sempre o tenha respondido, nunca o fiquei encarando, dessa vez era diferente. Respirei fundo.

— Só isso? – Mostrei minha melhor expressão de peixe morto. – Adrien, eu acho que seu cérebro é muito pequeno para raciocinar o que eu vou falar, mas eu explico com calma, então tente entender. Primeiro, pouco me importa quantas amigos você tem, me diga, aquelas pessoas que estão ao seu redor podem ser mesmo chamadas de amigos? Ou são somente para aumentar seu ego, babando em cima de você? Segundo, não quero saber de sua popularidade ou da tua riqueza, isso te faz uma pessoa melhor? Tem certeza? Para mim você só é arrogante. Terceiro, não existem pessoas perfeitas, só pessoas que são egocêntricas o suficiente para não enxergar os erros e continuar falhando e falhando. – Eu me levantei e me aproximei de Adrien, dessa vez ele estava assustado. – Quarto, não existem pessoas superiores ou inferiores, só existem aquelas que são mais esforçadas, o dia que eu perder para você eu não irei chorar, irei apertar sua não e dizer “Bom trabalho”. – O carrossel parou. – Se é que um dia isso vai acontecer.

Assim eu sai dali, não queria olhar para aquela cara de tonto que Adrien estava fazendo, estava não irritada, que poderia socar ele.

Um naquele mesmo ano a mãe de Adrien ficou doente e entrou em coma, tudo que sei era que ele e o pai viajavam de país para país em busca da cura para Emilie, por um momento senti pena de Adrien, embora sempre o visse em revistas de moda, sempre com um sorriso, mas o loiro era bom em esconder os sentimentos, tinha aprendido isso em nosso ultimo encontro.

E assim o tempo passou, eu já estava com os meus 19 anos tinha começado a faculdade de moda.

Para a minha surpresa, na lanchonete da faculdade, no meu primeiro dia de aula, quem eu encontro? Ele mesmo, a peste da minha infância/adolescência, Adrien Agreste, e novamente com aquele sorrisinho, eu não sabia dizer se era falso ou não, mas agora tinha bem menos gente ao redor dele. Respiro, fundo, me lembro de tudo que ele me fez passar, das humilhações e dos chiliques, eu não queria olhar para aquele rosto. Viro-me rapidamente, e vou comprar um lanche. Me encontro com Alya e Tikki, me esperando em uma das mesas, logo o namorado de Tikki aparece, Plagg com um sorriso no rosto.

— Ei, encontramos alguém bem legal.

— Encontraram? – Cerrei os olhos.

— Quem? – Tikki perguntou.

— Dá pra acreditar? Adrien Agreste voltou para Paris. Ele está meio perdido depois de anos longe, o convidei para sentar conosco, tudo bem?

— Claro! – Tikki e   Alya disseram.

— Não. – Todos me olharam.

— Marinette? Você descordado em ajudar alguém? – Plagg perguntou surpreso.

— Marinette, ainda tem rancor daquilo? – Alya se preocupou. – Ele pode ter mudado.

— Se mudou ou não, não muda o fato de que não quero ter contato com ele.

Quando olhei atrás de Plagg Nino e Adrien já se aproximavam da mesa, eu suspirei.

— Podem chama-lo, vou comer em outro lugar. – Peguei meu lanche e sai dali.

Será que estou guardando rancor...? Sim.

Alguns dias se passaram, eu parei de comer com meus amigos porque Adrien estava com eles, eu os observava de longe, pareciam estar se divertindo. Será que Adrien realmente mudou? Com o tempo comecei a perceber que um loiro me seguia. Mas sempre conseguia o despistar, até esse dia.

— Princesa, aonde vai sem mim? – Princesa? Eu não era a bruxa feiosa?

— Não sou princesa. Não te importa aonde vou. Além disso, você vai para o mesmo lugar que eu! – Falei caminhando sem olhar para trás, mas Agreste era rápido.

— Nossa, a princesa acordou com o pé esquerdo.

— Acordei e você é o que faz meu dia piorar.

— Também te considero muito. – Adrien riu.

— Considerar? Me poupe Agreste! – Caminhei mais rápido e consegui chegar na faculdade antes dele, assim que entrei na sala a aula começou.

Depois da aula comprei meu lanche e fui para o pátio, em um lugar afastado, onde tinha uma árvore gigante, eu usava aquele lugar para ter inspiração em novas criações era meu cantinho especial, quando ouço passos atrás de mim. Era o Agreste. Eu já estava me levantando para ir embora quando sinto ele segurar minha pulso.

— Prince... – Ele se interrompeu. – Marinette, por favor, pode me ouvir?

Cerrei os olhos, esse era Adrien? Ele pediu, por favor, e perguntou se eu podia ouvi-lo, apenas tirei meu pulso da mão dele, e ainda com o rosto fechado me virei para ele.

— Vai falar que está aqui para não perder para mim de novo Agreste? – Ele arregalou os olhos.

— Não, eu apenas queria me desculpar. – Cerrei ainda mais os olhos, ele riu sem graça. – Podemos sentar, é que eu realmente queria conversar sobre isso.

Suspirei pesado, mas sentei, e esperei ele fazer o mesmo.

— Desembucha. – Disse já comendo meu lanche, estava morrendo de fome.

— Eu queria me desculpar por tudo que fiz e disse para você, eu era um babaca. – Podia ver as mãos inquietas de Adrien, ele estava nervoso com tudo aquilo.

— Eu sei. – Disse olhando para frente. – Mais alguma coisa a dizer?

— Sim. – Adrien se virou para mim, fiquei impressionada, então acabei fazendo o mesmo. – Eu quero agradecer, pela bronca que você me deu da última vez que nos encontramos. – Respirou aliviado.

— De nada...?

— Sabe Marinette, fiquei pensando muito no que você tinha me dito, e comecei a observar minhas atitudes e todos ao meu redor, todos me mimavam, diziam que era o melhor, que eu podia ser tudo, então eu acreditei, acredite que era perfeito, menos com você, eu não entendia como eu não podia superar você, fiquei com raiva, e tinha decidido que iria acabar com você, não importava em que, nem como. Eu não tinha percebido que estava perdendo algo mais importante, meu caráter e minha humildade. – O loiro tinha um leve sorriso no rosto. – Quando perdi minha mãe, nada do que eu me gabava funcionou para salva-la, o dinheiro, foi gasto com tratamentos inúteis, as pessoas que eu chamava de amigos não me deram apoio, meu pai ficou recluso, só se concentrava no trabalho ou nos tratamentos da mamãe. Então as únicas coisas que sobraram para mim foram suas palavras, e eu pensei bastante nelas. E comecei a te admirar, você acabou sendo a única pessoa que me disse a verdade Marinette.

Adrien estava com um sorriso sincero no rosto, era a primeira vez que tinha visto aquele sorriso, era bonito. Ficamos silencio por um tempo.

— Você costumava me chamar de bruxa feiosa, porque princesa agora?

— Ah! – Adrien deu de ombros. – Só que acho que, dessa vez que te reencontrei, comecei a perceber algo que minha arrogância não deixava. – Adrien se virou para mim e pegou uma mexa do meu cabelo. – Você parece uma princesa. – Meu rosto ficou vermelho, virei para o lado, para esconder-me de Adrien, que mantinha a mão no meu cabelo. – Desculpe por puxar seu cabelo tantas vezes quando éramos crianças, acho que na verdade sempre gostei dele, que bom que deixou crescer.

— O que você quer Agreste? – Me virei para ele, já com o rosto não tão vermelho.

— Só quero recompensar pelos anos que fui babaca com você princesa. – Sorriu novamente.

— Como pretende fazer isso. – Encolhi meus ombros, eu sentia borboletas na barriga, Adrien aproximou o rosto dele ao meu.

— Do jeito que você preferir, princesa. – Eu engoli seco. – Sei que você é tão competitiva quanto eu, isso é uma coisa que não pude parar de ser. – Adrien riu. – Façamos assim, nossas provas estão chegando, quem tiver a melhor média decide o que fazer com o outro.

Eu mordi meu lábio, era arriscado, Adrien teve uma educação em casa, então não sabia se ele era realmente bom, mas até então, sempre fui uma boa aluna. Era uma competição, eu não queria perder, não podia.

— Aceito. – Apertei a mão de Adrien

Eu perdi! Como isso pode acontecer? Minhas notas tinham sido ótimas, mesmo assim, vejo Adrien comemorar na minha frente, quando Nino veio com os resultados, grunhi, colocando as mãos no rosto.

— Eu não acredito!

— Pois acredite. – Adrien parou de comemorar. – Passo na tua casa para te pegar as 7 da noite!

Fiquei boquiaberta, vendo Adrien sair. Era isso mesmo? Eu tinha um encontro com meu rival de infância?

7:00 pm.

Pelo jeito era isso mesmo, tinha um encontro com Adrien Agreste, eu não sabia que roupa vestir, então peguei um vestido confortável e bonito o suficiente para ir a qualquer lugar, vestido esse que eu mesma tinha feito e me orgulhado bastante, arrumei meus cabelos com um coque desfiado, maquiagem leve, sapados de salto Anabela. Me despedi do papai e da mamãe, desci as escadas e olhei para frente, minutos depois eu vi um carro para na minha frente, era uma BMW.

E Adrien saiu daquele carro, ele parecia ter vindo do filme Grease, pelo menos a versão moderna, estava com calça jeans, camisa verde, com uma estampa de um felino e uma jaqueta de couro, eu juro que só faltava o topete e a música para que nós dois começássemos a dançar e cantar. Mas os cabelos de Adrien estavam bagunçados, e os olhos serenos, aquilo me arrepiou.

— Está muito bonita princesa. – Disse me oferecendo o braço, aceitei. Adrien me levou para o carro, abriu a porta, eu entrei.

— Então para onde vamos? – Perguntei colocando o sinto de segurança.

— É surpresa. – Adrien deu uma piscadela.

Passamos alguns minutos no carro, só ouvindo a música que tocava no rádio, quando o loiro estacionou eu percebi que estávamos no shopping. Adrien me conduziu para a praça de alimentação, mas não ficamos lá, fomos para o play center, que me surpreendeu ainda estar ali, e ainda maior que antes. Agreste me levou até o carrossel, sentamos no mesmo lugar daquele vez que eu dei uma bronca nele. Quando o brinquedo começou a girar o silencio foi quebrado.

— Se eu fosse menos egoísta poderíamos ter tido uma conversa diferente, quando estivemos aqui.

— Você se arrependeu do que fez... – Sou como uma pergunta, embora eu não tivesse intenção de fazê-la, estava bem obvio que Adrien tinha mudado, o que eu queria? Certeza de que ele tinha mudado, pois me sinto inexplicavelmente frágil nessa situação com ele.

— Claro! Eu me arrependo do que fiz Marinette, você não é uma bruxa feiosa. – Riu sem graça coçando a nuca. – Como eu disse, depois que tudo aconteceu comigo eu comecei a admirar você Mari, mesmo. Você era a única que me enfrentava e falava a verdade, mesmo eu sendo mal.

— Você me dava medo, com aquele seu sorriso sádico.

— Me desculpe por isso também então. – Sorriu agradavelmente.

— Bom, você está mudado, então tem o meu perdão por tudo. – Respondi com um leve sorriso.

Eu tenho que tomar cuidado, mesmo perdoando, eu não quero abaixar minha guarda com ele, embora esteja sendo bem difícil já que Adrien está sendo gentil e cordial comigo. Ele transmite tanta segurança, que qualquer um se sentiria a vontade com ele, se antes ele já conseguia amizades fácil, agora, parecia quase impossível não fazer amizade com ele. Tinha entendido porque Plagg e Nino o convidaram rápido para se juntar ao nosso grupo. Deus! Quem imaginaria que o Adrien que eu conheci é o mesmo que está na minha frente.

— É que eu não queria apenas o seu perdão princesa.

— O que então? – Adrien riu, e o carrossel parou, ele pegou minha mão.

— Vamos comer alguma coisa.

Ele fugiu completamente do assunto! Fiquei esperando a deixa para saber o que era, mas Adrien estava feliz demais contando das viagens que fez e dos lugares que conheceu que acabei deixando esse assunto de lado. Quando percebi eu e ele estávamos discutindo e rindo normalmente, como dois amigos de infância, o que de fato éramos. Assim nosso encontro acabou. Adrien me deixou na porta da minha casa, saiu do carro, para abrir a porta do mesmo para mim.

— Que cavalheiro o senhor Adrien se tornou! – Disse saindo do carro.

— Aprendi da forma mais difícil que devemos valorizar quem é importante para nós. – Eu me lembrei da mãe dele.

— Você se tornou uma pessoa formidável Adrien. – Disse caminhando com ele até a entrada de casa. – Essa era a pessoa que estava debaixo de toda aquela egocentricidade e arrogância.

— Você que me ajudou a enxergar isso Marinette. – Paramos na porta de casa.

— Que bom que fui útil. – Estendi a mão para ele e Adrien duvidoso aceitou, eu olhei aquele aperto gentil e ergui a visão para o loiro. – O dia em que eu perder, não irei chorar. Bom trabalho Adrien Agreste.

Disse com um sorriso, então sinto um puxão, um braço envolvendo minha cintura e outro acariciando meus cabelos, Adrien estava me dando um beijo calmo, mas desesperado ao mesmo tempo. Eu não podia negar que estava gostando, envolvi meus braços no pescoço dele, me deixando levar. Quando nos separamos eu fiquei um pouco atordoada, levei minha mão para meus lábios e vi Adrien indo embora.

— Se prepare princesa, vai ser a primeira de muitas derrotas. – Ri e acenei, me despedindo.

Eu não me importava, nem um pouco de perder, se esse for o resultado, na verdade, só estarei ganhando.

—FIM- 


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