Zootopia: Inside Stories escrita por Julio Cezario


Capítulo 4
Benjamin Clawhauser




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— Clawhauser! – O Chefe Bogo já veio gritando da escada.

— S-sim, senho-or – Eu já bati continência.

— Clawhauser, preciso que esses documentos sejam entregues no RA – Ele colocou uma pilha de pastas em cima do meu balcão.

— Okay, senhor!

— Avise a eles que são as fichas dos novos recrutas que vão chegar na quinta. Pelo jeito vou ter dor de cabeça – Ele bufou se encostou no balcão ao lado da pilha.

— Por que, senhor? – Pelo jeito ele estava com uma cara de cansado, aquilo de alguma maneira me incomodava.

— Você acredita que o Prefeito Lionheart me resignou uma oficial coelha? Tipo, uma coelha? – Ele bateu com o punho.

— Sério?!?!?! – Eu me animei, sempre achei os coelhos super fofos e lindinhos, agora vou poder trabalhar com um.

— É. Tomara que ela não cause confusão, se bem que a ficha dela é impecável, mas mesmo assim.

— Calma chefe, ela vai ser uma boa oficial. Não podemos julgar ela só por que é uma presa – Eu sem perceber coloquei a pata por cima do braço do Bogo como se quisesse consola-lo.

Quando ele percebeu arregalou os olhos, como se fosse gritar. Mas não o fez, ele simplesmente riu e foi embora, aquilo foi muito estranho. O que eu tinha feito? Tipo, eu toquei no braço do meu chefe e ele não gritou. Eu sacudi a cabeça para afastar a ideia, mas ainda sentia os pelos do Chefe Bogo na planta da minha pata.

Focando no trabalho, pedi para um assistente levasse os documentos para o RA como foi solicitado, armazenei fichas de mais dois desaparecidos e atendi os casos que apareciam. Notei que muitos lobos estavam senso presos ultimamente, fiquei preocupado com o Felix por que no dia anterior ele me falou que ia sair com o tal de Wade, tirando isso fiquei orgulhoso por quer finalmente ele vai sair do armário.

Faltando meia hora para acabar o expediente, comecei a guardar as minhas coisas.

— Clawhauser? – Era a voz do Bogo, vindo por cima do balcão.

— Sim, senhor? – Me levantei imediatamente.

— É que eu... meio... queria perguntar sobre.... não – Ele parecia nervoso, suas patas não paravam de se mexer.

— Sim?

— É eu queria saber sobre essa sua cantora. Sabe essa tal de...

— A Gazelle?

— Sim! Eu queria que você falasse sobre ela e já que está dando a hora de ir embora poderia levar você até em casa.

— Sério? – Eu não estava acreditando naquilo.

— Eh... Sim. Por que? Você não quer falar sobre ela? – Ele estava com sucesso parecer firme, mas os seus olhos diziam contrário.

— Não, não. Sem problema, eu só vou me trocar e podemos ir.

Fui até o vestiário me trocar, quando voltei o Bogo já estava na porta me esperado.

— Nossa, você já está pronto? – Falei assim que me aproximei dele.

— Eu me troco na minha sala – Ele revirou os olhos.

O Bogo me levou até o estacionamento, e apontou para o seu carro. Ele era bem robusto e enorme, um tipo de carro que caberia um búfalo. Ele abriu a porta do passageiro para que eu entrasse e deu a volta até a porta do motorista.

— Então o que você quer saber sobre a Gazelle? – Perguntei assim que ele bateu a porta do motorista.

— Ah, sei lá. Por onde você começaria? – Ele ligou o carro e saímos do estacionamento.

— Eu não sei – Eu estava muito desconfortável. – Eh... Ela é perfeita, amo as músicas dela. Ela lançou o single Try Everything recentemente e hitou total. Se eu fosse você começaria com o novo álbum dela e se você gostar pode ouvir os mais antigos.

— Ah e você poderia me passar as músicas? – Ele falou sem tirar os olhos da estrada.

— Claro. Você pode me empresta o seu celular?

Ele mexeu no bolso desajeitadamente e o desbloqueou antes de me entregá-lo.

Eu peguei o meu parelho e selecionei algumas músicas que eu particularmente amava e comecei a transferência dos arquivos.

— Clawhauser, posso fazer uma pergunta?

— Claro... e não precisa me chamar assim, só Ben já está de bom tamanho – Eu forcei uma risada para tentar quebrar aquela tensão.

— Você vai folgar amanhã?

— Sim. Por que?

— Nada não. Já terminou de passar as músicas?

— Sim – Ele parou o carro, quando olhei pela janela consegui enxergar a entrada do meu prédio.

Eu agradeci ela carona e ele pelas músicas, depois que ele foi embora me permitir relaxar, por que aquilo era muito estranho. Não que eu tenha nada contra ele, mas sei lá, talvez seja pelo jeito intimidador dele ou algo do tipo. Subi para o meu apartamento provavelmente o Felix já deve ter chegado.

— Boa noite, primo! – Ele me disse assim que entrei.

— Boa. Como você está?

— Ótimo! Eu fiz tofu à parmegiana com molho de cranberry e arroz com seleta de legumes – Ele disse voando para a cozinha tirar os pratos do forno.

— Nossa! Esses dias você ultimamente está se superando, eu acho que esse tal de Wade mexe com você mesmo – Eu dei uma risada sarcástica enquanto fui para o quarto pegar uma peça de roupa para tomar banho.

— Óbvio que não. Eu já era assim seu besta – Ele revirou os olhos colocando os pratos em cima do balcão.

Contei sobre a carona do Bogo enquanto jantamos, o Felix insinuou que ele estaria afim de mim. Pelo amor né, ele jamais gostaria de um animal como eu, somos totalmente diferentes e óbvio que ele colocou o Wade como exemplo. Eu estava com um pé atrás em relação a isso, por que o Bogo estaria interessado em mim? Afastei a ideia saboreando o meu jantar. Depois de satisfeito e com os dentes escovados fui direto para a cama.

...

Acordei umas nove horas da manhã, comi o café que o Felix deixou e tomei uma ducha. A casa estava arrumada, eu decidi ouvir uma música pelo computador. Enquanto a Hyena Gomez cantava decidi a olhar a dispensa, armários e a geladeira. Depois que fiz uma lista com o que precisava comprar, desliguei a música, peguei as minhas coisas e saí.

As comprar foram supertranquilas, tive a sorte de pegar o supermercado vazio. Assim que cheguei desmoronei no sofá, o interfone começou a tocar. Tomei folego e fui atender.

— Alô? – Perguntei.

— Clawhauser, aqui é o Bogo – Quando eu ouvi a voz dele, a minha cauda ficou ouriçada.

— Olá, chefe. Em que posso ajudá-lo?

— Eu posso subir? Trouxe algo para podermos comer.

— Ah, claro. Pode subir, é o apartamento 09 – Eu apertei o botão que abria a porta.

No desespero guardei as compras nua velocidade quase olímpica, só deu tempo de fechar a geladeira quando a campainha tocou. Eu corri até a porta.

— Olá, Chefe! – De novo. Eu estava me perguntando o que pelos deuses trouxe ele aqui.

— E aí Clawhauser? Posso entrar? – Ele parecia acanhado, o que era engraçado com uma pitada de fofura.

— Claro, Chefe. Sinta-se à vontade – Eu dei espaço para que ele pudesse entrar, ele passou por mim com os seus passos pesados. Pude sentir o seu cheiro amadeirado e cítrico, até que disso eu não posso reclamar.

— Então Clawhauser, eu trouxe uma travessa de lasanha para podermos almoçar. Eu meio que moro sozinho e como hoje é sua folga também, pensei em vim almoçar com você – Ele mostrou a travessa com o manjar dos deuses dentro, nem acredito que ele mesmo tenha feito tal façanha.

— Será um prazer... Chefe. Eu acabei de voltar do supermercado, nem fiz nada. Mas eu comprei refrigerante e suco, o senhor tem alguma preferência?

— Refrigerante. Combina com o prato.

Fui até a cozinha, tirei a garrafa e coloquei em cima do balcão, depois peguei os pratos. Depois de servidos começamos a comer. Eu juro que tentei, mas a lasanha estava impecável, parecia que a minha mãe tinha feito. Eu sei que muito preconceituoso da minha parte, mas como ele conseguiu fazer essa perfeição, ele tem todo o seu jeito bruto e grosso e mesmo assim fez uma coisa tão delicada e deliciosa.

— O senhor que fez? – Eu tive que soltar essa pergunta.

— Sim. Por que? – Ele me olhou de canto.

— Por que está maravilhoso! Você devia conhecer o Felix, são dois cozinheiros de mão cheia – Naquele instante a tensão que tinha entra nós sumiu.

— Ora muito obrigado pelo elogio – Ele abriu um sorriso doce. – Me pergunto quem seja esse Felix?

— É o meu primo, a gente mora junto. O senhor tem que experimentar as panquecas que ele faz, é de outro mundo.

— Espero que isso seja um convite – Ele me lança um olhar acompanhado de um sorriso malicioso.

— A-ah c-clar-ro. O senhor pode vir aqui sempre que quiser – Eu não consegui disfarçar o meu nervosismo. Ele conseguiu me desarmar por completo.

Quando dei por mim acabamos com a travessa inteira, pelo jeito o Felix aproveitaria a próxima. Peguei os pratos e coloquei eles na pia para lavar depois, quando me virei o Bogo estava olhando fixamente para mim, os seus braços estavam apoiados no balcão, era como se ele estivesse com expectativa de algo.

— Muito obrigado pela refeição, senhor – Eu falei meio sem jeito por causa do seu olhar.

— Não há de quê. Clawhauser. Podemos ver um filme? – Ele se virou e apontou para a TV com o polegar.

Fui até a sala e liguei o notebook do Felix na TV, coloquei alguns filmes do Petflix. Ficamos assistindo filmes de ação e de comedia, até que não foi tão ruim. O Bogo ele tinha um ótimo senso de humor, só sua risada que era bem grave e alta, fiz pipoca de micro-ondas para agente e conversamos bastante sobre os fatos que estão acontecendo ultimamente.

— Boa noite, Primo! – O Felix chegou do nada. Aí eu olhei para o relógio na parede e vi que já era sete horas. Assim que ele viu o Bogo no sofá ele petrificou.

— É. Acho que já está um pouco tarde. Muito obrigado pela tarde, Clawhauser – O Bogo se levantou me entregando a tigela e foi em direção a porta.

Felix deu espaço para que ele saísse, ele ainda estava mudo.

— É ele? – Ele disse depois de cinco minutos.

— Sim. Ele é o meu chefe – Eu assenti com a cabeça.

— Nossa – Ele disse por fim.

Eu também não comentei mais nada.

No dia seguinte fingi que nada tinha acontecido, levei algumas rosquinhas para o trabalho e tentei levantar o ânimo para poder receber os novatos.

— Dá licença? – Uma voz feminina me chamou a atenção, mas não sabia de onde estava vindo – Oi! Aqui embaixo – Eu olhei um pouco mais para frente e vi uma coelha mais fofa em uniforme de policial.

— Oh, meus pelos! Contrataram mesmo um coelho mesmo – Eu tentei abafar a minha voz com as patas, me concentrei, mas a animação é mais forte – Você é uma coelha bem mais fofa do que falaram para mim.

— Então, provavelmente você não sabe. Um coelho pode chamar outro coelho de - fofo, mas já se outros animais fazem isso, é meio... – Ela dá de ombros, estava na cara que ela manteve a educação.

— Oh! Me desculpe. Eu, Benjamin Clawhauser, um gordinho amante de rosquinhas. Aqui discriminando você, foi mal...

— Não, tudo bem... É você realmente está com... – Ela apontou para algum lugar, eu comecei a tatear o meu corpo para saber do que ela estava falando – No começo... na dobrinha... – Eu peguei algo que estava preso no meu pescoço.

— Ah! Você estava aí sua danadinha – Falei assim que peguei ela nas mãos, como era uma das últimas já pus para dentro.

— Preciso me apresentar... onde é que eu?

— Hum, o Curral do Touro fica para lá – Eu falei apontando para onde ela deveria ir.

— Ah, valeu – Ela começou a saltitar em direção ao Curral.

— Tadinha da coelhinha, só vai sobrar o pompom... - A observei indo em direção ao Curral.


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