Zootopia: Inside Stories escrita por Julio Cezario


Capítulo 2
Benjamin Clawhauser




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Eu estava com tudo pronto, as minhas coisas já foram encaixotadas e mandado para o meu novo endereço. Peguei as minhas malas de mão e subi no trem.

— Tchau, filho! Se comporta hein!!! – A Sra. Clawhauser gritou da plataforma.

— Tchau mãe, pode deixar. Vou morrer de saudades!

— E nada de exagerar nas rosquinhas! – Agora foi o meu pai me dar um sermão sobre rosquinhas. De novo.

Por sorte o trem começou a andar.

— Não posso prometer nada! – Gritei antes que a porta fechasse.

Eles riram e continuaram a acenando. Quando eles sumiram no horizonte eu já procurei o meu assento.

— Próxima parada: Tocas. Tempo estimado: Quarenta minutos – Uma voz feminina e genérica falou.

Aproveitando os quarenta minutos coloquei os meus fones e comecei a ouvir Gazelle, que era minha diva do Pop. E acabei de baixar o novo single dela, então preciso decorar a letra toda.

Fechei os olhos e aproveitei a música.

...

— Próxima estação: Tocas. Tempo estimado: Cinco minutos.

A mesma voz me tirou do sono leve. Logo me levantei, estava muito ansioso para ver o Felix, fazia séculos que não o via e agora vamos morar juntos, tinha tanta coisa para poder conversarmos.

Quando o trem começou a parar já me adiantei, as portas se abriram e eu pulei para fora. Olhei e de primeira não vi ninguém conhecido.

— Ben? – Uma voz veio de trás.

Eu dei meia volta e lá estava ele. Fiquei impressionado como ele tinha mudado, tenho que levar em consideração os anos que passei sem vê-lo. Felix agora está mais alto do que eu, tinha um corpo esguio como um guepardo normal, ele usava uma camisa polo vermelha que combinavam com as suas pintas. Mesmo sendo da mesma raça, o Felix conseguiu ter pintas perfeitas que davam inveja a qualquer um.

— PRIMO! – Mesmo sendo gordinho ainda tenho um pouco da velocidade de um guepardo (modéstia à parte). O abracei antes mesmo que tivesse chance de pensar.

— Oi, primo! Quando tempo! – Ele correspondeu ao abraço.

— TREM SENTIDO A ZOOTOPIA!!! PARTINDO EM DOIS MINUTOS!!! – Algum rapaz de dentro do trem nos cortou.

— É melhor entrarmos logo – Felix me soltou e pegou todas as suas bagagens.

— Boa ideia! – Eu o ajudei a entrar.

Levei ele até aonde estava sentado. Ele se desmanchou no banco.

— Ahhh. Cara eu estou morto, hoje foi bem corrido – Ele realmente parecia cansado, dava para perceber pela íris dos olhos.

— Imagino...

— Só que eu me lembro que um certo guepardo ainda ama rosquinhas – Ele fez um sorriso malicioso.

— Não, você... – Antes que eu pudesse terminar a frase ele tirou uma caixa média de rosquinhas e me entregou. Realmente foi o ponto mais alto do meu dia.

— São de cenouras, aqui nas Tocas não temos muitas variedades de sabores – Ele deu ombros em sinal de desculpas.

— Nham, de boa. Rosquinhas ainda são rosquinhas. Mas e aí as novidades? – Falei já colocando uma na boca.

— Ah, Ben. Eu me formei semana passada, já marquei algumas entrevistas para quinta-feira e que eu vou morar na cidade grande com o meu primo. E você? Pelo jeito vai ser um policial, hum. Tá podendo hein – Ele se apoiou na quina da janela.

— É né. Provavelmente vou ser interno, sou muito gordinho e fofo para trabalhos de campo – Eu forcei um sorriso. Na verdade, eu me contentaria com qualquer coisa que não tivesse risco a minha vida.

O restante da viagem planejamos como seria a nossa nova fase em Zootopia. O Felix não trouxe tudo, disse que pedira para a tia Felícia mandar pelos correios depois que nos adaptássemos no apartamento. A viagem fez paradas pelos doze distritos de Zootopia, a minha favorita era a Praça Saara e Felix comentou que vai tirar um dia para visitar a Tundralândia e a Distrito Florestal, eu ainda me pergunto como um animal consegue morar em um lugar aonde chove a cada dez minutos, ele riu de uma maneira doce e disse que eu nunca entenderia. Nunca mesmo.

Depois de duas longas horas de viagem (e o pior, sem mais rosquinhas) chegamos ao Distrito 1, abri o bloco de notas do meu celular e verifiquei o endereço.

...

— Chegamos! – Gritei assim que abri a porta.

— Chegamos! – Felix gritou logo em seguida.

Não era lá um apartamento de luxo, a sala era normal e dava direto para cozinha que eram separados por um balcão, logo a direita havia três portas, dois quartos e um banheiro. Mas a melhor parte era a varanda que tinha acesso a sala, dessa varanda tinha uma vista perfeita da minha loja de rosquinhas favorita, Duck'in Donuts. Felix e eu arrumamos o máximo possível, quando deu meia-noite já estávamos mortos de cansaço e resolvemos ir dormir e continuar amanhã.

...

O meu despertador apitou dizendo que já eram oito horas da manhã, foi uma luta para me levantar, mas tive um incentivo, um cheiro de panquecas de blueberrys impregnava o ar quase se misturando com o oxigênio. Depois de pronto e dentes escovados fui para a cozinha e vi que era o Felix preparando o café da manhã.

— Felix, não acredito nisso... – Eu puxei a cadeira e sentei.

— Nada como um café especial para comemorar o nosso primeiro dia no apartamento. Não fiz as compras do mês, mas deu para comprar algumas coisas na lojinha aqui na frente – Ele deu uma virada rápida para mim e levantou a espátula apontando para a varanda, ele deveria estar falando da loja de rosquinhas.

— Pena que amanhã eu já vou começar no DPZ, poderia me acostumar com esse café especial.

— Que horas você pega?

— São das seis até as dezoito. A escala é 48x24, tipo trabalho dois dias e folgo um. É um pouco puxada, mas pelo salário compensa.

— Concordo. Posso fazer uma pergunta? – Felix colocou as panquecas no balcão e sentou ao meu lado.

— Claro! – Já estava enchendo a minha com mel.

— Você alugou esse apartamento por causa da loja da Duck’in Donuts aqui na frente? –Ele semicerrou os olhos para mim.

— Ah, primo. Você me conhece – Eu forcei um sorriso nervoso com os lábios cheios de mel.

— Você é inacreditável – Ele riu e revirou os olhos.

Assim que terminamos o café-da-manhã, fomos ao supermercado fazer a compra do mês, Felix tinha trazido o cartão que pegou emprestado da tia Felícia e que só seria em caso de emergência, tipo esse tipo de emergência. Compramos suprimentos e bastante carne de soja (eu particularmente amo carne de soja), na volta demos uma passada na Duck’in Donuts e compramos duas caixas jumbo de rosquinhas. A tarde redecoramos o apartamento, instalamos a TV e os aparelhos eletrônicos, o Felix decorou o quarto dele de uma maneira que parecia uma biblioteca e o meu ficou bem melhor coloquei pôsteres da Gazelle, Llama del Rey e Lady Gagator. Ele também pediu para o Tio Gary mandar um Z-Box que o Felix tinha guardado com alguns jogos, ligamos para o pessoal da TV à cabo e internet e agendamos uma instalação.

Logo deu dez horas da noite e eu me arrumei para ir dormir, amanhã começa o meu novo trabalho no DPZ.

Quando deu cinco horas da manhã me levantei e já arrumei tudo. O Felix estava dormindo no seu quarto, fucei alguma coisa na geladeira e preparei geleias com torradas. Depois saí de casa e fui em direção ao metro, a Central do Departamento fica no centro da Savana Central e era uma pequena viagem já que moramos da zona norte do Distrito 1.

— Oi, Pessoal!!! – Falei assim que cheguei na sala dos policiais, conhecida como o Curral do Touro. Estava cheio de animais enormes e fortes. Todos pararam para olhar para mim. Sérios.

— Oi, você é o... – Uma elefante-fêmea perguntou com um jeito doce, apesar de ser o dobro do meu tamanho.

— Sou o oficial Clawhauser, hoje é meio que o meu primeiro dia – Eu andei até uma cadeira vazia ao lado dela.

— Opa! Seja bem-vindo, eu sou a oficial Savannah – Ela ofereceu a tromba para me cumprimentar.

Do nada um búfalo entrou batendo a porta metálica contra parede, provavelmente era a maneira dele pedir silencio, eu me calei na hora. Ele era muito musculoso e era do tamanho da Savannah, sem falar dos chifres que eram tão grossos que pareciam quebrar paredes como se fossem feitos de Lego. Ele era bem intimidador.

— Muito bem, muito bem! Todos Sentados! – Ele caminhou até um púlpito que tinha na sala. – Eu tenho que anunciar uma coisa muito importante... Parabéns Ygor, muitos anos de vida.

Todos começaram a dar vários socos em um urso polar, provavelmente era algum tipo de brincadeira.

— Continuando!!! – Todos pararam na hora. – Hoje temos novos recrutas, deveria apresenta-los..., mas não vou fazer isso por que estou nem aí. Então pessoal, ainda temos problemas sobre os ataques de animais que ficaram selvagens e depois sumirem. Ontem tivemos mais um caso, já é o terceiro desaparecido e a prefeitura já está no meu pé querendo a solução desse caso.

Ele foi ditando o nome dos policiais os dividindo por duplas e mandando para as zonas de Zootopia, eu acabei ficando por último.

— Agente Clawhauser! – A sua voz grave me tirou dos meus pensamentos. – Foi solicitado que você fosse nos Recursos Animais para poder pegar o cargo, aqui na sua ficha diz que ficou no setor interno. Me acompanhe por favor.

Ele bufou e abriu a porta para que eu saísse, juro que senti os seus olhos me seguindo, mas tentei ignorar essa sensação. A minha cauda estava ouriçada e odeio quando isso acontece.

— Você está bem, Novato? – Ele perguntou olhando intrigado, provavelmente por que estava tentando controlar a minha cauda.

— Sim, sim. É que está um pouco frio e a minha cauda fica assim – Eu forcei um sorriso sem graça.

Ele bufou de novo e revirou os olhos. Só por que ele é um búfalo ele não precisa fazer isso direto, tipo eu as vezes – as vezes - vomito bola de pelos, mas nunca na frente de ninguém. Isso é super nojento, não que bufar seja nojento, mas é irritante e desconcentra.

Finalmente chegamos no RA. Uma cegonha era a responsável pelo Recursos Animais, era muito fofo, mas não comentei. Ela me resignou a ser recepcionista e ainda acrescentou que eu era muito fofo o que era perfeito para o cargo. Fiquei super aliviado.

— Olha aqui, vai ser o seu posto de trabalho – O Bogo falou me apresentando o balcão da recepção. – Você só precisa ouvir os animais, se tem algum setor especifico, como sequestro ou desaparecimento, você abre um Boletim de Ocorrência e manda para as salas com os determinados especialistas para atendê-los.

Ele pegou uns óculos minúsculos e os encaixou no seu rosto.

— Okay, muito obrigado chefe Bogo – Eu já entrei na minha área de trabalho.

Era um balcão enorme com monitores das câmeras, um microfone que provavelmente dava para os alto-falantes ou chamados dos oficiais, tinha dois telefones e inúmeras gavetas, todas etiquetadas conforme seu conteúdo. Eu já pensei comprar algumas canecas da Gazelle, umas decorações e rosquinhas. Tudo combina com rosquinhas. É pelo jeito tenho muito trabalho.


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