A casa de dois andares estava iluminado pela fraca luz da lua em meio às nuvens, já era um pouco mais de dez horas e todos na vizinhança já estavam acomodados em sua casas se aquecendo em frente a suas lareiras e aquecedores. O inverno havia chegado mais cedo do que o previsto, os jornais e noticiários haviam alertado os moradores da cidade sobre o risco de nevasca no início da madrugada.

Joe havia brincado dizendo que Rose havia trazido o inverno consigo, Barry não descartava aquela possibilidade já que no momento em que sua filha havia nascido o clima pareceu mudar drasticamente e segundo Cisco a cidade havia sido envolvida por uma forte friagem. Barry sabia que Rose era uma garotinha especial, filha de dois meta-humanos poderosos, seu poder, seja lá qual fosse, era forte.

Desligou o carro secando as mãos na calça, estava nervoso durante todo o caminho pensando sobre como seria dali para frente, como cuidaram de Rose com todos os problemas que haviam em suas vidas. Olhou para o lado encarando Caitlin adormecida, a aliança em seu dedo brilhava fracamente, dali a duas semanas eles iriam completar seu quinto aniversário de casamento, era uma vitória para os dois. Ele nunca imaginou que conseguiria ser tão feliz como estava sendo naquele momento, tinha uma linda esposa e um filha recém-nascida. Sorriu retirando o cinto. Cogitou acordar Caitlin para eles entrarem, mas sabia que ela ainda estava cansada, havia sido cinco horas de trabalho de parto, dores constante e intensas, ele havia acompanhado tudo de perto, sempre apoiando e cuidando dela, mas não podia negar que algumas vezes teve vontade de fugir, principalmente quando Caitlin gritava com ele e o pedia para deixá-la em paz. Eram os hormônios, as dores e a falta de analgésicos falando. Mas tudo aqui havia sido recompensado assim que ela viu o rosto de Rose pela primeira vez, seus olhinhos verdes intensos, seu nariz redondinho, os poucos fios de cabelo visivelmente vermelho, então Barry notou que Rose era realmente o nome certo para ela, sua pequena rosa.

Decidiu por fim deixar sua esposa dormir um pouco mais e levar Rose primeiro, saiu do carro sem fazer barulho e destrancou a porta traseira, retirou a cadeirinha e pegou a bolsa de maternidade. Não usou sua velocidade pois sabia que ela era muito pequena e poderia se assustar facilmente, e além disso, Caitlin o mataria já que eles não sabiam que tipo de coisas podiam acontecer.

Abriu a porta da casa e a deixou encostada para facilitar seu trabalho, subiu a escada direto para o quarto de Rose, o berço estava posto na parede oposta à da janela perto da porta, deixou a bolsa no chão e colocou a cadeirinha na poltrona de amamentação, retirou Rose com cuidado e a segurou em seu colo, a pequena se remexeu parecendo se despertar de seu sono, ele a balançou tentando fazê-la voltar a dormir.

—Durma minha princesa, por favor. Papai ainda tem muito o que fazer. - murmurou, mas ela continuou a se remexer. - Nora não era tão entusiasmada quanto você, sabia? Ela preferia dormir, isso até me preocupou por um tempo. Mas acabei percebendo que Nora prefere dormir e comer do que fazer qualquer coisa. - ele riu com aquilo. - Você vai conhecê-la amanhã, ela vem pra cá. Vocês duas vão se dar bem, você vai ver. - disse se lembrando da animação de sua filha de treze anos ao saber que a madrasta havia entrado em trabalho de parto. - Acho incrível como eu tive a sorte de ter duas filhas, duas lindas e maravilhosas meninas. Oliver disse que eu vou ficar careca de tanta preocupação que terei com você duas. Iris diz que eu sou um bom pai, que eu sei de tudo, mas falando a verdade, eu não tinha e ainda não a menor de como fazer isso, de como ser um bom pai. - confessou, Rose se acalmou em seu colo. - Quando Nora nasceu eu não tinha tinha a menor ideia do que fazer,  eu errei muito até conseguir acertar em algo, acho que Iris nunca realmente percebeu meus surtos de desespero quando Nora chorava e eu não sabia o que tinha que fazer para acalmá-la. Mães sempre sabem o que a de errado enquanto pais tem que batalhar um pouco mais para desvendar seus filhos. Mas eu aprendi a ser um bom pai, pelo menos na minha opinião, eu sei tentarei ser bom para você, meu amor.

Barry deitou sua pequena Rose no berço vendo ela dormir serenamente. Havia se passado muitos anos desde a última vez que ele tido uma experiência como aquela. Nora havia sido seu anjinho, ele cuidava dela quando ficava doente e lhe dava de comer quando necessitava, mas agora ela era crescidinha e sabia cuidar de si mesma, segundo Joe ele havia sido um ótimo pai e ensinado tudo o que ela precisava. Barry não sabia se aquilo era realmente verdade. Tinha medo de ter falhado com Nora, mas esse era o maior medo de todo pai.

Ele se aproximou do berço se apoiando nas grades para observar a pequena filha.

—Honestamente, a muita coisa que eu não sei. Nem tudo vai estar sobre o meu controle e muitas coisas vão mudar deixando você bem perdida. Você vai ter que aprender a deixar certas coisas irem e com o tempo vai perceber existe apenas uma pequena e curta lista de pessoas que você poderá contar durante a vida, eu vou estar nessa lista, minha pequena. - ele esticou a mão deixando Rose envolver seu dedo com a mãozinha. - As pessoas vão mudar, suas roupas e gostos também. Talvez ache que se perdeu um pouco ao longo do percurso e vai chegar a se odiar, mas acredite em mim, todas as suas versões serão sua melhor. Vou dizer a mesma coisa que a Nora quando ela nasceu, eu vou amar você, sempre, não importa o que fizer, ou o quanto mude. Você sempre será a minha filha amada, vai ser sempre eu e você.

Rose soltou seu dedo e suspirou aprofundando em seu sono. Barry sorriu se afastando do berço e fazendo o caminho para fora da casa. Caitlin ainda dormia serenamente, ele abriu a porta e a pegou em seus braços, ela deitou a cabeça contra o ombro dele. Acionou o alarme do carro e seguiu para dentro, fechou a porta com o pé e subiu a escada em direção ao seu próprio quarto. Deitou sua esposa na cama e ajeitou as cobertas sobre ela.

—Ela dormiu? - Caitlin indagou em um sussurrou. - Rose dormiu?

—Sim. Como um anjinho. - afirmou se agachando ao lado dela e segurando sua mão, Caitlin sorriu.

—Ela parece a Nora, ela tem o sorriso dela. Se Rose for tão doce e gentil como Nora é, então sei que fizemos um bom trabalho.

Barry sorriu também.

—Nós já estamos fazendo um bom trabalho. Ela é nossa filha, não tem como isso dar errado.

Caitlin riu, Barry acariciou o rosto dela.

—Eu posso pensar em milhares maneiras de isso dar errado. - ela brincou.

—Mas se der errado, eu estarei aqui pro que der e vier. Está bem?

Caitlin entrelaçou suas mãos, ele beijou o dorso da mão dela e sorriu.

—Eu e você?

—Eu, você e ela. Ok?

Ela assentiu e o beijou.

—Eu, você e ela.