Resolvendo um Crime - Versão Bela e a Fera escrita por JWHFhiiii


Capítulo 3
Final 1 (0-10 pts) - A Bela e a Fera




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Como você bem deve ter notado, eu entendo toda a história. Conheço o Vincent há alguns anos desde que vim parar nesse prédio antigo da faculdade de medicina. Percebi rapidamente que tinha todo o tipo de almas perturbadas vagando por aqui. Oh, é por aqui nesse prédio da faculdade de medicina que fazem praticamente todas as perícias da cidade.

Todas as almas atormentadas, presas na escuridão, recusadas ou que se recusaram chegar na luz, cheias de ódio e raiva do mundo, acabam ficando presas entre as paredes desse lugar.

Elas se manifestam durante as noites, desligam câmeras, batem portas, destroem experimentos e perturbam pensamentos. Talvez porque eu acabei de chegar, eu ainda consigo me relacionar e observar as outras almas ao meu redor, em sua maioria quietas e encolhidas, prontas para se agarrar e enlouquecer aqueles que passam por lá.

Porém nenhuma é mais perigosa do que o Vincent, aquele que iniciou todo esse ciclo de acumulo de cargas negativas, o jovem fundador dessa universidade, que uma vez só pensava em dinheiro e trabalho, independente do que ele destruía no caminho. Impedido de ir além, amaldiçoado a permanecer na terra até entender o verdadeiro significado da vida.

Ele não queria que eu fizesse, mas eu fiz mesmo assim, eu atormentei aquela bruxa vestida de cientista, destruindo seus experimentos, assombrando suas estadias pelo prédio, dia após dia, até ela não poder mais manter a sanidade e beber um vidro inteiro daquele líquido doce e pegajoso que guardam na estante de reagentes. Ela tentou disfarçar com o suco, mas quando terminou a queimação a fez se contorcer e gritar de dor, até que ela pegou uma lâmina cirúrgica e começou a tentar cortar o próprio pescoço, antes de conseguir finalizar isso, ela já havia caído no chão sem forças sequer para gritar.

Ela convulsionou um pouco e então se foi, bem ali, no chão frio daquela sala hostil, dissipando suas energias ruins pelo local. Não sei para onde ela foi, mas eu ainda podia sentir seus restos negativos pairando por aqui e eu só queria rir, gargalhar, do que o seu destino tinha lhe reservado. Era só isso? Então eu queria rir mais.

— Vocês não percebem?! – Vincent vociferou para mim ao ver o que tinha acontecido. – Vocês só estão se atraindo mais e mais karma. Se vocês ao menos pudessem enxergar... Como é... Desesperador. Estar preso aqui por todo esse tempo.

Eu o ignorei.

Eu sou nova nisso, não sei exatamente como funciona, mas quando aquela garota detetive, que provavelmente tinha a mesma idade que eu, me encarou perto da janela por tanto tempo, eu realmente pensei que ela podia me ver. Troquei olhares preocupados com Vincent que se escondia atrás da janela, o que me fez quase entender o porquê ele se escondia. Humanos podiam nos ver?

Mas então ela desviou o olhar, ela não me via realmente... Mas parecia ver o Vincent! Quando ele se levantou para sair da sala, ela o viu passando pela janela. Ninguém entendeu nada quando ela correu pelo corredor e tenho certeza que Vincent também estava muito confuso.

Ele fugiu dela o quanto podia e a pediu para ficar longe da universidade. Mas o estranho é que naquele dia, outras pessoas que passaram pelo Vincent, também o encararam.

Ele era o primeiro por aqui e o único ainda são. Havia algo de especial nele e agora nessa garota. Então um dia eu o segui quando ele saiu do prédio da universidade, algo que nenhum de nós nunca fazia, só ele. E desde o dia que essa garota apareceu, ele fazia com bastante frequência.

Naquele dia ele escalou uma escada de incêndio e se sentou em uma janela meio aberta. Vincent ficou ali em silêncio por horas. Havia escurecido já quando um barulho de chave na porta o fez se virar para dentro do quarto.

Catherine se sobressaltou com ele em sua janela, mas logo agiu como se fosse normal o encontrar em locais inesperados. Trancou a porta atrás de si e foi em direção a uma mesa onde depositou em um baque surdo uma série de documentos pesados, Vincent parou ao lado dela olhando os papeis.

— Ela tinha muitos transtornos psicológicos reportados por colegas e parentes. Separou-se há alguns anos e dizem que nunca conseguiu se recuperar totalmente, mas não consigo acreditar que seja só isso... Tem relatos de pessoas que trabalham na universidade e creem que o lugar é assombrado... E então tem isso. – Ela retira de uma pasta um jornal xerocado, mas claramente muito antigo, o bate contra a mesa e aponta para a foto na capa. – É você Vincent. Em 1902.

Na reportagem dizia: “Jovem prodígio fundador da maior universidade americana morre de doença desconhecida.”

Vincent se vira para o jornal e o pega em suas mãos. O homem encara aquela sua foto preto e branca no papel por um longo tempo, ele não estava muito diferente de agora. Continua com suas expressões fortes e sérias, corpo largo e musculoso, um excelente partido em qualquer época, diriam.

— Eu sinto muito Catherine... – Ele disse depositando finalmente o jornal de volta na mesa. – Eu entendo que não era nada fácil para você acreditar em mim, até... Isso. – Ele sinaliza com a cabeça o jornal na mesa. – Mas agora que você sabe, eu gostaria que você pudesse acreditar em mim quando digo que eu não queria que nada disso acontecesse a sua mãe, a você, ou a nenhuma dessas pessoas... Aquele lugar está condenado Catherine e é tudo por minha causa. Eu tento falar com eles, mas eles estão tão perdidos em seus próprios mundos que não me ouvem. Eles só respondem ao ódio, com mais ódio... E é tudo por minha culpa! – Ele grunhiu em desespero, se virando enquanto o que pareciam lágrimas se formaram em seus olhos. – E eu não sei como parar isso, estou preso nesse inferno, para sempre... Mas desde que eu te vi a três anos atrás Catherine, eu tenho me sentido diferente, como se estivesse sendo puxado para a superfície e quase pudesse respirar novamente, de verdade, eu acho que estava respirando mesmo um dia desses... Como um humano. Eu posso tocar as coisas às vezes... Algumas pessoas me veem... E quando estou com você Catherine, todo mundo pode me ver, eu fico vivo! Eu posso tocar esse mundo. Eu posso tocar... – Vincent disse admirado e cheio de sentimentos humanos no rosto. Ele ficou de frente para ela. – Você.

Então suas mãos levemente se apoiaram ao lado do rosto dela e ele parecia realmente encantado com isso, ele sorriu e Catherine com lágrimas nos olhos que eu não entendi exatamente quando ou porque apareceram ali, sorriu de volta para ele.

Vincent empolgado como nunca e impulsivo como uma criança, juntou seus lábios nos dela, e para a minha surpresa, ela não se afastou. Após um segundo congelada, ela o retribuiu e os dois se beijaram ali, longa e apaixonadamente.

Eu não sei direito o que aconteceu comigo, acho que me perdi no meu karma rápido demais para conseguir acompanhar o resto da história de Vincent e Catherine, mas no fundo aquilo me dava um pouco de esperanças, mesmo que eu não soubesse o final, me fazia pensar que um dia a coisa certa apareceria para mim como mais uma chance e dependeria de mim agarrá-la ou não.


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