Enquanto a Neve Cai escrita por Machene


Capítulo 1
A Chapeuzinho Encontra o Lobo


Notas iniciais do capítulo

Hello minna! Bom, eu estou devendo várias fanfics agora, e sei que é ruim. Eu me sinto mal por não poder atender os pedidos dos leitores que estão ansiosos pelos próximos capítulos de fics que publiquei tem um bom tempo, tudo porque, se não estou sendo interrompida na hora de escrever, estou com um bloqueio criativo. A notícia boa é que estou resolvendo isto aos poucos, e esta fanfic que estreio agora não entrará para a lista de atrasos. Estava com vontade de fazer uma história de Natal e Ano Novo com um anime diferente do convencional (Fairy Tail bateu recorde entre minhas histórias), então escolhi Cuticle Tantei (Detective) Inaba, e a fic encerra antes do Ano Novo, com, provavelmente, 11 capítulos. Para quem for acompanhar, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/750281/chapter/1

Cap. 1

A Chapeuzinho Encontra o Lobo

 

A história que tenho a contar começa durante um entardecer, quando faltavam dez dias para o Natal. O clima estava frio, mesmo a neve ainda não tendo começado a cair, e pela rua de um bairro comercial japonês se esgueirava uma moça confusa. Olhando a sua volta, a belíssima ruiva de brilhantes olhos violeta adentrou o corredor entre dois prédios, virando para a esquerda novamente em um beco escuro.

Após descer os três degraus da pequena escada de acesso, ela olhou por cima de seu ombro direito, confirmando a falta de movimento vivo naquela área. Em seguida, vendo os dizeres “Agência de Detetive Inaba” riscados com giz branco na lousa cavalete perto de uma porta bege, a dama deu três batidas sobre o estranho cartaz da entrada e esperou ser atendida. Enquanto ninguém vinha, se admirou com a estátua de tanuki ao lado.

Finalmente, um rapaz simpático surgiu para recebe-la. Porém, o sorriso dele decaiu aos poucos, sendo substituído pela surpresa ao ver a donzela um pouco mais alta abrir o próprio sorriso. Com o punho direito sobre o peito e a mão esquerda segurando a saia do vestido vermelho, decorado por babados brancos, ela fez um gesto de cumprimento pondo um pé atrás do outro, inclinando-se para baixo sem abaixar a cabeça.

— Boa tarde. Desculpe incomodar, mas eu acho que estou um pouco perdida. – disse a jovem, desamarrando o laço de seu capuz igualmente carmesim e colocando-o para trás dos medianos cabelos ondulados – Poderia me dizer se este é o local onde trabalha um famoso detetive com DNA de lobo?

— Ah, é... Eu, ah... – sem confirmar exatamente, o atendente corado fitou a visitante de cima a baixo novamente, repetindo o percurso ao contrário e, por fim, ficando chocado – “Não importa de que ângulo se olhe, ela é a versão mais madura daquela Chapeuzinho Vermelho!” – ele pensou admirado, logo voltando ao modo cortês – Sim, é o Inaba-san! Inaba-san, temos uma cliente! – depressa, o convocado detetive se aproximou da porta.

— Seja quem for, mande embora, Kei! Vamos encerrar por...!

Antes de completar sua frase, Hiroshi Inaba paralisou logo atrás de seu assistente, Kei Nozaki, e entrou em êxtase quase instantaneamente ao vislumbrar a recém-chegada, que por sua vez também ficou em estupor ao vê-lo. Ali começou um intenso clima entre os dois, um do tipo bem diferente ao que se passava do lado de fora daquela sala, não bem compreendido nem por eles mesmos. Para o ex-cão policial, a presença daquela figura de aparência delicada, com pele branca e franja comprida, lhe atingia como uma bala.

Para a moça, estar perto dele era igual a sensação de ter um grande amigo verdadeiro próximo. Talvez ambos os sentimentos só tenham fluído como resultados imediatos de verem um no outro algo que cada um gostasse mais. O certo é que suas vidas mudariam para sempre. E que Kei pensaria besteira naquela situação de intensa observação.

— “Ai meu Deus! É a cena da história em que o lobo encontra a Chapeuzinho perdida no bosque! Só que ela facilitou as coisas!” – sentindo um arrepio na espinha, ele fechou a porta na cara da dama sem pensar duas vezes e correu para seu chefe, sacudindo-o em desespero – INABA-SAN, POR FAVOR, NÃO CEDA À TENTAÇÃO! ESQUEÇA OS CONTOS DE FADAS! PENSE NOS CABELOS, NOS CABELOS!

— Os cabelos... – o lobo de repente começou a babar, e achando tê-lo distraído, seu ajudante iniciou um sorriso relaxado, até o ruivo limpar a boca e sua expressão se tornar diabolicamente maliciosa – Eu quero aquela mulher! – horrorizado de novo, o adolescente se prendeu na cintura do investigador e arrastou os pés para trás.

— CONTROLE-SE INABA-SAN! – ele pedia, tentando impedi-lo de chegar até a porta – VOCÊ É MAIS FORTE DO QUE ISTO! EU ACREDITO EM VOCÊ!

— ME LARGUE, KEI! – Hiroshi ordenava, debatendo-se mesmo após cair no chão.

— O que vocês estão fazendo? – de repente, o que pareceu ser a salvação dos dois entrou no cômodo, um garoto loiro vestido de mulher.

— Ah, Yuta! Ainda bem! Tira o Kei de cima de mim e abre a porta!

— Não escute o que ele diz! O Inaba-san enlouqueceu! Me ajude a amarra-lo!

— Qual é o problema afinal de contas? O que tem do outro lado da porta? – mesmo com os protestos do assistente, a, para todos os efeitos, garota secretária abriu a porta, e todos se depararam com a cliente ainda estática no canto, sorrindo com inocência.

— Olá! É... Está tudo bem? Estão podendo me atender?

— Claro! – usando sua força, Hiroshi jogou Kei para longe e tomou a frente de Yuta Sasaki, abrindo passagem – Por favor, fique à vontade!

— Obrigada. – tendo o direcionamento da mão masculina para dentro do aposento, a estranha entrou observando o entorno atentamente, e achou engraçado a vergonha do seu recepcionista de mais cedo ao se levantar – Desculpem se vim em má hora. Iam fechar?

— Não, não, não! Nós fechamos bem mais tarde, não se preocupe!

— Inaba-san, você está ofegante. – Kei informou desconfiado.

— É, onde está aquela pessoa de agora há pouco, que abriu para mim por último?

— Ah, aqui. – o moreno descolou a secretária das costas do lobo – Este é o Yuta. Ele é tímido com gente nova, e gosta de se vestir de garota. Somos assistentes do Inaba-san.

— Entendo. – a jovem sorriu e acenou – Olá Yuta-kun. É um prazer conhecer você. – em modo ainda tímido, a loira piscou por trás do amigo menor, espiando a visitante com uma curiosidade que a fez rir – Bem, eu posso me sentar?

— Por favor. – Hiroshi indicou a poltrona para ela, e enquanto a ruiva se acomodava, uma energia estranha passou a ser emitida da parte dele, fazendo Kei entrar em modo de alerta – Deixe-me tirar o seu capuz, para ficar mais à vontade.

— Oh, que gentileza! – a convidada segurou o cabelo para livrar o acesso.

A moça não demonstrou perceber que o aparente cavalheiro, na verdade, planejava outra coisa, visto a velocidade que puxou o capuz de seus ombros e jogou para trás sem cerimônia. A expressão perversa no rosto dele indicava o começo de uma obsessão maior do que seu fascínio por cabelos, dada a habilidade de reunir informações associada a eles.

— Então, conte-me, o que você e seu lindo cabelo vieram fazer aqui? – antes que as mãos nervosas do chefe tivessem a chance de chegar até a cliente, seu assistente o segurou por trás rapidamente, procurando manter a força.

— Bom, o assunto é este mesmo: cabelos. – a jovem prosseguiu, mirando um ponto qualquer, e, repentinamente, ficando séria, mesmo mantendo o sorriso – Eu soube de sua indiscutível habilidade para desvendar mistérios usando, unicamente, um fio de cabelo como pista, então me desloquei do Reino Unido até aqui para pedir sua ajuda.

— Uau! Isto é incomum, mesmo para nós. – Kei comentou, por fim soltando Hiroshi.

— Bem, a verdade é que esta visita é apenas mais uma das metas em minha lista.

Sentindo o clima da conversa se tornar mais misterioso, o detetive solicitou à Yuta um pouco de chá e biscoitos para a visita e sentou-se ao lado da mesma, junto ao assistente no sofá. Após tomar o primeiro gole da bebida servida, a sorridente cliente agradeceu ao tímido rapaz vestido de moça, deixando-o sem jeito antes de ir para perto dos amigos.

— Então, desculpem minha indelicadeza pela demora em me apresentar. Meu nome é Jessie Ryan. Eu interrompi minhas férias e vim ao Japão a pedido do meu chefe, como um favor, pois sou a única no trabalho que fala japonês.

— E para quem você trabalha? Ou melhor, em quê? – Inaba questionou.

— Eu não sou membro de uma quadrilha criminosa, não se preocupe. Na verdade, eu vim aqui procurar ajuda para prender um criminoso. As pistas. – ela entregou ao lobo um pequeno pacote transparente, com um fio de cabelo preto dentro, e uma foto do fugitivo – Efetivamente, em minha opinião, o homem em questão não entraria na classificação de malfeitor. Ele é um pintor com mania de grandeza, autointitulado “o visionista do novo mundo” e chamado popularmente de “o dragão das artes”, devido a tatuagem no pescoço. Admito que o apelido até caiu bem, visto que ele possui descendência chinesa.

— Ele, certamente, parece egocêntrico. – a secretária comentou, olhando a fotografia.

Nela, o homem exibido era aparentemente alto, tinha olhos cinza-azulados, curtos cabelos negros picotados e pele branca. Ele posava em seu traje costume, do mesmo tom de seus olhos, somado à camisa listrada em preto e branco, com o cotovelo direito sobre o braço esquerdo, para uma haste dos óculos de grau de aro preto ficar sobre seus lábios de modo sedutor. O dragão negro do lado direito de seu pescoço quase chegava à altura da orelha, onde residiam um pequeno brinco da mesma cor e outro prateado mais atrás.

— De fato, Munir Kaifeng possui um comportamento vaidoso, contudo, ama sua arte mais do que tudo. – Jessie continuou enquanto Hiroshi tocava o fio de cabelo do bandido – No passado, por volta dos dez anos, quando foi descoberto como artista, ele chegou a desistir do patrocínio de muitas galerias famosas, alegando que elas não exporiam as suas obras da maneira mais apropriada. Munir cria, principalmente pinturas, mas também já produziu esculturas. Se não por seus crimes, seu contingente de admiradores seria maior.

— E o que ele fez de tão grave para ser perseguido pela polícia? – Kei indagou.

— Ele é um ladrão. – o lobo respondeu de repente, cheirando a cutícula entre os dedos que a esfregavam – E eu diria que é tão renomado nesta posição quanto nas outras. Deve se considerar bom demais para precisar pagar pelos materiais que usa em suas obras.

— Bem, não sei se é o caso, mas estou realmente impressionada! – a cliente juntou as mãos e sorriu – O senhor detetive é perspicaz como me disseram!

— Dada a quantidade de informações que me forneceu, acredito que seria fácil para qualquer um deduzir o motivo desse homem estar na lista negra da polícia.

— É verdade. Às vezes minha boca me ultrapassa e quebra todos os limites. – a ruiva pendeu a cabeça levemente para a esquerda e riu, fazendo o trio ficar encantado com sua fofura – Enfim, o caso é que o nosso ladrão, já faz algum tempo, resolveu expor sua arte em todos os cantos do mundo. Não tenho certeza do motivo, porém o fato é que ele veio para o Japão, e eu não posso ir embora sem indicar sua localização ao meu chefe.

— Este fio de cabelo que você me deu tem coloração natural, como pode-se deduzir pela foto, mas não é recente e está ressecado. Pior ainda: está poroso. Veja. – Inaba esticou o fio, que se partiu em dois sem muito esforço – Isto quer dizer que esse louco obssessivo, além de não se preocupar com a quantidade de química rondando as suas cutículas, ainda pode estar doente. Eu diria... – ele pausou para pensar, pondo as pontas do cabelo no saco e jogando-o junto à fotografia na mesa em frente – Hipoparatireoidismo, causado por uma radioterapia de pescoço; talvez a tatuagem esteja envolvida no processo, tendo sido a sua causa, graças à tintura, ou um símbolo de determinação. As viagens clandestinas devem ter piorado a situação agora, mas eu não tenho como ter certeza sem uma amostra recente.

— Entendo. – Jessie dedilhou os dedos esquerdos sobre a perna, desviando seu olhar em reflexão – Considerando isto, então o nível de cálcio no seu sangue está baixo. Para evitar as dores consequentes, precisará de remédios que contenham PTH. – de repente, a moça sorriu outra vez, voltando-se ao trio – Inaba-san, eu agradeço sua ajuda, mas antes de recompensa-lo, gostaria de saber se é do seu interesse, e de seus assistentes, participar deste caso mais um pouco. Posso ser generosa na retribuição após capturar minha presa. – ouvindo a palavra “presa”, os olhos de Hiroshi tremeram de leve em cativação e desvelo.

— Tudo bem por mim, desde que, no final, me deixe cortar seu cabelo e ficar com os fios. – de imediato, o sorriso do detetive preocupou Kei, mas, tal qual ocorreu com Yuta, sua surpresa cresceu vendo a expressão empolgada da jovem cliente, como se tivesse sido convidada a um parque de diversões.

— Acho justo, mas também terá que me deixar tocar suas lindas orelhas.

 

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Enquanto a Neve Cai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.